Entre Pais E Filhos escrita por Carol Bandeira


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Para aqueles que esperavam um pouco mais de GSR o fim deste capítulo deve agradar.
boa leitura!



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Entre pais e filhos:

Capítulo 6:

Após fechar a porta do quarto de Mathew,Gil se dirigiu com urgência à suíte de seu quarto.Mal chegou ao destino trancou a porta e ligou o chuveiro,tentando abafar os sons de sua angústia.

Desde que se conhecia por gente,Gil portava uma imagem de um garoto frio,calculista,sem emoções.Tendo sido obrigado desde muito cedo a virar o homem da casa ,em virtude da morte prematura de seu pai, esse era o único jeito conhecido pelo perito para lidar com as situações mais difíceis que se deparava.Mostrava-se sempre ao mundo como o homem feito de ferro,aquele que nunca se deixava abalar.Mas quando se encontrava sozinho deixava toda a sua dor transparecer.Geralmente em casa,ligava um som alto,bebia seu whisky e,se estivesse muito irritado,quebrava alguma coisa.

Tendo sido tirada essa opção, já que seu filho estava ali e iria se assustar, um bom banho relaxante teria que servir.Tirou toda a roupa e entrou na água escaldante saída de seu chuveiro.O calor não o incomodava,seu corpo parecia anestesiado.Somente sua mente perturbada funcionava agora.

Gil não tinha uma boa resposta para dar a seu filho sobre seu comportamento nos últimos dois anos.Antes de ele virar supervisor do turno da noite em seu trabalho.Quando Gil era um reles csi ele conseguira algum tempo para visitar sua família,mesmo as visitas sendo bastante espaçadas entre si.

Após o acidente com Holly Gribs e sua consequente promoção a supervisor,Gil se focou em tentar resolver os problemas no laboratório, que não eram poucos.A partir daquele momento Gil se jogou no trabalho,chamando todas as responsabilidades do departamento para si e assim acabou deixando de lado sua vida pessoal.Para o homem solteiro que era isso não seria um problema.Na verdade,para o lado anti-social do supervisor, seria até um alívio.Ele não era nada bom em situações que exigissem socialização.

O problema era que ali estava seu erro.Ele não era somente um homem solteiro e sim um pai solteiro. Como ele pode ser tão egoísta a ponto de se trancar em si mesmo quando tinha um filho pequeno para tomar conta,para amar?Gil tinha a desculpa de ele não morar na mesma cidade de seu filho, o que não era bem uma desculpa...era a raiz do problema.Seu filho não estava ali para lembrar-lhe do que era importante em sua vida.E esse não era o papel de um filho...o pai tinha a obrigação de saber disso,que a família vem em primeiro lugar!

“Merda,Gil!! Como você pode fazer isso com Mathew?!Seu próprio filho...você não é um homem, seu covarde!Sempre se escondendo de tudo e de todos!Matt só pode ter razão! Você não o ama,a verdade é que só ama a você mesmo...egoísta covarde de &*$**

Gil então não agüentou a culpa e caiu no chão do banheiro chorando copiosamente.E ficou assim quase uns vinte minutos,até ouvir uma batida na porta do banheiro.

-Pai!Já coloquei a comida no forno...termina ai senão você vai se atrasar pro trabalho.

Gil então enxugou as lágrimas dos olhos e se levantou.

“Ficar sentado sentindo pena de mim mesmo não vai me adiantar em nada.Vamos lá Gil sai dessa....ou você quer desapontar o seu filho mais uma vez?Aí sim você sairia o maior dos perdedores.Droga!Vamos resolver essa história de uma vez por todas!!

E assim Gil Grissom fez.Não dando mais espaço na sua mente para suas inadequações como pai,resolveu não esquecer o passado e seus erros para nunca mais cometê-los.Para ser o pai que Mathew merecia.

Ao trocar de roupa e olhar o relógio viu que só teria uns 20 minutos para matar até o horário que teria que sair de casa...para chegar uma hora mais cedo de que seus subordinados ao trabalho...que se exploda o laboratório!Ele sentaria com seu filho e jantariam os dois na mesa,sem pressa.E depois ele ia trabalhar,é claro.

