O Reino dos Outros escrita por Darkhealm


Capítulo 2
Capítulo 1: Quebra Interna




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Não sabia ao certo quanto tempo se passou desde que fora mandado para aquele lugar escuro. O tempo não importava mais, na verdade nada mais importa, tinha fome, se sentia sozinho, e principalmente com medo, medo do escuro, medo da solidão, assustado em seu próprio canto abandonado. Não tinha idéia do que dava mais medo, de estar ali sozinho e sem comer, ou lá fora trabalhando sendo humilhado e torturado diariamente por seus algozes. Talvez fosse melhor morrer ali.


Mas algo o impedia de abandonar tudo, de deixar sua vida sair livremente de seu corpo pequeno e frágil. Ele desejava sobreviver a todo custo, morrer abandonado ao medo e à solidão não era uma opção. Talvez existisse algo mais em sua vida, algum propósito maior ou vontade maior, mas por mais que tentasse acreditar nisso, em sua mente lhe vinha a idéia de uma ilusão, como se aquilo que pensou não fosse nada além disso, um pensamento. Soltou um suspiro de tristeza, algo dentro dele doía, poderia dizer que era seu corpo, mas não era uma dor qualquer, era uma dor interna, uma dor que se prolongava há muito tempo, mas não sabia dizer o que era, não tinha certeza. O pequeno lobisomem se encolheu ainda mais e se engolfou em suas tristeza e medos, pois sabia que nada mudaria, ele continuaria ali no escuro vivendo sua realidade temerosa, e nunca acharia alguma luz com esperança.

Estava dormindo ou estava acordado? Ele mesmo não sabia, talvez tenha se mantido acordado olhando para o nada, na esperança que alguma coisa boa pudesse acontecer, talvez tenha dormido em meio aos pensamentos e o medo. Fosse o que fosse, redirecionou sua atenção quando ouviu do lado de fora dois guardas conversando. Observando a porta com seus olhos esperançosos e mantendo seus ouvidos ativos para qualquer som que viesse a sair da boca dos guardas. Não movia um músculo sequer nesse curto período de tempo por medo que se o fizesse, fosse tratado como um transgressor e ficasse mais tempo confinado naquela câmara. As vozes pararam... Manteve-se alerta por mais alguns segundos antes de constar que elas realmente cessaram e junto com elas a esperança dele de sair foi-se embora, ele fechou os olhos e suspirou profundamente. Até que o inesperado ocorreu, um forte barulho de metal sendo arrastado se ouviu, o garoto virou o rosto rapidamente para a porta tendo os olhos imediatamente ofuscados pela luz que emanava pela porta. A única coisa que conseguia ver era a silhueta de alguém grande, um homem, que começou a falar com sua voz grave e fria.

-- Prisioneiro número 26 do Bloco D, seu tempo de confinamento terminou, pode retornar para sua cela.

Mesmo sem conseguir enxergar direito, o pequeno lobo se levantou com algum esforço e se arrastou para fora da solitária, estava muito fraco para conseguir andar adequadamente, mas tinha que fazer algo se ele não queria mais ficar ali. Foi acompanhado do mesmo homem que abriu a porta para ele, esse se mantendo próximo do garoto, mas não o deixou preso, sabia que ele estava fraco demais para qualquer tentativa de fuga. O garoto não precisava olhar ao redor para saber como era o local em que estava andando, todos os corredores na prisão eram praticamente iguais, o amedrontador corredor era escuro e sem vida como o resto da prisão, iluminado apenas pela luz de tochas, suas paredes eram corroídas e sem cor, retratando bem a idade e o quão conservado estava o local. Em todos os cantos havia sujeira e pó. Baratas, ratos e outros tipos de animais andavam livremente sem se preocupar em serem mortos. A última coisa a ser uma preocupação naquele lugar era a higiene das pessoas ali dentro. Talvez a única diferença que existia dos outros corredores para a solitária fosse o fato de que frente à solitária existia uma janela por onde entrava luz, uma luz do sol desesperadora, mas ainda assim, um pedacinho de luz em meio à escuridão.

