A manhã seguinte chegara. A luz intensa do sol transpassava a enorme janela acima da cama, iluminando todo o ambiente.

Me espreguicei na cama e virei para o lado, esperando que Scorpius estivesse ali, dormindo, para que eu pudesse contemplá-lo á luz do sol. Mas ele não estava, havia apenas um bilhete. Peguei-o e li:

Querida Rose,

O momento em que passamos juntos ontem foi ótimo, ou melhor, todos os momentos em que passamos juntos foram ótimos. Mas, é preciso dizer adeus. Há algum tempo meus pais estavam pensando em me transferir para outra escola, e agora, resolvi que esse seria o certo para mim. Eu sei que você sabe que sou eu quem te escrevo cartas desde o início das aulas este ano. Me desculpe, e Adeus.

                                                                                                                                  Scorpius.                         

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, pensei em tudo o que eu havia feito. Será que eu fiz algo de errado? Algo que o afastou?

Por que ele sempre vai embora quando eu mais preciso dele? Por que ele sempre fugia das coisas quando elas começavam a se complicar e não simplesmente as enfrentava?

Naquele momento eu me senti tão sozinha e perdida. Com certeza Daniel nunca iria querer ficar ao meu lado quando eu o contasse o que havia acontecido noite passada. E Lily me culparia eternamente por ter cedido ás minhas emoções.

Mesmo sabendo das consequências, resolvi tomar um banho, me vestir e procurar Daniel para dizer tudo o que houve.

Encontrei-o perto de sua sala comunal, com vários livros em suas mãos.

- Ah, oi Rose. – Disse ele ao me ver ao fim do corredor.

Corri para perto dele e dei-lhe um abraço de urso. Ele ficou sem reação no início, mas depois me retribuiu o abraço.

Deixei minhas lágrimas caírem em seus ombros, encharcando sua camisa.

- Rose, o que aconteceu? – Perguntou ele acariciando meus cabelos.

- É complicado. Irei te contar tudo, mas me prometa que não vai embora, certo? – Eu disse aos prantos.

- Claro que não vou embora. – Disse ele me abraçando.

E em poucos minutos depois, lá estávamos nós, na sala comunal da Corvinal sentados á frente da enorme lareira. Eu me vi encurralada por seu olhar intrigante, eu não poderia deixá-lo ali sem lhe contar toda a verdade.

- E então Rose, vai me contar o que aconteceu? – Disse ele.

Respirei fundo e assenti. Contei-lhe toda a verdade, desde as cartas no início do ano... Tudo. Seu olhar sem expressão me preocupava. Ele estava magoado, e eu não o culparia se fosse embora e me deixasse sozinha.

- E agora, vai embora e nunca mais irá me ver? – Perguntei.

- Não, eu nunca faria isso com você. – Disse ele sentando-se ao meu lado.

- Mas, você parece chateado. – Eu disse franzindo o cenho.

- E estou. Mas gosto de você, e nunca te deixaria sozinha em um momento difícil como este. – Disse ele segurando em minhas mãos.

Ele me surpreendeu. E isso o tornava tão diferente de Scorpius, o fato de ele nunca pensar em me deixar sozinha, perdida, sem ninguém com quem contar. Ele sempre estaria lá. Mas quando estava com ele, eu sentia que faltava algo. Algo que Scorpius sempre me fizera sentir. Eram muito mais do que borboletas no estômago, coração acelerado. Era simplesmente, inexplicável.

Mais tarde, naquele mesmo dia, resolvi pegar todas as cartas que havia recebido dele e queimá-las. Senti como se estivesse cometendo um ato de rebeldia, mas também senti que era o certo á se fazer.

Não consegui ir á nenhuma das aulas. Pedi para que Daniel me passasse todas as anotações e tarefas depois. Eu não estava com cabeça para mais nada.

Como sempre ele foi embora, e me deixou pensando nele á cada segundo dos meus dias.

Percebi que eu estava realmente disposta a esquecê-lo para sempre. Chega de sofrer, chega de chorar, vou dar um basta em tudo aquilo que vier ou veio dele.

Eu sabia que não seria fácil esquecê-lo, afinal, eu o amava. Mas, eu sentia que o certo dali para frente era começar a dar mais valor para aqueles que realmente me amam e fariam tudo por mim.