Chegando na sala e vendo o empenho de seu filho para realizar o pedido do pai,o coração de Grissom se acalmou um pouco.Ele devia estar fazendo progresso se ,mesmo incomodado,Matt estava lá colocando o prato do pai ao lado do seu.Hank também comia sua ração mais perto da mesa do que do lugar de sempre.

-Obrigado,filho.Não precisava ter feito tudo isso.-Gil falou sentando-se a mesa e fazendo um gesto para que seu filho sentasse ao seu lado.

-Eu só esquentei...trabalho nenhum.-O garoto pouco falou e já começou a comer.

Gil voltou sua atenção para seu prato e mesmo sem fome começou a comer.A atmosfera da casa ainda não melhorara em nada,mesmo com os dois habitantes fazendo promessas de tentar se entender.

O pai,sabendo que teria que começar a aproximação com o filho (já que Matt não o faria,era tão parecido com ele nesse quesito!) começou a puxar assunto,vendo que o garoto trocara a roupa que estava usando.

-Você não precisa ir ao lab comigo se não quiser ok?

-Você não quer que eu vá?-Mathew ficou feliz em ver que o pai o deixaria em casa,mas não soube por que deu vontade de implicar com o velho um pouco.Talvez fizesse isso,não tentaria impedir uma reconciliação com ele,mas também não faria a vida do pai ser fácil.Ele teria que mostrar para Mathew que toda essa historia de querer ser um pai melhor era realmente verdade.

Gil não era bobo nem nada viu nessa frase uma pergunta capciosa.Terei que responder com cuidado...

-Eu prefiro ter você comigo lá,pois me sentirei mais seguro. Entretanto,não gostaria de te colocar em uma situação desagradável e em vista do ocorrido de ontem acho melhor te deixar em casa.- Acho que consegui me sair bem nessa!

-Ah...-por essa Matt não esperava- Então tá...eu to morrendo de sono,prefiro ficar em ca...aqui se o senhor não se importar.

Não escapou a Grissom que Matt quase chamara sua casa de casa.O que não era muito ruim pois mesmo com a pequena correção,seu filho estava começando a se acostumar com a ideia de viver aqui.Afinal,a casa era tanto de Gil quanto de seu filho.

-Não me importo.Confio em você para se comportar.

Achando que se tentasse falar mais alguma coisa abusaria da sorte de ter seu filho respondendo suas perguntas,pai e filho terminaram suas refeições calados.O silencio agora já não era tão carregado quanto o dos outros dias, e Grissom agradeceu aos céus por essa pequena trégua.

Antes de ir embora Gil mostrou a Mathew como funcionava o sistema de alarme e a senha.Mostrou o caderninho de telefone e todos aqueles pelos quais Matt podia achá-lo.

-Eu tenho uma reserva no escritório.Não vou precisar te acordar para entrar em casa.-Gil disse quando Matt tentou recusar sua chave - Fique com ela pra você.Bom meu filho,já estou indo.

Gil ficou parado em frente à porta.Ele queria dar um abraço no filho,mas não sabia se seria bem vindo.Quando seu pai era vivo ele sempre ganhava um abraço ou um beijo antes do pai ir trabalhar.Mas ele tinha uns 9 anos à última vez que recebeu um abraço assim.Não sabia se com 15 anos ainda permitiria que o pai o fizesse.

Mathew resolveu o problema para ele.Vendo o pai indeciso Matt aliviou para ele.

-Tchau, pai.Bom trabalho- deu uma tapa no ombro dele e se virou em direção ao quarto.

-Ei Matt-o garoto se virou-Tem que trancar a porta e ligar o alarme.

“Ops...agora mesmo ele não vai querer me deixar sozinho!”

-Tem que se acostumar mesmo.Até amanha filho.

Gil foi trabalhar deixando Mathew feliz da vida por ter feito essa vontade do filho.Agora só restava a Matt não quebrar a confiança do pai nele.