Não demorou muito tempo até chegarem à sua outra prisão, o guarda abriu a cela e com toda a frieza atirou o garoto para dentro, para logo em seguida trancá-lo. Por sorte o garoto caiu sobre a sua cama de feno, que embora desconfortável e suja, amorteceu a queda e não permitiu que ele se machucasse apesar da brutalidade do guarda. O pequeno lobisomem observou a cela ao redor, como se procurasse algo diferente ou novo na sala, e a única coisa que achou de novo foi uma aranha que dançava livremente de um lado para o outro pelo local.

A desconfortável e espinhosa cama feita de feno, uma bacia cheia de água e um prato com uma gororoba que chamavam comida, isso era o que se resumia a cela do jovem lobo. O garoto se aproximou da bacia e se observou por algum tempo. Notou que seus pêlos normalmente de uma cor azulada escura estavam em grande parte cinza pela falta de lavar. Todo o seu corpo coçava, ardia e sua pelugem tinha falhas por causa de machucados, maus-tratos e pela falta de higiene. Seus olhos amarelos apenas conseguiam transmitir tristeza e medo. Era um lobo pequeno, magro e fraco. Tinha a solidão como sua amiga e o medo como seu caminho, vivendo isso todos os dias junto com vários outros prisioneiros, eram os únicos caminhos que muitos ali conheciam e aos quais podiam aderir. Existiam alguns raros que tentavam mudar o rumo das coisas com ideais como coragem e justiça, mas eles não duravam muito tempo em meio aos humanos; além disso, nem eram ouvidos: Ninguém daria ouvidos para coisas como Justiça em um lugar como aquele.

Sentiu uma dor muito forte em seu abdômen e percebeu que tinha um machucado num estado bem pior que todos os outros: Não estava nem roxo, estava em um branco incomum e doía muito, muito mesmo. Provável que o tivesse ganhado quando tentou roubar um pão para poder sobreviver. Estava com muita fome, e conseguiu roubar o pão e comê-lo, mas fora descoberto, espancado e abandonado durante talvez semanas na solitária.

Fazia tanto tempo que tinha de suportar tudo o que ocorria que chegou ao seu limite, queria fugir, para muito longe, algum lugar que eles nunca o achassem, algum lugar onde pudesse ter uma vida feliz – Seja lá o que uma vida feliz fosse. Mas na realidade, seus pensamentos se concentravam em outras coisas: Seus medos. Tinha medo de fugir, de na fuga ser capturado ou morto, e se conseguisse fugir? Para onde iria? Como era o mundo lá fora? Seus "colegas" diziam um monte de coisas sobre o mundo de fora, mas nunca foi muito além de perto das cercas. Onde seria um lugar longe daquela prisão que pudesse ser feliz? E se fosse capturado e mandado para a solitária de novo? Apenas aqueles pensamentos já o fizeram tremer, não queria voltar para a solitária, tinha muito medo de ficar sozinho no escuro, talvez ficar lá fosse o pior castigo para ele, maior do que torturas até. Tentou afastar o pensamento de fugir, mas essa idéia sempre voltava à cabeça dele, junto com o medo que sentia. Deitou-se e ficou um tempo acordado, deitado virado para a parede, estava fraco como sempre, todo seu corpo doía, mas o cansaço era maior que as dores, e logo dormiu na cama desconfortável.

