Senti meu coração doer e acelerar de felicidade ao mesmo tempo. Simplesmente ainda não havia caído a ficha de que Scorpius voltara a Hogwarts.

Todos na Sala Comunal desviavam seus olhares a um Scorpius Malfoy com roupas amarrotadas e cabelos despenteados. Encarei-o com meus olhos marejados durante alguns segundos que pareceram ser longos minutos em minha cabeça.

- Oi. – Disse ele, ainda parado a porta, entre duas fileiras de pessoas.

Abri a boca, mas não saíra um simples ruído, senti minhas cordas vocais travarem, e meus olhos derramarem mais uma porção de lágrimas.

- Precisamos conversar. – Disse ele colocando suas mãos em seus bolsos.

Pensei em sair dali, em negar. Mas não conseguia dizer uma só palavra. Olhei para Lily, e ela assentiu com a cabeça, insinuando um “vá Rose, vocês precisam conversar”.

Não disse nada, apenas subi as escadas que levavam até os dormitórios, e segui para ala das meninas, adentrando no meu antigo quarto antes de assumir a monitoria. Scorpius me seguiu, também em silêncio. Ele fechou a porta, e eu estava de costas para ele.

- Senti saudades.

Virei-me para ele, tomei coragem e comecei a falar:

- Eu também.

Nenhum de nós dois se manifestou com longos abraços ou beijos urgentes, e o silêncio permaneceu durante alguns segundos.

- Por que foi embora? – Eu disse sem pensar. Eu precisava saber por que ele havia ido embora.

- É complicado, Rose.

- Bom, se é tão complicado assim eu acho que não precisamos conversar. – Eu disse seguindo para a porta.

Não consegui sair do quarto. Scorpius se pôs na minha frente, e eu o empurrei. Mas assim que estava de costas para ele, senti sua mão puxar o meu braço e depois seguir para os meus cabelos. Scorpius prensou-me na parede e me beijou ferozmente.

Não resisti, afinal, eu não queria resistir. Durante o beijo pude pensar comigo mesma o quanto eu senti falta de tudo aquilo. Do seu corpo colado ao meu, do seu hálito de menta, dos teus lábios explorando os meus como se não houvesse amanhã.

Mas ao fim, quando o beijo se tornou mais doce e lento, meu coração voltara a doer. O remorso por sua partida ainda me intrigava, e eu não poderia continuar a beijá-lo sem que soubesse toda a verdade.

Parei o beijo e o afastei, mas Scorpius aproximou seu corpo do meu ainda mais, selou meus lábios para me beijar como há alguns segundos. Desviei meu rosto do seu, e então ele se afastou.

- Não me faça se apegar a você para ir embora novamente Scorpius. Desta vez, eu não vou conseguir aguentar sua ausência. – Eu disse sentindo meus olhos marejarem novamente.

- Então me dê uma razão pra ficar.

Scorpius entrelaçou seus dedos nos meus e selou nossos lábios novamente.

- Não posso lhe dar razões para ficar se você não me disser por que se foi.

Scorpius se afastou novamente e deu um longo suspiro.

- No dia do almoço de natal na sua casa, quando eu e seu pai conversamos, ele me fez pensar que estávamos cometendo uma loucura. Sabe, essa história de um Malfoy e uma Weasley juntos. Ele me fez pensar que eu só traria problemas à sua relação com ele. E sinceramente, essa era a última coisa que eu queria fazer.

Meus olhos derramaram mais lágrimas com as palavras de Scorpius.

- Nunca pensei que meu pai chegaria á esse ponto. – Eu disse sentando á beira da cama.

- Não mude sua visão sobre seu pai Rose. Ele te ama, e só estava tentando te proteger.

- Ele não precisava me proteger de você.

- Você está certa. E foi por isso que ele me procurou enquanto eu estava fora. Ele me pediu perdão pelas coisas que disse, e me convenceu a voltar, dizendo que se eu não voltasse ele não iria conseguir se perdoar.

Meus sentimentos por meu pai nunca mudariam. O fato de ele ter dito aquelas coisas a Scorpius me deixava um pouco triste. Mas, apenas por ele ter tentado se redimir, meu ponto de vista já mudara.

- Como teve coragem de ir embora depois do que fizemos? – Eu disse olhando em seus olhos.

- Aquela foi a minha despedida. Eu precisava de um momento como aquele com você. Eu precisava te sentir antes de ir embora.

- Não poderia ao menos esperar amanhecer para se despedir de mim pessoalmente? – Eu disse entre soluços devido ao choro.

- Despedidas se tornam mais difíceis quanto mais demoradas forem Rose.

- Não creio que aquela despedida fora rápida.

O silêncio prevaleceu entre nós novamente.

- Que saber o porquê daquelas cartas? – Ele disse, me fazendo olhá-lo para ele imediatamente. Eu te achei linda desde a primeira vez que te vi, me lembro até hoje da estação de King’s Cross, na entrada para os vagões do Expresso de Hogwarts. Nunca havia conseguido te dizer. E meu pai me dissera naquele dia que você não era uma boa companhia. Mas, este ano, eu já não aguentava mais te ver longe de mim.

Scorpius ajoelhou, ficando de frente para mim e pôs seus braços sobre minhas pernas. Nossos rostos estavam tão perto, que eu podia ouvir sua respiração.

- Me desculpe. Eu te amo.

- Eu também te amo Scorpius.

E dito isto, Scorpius me fitou como na primeira vez em que nos beijamos. Ambos iluminados pela luz do sol, havíamos caído no chão. E então eu soube, que as palavras dele foram verdadeiras.

E novamente, nossos lábios se encontraram, e nós nos envolvemos em um beijo doce e delicado, onde eu conseguia sentir cada centímetro dos seus lábios, que eu conhecia melhor do que ninguém.

Scorpius e eu descemos até a Sala Comunal de mãos dadas. Eu me sentia radiante, como nunca me senti antes. A felicidade parecia ter se propagado por cada milímetro do meu coração.

Todos desviaram seus olhares para nós, e então uma música lenta começou a tocar, fazendo casais se formarem. O ambiente estava mais escuro do que o normal, iluminado á luz de algumas velas.

Scorpius apanhou o colar com o pingente de coração que havia me dado e me levou para o centro da Sala. Ele delicadamente segurou meus cabelos e colocou o colar em meu pescoço. E quando eu ainda estava de costas, Scorpius pôs suas mãos em minha cintura e aproximou seus lábios ao meu ouvido e sussurrou:

- Ele fica vermelho quando seu coração está se sentindo feliz.

Eu me virei e sorri para ele. E assim, dançamos durante toda a noite. Depois que arrumamos tudo, Daniel e Lily acabaram marcando um encontro no três vassouras.

Tudo estava perfeitamente bem. E todos os dias antes de ir dormir, Scorpius fazia questão de me enviar uma coruja trazendo cartas perfumadas com lindos versos que refletem um coração apaixonado. Eu nunca me senti tão feliz em minha vida. Eu poderia dizer que tivemos um final feliz, assim como todos os contos trouxas de princesas e príncipes, mas nós não tivemos, pois amores verdadeiros, nunca terão um fim.