CSICSICSICSICSICSI

Vendo-se sozinho naquela casa pela primeira vez,Mathew estava em duvida sobre o que fazer.O garoto morria de sono pois dormir no sofá da casa dos outros nunca era muito revigorante.Por outro lado o garoto sentia que tinha em suas mãos uma oportunidade única... Ele teria algumas horas para poder andar pela casa e investigar tudo que queria,sem ter a necessidade de sair inventando desculpas para seu pai.A curiosidade e a vontade de conhecer melhor seu pai venceram fácil o sono.E Mathew começou sua missão pelo quarto.

O quarto de Grissom não era nada como o escritório do trabalho ou o de casa.Ambos eram abarrotados de coisas,cheios de bichos vivos e mortos,livros,diplomas...enfim cheio de coisas que Mathew considerava quinquilharias.O garoto esperou encontrar o mesmo no quarto de seu pai, o que não era o caso.

Paredes azuis escuro davam ao quarto uma atmosfera tranqüila,relaxada.Era a cor ideal para um quarto de dormir,dizia Melanie a ele sempre que o garoto enjoava da cor de seu próprio quarto.O garoto riu e se perguntou se isso significava uma influência de sua mãe no seu pai,mesmo pequena que fosse.

Continuando sua inspeção cuidadosa, não havia muitos móveis no quarto. Uma cama king size com um criado mudo.Um armário embutido e uma escrivaninha.Na parede em frente a cama,uma televisão LCD e logo abaixo dela uma pequena mesa,segurando um aparelho de DVD  e uma grande coleção de DVDs.

Mathew pensou ser estranho seu pai não ter mais livros no quarto,conhecendo sua paixão por leitura.

O garoto se dirigiu para a mesa de cabeceira e abriu a gaveta.Com o conteúdo todo organizado,Matt viu um livro com uma página marcada.Tirou o livro da gaveta, pensando ser algo sobre insetos ou ciência forense, e leu o título: “Poesia completa de Shakespeare.vol1”.Matt soltou um muxoxo,pensando não conhecer seu pai realmente.

Mais para o fundo Mathew encontrou várias fotos antigas.Pegou as fotos e sentou-se na cama para olhar.Eram umas 5 fotos de um tempo o qual Matt não se lembrava,mas tinha certeza de que seu Eu estava muito mais feliz naquela foto do que agora.

Lágrimas escorreram de seus olhos e o garoto passou um dedo,fazendo carinho no rosto a esquerda da foto.Lá estava sua família,em um piquenique na sua cidade natal.Matt parecia ter 1 ano e meio.O garoto estava sentado no colo do pai,rindo para a câmera.Seu pai era o único que não olhava para frente na hora da foto.Ele observava o garoto em seu colo e tinha no rosto também um grande sorriso.Naquela foto aparecia uma família feliz,cheia de amor.

As próximas fotos também eram parecidas,com exceção de duas.Uma sua mãe dava lugar a sua avó,segurando o pequeno Mathew com ela. “Sinto tantas saudades vovó...”    

A outra diferente era uma de seus pais juntos.Mas a alegria irradiada em todas as outras fotos não era a mesma ali.Sua mãe tinha os braços em volta do pai,um sorriso no rosto.Já seu pai mostrava-se desconfortável. Um sorriso amarelo no rosto.

Mathew suspirou fundo.Não era novidade para o garoto o fato de os seus pais não serem um casal apaixonado.Não que eles nunca tivessem sentido algo um pelo outro.Mas não sentiam um amor para toda a vida.Ao menos era o que sua mãe lhe dizia.Não a julgar por essa foto.Primeiro indicio:o sorriso de sua mãe ao abraçar seu pai.Ela parecia realmente amá-lo.E por que Gil guardaria essa foto em sua mesa de cabeceira se não fosse para olhar de vez em quando.Isso não poderia significar algo a mais?Mesmo que ao julgar pelas fotos e pelas ações de seu pai ele não sentisse tanto por sua mãe?

Matt não queria mais pensar nisso.Talvez tenha sido uma má ideia pensar que poderia conhecer seu pai mexendo em seus pertences.Isso só o deixou mais confuso.Bom, na melhor das hipóteses agora Mathew tinha alguma ideia de como começar a entrar mais no coração do misterioso homem que era seu pai.

