O Reino dos Outros escrita por Darkhealm


Capítulo 1
Prologo:Queda do Céu


Notas iniciais do capítulo

NA: Para melhor entendimento da fic, quero explicar um artifício da história: o termo “Híbridos” se refere a uma raça na história composta de pessoas meio humanas, meio animais (Lobisomens por exemplo), embora eles sejam diferentes, a diferença no mundo entre eles e humanos é a mesma que existe entre uma pessoa negra e pessoa branca: não existe diferença, apenas na aparência.
Outra coisa que gostaria de exemplificar é o avanço tecnológico das coisas nesse mundo fantasioso: Não se desespere e fique se encucando caso algum tipo de máquina bizarra from hell apareça ou algo assim. Ao seu tempo, os personagens darão uma explicação plausível para esses tipos de tecnologia. Então apenas relaxe e curta a história.



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No mundo atual, tudo é regido pelas leis de um único homem, e é estranho que isso ocorra porque as pessoas esquecerem de coisas. Coisas simples, coisas que nunca deveriam ser esquecidas, como significados de palavras. Não sei lhe dizer quando isso começou, talvez elas já tenham sido esquecidas há muito tempo, mais tempo do que o tempo que tenho em vida. Mas tenho certeza que nada agravou tanto essa amnésia se não a chegada do governo de Aslau Abinoan, um rei corrupto que tem como único objetivo dominar essa terra através do medo. Por trás de todas aquelas máscaras de pacifista, existe um tirano controlador, que deseja acima de uma terra “perfeita”, composta apenas por Humanos, eliminando qualquer Híbrido que possa vir a existir nos limites de nosso país, Hong. Isso provavelmente não é uma novidade para você, mas estou aqui para contar as verdades e os fatos sobre o governo dele, e nada menos que isso. Para falar isso, irei lhe contar uma história de quando ideais já não importam mais.


O caos havia tomado conta total do país, fazia pouco tempo desde que o antigo Rei havia ficado velho e uma estranha doença o abateu. Como ele não deixou herdeiros, logo o trono ficou um tempo vazio. Mas a partir daí, coisas estranhas começaram a acontecer em vários pontos no país. Talvez vocês não saibam disso, faz muito que o governo impediu que essas informações fossem divulgadas por qualquer meio de comunicação, embora muitas pessoas de certa idade saibam vagamente sobre isso. Massacres em vilas sem motivos ou vestígios dos assassinos, epidemias que acometeram a população causando mortes, rios começaram a secar e fontes naturais de comida se extinguiram tão rápido quanto as mudanças da lua. O povo estava em pânico, não sabiam o que fazer, diziam que junto com a morte do Rei, o país estava fadado a afundar no mais profundo abismo. Foi a partir daí que guerras civis começaram. Coisas bestas, como água, comida, terras, se tornaram motivo para guerras que pilhavam centenas e centenas de cadáveres. Pessoas estavam desesperadas pela sobrevivência, e faziam de tudo para tal, mesmo que matar ou morrer fosse a única opção.


