- ESSE É O NOVO UNIFORME?! – O susto de Misaki foi enorme. Aquele uniforme, idêntico ao do Maid Latte. Como que isso estava acontecendo com ela?

Sem saída, ela teve que comprar o novo uniforme de trabalho. Achava muita coincidência, mas não podia fazer nada, só estava rezando para a semana que vem não chegar. “Como que um restaurante como esse pode pedir uniformes assim?” Ela pensava. Logo vieram aquelas lembranças que a assombravam a dois dias... “Onde está Usui?”, “Será que ele está bem?” ou pior ainda “Por que eu estou me importando com ele?”.

Aquele rapaz, que a perseguia todos os dias, sumiu sem deixar vestígios. Não foi ao colégio, nem no serviço dela. Não apareceu na rua, nem deu nenhum outro sinal de vida. Sim, ela estava preocupada, só não sabia disso ou pelo menos, não queria admitir uma coisa dessas. Ela lembrou-se daquele dia que ele tinha lhe dado seu endereço, mas jamais Misaki iria ter coragem de ir na casa de Usui... De maneira alguma!

Então se passaram mais dois dias, e nem sinal do loiro. Misaki não podia mais agüentar tanta angustia. Estava com... “Saudades? CLARO QUE NÃO! SE CONCENTRE NOS PAPÉIS, NOS PAPÉIS, NOS PAPÉÉÉÉIS!!”  - Pensava, enquanto seu rosto se transformava em algo realmente assustador. Foi ao banheiro, passar uma água no rosto tentando se refrescar, pois naquele dia estava fazendo muito calor. Quase sem perceber, deixou correr uma lágrima.

- Você está chorando? – Indagou Sakura, que havia entrado no banheiro naquele exato momento.

- Cla-claro que não... Só fui lavar o rosto e acabei acertando meu olho com o dedo. Nada para se preocupar. – Respondeu Misaki.

- Se é assim, que bom, né! Aliás, você reparou que o Usui ultimamente tem faltado demais? Estranho, você não acha? – Sakura perguntou a Misaki, sem saber que esse era o motivo de sua preocupação.

- E QUEM SE IMPORTA?! – Misai gritou, fechando as mãos e os olhos como se estivesse com muita raiva.

- Mi-Misaki... Eu só... – Sakura mal pode dizer nada, devido a grande surpresa.

- Desculpe Sakura... Falei sem pensar... Me perdoe. – E saiu correndo. Faltava pouco para ir trabalhar no restaurante.

Então se passou mais um dia, e chegou o fim de semana. Misaki depois de procurar em suas coisas, encontrou o papel com o endereço de Usui. Ela realmente estava pensando em ir lá, mas assim que imaginava isso, já fazia questão de esquecer essa ideia absurda.

- Já sei! Se tivesse algum recado de um professor, eu poderia ir lá com essa desculpa. Mas... nenhum professor pediu para dar algum recado. Melhor esquecer isso... ESPERA! Como não pensei nisso antes?! – Falava consigo mesma, enquanto caminhava de volta para casa, pois havia ido ao mercado naquela tarde.

Chegou em casa e pegou o endereço. Foi em busca daquele local e encontrou até com uma certa facilidade. Era um prédio enorme, o maior de todos daquela região, cercado por arvores, e parecia ser também o mais luxuoso. Parou na portaria, e perguntou:

- Com licença, Takumi Usui mora aqui? Ele se encontra? – Misaki perguntou. Seu coração parecia que iria sair pela boca.

- Qual o número do apartamento?

- É... – pegou o papel com o endereço novamente. – Número 121.

- Ok... Ah sim, Usui, aquele rapaz... Não vi ele saindo hoje, então ele deve estar sim. Você é a namorada dele? – Perguntou o porteiro.

- CLARO QUE NÃO!!!- A morena fez de novo a famosa cara infernal.-  Eu apenas estudo no mesmo colégio e vim trazer um recado do professor sobre a prova. – Misaki respondeu, fechando a cara.

- Certo... Pode subir. – Disse o porteiro, com o rosto pálido, totalmente assustado.

Misaki então foi procurar pelo apartamento 121, e logo o encontrou. Ficou parada alguns minutos sem conseguir chamá-lo. Quando de repente a porta abre.

- Já volto amor! Por favor, cuide da sua perna viu. – Uma jovem moça, que devia ter a mesma idade de Misaki saiu daquele apartamento. Ela era linda. Morena, de olhos azuis, estava usando um batom claro e lápis de olho, realçando o azul daqueles olhos. Vestia uma regata branca com uma saia jeans. Cabelos longos, lisos e brilhosos. – Oh, moça... você ia tocar a campainha? – A bela mulher perguntou a Misaki, que estava quase tocando, quando ela abriu a porta.

- N-nã-não, desculpe. Errei de apartamento. Perdão. – E saiu correndo. Não queria ficar ali. Não queria ver mais aquela mulher e muito menos aquele idiota. Agora ela sabia o por quê dele estar faltando. “Machucou a perna é... Devia ter morrido!”- Pensou enquanto corria para lugar nenhum.

Parou em um parque e sentou-se embaixo de uma árvore não tão grande. Ali, Misaki chorou sem parar  por algum tempo. Chorava prometendo que nunca mais choraria de novo. Queria tirar todas as lágrimas de dentro de si para não chorar nunca mais. Aquela árvore era um lugar afastado e assim, ninguém a via. Enquanto as lágrimas rolavam pela sua face, ela se lembrava da imagem daquela mulher saindo do apartamento de Usui, chamando-o de “meu amor”, nunca tinha visto ela na vida, mas mesmo assim sentia um ódio por ela que não sabia explicar.

- Por que eu estou sentindo isso? Afinal, eu odeio aquele idiota... Não odeio? Será que eu... – E falando nisso, chorava ainda mais. – Então aqueles idiotas naquele dia, deviam estar cochichando sobre a namoradinha dele. É, deve ser isso.

A noite já havia chegado e Misaki ainda estava lá. Não chorava mais, mas estava com os olhos inchados e não queria que a vissem assim. Mas tinha que ir para casa de qualquer jeito mesmo. Então, ela se levantou, mas parecia que tinha um caminhão em cima dela, pois seu corpo estava pesado. Começou a voltar para casa, ainda soluçando as vezes. Lembrava dos dias que ele a perseguia, mesmo querendo esquecer. Enquanto lembrava dos momentos em que ele estava ao lado dela, também se lembrava daquela mulher saindo do apartamento.

Chegou em casa finalmente. Sua mãe e sua irmã estavam preocupadas. Misaki abriu um sorriso falso, e disse que encontrou algumas amigas, que começaram a conversar e não viram o tempo passar. Pediu desculpas e foi tomar banho, para em seguida, tentar dormir. Coisa que não conseguiu.

Enquanto estava deitada, não conseguia ainda tirar aquela imagem da cabeça. Estava claro que ela saiu do apartamento de Usui, chamando-o de meu amor, mas mesmo assim, Misaki parecia que não acreditava.

Foi então que a morena se deu conta de algo que não havia percebido ainda...

- Eu... Eu acho que... Eu acho que amo ele. – Disse sussurrando, e dormiu, nem lembrava mais que no dia seguinte era o primeiro dia com uniforme novo no trabalho.

Continua...