Decidido a sair dali e dormir,Matt colocou todas as fotos no lugar e já ia devolver o livro quando este escorregou de suas mãos caindo aberto no chão,sem antes deixar cair de dentro deles o que Mathew achava ser um marcador de páginas.

-Droga!Em que página estava?!

Agora o garoto tinha certeza de que estava encrencado.Com um cérebro daqueles, é claro que Gil saberia qual a pagina que parara de ler o livro.E com certeza perceberia que Mathew mexera no que não devia.

Matt foi logo tratar de tentar concertar a bagunça que fez.Ao pegar no suposto marcador percebeu ser uma foto.Uma não,duas.O garoto pegou a primeira e reparou no que estava escrito no verso.

A festa só poderia ser melhor se tivesse a sua presença.Aqui está a foto como prometido.

Seus sempre, Mel e Matt

 E se viu mais uma vez na foto.Desta vez era ele mais velho.Uma foto do ano passado,de seu aniversário.Ele estava segurando o presente que seu pai lhe enviara:um novo estojo de lápis profissional,daquele caro mesmo.Mathew adorava pintar e desenhar.Passava muito tempo com sua avó aprimorando suas técnicas.O garoto lembrava do que sentiu naquele dia.Ele nunca usou o conjunto novo,perdeu a vontade,só da raiva que sentiu por seu pai achar que poderia tapar sua ausência com um presente caro desses...com O presente.

Tentando não pensar mais nisso o garoto pegou a outra foto do livro.E qual não foi sua surpresa ao ver aquele rosto conhecido o encarando na foto.Tinha em suas mãos uma foto de Sara e de seu pai no Golden Gate Park ao entardecer.Os dois estavam sorrindo e seu pai tinha as mãos na cintura dela,parecendo muito feliz de estar ali,com uma pose totalmente relaxada diferentemente daquela foto que tinha com sua mãe.

E ela estava tão bonita ali,os últimos raios de sol batendo em seu rosto formando em volta dela uma espécie de aura.O garoto então sentiu uma sensação estranha no seu estomago.Ele não sabia explicar,mas vê-la ali naquela foto o deixou nervoso,vermelho...ele não sabia dizer.Mathew então sacudiu sua cabeça com força.Droga...por que eu to me sentindo assim?É só uma foto.Mas que foto e que sorriso...a única coisa que o garoto não gostou na foto era o fato de seu pai estar todo em volta de Sara.Ele não devia se comportar daquele jeito com alguém que trabalha para ele...apesar da foto ser um pouco antiga mas...mesmo assim o pai não tinha direito ,afinal ele já era pai e tinha uma família!

O garoto se jogou no chão do quarto do pai e bateu no chão com força.

-Mas será possível que eu esteja gostando dela?Ela é mais velha,eu não posso gostar de alguém mais velha,posso?

Olhou a foto mais uma vez e seu coração bateu mais forte só de pensar em reencontrá-la.

-Ao que parece eu posso...mas será que meu pai gosta dela também...ele parece tão feliz aqui com ela ao lado...mas será possível!!

CSICSICSICSICSICSI

Enquanto Mathew fuçava pela casa Grissom acabara de chegar no trabalho,bem na hora de começar o seu turno.Foi direto para o breakroom onde seu time de CSI’s o esperava.Ninguém parecia surpreso com o fato de que ele fora o último a chegar.Grissom concluiu sabiamente que o ocorrido já havia virado notícia,ou melhor fofocas.

-Boa noite.

Sara foi a primeira a olhar para ele.A perita viu nos olhos do chefe um desconforto.Provavelmente achando que alguém tinha falado sobre o desaparecimento de Matt e que todos iriam o bombardear com perguntas que ele não queria responder.Ela só queria dizer a ele que não havia tomado parte nas fofocas.

Um coro de boa noite e olas passou pela sala e Grissom sentou-se na mesa,esperando todos os outros pararem o que estavam fazendo e ir se juntar a ele.Quando o último csi se sentou,Grissom passou uma olhada rápida pelos rostos à mesa.Não vendo nenhuma cara culpada ou cheia de pena olhando para ele,o perito se animou.

