Nas Mãos Da Semideusa escrita por Naty Almeida


Capítulo 15
Capítulo 15 - A filha de Hécate.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer uma certa leitora pela sugestão nos comentários, espero que agrade especialmente à ela. Usei a idéia de uma feiticeira brava com a Circe, que presenteia nossos heróis, mas se me permite vou incrementá-la e eles a encontrarão um pouco antes de chegarem à Paris, ok? Valeu por lerem! Continuem comentando!:D



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Depois de uma longa e cansativa viagem cruzando o oceano Atlântico, pousamos em Bordeaux, já na França. Eu perdi a noção de quantas horas voamos, pois foram muitas. Nossos Pégasus não aguentavam nem mais um Km.

Como não podíamos exigir muito dos nossos animais/transportes, acabamos não encontrando nenhuma área desabitada o suficiente para montarmos um acampamento, e o jeito foi tentar um hotel.

Infelizmente, o hotel mais próximo era cinco estrelas, e a diária estava quase 600 euros. Nós só tinhamos dólares e dracmas, e eles não aceitavam nem um, nem outro.

Completamente perdidos, saimos do hotel e sentamos na calçada com nossos pégasus semi-mortos de cansaço. Uma mulher elegante e bem apanhada passou por nós, lançou-nos um sorriso e perguntou, provavelmente por notar o quanto estávamos sujos e abatidos:

–Olá, crianças... Onde estão seus pais?

–Não temos pais. -Reyden se apressou em dizer, antes que pudessemos responder o que quer que fosse. -Estamos sozinhos.

Olhei para ele com reprovação. Mentir ia meter a gente em problemas enormes...

–Oh, que pena! Sinto muito. Será que vocês não gostariam de vir comigo até minha casa? Podemos deixar os... -Sua expressão ficou estranha por alguns segundos, depois ela sorriu como se nada tivesse acontecido e continuou: -... Cavalos no quintal.

–Ah, eu não sei não... -Hesitou Charles. Tinha aprendido a lição depois da "Dona Nésloga".

–Desculpe minha senhora, não vamos para lugar nenhum com estranhos. Só estamos procurando um lugar para passar a noite e nossos... Cavalos... Descansarem antes de seguirmos viagem. -O ajudei.

Ela continuou insistindo, até que, sem ter outro lugar para dormirmos, acabamos aceitando sua oferta. Não senti o mesmo calafrio na nuca que Éris havia me feito sentir.

O lugar não era longe de lá, e era incrivelmente bonito. Estava louca para tomar um banho decente, por isso entrei agradecida no banheiro, antes dos outros. Ao sair, me sentindo renovada e finalmente confortável (me sentia horrível quando estava suja, era realmente incomodo realizar esse tipo de missão clandestina), deixei Charlie entrar no banheiro e fui até a cozinha, de onde vinha um cheiro maravilhoso.

É curioso observar, que por mais perversos que os monstros e deuses gregos sejam, não consigo lembrar de muitos que usem comida envenenada ou algo do tipo com os heróis. Não sei por quê complicar tanto a vida, com ataques demorados e cheios de detalhes, se basta um venenozinho para se livrar do incômodo...

Aquela mulher era jovem, alta, esbelta e extremamente delicada. Tinha um pescoço longo, olhos castanhos ágeis, pele impecável, branca como cera e bochechas rosadas. Seus cílios pareciam postiços de tão longos, e os cabelos marrom-dourados deciam em cascata até uma cintura tão fina que parecia à ponto de se partir ao meio.

A moça fazia uma boa sopa, e eu estava louca para comer alguma coisa decente, mesmo sendo de madrugada. Não via a hora de jantar e cair na cama, mesmo que a cama fosse o chão ou o sofá. Ainda seria a primeira noite em DIAS, que não dormiríamos ao ar livre (o que significava, primeira noite em DIAS sem dezenas de mosquitos e outros insetos asquerosos para me comer viva).

–Desculpe ser tão direta, mas nem sabemos seu nome, porque decidiu nos ajudar?

–Agora que estamos sozinhos, só vamos esperar seu amigo chegar antes que eu comente alguma coisa. Ah, sim, vocês dois são os próximos à fazer uma visitinha ao chuveiro... -Ela sorriu para Rey e Max.