De repente ouviu agitação no corredor e sons altos e fortes. Acordou com o barulho e se levantou com alguma dificuldade, foi para a porta da cela para ver o que estava acontecendo porem não teve sucesso em sua tentativa. Tentou ouvir e percebeu que em meio aos sons altos de gritos e outros barulhos que não conseguiu identificar, podia se ouvir passos rápidos e freqüentes vindo de diversas partes do corredor. Repentinamente, um barulho alto e grave, como de uma corneta, ecoou por todo o local. Era o alarme da prisão, e seja o que estivesse acontecendo, era muito grave para tocarem o alarme de uma forma tão repentina. Um grupo de pessoas passou correndo pela sua frente, estava claro que todos eram híbridos e pelas aparências e diferentes tamanhos eram prisioneiros. Aquilo era o suficiente para o garoto entender o porquê do alarme: Fuga da prisão. O garoto olhou para a grande horda de fugitivos e se mexeu desesperado na grade para fazer algum barulho, tentou gritar o mais alto que pôde, mas de sua voz só saiu um som abafado e sem força. Era a oportunidade de fugir, ele estava com muito medo, mas tinha que tentar, não queria mais viver ali sozinho na escuridão sendo essa talvez a única chance em anos para conseguir ver algo além de desespero. Tentou gritar mais alto e finalmente saiu algo que podia ser comparado com um grito de socorro, embora ainda fraco. Nenhum dos prisioneiros aparentou prestar atenção ao jovem lobisomem, passavam apressados e desesperados. Vendo que não foi correspondido, o pequeno Lobo se deixou apoiar apenas pelas grades e caiu ao chão, havia desistido da idéia de fugir, não via mais esperanças em mais nada, parecia que seu destino era "viver" unicamente naquela prisão e deixar que o medo fosse seu único caminho.

-- Vamos lá rapaz, não desanima não.

O garoto olhou para a porta da cela e ficou surpreso ao ver um enorme leão desesperado com um molho de chaves tentando abrir a cela. Sua voz era bem grossa, e ele não vestia roupas diferentes dos outros prisioneiros: Uma calça e camisa sujas e rasgadas. Mas o que mais o impressionou é que ele havia saído da segurança dos outros fugitivos para parar e salvá-lo, mesmo sabendo que talvez fosse pego nesse meio tempo. Entre o jogo de tentativa e erro para achar a chave correta para a cela, uma delas deu um som na porta que fez o leão suspirar de alegria, ele abriu a porta com um rangido alto e pegou o garoto nos braços como se soubesse que ele estava fraco demais para correr.

-- Vamos fugir juntos daqui.

O lobo não entedia porque essa reação do leão, eles nunca haviam se visto em vida, será que era uma espécie de compaixão por ser prisioneiro? Alem disso, ele só iria atrapalhar a fuga: O garoto era fraco e medroso, não sendo capaz de nem andar por conta própria. Era uma pergunta sem resposta, mas ao invés de a fazê-la, decidiu se acomodar nos braços do leão. Havia um calor estranho, algo que ele nunca havia sentido, ele exalava algo que o deixava... Feliz...

O leão por outro lado, não estava tão calmo quanto o garoto. Por ter se debandado, tornaria-se mais fácil de ser pego caso aparecesse algum guarda em seu caminho. Alem disso, não tinha certeza para onde ficava a saída, a pressão da fuga não o fazia raciocinar direito, apenas agir. Começou a correr na direção que a multidão inicialmente estava indo, correndo pelos corredores sem vida e barulhentos, acabou encontrando uma bifurcação, que se dividia entre esquerda e direita. Não pensou muito e tomou o caminho da esquerda. Passou por mais um corredor que dava para outras celas, alguns presos fugindo, outros implorando para serem soltos, mas o leão nem sequer prestou atenção naquilo, tinha que sair dali. Correu e virou à direita na segunda bifurcação, viu dois guardas derrubando um presidiário, tão distraídos tentando manter o prisioneiro imóvel que nem perceberam o leão passando correndo.

Mais uma escolha, foi em frente, não parou um segundo para olhar para os lados ou ao menos pensar, foi para frente, em meio ao caos nada parecia realmente fazer sentido, algumas pessoas corriam em desespero para fugir, indo por impulso para lugares que nem sequer sabiam se os salvariam. Outras que lutavam para se livrar dos guardas, essas pegas e quase acorrentadas, deixavam-se ser presas sem resistência, talvez a esperança não existisse há muito tempo para elas, sendo aquela fuga apenas um impulso da mente deles. Alguns mortos no chão, corpos de guardas e presidiários que falharam em suas tentativas de impedir ou fugir e acabaram sucumbindo nas mãos de seus oponentes. Mas ele sabia o que tinha que ser feito, fugir com aquela criança era a única coisa que tinha que fazer agora, nada mais importava.