Bom,acho que nenhum deles passou algum tempo fazendo fofoca sobre minha vida.Eles podem até ter ouvido alguma coisa mas parece que me respeitam o bastante para saber que isso é um assunto no qual não devem se intrometer.

Sem aquele peso nas costas Grissom foi logo tratando de se atualizar sobre os casos pendentes e distribuir novos.

-Nick,Warrick como está o caso de vocês?

-Esperando o Vestígio nos dar uma resposta sobre a substância encontrada no quarto da vítima - Rick disse e seu bip tocou- Ah já já terei uma resposta.Nick,você vem?

-Não,cara.Vou ligar para o Vartan e perguntar sobre o cunhado da vitima-olhou para Griss e explicou- Suspeito em potencial.Tinha uma divida enorme nos cassinos da cidade.A nossa vitima não queria ajudar,mesmo o negocio dele andando de vento em polpa .Ai ce sabe como é né?Dinheiro de um lado,divida do outro.

-Ok Nick.Continue nessa pista.Parece promissora

O caso de Sara da noite passada tinha se resolvido sozinho.O casal que tentara aplicar um golpe em uma rica senhora de idade tinham de tudo,menos cumplicidade...Já o caso de Grissom e Cathy também fora resolvido antes e a mulher estava em folga hoje.

-Bom Sara já que somos só nós dois vamos com o único caso da noite.

Grissom não sabia se ficava feliz ou não de trabalhar com Sara essa noite.Antes de todos os acontecimentos das últimas semanas,seu relacionamento com Sara era estritamente profissional. Grissom fazia uma força tremenda para não se aproximar demais dela.Mas Sara parecia determinada a tirar ele de seu caminho de mátir.E o convidou para jantar logo depois da explosão do laboratório.E ele,sem nenhum floreio,disse não mesmo querendo dizer sim.Ou seja, ela tinha todas as razões do mundo para tratá-lo com frieza.E foi isso que ela fez no primeiro dia dele de volta ao trabalho.Até ter achado Mathew perto de sua casa.

Aquilo foi inesperado.Se Grissom estivesse no lugar de Sara com certeza teria colocado Mathew no carro e levado direto para a casa dela. Mas não a Sara.Ela era uma mulher excepcional.Mesmo com Grissom a tratando mal por semanas ela engoliu o orgulho de lado e ajudou o seu filho quando ele mais precisava.Se Grissom já não a amasse aquela altura do campeonato,então naquele instante a jovem CSI ganharia seu coração.

O dilema de Grissom em seu relacionamento com a morena nunca foi o de não saber se amava Sara ou não.Porque amá-la veio para ele tão naturalmente quanto respirar.O problema era o jeito dele.Nunca conseguira sustentar um relacionamento por muito tempo.Talvez porque nenhuma mulher o interessou tanto quanto Sara.Gil era muito melhor em manter amizades com o sexo oposto do que um namoro.Veja sua amizade com Catherine.Daqui a pouco eles estariam comemorando suas bodas se as amizades fossem comemoradas como o casamento.

Então agora o supervisor tinha medo de que aquela pequena trégua tenha sido só para o benefício de Mathew e quando eles estivessem sozinhos ela continuasse a lhe dar o gelo de sempre.Bom o único jeito de descobrir era dando a cara a tapas.

-E qual seria o nosso caso?

-Engavetamento na Strip.Quatro carros.

-Hum...já vi que vai dar trabalho.Deveríamos ir logo então.

-Vai indo pro carro que eu pego as nossas maletas.

-Ok.

A perita foi em direção ao carro,mas não antes de dar um sorriso e fazer o coração de Gil se aquecer.

-Ainda bem que voltamos a trabalhar junto.Eu já estava sentindo falta.- e vai para a garagem.

-Eu também,querida.Eu também.