Foi a partir daí que Aslau apareceu... O auto-intitulado “Detentor da Salvação” chegou como um Messias em meio aos condenados (ou um lobo em volta de cordeiros), curando milagrosamente algumas regiões em que parecia que a salvação não mais existia. Não existe nenhum indicio de como ele fazia isso, alguns dizem que ele simplesmente chegava e pronto, trazia comida, água, os doentes ficavam saudáveis e os loucos se tornavam sóbrios. Outros dizem que ele fazia algum tipo de ritual de magia para invocar espíritos curandeiros. Seja qual for a verdade, não demorou muito para Aslau se tornar o salvador da pátria. Cada pessoa no país voltou seus olhos para ele na esperança que algum dia ele resolvesse todos os problemas e o caos que injustamente caiu sobre o povo. Aslau fez várias empreitadas pelo país, salvando a vida e famílias de vários, sempre se mostrando um homem gentil e amigável. Mas o império de Aslau começou quando ele fez apenas um “pedido” ao povo: Ele pediu para que lhe fosse concedido o cargo como novo Rei de Hong para que ele pudesse espalhar sua “piedade” e “salvação” para fronteiras do país onde ele não conseguiria normalmente. A plebe ficou surpresa com a idéia de Aslau no reinado, houve muito alvoroço e muitos de inicio negaram a idéia de um rei que não pertencesse à família real. Apesar do alvoroço e das manifestações, todos calaram a boca pelo medo de qualquer calamidade acontecer novamente ou continuar ocorrendo por muito mais tempo. Logo eles não viram outra escolha a não ser visar o bem do país e permitir que Aslau fosse o mais novo Rei de Hong. Não culpo as pessoas por isso, eu como comandante de tropas rebeldes sei muito bem como é o medo, já encarei o medo nos olhos e enfrentei-o com todas as minhas forças, já vi pessoas sucumbindo ao medo e caindo aos seus pés, abraçando como uma nova causa para a vida delas. Com a chegada do novo governo, problemas se foram e problemas vieram, inclusive a retirada de valores humanos. Foi a partir daí que o povo esqueceu o significado de uma palavra: Liberdade. Os problemas com doenças, matanças, falta de comida, foram todos resolvidos em pouco tempo no reinado de Aslau, mas para manter “a segurança e garantir que os problemas não retornem” Aslau colocou soldados da guarda real que estavam sob seu controle em diversas cidades do país. Desde tempos antigos diziam que esses guardas atendiam excepcionalmente ao chamado do Rei, não tinham carne, nem coração, nem vontade própria, são maquinas inumanas que têm como único objetivo obedecer às ordens do rei de forma cega e clara. As pessoas tiveram a necessidade de viajar para outra vilas, mas foram impossibilitadas porque a função da guarda era prender essas pessoas dentro de suas cidades e vilas até que o rei ordenasse o contrário. Quem ia contra essas regras eram repreendido de forma violenta e morto em seguida. Logo, a população percebeu que tinha caído em uma armadilha, uma armadilha mortal e sangrenta, tinha que fazer alguma coisa para seu próprio bem. Alguns tentaram resistir e falharam miseravelmente, sucumbindo à força inumana e absurda da guarda real. Outros conseguiram milagrosamente sobreviver e destruir a guarda ou sair da cidade, esses não foram poucos, mas em comparação ao número de mortos... Outras comunidades não foram sequer afetadas, eram pequenas ou longe demais para serem afetadas, as únicas que chegaram a sofrer foram as mais próximas das 3 grandes cidades: Olgul, Pyogui e Murup. Algumas dessas pequenas comunidades não afetadas são atualmente enormes pelo número de refugiados, mas outras continuam milagrosamente inacessíveis e escondidas. Alguns foram para a cidade de Olgul, que como você deve saber é a capital de nosso país, onde se defrontaram com o que perceberam ser uma ameaça terrível. Os E.P.N. (Exército de Proteção Nacional) por ordem do rei começou a caçar qualquer híbrido que estivesse dentro dos limites da cidade. Crianças, velhos, mulheres, todos os híbridos, sem nenhuma exceção, foram massacrados, e qualquer um que os ajudasse de alguma forma também sofria o mesmo destino. Não fora fácil sobreviver nesses tempos, já ouvi relatos de pessoas que sobreviveram, mas perderam tudo na vida delas, desde casa até suas famílias. Mas as atrocidades de Aslau infelizmente não acabaram aí. Logo após esse massacre, ele criou uma absurda lei na cidade: nenhum humano poderia se socializar ou falar sobre Híbridos, qualquer um que fosse encontrado falando sobre eles ou se socializando com algum seria preso e provavelmente morto. O Governo abria um incentivo absurdo em todo o país pela caça e denuncia de híbridos. Graças a Deus nunca veio a ocorrer de todos os Humanos caçarem os Híbridos de todas as partes, muitos não aderiram a essa lei. Mas também houve quem aderiu. Revoltados, e com medo, alguns híbridos formaram grupos de aniquilação, tentando sobreviver aos seus recentes algozes e inimigos. Da mesma forma, alguns humanos, ameaçados por esses grupos de extermínio e incentivados por esses governos criaram seus próprios grupos, concentrados em matar híbridos a todo custo. E assim foram formadas diversas milícias de aniquilação a Híbridos e Humanos, constituídos apenas por uma única coisa: Medo. Atualmente muitas coisas que acabam acontecendo, desde coisas mínimas até desastres absurdos, os Híbridos são taxados como os causadores, criando ainda mais a discórdia entre os povos.


