Ultimamente, tenho me sentido meio mal. Não parava de tossir a quase um mês, no começo achei que fosse só um resfriado, mas após a segunda semana comecei a ficar realmente preocupada. Também não conseguia respirar direito, estava começando a ficar rouca e com dores no tórax. Quando respirava fundo, doía também. Foi quando vomitei sangue que eu e minha mãe corremos ao hospital.

Tomei um banho, vesti uma roupa normal, e logo entramos no carro indo em direção ao ‘inferno’ (Eu absolutamente ODEIO hospital).

Chegando lá, depois de algum tempo fomos atendidas, o médico mediu minha pressão, ele não ficou preocupado, por enquanto estava tudo bem.

Eu tive que tirar um raio-X, e foi quando o médico viu que era um caso grave, ele teria que fazer alguns exames, e o mais rápido possível. Minha mãe e eu ficamos muito preocupadas, e perguntamos se tinha como fazer ali mesmo, na hora, e sim, tinha, fizemos todos os exames e etc.… E foi quando o médico viu. Uma péssima noticia estaria por vir. Ele viu um tumor no meu pulmão. Eu estava com câncer, isso CANCER, não dava pra acreditar, cara por que não acontece nada de bom na minha vida? Pensa só, meu pai morreu, meu melhor amigo/namorado (Ex-namorado) se mudou para muito longe, e agora estou com câncer, e isso tudo apenas com 16 anos. Na hora não acreditamos, o médico falou que não era muito grave, mas logo ficaria pior, e eu teria que me internar, e depois de um tempo, operar. Minha mãe perguntava:

– O QUE? ELA ESTA COM CANCER? ESTA COM CANCER MESMO?

E eu não falava nada, era um silencio absoluto, mas por dentro me mim era só gritos, gritos e mais gritos, berros, socos e raiva.

Algumas semanas se passaram, e o dia da minha cirurgia chegou.

Lembro-me de acordar assustada e ansiosa naquele dia, não havia comido nada desde a tarde do dia anterior, pois deveria ficar em jejum para a cirurgia. Depois de alguns instantes, a enfermeira chegou dizendo - me:

– Manu - eu havia feito amizade com elas, e pedi para que me chamassem de Manu - está na hora.

Respirei fundo, meu peito doeu devido ao tumor, e assenti com lágrimas nos olhos. Me levaram de cadeira - de - rodas até a sala de cirurgia, e, após isso, a ultima coisa de que me lembro são de olhar para os olhos de minha mãe, ouvindo ela sussurrar “Vai dar tudo certo filha” com olhos lacrimejados e os médicos pedindo pra ela se retirar. Depois disso, a enfermeira me aplicou a anestesia e dormi muito rápido.

[…….]

Acordei 7 horas após o término da cirurgia, logo senti as mãos de minha mãe segurando as minhas mãos e rezando com toda a força que tinha.

– Mãe? - chamei.

– FILHA! ENFERMEIRA, ELA ACORDOU! - ela gritava.

Os médicos chegaram no meu quarto com um sorriso no rosto, e eu com o coração acelerado, queria saber logo o que havia acontecido, mas pelo o sorriso deles, eu devia ter conseguido sair daquela fase horrível da minha vida.

– Olá! Temos boas noticias para você, - assenti, meio que dizendo “continue” - Conseguimos retirar o tumor de seu pulmão, você foi muito forte em todos os momentos, parabéns Emanuelle, você conseguiu!

Sorri de orelha a orelha para minha mãe, ela sorriu de volta, e desabamos a chorar. Eu havia passado por mais um obstáculo em minha vida, eu consegui.

Mas…

Após a cirurgia, havia a quimioterapia, muito tempo de quimioterapia, talvez anos.

3 meses se passaram. Foi horrível, eu estava acabada, mas sabe? Mesmo em todas essas situações, eu nunca me rendi, eu nunca perdi a fé de mim mesma, e aprendi uma coisa: Nunca tome decisões quando estiver triste, não vale a pena.

Minha mãe nunca desistiu de mim, ainda bem, sem ela eu provavelmente não estaria aqui. Marta e Otávio também me ajudaram bastante, e eu falei para eles não comentarem nada com Willian, achei melhor assim, e eles não contaram.

Bem, o meu cabelo já estava caindo a algum tempo, mas estava com muita dó de cortar, mas é muito ruim ver seus cabelos caindo, cada fio é muito importante para mim, e eu estava quase sem nenhum, então acordei e falei para minha mãe:

– Mãe, eu acho melhor… Raspar logo minha cabeça, não consigo mais ver os fios caindo.

– Filha, eu faço o que você quiser, tudo bem?

– Muito obrigada mãe.

– Não tem de que vida, eu te amo tanto. Mas enfim, quer ir que horas?

– Também te amo muito mãe, muito. Agora? Pode ser?

– Então vamos.

Entramos no carro e fomos logo ao cabelereiro. Enquanto a moça cortava meus cabelos, eu chorava muito, vendo os ‘últimos fios’ indo embora, muito triste, minha mãe também chorava, muito. Mas logo acabou, a moça que depois disse seu nome, Catarina, ela insistiu para que não pagássemos, minha mãe aceitou, agradecemos, colocamos um pano na minha cabeça. Entramos no carro e eu disse:

– Mãe…

– Sim filha? - Perguntou

– Podemos passar na casa da Marcia e do Otávio?

– Claro querida, vamos.

Chegamos e Marcia nos recebeu muito bem, me falou muitas coisas bonitas, me senti melhor.

2 dias se passaram, já estava e acostumando em estar sem cabelo, acredite, minha mãe e eu fomos até comprar uma peruca para mim, gostei.

Mesmo com tudo isso, eu nunca, NUNCA, me esqueci do Willian. Eu pensava que, se ainda estivéssemos juntos, mesmo como amigos, ele estaria comigo todo esse tempo. Me apoiando, me dizendo coisas bonitas, me acompanhando, ele com certeza ia querer estar lá na hora que eu acordasse da cirurgia, para me fazer rir, como ele sempre fez.

Uma lágrima caiu do meu olho, estava me lembrando de nossos vários momentos juntos, inclusive os que éramos namorados.

A saudade apertou meu coração, eu queria tanto ele aqui comigo nesse momento difícil, meu amigo, meu namorado, meu Willian.

Já era bem tarde, 23:48hrs, praticamente meia noite, fui me deitar. Não estava com tanto sono, então eu fiquei apenas pensando na vida. Quando, escuto meu celular vibrar, e logo vejo: '1 mensagem nova de: Willian' OMG!.