Grissom não demorou para pegar suas maletas.Estava ansioso para voltar a trabalhar com sua pupila.Ao chegar lá estranhou o fato de Sara não estar no banco do motorista.Ela adora dirigir...O supervisor colocou as maletas no banco de trás do carro e entrou na frente.Antes de ligar o carro ,porém,resolveu perguntar :

-Ei Sara,cansou de dirigir?

-Não.Só estou com muita coisa na cabeça.

-Ah...

Gil ligou o carro e saiu da garagem.

-Posso te ajudar com alguma coisa?-a pergunta pegou Sara de surpresa.Ela não pensou que ele tentaria ter uma conversa pessoal com ela no trabalho.

-Não é nada.Eu só queria te dizer que não falei nada para ninguém sobre ontem...

-Nunca passou pela minha cabeça que você o faria.-ele disse num tom carinhoso.

-Quando você entrou para distribuir os casos estava tão desconfortável.Achei que deveria dizer para tirar esse peso da minha consciência.

-Eu realmente estava.Achei que ao menos algum de vocês fosse tentar perguntar sobre como eu estava...ou que me olhariam com pena...tipo o pobre Grissom que não sabe tomar conta do filho...mas vocês me surpreenderam.

-Você pode agradecer a Cathy por isso.Ela disse pra gente logo quando ouvimos as fofocas dos técnicos:ele não precisa de mais ninguém para fazê-lo se sentir mal,pessoal.”E vocês sabem como ele é com essas coisas.Quando ele precisar falar ele vai.” E também tem os meninos,Griss.Eles te respeitam muito e o conhecem o suficiente para não te tratar diferente.

-E é aí que está a minha surpresa.Geralmente a Cathy ou o Nick tentariam ao menos mostrar algum suporte para mim.

-Isso te chateia, o fato de eles não terem o feito.

-Não,longe disso.Prefiro assim.Vocês não têm com o que se preocupar. Sara,eu gostaria de te agradecer propriamente pelo o que você fez ontem.

-Griss,já disse que não tem necessidade.Eu não espero nada em troca em relação a ontem.

-Mas eu quero...deixe-me levá-la para jantar...?

E ele fez de novo.Como esse homem era infuriante!Será que ele não percebia como ela se sentia?Que a convidar para jantar um mês depois de ela ter feito o mesmo,só para agradecer a ela por ter achado seu filho a fazia sofrer por dentro?Como ela podia ainda amar esse homem,depois de tudo?

-Griss,não precisa ok?Só a sua reação foi o bastante para eu me sentir agradecida.

Assim que ela terminou de falar eles chegaram no local do acidente e Sara deu graças para o tempo perfeito da viagem.Gil mal estacionou e a perita já tinha saído do carro e com seu kit em mãos foi em direção a Jim e David para pegar as informações iniciais do caso.Grissom então segue rapidamente em direção a eles.

Ao olhar em volta os CSI’s confirmaram o que já pensavam anteriormente.Essa noite seria pesada.Sara deu um viva por dentro.Talvez Grissom se esquecesse do que estavam falando antes no carro e a deixasse para lá.Grissom,por sua vez, estava totalmente decepcionado.Ele queria insistir com Sara sobre o jantar.Talvez ela só precisasse de mais um incentivo para aceitar o seu convite.Pois ele tinha certeza de que Sara ainda sentia alguma coisa por ele.Nas últimas conversas deles,ela mostrou como ainda se importava por ele.Ele se lembrou de uma fala dela:Não precisa Griss.Eu faço isso porque te quero bem.Isso foi o suficiente para Grissom.Ela ainda gostava dele,mesmo que só como amigo.Por isso o convite para jantar.Talvez ela não tenha entendido suas intenções.Eles não estavam em perfeita sintonia esses dias.Ele teria que se fazer claro se quisesse que as coisas com Sara fluíssem de acordo com seus planos.Aquela cena d crime,porém,impôs uma freada brusca nas suas intenções.Eram quatro carros,sendo que o ultimo ainda pegava fogo e destruía todas as evidencias.

Bom,é só um pequeno atraso na minha decisão.

Porque Gil Grissom era um homem cauteloso com relação a tudo que fazia.E quando decidia um curso de ação não havia muita coisa que pudesse pará-lo.