Depois de Charles chegar na cozinha e todos nos sentarmos com um prato fumegante de sopa, ela começou:

–Já que não há mortais por perto, acho que finalmente posso explicar porque decidi ajudá-los. -Seu tom passou de amável e simpático para sério e frio num piscar de olhos. - Meu nome é Kyma. Fui aprendiz de Circe há muito tempo atrás...

Antes que ela terminasse, pulei da cadeira e Rey sacou sua espada.

–Eu disse FUI. Sentem-se. Como ia dizendo... Sou filha de Hécate, deusa da magia... E sim, sou muito fã de Harry Potter, minha meio-irmã Joana fez um excelente trabalho com este livro, mas enfim... -Pigarreou. -Creio que vocês estejam tentando deter minha ex-mestra, correto?

Fizemos que sim com a cabeça.

–Pois bem, estou disposta à ajudá-los, para que atinjam seu objetivo. Quero me vingar dela também e quando soube de vocês, pensei que não seria má idéia. Tenho alguns itens que podem ser úteis.

Com um aceno de indicador, fez surgir um espelho dourado:

–Pra combinar com a sua espada.

Peguei ele nas mãos, e mirei minha imagem nele:

–O que ele faz?

–Veja você mesma. Diga "me proteja":

Na mesma hora que o fiz, fui envolvida por uma luz dourada e no segundo seguinte estava de armadura grega completa. Agradecida, sorri para ela.

–Você, senhor Charles Berkendorf... Isto aqui vai ser muito útil. -Para ele, entregou um martelo. Quebrou um copo e disse: -Bata nos cacos.

–O quê?

–Vamos, bata! -Insistiu, sorridente.

Charlie obedeceu, e quando vimos, o copo havia ficado inteiro outra vez.

–Maravilha! -Falou ele, admirando o novo presente.

–Para o filho de Hermes, Reyden... Aqui está.

Era uma caixinha em azul-elétrico, não fazia sentido:

–Isto aqui será útil. Desabafe com a caixa todos os dias.

–Pra quê?

–Um dia você saberá.

A feiticeira olhou-o com pena.

–Para o sátiro que não faz nada, essa espada. Espero que comece à ajudar, os deuses estão ficando irritados com tanta covardia. -Criticou. Senti tanta vontade de levantar e aplaudi-la! Nessa hora conquistou completamente meu respeito. -Agora terminem de comer, heróis, enquanto lhes preparo as camas. Espero que descansem bastante, pois as coisas ficarão difíceis daqui pra frente.

Com esse agradável comentário, nos deixou sozinhos em sua inacreditável cozinha. Suspirei e peguei mais um prato de sopa. Andava tão faminta que mesmo o mau humor não tirou meu apetite.

–Boneca, será que pode me passar a coca-cola? -Reyden pediu, com um sorriso. Era a primeira vez que me chamava assim, desde que iniciamos a missão. Senti uma certa nostalgia da minha primeira semana no acampamento. Apesar de Drew e Carl, havia sido uma estadia bem mais agradável e repousante. Não deveria nunca ter aceitado uma missão logo no começo... Teria tantas outras chances!

Charles depois desse comentário, começou a bater a colher com mais força em seu prato, e calou-se. Aquilo estava começando à se tornar ridículo.

Passei o refrigerante para Rey, e começamos a planejar que horas sairíamos amanhã e se deviamos ou não abandonar Max no meio do caminho. Claro, era brincadeira, mas Reyden me pareceu bem sério quando cogitou isso.

Todos nós dormiríamos na sala. Eu peguei o sofá cama, e o dividí com Rey, porque os meninos não queriam dormir no mesmo lugar de jeito nenhum, como se a masculinidade deles dependesse disso. Charles ficou irritadíssimo que não o escolhi de par, mas todos nós sabemos que pegaria mal, já que ele estava claramente afim de mim. Eu e Reyden éramos bons amigos, não rolaria nada, afinal.

Charlie acomodou-se logo abaixo, em um colchão de ar, enquanto Max ficou com a poltrona surrada de nossa anfitriã. Kyma não parecia muito contente com ele, se bem que nenhum de nós estava, e por mim, não levaríamos um inútil como aquele conosco.

Virei para o lado e adormeci quase na mesma hora. Era confortador dormir tão próxima de Rey.


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Notas finais do capítulo

Huuum... Sinto cheiro de ciúmes no ar? Será que Charlie tem razão em ficar preocupado?