Eles nunca conseguiriam me entender. Meus sonhos eram diferentes dos sonhos de outras garotas. Aquelas menininhas chatas e mimadas com as quais eu convivia não eram do meu estilo, nunca foram e nem seriam. Pena que meus pais não conseguissem entender tudo isso, ou talvez nao quisessem acreditar que sua garotinha, “programada” para casar com um riquinho, ter sete filhos e morar no interior queria mesmo era confusão.

Certo, eu não queria conusão, nao literalmente, eu só queria um pouco de aventura e diversão na minha vidinha pacata. Agora reconheço que minha mãe tem razão quando me chama de dramática, mas enfim, vou explicar tudo.

Meu nome é Manoela mas prefiro Manu. Descendente de italianos, de quem herdei meu jeito escandaloso e alto de falar. Por não chamar muita atenção pela aparencia, graças a minha altura normal e ao fato de calçar sapato numero 37 como 99% da população feminina brasileira, meu “diferencial” é realmente o meu jeito escandaloso, atrapalhado e acelerado de ser.

Com 14 anos, conheci minha paixão, a musica. Sim, foi tarde, pois a maioria das pessoas com dotes musicais começa a tocar instrumentos ainda criança e eu só me encontrei na adolescencia. Até porque, nao existe nenhum musico ou artista na minha família, com exceçao de um primo de quinquagésimo grau da minha mãe que eu nunca conheci direito então eu simplesmente o desprezo e falo que não tem nenhum artista na família.

Voltando para o assunto da música, não que eu nunca tivesse ouvido nenhuma melodia até meus 14 anos, eu simplesmente não havia percebido que essa era realmente a minha paixão. Até aí, beleza, todo mundo feliz, inclusive meus pais, que perderam toda a felicidade quando descobriram que meu gênero musical era o rock, no qual eu generalizava o metal, para que as pessoas não se assustassem tanto.

Nesse meio tempo comecei a ouvir musicas de rock, heavy metal, metalcore e qualquer outra coisa que tivesse uma bateria super pesada de fundo, um solo de guitarra e algumas vezes pianos. Resolvi que faria piercings e tatuagens mas meu pai nao deixou por achar que era tudo uma fase, entao a parte dos piercings e das tatugens nao foi realizada... ainda. Comecei a carregar mais na minha maquiagem e ganhei uma paixão, chamada pela minha mãe de obsessão por caveirinhas. Culpa do Avenged Sevenfold que me “apresentou” ao deathbat.

Enfim, em relação ao começo do texto, me refiro ao dia em que contei aos meus pais que pretendia sair de nossa pequena cidade para morar em uma cidade grande nos Estados Unidos. Certo, minha família estava preocupada com razão, até porque morar em Los Angeles não era brincadeira. Mas eu prometi pra todos que ia me cuidar, e porra, eu sei me cuidar sozinha.

A parte mais difícil foi convencer a todos que eu conseguiria viver bem longe deles, porque dinheiro não era problema lá em casa. Meu pai era presidente de um banco muito grande, e tinha um salário realmente bom, e minha mãe nunca deixou de trabalhar para poder ter vida de madame. Usei o argumento de que iria para lá fazer faculdade de economia, mas minha mãe sabia que eu estava indo pela musica, com a certeza de que podia arranjar uma boa oportunidade.