******************************

 Examinar a maçante cena de crime e levar toda a evidência para o laboratório para ser processada levou quase que o turno inteiro.Nenhum dos outros csi’s pôde ajudar,cada um com seu caso para trabalhar.Os técnicos do laboratório encontravam-se na mesma situação.Greg não tinha mais mãos de tanto analisar as amostras que chegavam a sua mesa, e reclamava em alto e bom som.

No breakroom os csi’s se encontravam relendo ou escrevendo relatórios,esperando alguma evidencia terminar de ser processada.Quando chegou o fim do turno Grissom estava impaciente.Ele não queria dobrar seu turno sabendo que Mathew estava sozinho em casa.Também queria muito falar com Sara.Resolveu mandar todos para casa e fazer uma ultima tentativa (por hoje) de Sara aceitar um jantar.

-Bom gente,acho que não há muita coisa a fazer sem as evidencias serem totalmente processadas.Vamos embora, o turno já acabou.

Todos aceitaram a proposta de Grissom,cansados que estavam.Menos Sara.Ela queria ficar no lab. e tentar outras coisas.Antes de ela protestar porem Grissom continuou

-Sara antes de você ir,só quero que discutir uma incoerência neste caso nosso ok?

Os outros já haviam saído e Sara se dirigiu com Grissom até seu escritório.

-Griss tá certo que você tem que ir pra casa por causa do Matt,mas eu não tenho essa obrigação.Vou ficar e ver se adianto o nosso caso.

-Sara,não é uma boa ideia.Estamos todos cansados,amanha vamos trabalhar melhor.

-E por que é que ainda estamos aqui,então?

-Por que eu preciso que você aceite o meu convite para um café,assim que nosso caso for resolvido- para nós resolvermos o nosso próprio caso ,mas é claro que não vou te dizer isso!

-Nossa mas não estamos insistentes hoje?E não tinha sido convidada para um jantar?Até já dei minha resposta,mas dou de novo.Não Griss,que parte de não precisa você não entendeu?

-Qual é o problemas em aceitar meu convite Sara?

-Qual é o seu problema em aceitar a minha recusa?

Sara então fez menção de sair do lugar mas Grissom pegou no braço dela e falou

-Ao menos me escuta,por favor?

Sara parou e cruzou os braços,mas só porque ele era o seu supervisor (é Sidle,mente mais um pouquinho pra você ver se acredita!)

-Então fala alguma coisa uma vez na vida em vez de ficar me encarando!

-Só se você sentar e prometer me escutar.

A perita fez como ele pediu e sentou-se na cadeira em frente a mesa de Grissom.Ele por sua vez acomodou-se na sua mesa mesmo.Ele precisava estar perto de Sara para fazer o que iria fazer.

-Sara,eu acho que você não entendeu direito o meu pedido.

-Você quer me agradecer por...

-Não.Não é só por isso.Eu quero ....uma outra chance...para nós dois...se você ainda quiser,é claro.

Silencio tomou conta da sala depois do pedido de Grissom.Era tudo o que Sara queria ouvir,mas o momento era todo errado.Grissom estava entrando em uma outra área da vida dele nesse instante e Sara não se sentiria segura para entrar na vida dele naquele instante.

-O que você me diz Sara?Você ainda quer isso?

-Griss...eu...ah droga!

E se levanta da cadeira bruscamente.Ela fez como se fosse sair da sala.Ficar ali a estava sufocando.Mas ela não podia sair,não agora.Grissom,em todo o momento que falou com ela parecia seguro de si,como se já estivesse decidido.Sua voz também tinha a mesma qualidade,não mudou de tom nenhuma vez.Será que é isso mesmo que ele quer?Ou ele só precisa de alguém nesse instante,enquanto ele está fragilizado?E depois vai voltar a me tratar como antes?

-Griss,você não acha que essa nao é a melhor hora pra mexer nesse assunto?-ao ver o olhar confuso dele ela completou-Quero dizer,você tem seus problemas com seu filho para concertar.É nele em quem você tem pensar agora,não na gente.

