—Eu não acredito que concordei com isso- gemeu Katherine ao meu lado.

—Tarde demais para voltar atrás- sussurrei.

Saímos do carro e paramos em frente a casa de Bella, estava tudo escuro e o carro de Kevin não estava na entrada. Ponto nosso. Eu conhecia aquela casa mais do que a palma de minha mão, então eu conhecia cada porta, cada entrada secreta, ou atalho, sendo assim, peguei a mão de Katherine e contornei a casa. Era mais seguro entrar pelos fundos, longe da vista dos vizinhos, vez que eles não pensariam duas vezes em chamar a polícia ao verem duas pessoas de preto,-ideia de Katherine- e pulando o muro de uma casa.

—Anda, junta as mãos - sussurrei para a minha cúmplice.

—O que? Tá doido? - ela protestou- eu não consigo te carregar!

—Só tente - insisti.

—Ok- ela se rendeu, e juntou as mãos.

Pisei em suas mãos e me impulsionei, tentado segurar na beirada do muro.

Katherine xingou baixinho, eu ri.

—Shiu! Se eu for presa por invasão de domicílio, juro por Deus que nunca mais falo com você, Edward Cullen!- eu rosnou.

Consegui me pendurar no muro, e em seguida me sentei em cima dele. Um frio desceu por minha espinha quando olhei para baixo, Katherine ficara tão pequena.

—Vem- eu disse, me segurando no muro, e estendendo a mão para puxar Katherine.

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Como ela é mais leve do que eu, em vinte segundos ela estava sentada ao meu lado no muro. Trocamos um olhar e, rezando para Isabella não ter um Rottweiler no jardim, pulamos do muro caindo em cima de um monte de folhas secas. Nos levantamos, tirando as folhas que pregaram em nossas roupas, depois andamos para a porta dos fundos, onde fui pego de surpreso por estar trancada.

—Dá licença - disse Katherine, se abaixando para ficar na altura da maçaneta, depois, tirou um grampo do cabelo e tentou abrir a porta, mas nada aconteceu - droga.

De repente me lembrei de outra forma de entrar na casa, e agora, entraríamos direto no quarto de Bella.

—Edward- disse Katherine, enquanto olhávamos o carvalho na nossa frente- uma coisa é pular um muro, outra coisa é escalar uma árvore para depois escapulir para o segundo andar de uma casa - ambos rimos, nervosos.

Desta vez não foi preciso um carregar o outro, apenas subimos juntos na árvore. E agora, a parte difícil: se equilibrar no galho da árvore e pular para a sacada do quarto.

—Primeiro as damas- eu disse.

—Claro - ela assentiu - pode ir - brincou.

Eu a fuzilei com o olhar.

—Está bem!- ela disse, engatinhando lentamente pelo galho da árvore. Colocando a bunda na minha cara. Eu dei um tapinha em sua bunda, reprimindo o riso.

Foi a vez dela de me fuzilar com os olhos, mas logo virou a cara e voltou a engatinhar.

—Eu vou morrer, eu vou morrer- ela choramingava.

Ela contou até três antes de colocar uma perna na beirada da sacada, ganhando apoio, depois se embalou e “pulou”, caindo da pé na varanda do quarto. Ele deu um gritinho quando viu que estava viva, e eu reprimi o impulso de gritar “Não grita, menina!”

Me equilibrei o máximo que pude na árvore, depois pulei, esbarrando em Katherine.

A porta de vidro da varanda estava aberta-ponto nosso, faria barulho se fôssemos tentar abri-la-, e antes de entrar no quarto, olhei em seu interior, onde Bella dormia tranquilamente em sua cama. Entramos no quarto, e sem fazer um ruído começamos a procurar por aquele bendito papel. Como uma única folha poderia me causar tantos problemas?

Comecei a procurar a mexer na mesa em que ficava o notebook de Bella, fiquei ali por um tempo, mas nem um dos papéis que estavam ali era o que eu procurava. De repente senti algo ser jogado em minha costa, eu virei o corpo e vi Katherine mover os lábios, dizendo silenciosamente “É esse?”, forcei a vista no escuro e quase sorrir ao ver que o papel era igual ao que eu usara na aula. Mas quando ia responder para Kath, confirmando que era o papel certo, Isabella começa a se mexer na cama, “dando sinal de vida”. Mayday, mayday! -eu quis gritar.

Katherine me olhou desesperadamente antes de se jogar no chão do quarto, e eu me espremi na parede atrás da cortina das janelas.

Aquele tempo em que Isabella acordou e olhou para os lados poderia ser nomeado de Os Minutos da Agonia. Mas me apavorou quando ela se levantou. E usando apenas uma blusa social preta, veio na minha direção e fechou a janela ao meu lado, evitando que o vento gelado entrasse no quarto novamente. E então ela andou até a porta, me perguntei se Katherine teria se colocado embaixo da cama, pois Bella andou pelo quarto todo e não pareceu pisar em ninguém.

Depois de fazer um passeio pelo quarto, Isabella saiu do cômodo, esperei o tempo certo para que ela já tenha descido as escadas antes de sair de meu esconderijo.

—Katherine?- sussurrei no escuro.

—Aqui - forcei a vista para vê-la saindo debaixo da cama, como suspeitei.

—Vamos logo antes que ela volte - digo, já indo para a varanda.

Ela guardou o papel que achamos no bolso do jeans e me seguiu. Fizemos o mesmo trajeto de quando chegamos, então, não demoramos muito para estarmos de volta ao carro de Katherine. Liguei o motor, passei a marcha e dei a partida no carro. Olhei rapidamente para Katherine ao meu lado, que lia o papel com atenção, a testa franzida.

—Olha, Edward, sei que devemos ter amor próprio e tudo, mas isso aqui é um pouco demais, não acha?- ela disse, estendendo o papel para mim. Eu parei o carro no acostamento, peguei o papel e li.

E foi então que eu vi.

Aquela letra não era minha, aquelas frases não eram minhas. Não era minha atividade, e sim a de Isabella, e sendo eu seu parceiro, as palavras no papel falavam sobre mim.