Agora o caminho só existia se estendendo para a esquerda. Ele o seguiu e viu um portão de metal. Ali só podia ser a saída. Seus músculos já no limite da exaustão doíam e pulsavam, suava e sua respiração estava cortando seus pulmões. Ofegante, parecia que naquela corrida uma eternidade inteira havia se passado e se prolongava ainda mais. Mas era sua última chance, sua última esperança de fuga. Ele alcançou a saída, e com uma pancada forte na porta conseguiu abri-la.

O Leão percebeu que havia chegado ao lado de fora, estava em um pequeno corredor entre um bloco da prisão e outro, logo poderia parar um pouco ali ao menos por enquanto em segurança. Encostou-se à parede ofegante, limpou o suor do rosto e observou a situação atual. Era noite, e isso o surpreendeu. Dentro da prisão, não havia muita luz e se perdia noção do tempo e dias muito rápido. Não fazia idéia do que causou a rebelião, mas estava feliz por ela ter sido feita, era a oportunidade perfeita e talvez única de fugir, por sorte a rebelião estava dando problemas consideráveis, mas com toda a certeza não iria demorar muito até ela ser controlada novamente. Os poucos que conseguiram sair da construção por outras entradas estavam sendo cruelmente mortos pelos atiradores posicionados nas torres de vigilância de forma estratégica e cruel. Além disso existiam as cercas da prisão, que embora fossem cercas-vivas, eram extremamente resistentes, e atrasavam consideravelmente a ação de todos (além de machucarem muito). Era possível ver o corpo de muitos dos híbridos acertados no chão, imóveis com seus pêlos manchados de sangue. O leão se achou com sorte por estar em um aparente ponto cego da linha das torres. Ele observou o garoto que estava nos seus braços, estava observando tudo com seus olhos assustados. Estava surpreso com a ação dele de libertar a criança e não entendia o porquê. Havia várias crianças presas naquela prisão imunda, mas porque ela entre todas? O lobo de perto parecia ainda menor e mais frágil do que realmente era, dava para perceber pelo seu corpo magro e as feridas no corpo que tinha passado muitos maus bocados. Talvez tenha sido essa fragilidade que o fez tentar levar o garoto para longe daquela cela imunda.

Ouviu tiros, gritos, estavam próximos. Olhou melhor ao redor e percebeu que um grupo de prisioneiros estava tentando abrir passagem pelo portão principal, mas estavam sendo abatidos antes mesmo de chegarem perto. Agora era a hora, tinha que aproveitar a distração para tentar fugir por alguma outra rota. Foi aí que ele percebeu que existiam diversas falhas na cerca viva, que estava toda desgasta e quebrada num ponto mais baixo próximo do solo. Um corpo de um híbrido jazia do lado, deixando claro que fora ele que fizera aquilo de alguma maneira, tendo a sorte de abrir um buraco grande o suficiente para uma pessoa adulta se arrastar antes de ser descoberto e morto. Por sorte a cerca se encontrava a uma distância razoável. Se conseguisse chegar lá naquela área aberta sem levar um tiro com toda a certeza poderia passar com o garoto sem muitas dificuldades. Tinha a vantagem que do outro lado havia muitas árvores, logo se conseguisse passar ia ter muita cobertura pela frente. Armadilhas não seriam um problema para ele, já estava treinado para isso, apesar dos anos da prisão ainda era um exímio lenhador. Ouviu mais tiros, e percebeu que não demoraria muito para a distração dele terminar, não deixando a ele mais escolhas, precisava tomar sua decisão. Segurou o garoto com firmeza entre os braços, respirou profundamente e começou a correr. E enquanto corria chegou a uma conclusão que apesar de odiar admitir, ainda era um fato: Estava com medo. Esse medo era o que o movia a fazer aquelas loucuras, mesmo sabendo que a qualquer hora um tiro poderia atravessar sua nuca e todo seu esforço seria em vão. Mas ele mantinha seus pensamentos na liberdade que ia ter caso conseguisse fugir, uma liberdade que fora tirada dele pelas garras fatais dos humanos. Estava quase lá, só faltavam mais alguns passos...