Grissom deu um meio sorriso,entendendo o receio dela.Com certeza ele precisava se concentrar em seu filho mais do que em tudo.Mas ele receava já ter deixado Sara de lado por muito tempo.Ele não sabia porque,mas tinha a sensação de que se não resolvesse esse problema agora,depois talvez fosse tarde demais.E foi exatamente isso que ele falou a Sara.

Grissom se levantou,foi até onde Sara estava em pé,no meio da sala,pegou as mãos da perita nas dele  e disse:

-Eu sei disso,Sara.Mas eu também sei ,aqui dentro-e colocou as mãos dela no seu peito esquerdo, lugar onde seu coração batia com força.- que é importante resolver outra coisa também.E eu não possa fazê-lo sem você.

-E o que seria isso Griss?-Sara falou quase como em um sussurro.Em baixo de suas mãos batia o coração de seu amado,tão louco e forte como o dela.Era como se ele quisesse que ela entendesse o quão importante era essa conversa para ele.Grissom mais uma vez a deixou sem ar.

Mais uma vez a atração que os dois sentiam um pelo outro os puxaram para mais perto um do outro.Grissom não largou as mãos da perita.Era muito bom sentir o corpo dela tão próximo do dele.O calor do corpo dela deixava Grissom ainda mais louco.

Olhando fundo nos olhos dela Grissom viu refletido um mar de emoções e mais uma vez sentiu um forte desejo de beijá-la,mas o local era inapropriado para isso.E para os dois estarem tão próximos como estavam.Ele precisava falar tudo que tinha para falar antes que seus desejos tomassem conta dele.Grissom respirou fundo e puxou Sara para um abraço,não resistindo com ela ali,tão perto e tão amável.Disse então ao ouvido de Sara,provocando arrepios no corpo dela:

-Será que você entende o que faz comigo?Pode sentir,Sara?Eu sei que não te tratei como você merece,querida,mas por mais ridículo que tenha sido meu comportamento,tenho meus motivos e gostaria de compartilhá-los contigo.Eu só te peço isso Sara.Por favor?-Não resistiu e deu um beijo bem atrás da orelha dela,antes de afastá-la.Mais uma vez,ainda segurava as mãos dela,com medo de largá-la e o feitiço do momento acabar.

Mesmo se fosse uma mulher mais forte do que era com relação a esse homem,naquele momento Sara não conseguiria dizer não a ele.Na verdade não conseguia dizer nada.Por um momento achou que um dos mais doces de seus sonhos iria se realizar ali,no laboratório.Grissom queria beijá-la como ela queria ser beijada por ele.Sara viu em seus olhos.Então mesmo sabendo que qualquer situação que se pusesse  com esse homem tinha o potencial de destrui-la,ela aceitou.Balançou a cabeça no sinal universal do sim,tirando de Grissom o peso no coração sentido ao esperar a resposta da amada.

-Ótimo.Mas não vai poder ser hoje,nem no fim de semana.Mathew começa as aulas essa segunda.Podemos nos encontrar para um brunch?

Grissom sabia que não era tão romântico,mas ele queria tempo para conversar com Sara.Um jantar levaria os dois a um lugar mais chique,talvez com velas e uma roupa mais arrumadinha.Mas eles teriam que trabalhar depois.Assim, teriam tempo para conversar livremente e se recompor do que quer que rolasse no encontro.Grissom viu nos olhos de Sara um entendimento.

-Ok,Griss.Você tem seu encontro.-e deu um sorrisinho de lado para ele.

Grissom então levou a mão direita de Sara para sua boca e deu um beijo na palma de sua mão,depois fechou os dedos dela,como se para segurar aquele beijo.Finalmente largou as mãos dela,viu Sara levar a mão até o peito e disse.

-Te ligo no domingo para marcar tudo melhor.Agora realmente tenho que ir.Vamos?-Griss apontou para a porta e escortou Sara até a garagem para pegar seus carros e irem embora.


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Notas finais do capítulo

Queria dar uma dica para o pessoal que também le fanfiction em ingles: o site fanfiction.net tem ótimas fics e dele recomendo fortemente a fic "The Calling".É ao msm tempo linda e triste.



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