Olhei do homem alto a minha frente para Andrew, que segurava todas as minhas coisas em suas mãos. Estendi-lhe a bolsa, ajudando-o a pôr tudo para dentro. Fechei o zíper, agradeci e voltei a encarar o rapaz. Minha mente estava mais vazia do que a cabeça de uma mosca.

- Tô de saída. - murmurei, agitadamente, voltando a andar.

"Tô louca!", pensei, abrindo a porta do prédio que dava para a garagem. Andei até o meu lindo conversível preto, que por algum motivo me lembrava uma certa pessoa, comprado com muito esforço, o qual ainda vou ficar pagando por mais dez meses, meneando a cabeça de um lado para o outro. Enfiei a chave na maçaneta da porta e a abri.

- Preciso falar com você! - ele me puxou pelo braço, impedindo-me de entrar no carro.

Respirei fundo, sem saber o que dizer ou fazer.

- Quê que você quer, Damon??? - perguntei, temerosa pela resposta que viria.

- Você.

É O QUÊ, HOMI?!? O.o

- Não ouvi direito. - disse, depois da alucinação temporária que tive.

- Você. - ele repetiu em alto e bom som.

Meus olhos estavam esbugalhados como os dos Dobby de Harry Potter. É eu era fã da serie.

- Tá, sério agora, o quê que você quer? - dei mais uma chance.

- Você. - ai, cacetada...

Revirei os olhos, impaciente e me virei para entrar no meu lindo carrinho.

- Você continua linda quando faz isso... - murmurou, baixinho.

Olhei para o teto da garagem e respirei fundo, pedindo a Deus paciência. Por que se me desse força eu estrangulava aquele pescocinho lindo.

- Não começa! - sentenciei, sentando-me no banco de couro. Onde estava aquela garota que até quinze minutos atrás tava doida pra ver ele? Não sei. =/ Puxei a porta, mas ele me impediu de a fechar - O quê que você quer?! - perguntei, mais grossa do que o habitual - Hein, me diz!

- Quero você, já disse! - repetiu, firme – E precisamos conversar.

- Não há nada para conversarmos. - cortei, furiosa - Ou melhor, há sim! - disse, saindo do carro e encostando meu corpo na lataria brilhante, os braços cruzados junto ao peito - Como, diabos, você conseguiu meu novo endereço?! Somente o pessoal sabe e...

- Matt. - ele me cortou, porém, delicadamente. - Falei com Rick, que tinha esquecido e então pediu o endereço ao Matt. O louro não cedeu, então, meu amigo usou meios um tanto...obscuros... para obter a informação...

- Alaric embebedou o Matt! - eu deduzi, furiosa - Matt nunca se lembra direito do que faz quando tá pra lá de bêbado...

- Pois é. - Damon assentiu, um sorriso surgindo nos lábios - A partir da décima dose de whiskey... Bom, não foi difícil conseguir mais nada dele....

- Desgraçado! - exclamei, zangada. Peguei o celular e já discava para Rick. Ahhhhh, esse era um que iria me ouvir... Ah, se ía...

- Me escuta primeiro, por favor! – Damon me pediu, segurando minha mão com o celular. Os pêlos do meu braço se arrepiaram no mesmo instante.

Levei a mão a têmpora, nervosamente.

- Preciso relaxar. - disse, respirando fundo e voltando a entrar no carro - Entra!

Damon ficou me olhando como se eu fosse louca. Todos tinham medo de andar comigo no volante. Eu era meio que barbeira, tá muuuuuuuito, na verdade.

- Entra no carro, Damon!!! - mandei, batendo a minha porta e abrindo a porta do carona.

Em dois minutos saímos da garagem e deslizávamos pela via principal da cidade. O velocímetro marcava 80 km/hr, velocidade permitida naquela área, afinal, estávamos rodeados por prédios. Quando, porém, caí na estrada, fui direto para a pista que permitia 130 km/hr, mas aumentei pra 170 km/hr. Adorava tirar proveito das centenas de cilindradas do meu bebê. =)