Um tiro... Um som... E uma forte dor na perna o abateu. Caiu no chão sem escolha, empurrado com força contra o solo. Ele falhou, sabia o que tinha acontecido, sua perna latejando com uma dor extrema, espirrava um líquido quente. Não acreditava que havia chegado tão longe para tudo acabar ali de uma forma tão simples e trágica. Parecia que o azar era a única coisa que estava ao seu lado, não podia fazer muita coisa naquela situação a não ser fechar os olhos e esperar o próximo tiro que lhe tiraria a vida.

Mas algo quente tocou seu ombro e o balançou. Abriu os olhos e viu o garoto, o pequeno lobisomem desesperado para que o Leão se levantasse e que continuassem a fuga. Mas não existiam condições para o Leão continuar, estava tudo acabado para ele, isso era claro... Mas não para o garoto...

-- Vai, falta pouco, atravessa aí Foge daqui. – Disse o Leão com sua voz um pouco fraca empurrando o garoto com o braço na direção da cerca defeituosa, ele com toda a certeza poderia passar por ela facilmente e sobreviver, as árvores dariam uma cobertura perfeita para ele contra tiros que pudessem vir. Mas o lobo não entendeu direito, queria que o Leão fosse junto com ele, não podia morrer ali, não podia deixar ele sozinho. Com medo, o garoto tentou desesperadamente arrastar o Leão, uma ação totalmente em vão, pois o Leão era pesado demais para o lobo simplesmente arrastar assim. Outro tiro, dessa vez passou muito perto da criança, fazendo ela se assustar e, instintivamente soltar-se do Leão e se aproximar da cerca para fugir. Mas ainda assim, não conseguiu escapar, olhou mais uma vez para o Leão, caído, imóvel, não demonstrava mais movimentos nem reações, claramente o tiro havia acertado perto demais do pequeno lobo, perto demais mesmo...

O garoto em desespero e envolvido pelo terror não sabia o que fazer, e logo se pôs a correr na direção oposta daquele lugar. Agora que finalmente tinha conseguido a liberdade, estava com medo, medo de poder levar algum tiro por entre as árvores e que retirassem a liberdade dele, medo de que tivesse entre as árvores algum soldado colocado escondido para lhe dar um tiro, tudo estava tão escuro que apenas tinha uma noção vaga das silhuetas das árvores. Mas não foi incapaz de notar a onda de adrenalina que corria pelo seu corpo, era estranha, ela permitiu que ele corresse do local aonde jazia o Leão até a floresta, e não parava, sua vida e sua liberdade dependiam de correr ali e agora naquele momento. Sentia o vento correndo sobre sua face, o suor em seu rosto, a dor nas suas pernas e em seu abdômen, mas aquilo que estava sentindo era a prova que ainda estava vivo. Correu, correu o mais longe que pôde, até que seus fracos músculos não agüentaram de dor e ele caiu de bruços sobre a Terra. Todo o seu corpo estava doendo, estava tão cansado e fraco que não conseguia mais se mover, tudo que havia feito até agora fora praticamente um milagre divino superando completamente as suas expectativas sobre ele mesmo, mas o milagre acabou ali, estava cansado demais. Sentiu a terra, folhas e pedaços pequenos de madeira no chão em baixo de seu corpo, era macia, e de uma certa forma lhe passava algum tipo de energia estranha, um calor que passava pelo seu corpo inteiro, subindo pelo seu peitoral e passando pelos seu braços, pernas, cabeça, era uma sensação estranha, uma sensação de leveza e agitação. Percebeu então que essa sensação não era nada menos do que aquilo que estava procurando: Liberdade. Sentiu seu corpo relaxar aos poucos e seus olhos mais pesados, e não resistiu ao cansaço dormindo em seguida, mas certeza que não era só mais um inseto preso a suas tarefas governado por um líder, era um ser livre. A liberdade andava ao seu lado a partir de agora, e ele não a deixaria fugir de forma alguma.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Cercas vivas são uma espécie de cerca de arame farpado feita de elementos naturais como plantas, normalmente são feitas de laranjeira-de-osage ou o pau-darco. São normalmente muito resistentes e suas pontas são bem grandes e pontiagudas.



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