    Vocês todos devem conhecer a história, mas é muito pouco provável que conheçam por essa versão. Ela foi esquecida há muito tempo pelas pessoas e inibida pelo governo. Mas com muito esforço e sacrifícios estamos mostrando a você provas o suficiente para mostrar que o que estamos dizendo é a verdade. E espero que entendam que os inimigos não são os Híbridos, essa idéia e imposição foram criadas por Aslau e seu governo doentio. O medo trouxe isso tudo o que está acontecendo atualmente, todos os problemas, todo esse sofrimento que tanto Humanos e Híbridos estão vivendo é apenas pelo medo imposto por ele. Mas ainda existe a possibilidade de nos livrarmos de todos esses medos, de acabar com todas essas desavenças, e esse meio é lutar, mas não lutar da forma que nós lutamos, mas sim lutar contra essas leis e contra o governo dele, não é um governo que se luta com armas, mas sim com palavras, lutar não só pelo que é certo ou errado, não só pelo nosso presente, mas também pelo nosso futuro, para que nossos filhos, filhos de nossos filhos, para que todos tenham um futuro onde não exista dor, conspirações ou preconceitos. Podemos construir esse futuro se o governo dele for derrubado e é apenas nisso, só para isso que peço a colaboração de vocês. Meu nome é Aila Vincent, comandante da libertação do governo de Aslau, mostrando a verdade para vocês e pedindo para que colaborem. Obrigada.

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-- Terminou?


Perguntou a mulher que acabou de fazer seu enorme discurso pedindo ajuda das pessoas. Seus cabelos roxos bem tratados e lisos desciam por sua face delicada seguindo o contorno de seu rosto suave. Ela sorria naquele momento, embora na gravação tenha mantido seu rosto sério e até um certo ponto triste. Seus lábios tinham uma cor mais rosada, embora que natural. Estava sentada em frente a uma pequena mesa de madeira, grande o suficiente para apenas duas pessoas conversarem e se observarem se estiverem de frente uma para outra. Fitava um aparelho de aparência estranha, agressiva e grande o suficiente para cobrir quase toda a mesa, lembrava um cubo estranho com linhas vermelhas cobrindo grande parte dele.


-- Sim, terminou, já desliguei.


Disse uma voz grave, embora que jovial do outro lado da mesa, nele estava sentado um Lobisomem de pêlo azulado, estava com um rosto confiante e sorrindo. O pêlo dele era de uma forma uniforme e não muito rebelde, vestia apenas uma calça de cor preta, deixando bem a mostra a região acima da cintura. Sua musculatura era muito bem desenvolvida, principalmente na área do peitoral. Tinha como característica marcante uma tatuagem em formato tribal que ia do peitoral direito até o a parte superior do abdômen, seus olhos amarelos e reluzentes como sol e suas orelhas, que apesar de pontudas, eram relativamente pequenas.

-- Espero que as pessoas atendam nosso chamado... – Disse a mulher com um sorriso no rosto, embora preocupada.

-- Tenho certeza que vão nos ouvir, eles também sofreram na mão do governo.
-- Sim. Tem razão.


Os dois se olharam entre si, ambos sorrindo, pareciam não se preocupar muito com o futuro que os aguardava, na verdade, para eles, quando estavam juntos poucas coisas realmente importavam. Eles dois estavam sozinhos, dentro de uma pequena cabana de madeira, com espaços vagos totalmente cobertos por uma cama, aquela pequena mesa, uma estante com livros e uma pia, mas para eles parecia grande o suficiente para viverem ali, aquela cabana deixava um ar pacifico e acolhedor para os dois seres que se encontravam nela. Sabiam que tinham coisas mais importantes para fazer, mas admirar a beleza um do outro parecia algo mais importante e mais encantador no momento. Não pensavam como o outro estava se sentindo, já sabiam perfeitamente os sentimentos de cada um numa freqüência perfeita. Aproveitaram o momento o máximo que puderam, que na visão deles durou uma eternidade, até que o Lobo tomou a iniciativa.


-- Ah... Vou deixar você um pouco sozinha, talvez precise descansar um pouco.
-- Não, tudo bem, não estou cansada, e além disso tenho muito o que fazer...
-- Relaxa ai por enquanto, deixa que eu vou lá e faço o que deve ser feito.
-- Tá. Obrigada...


O Lobo se levantou e contornou a mesa, ambos se beijaram carinhosamente e de forma prolongada. Logo que terminaram, o Lobo se retirou soltando um sorriso e uma piscada para ela, ela respondeu num gesto com a mão. Estava sozinha agora na sala, com a “Caixa Preta”, pensando se o que iriam fazer em seguida iria dar certo. Na verdade, não tinha essa confiança toda antes de tê-lo conhecido, já se passou muito tempo e ele sempre esteve do lado dela, mesmo não tendo certeza do que poderia ocorrer no futuro, eles sempre se ajudaram a resolver os problemas...
Repentinamente, ela sentiu uma imensa vontade de dormir. Estava realmente muito cansada da caminhada até ter chegado ali. Levantou-se e se ajeitou confortavelmente em cima da cama. Fechou os olhos e pensou nele, pensou o tempo todo enquanto pegava no sono, e quando já estava no auge do cançaso, suspirou em admiração para si mesma o nome dele, que sempre esteve do lado dela.


-- Ryo......


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