Pov. Justin

Não fiz questão de procurar os outros, apenas corri para fora do clube. Suspirei e senti um aperto no coração quando não vi Julieta ali. Trinquei os dentes e dei um soco na parede, a raiva por não ter chegado a tempo de ver para onde ela iria me consumiu, a dor causada pelo soco percorreu meu corpo rapidamente, mas pouco me importei.

Onde ela esta?

O que ela vai fazer?

Essas duas perguntas ecoavam na minha cabeça. Fui ate o carro e sai correndo, fazendo os pneus cantarem no asfalto. Virei uma, duas, três esquinas, ela não podia ter ido muito longe.

Estava tão bom ali, vendo-a rir, dançar, ela estava tão feliz! E então aquela musica. Foi só prestar atenção na letra e tudo vir a tona. Eric. Com toda certeza ela estava pensando nele. Novamente senti o impulso de socar algo, virei mais uma esquina em alta velocidade e as buzinas ecoaram atrás de mim.

Parei o carro, não sabia nem sequer onde estava. Encostei minha cabeça no volante e fechei meus olhos.

Não sei como mais o aperto no meu aumentava ainda mais a cada minuto em que não sabia onde ela poderia estar.

Na minha mente passava flashbacks dessa semana, e de repente não vi mais sentido em sair cada dia com uma garota diferente.

Suspirei, havia uma grande confusão dentro de mim, não sei o que estou sentindo. Respirei fundo e voltei a dirigir.

Julieta... o nome perfeito para a garota perfeita. Romeu descreve sua Julieta como a garota mais bela de Verona, é assim que descrevo a minha Julieta também, a garota mais linda de Strandford, a garota que em pouco tempo deixou uma completa confusão dentro de mim.

Eu não faço a mínima ideia do que estou sentindo, mais uma coisa eu sei: foi ela, foi Julieta que fez com que isso acontecesse, esse sentimento é maravilhoso, mais se ao menos eu soubesse o que é...

Quando dei por mim estava próximo a rua da casa de John e senti uma pontada de esperança quando vi as luzes da casa acesas. Entrei correndo e quase cai quando cheguei nas escadas.

De dois em dois a escada passou como um vulto, fui abrindo todas as portas na esperança de encontrar Julieta em um daqueles quartos dormindo serenamente, mais em vez dela encontrei apenas Ryan e Annie, que parecia abalada, em um deles.

Sai tão rápido quanto entrei, de volta a estaca zero o sentimento de inutilidade dentro de mim foi tão grande que a vontade de descontar em algo ou alguém foi incontrolável e acabei socando novamente a parede.

Senti uma lagrima quente escorrer pelo meu rosto mais rapidamente a limpei, chorar não iria encontra-la e impedi-la de fazer uma besteira, eu deveria estar lá fora procurando-a não aqui sem fazer nada. Antes que pudesse sair pela porta Ryan me chamou do alto da escada.

Ryan: Hey Justin! O que aconteceu cara?

Justin: A Julieta saiu do show antes, ela estava chorando e agora não sei onde ela esta, eu rodei praticamente toda a cidade, mas não a encontro em lugar nenhum.

Ryan: Calma cara, eu vou ligar pra Mellany, elas devem estar juntas, elas sempre estão!

Sentei no sofá derrotado, me sentindo inútil, Ryan ficou algum tempo no celular explicando o que houve , mais nem prestei muita atenção, ele logo desligou o celular e se sentou ao meu lado.

Ryan: Elas não estão juntas, mas a Mel, o Chaz, a Marie e o Chris já estão vindo, e agente arrumar um jeito de achar ela.

Justin: Ok!

Suspirei, meus pés batiam freneticamente no chão, não era possível pra onde ela teria ido?

Ryan: Ei calma cara, ela já é grandinha não acha, já sabe se cuidar! Tenta pensar em outra coisa, sei lá, ela vai ficar bem.

Justin: Não ela não esta bem.

Levantei e comecei a andar de um lado para o outro. Eu sei o que ela vai fazer e eu não quero que ela faça isso, mais uma gota escapou dos meus olhos.

Justin: eu não posso ficar aqui.

Peguei as chaves do meu carro mas antes de chegar na porta ela começa a ser aberta, meu coração dispara, mas quem passa por ela é a Mellany, passei as mãos no cabelo e chutei o ar.

Mellany: Hey calma. Justin nos vamos achar ela só me fala exatamente o que aconteceu.

Ela me sentou no sofá e eu apoiei minha cabeça nas mãos.

Justin: A letra da musica. Taken, tava tudo bem mas ai começou a tocar essa musica e começou a chorar e saiu correndo, eu... eu não a encontrei em lugar nenhum e...

Mellany: Eric! Justin você ta passou mais tempo que eu com ela hoje... ele ligou pra ela mandou mensagem alguma coisa?

Justin: ele ligou hoje de manha, desgraçado! Ela me contou tudo o que aconteceu e eu juro, JURO que se eu pegar aquele filho da puta eu mato ele.

Mell: Calma Justin, é isso então, ela precisa pensa, ela não vai fazer besteira nem nada, ela sabe se cuidar.

Ok é pra rir só pode! Levantei e fiquei de frente pra ela.

Justin: você acha mesmo Mellany? Acha mesmo que ela não vai fazer besteira nenhuma? Como se você não soubesse o que ela faz!

Mellany: ela te contou isso também?

Apenas balancei a cabeça e ela começou a andar de um lado para o outro, as outras quatro pessoas na sala não estavam entendendo nada mais foda-se eu não tenho tempo de explicar agora.

O celular da Mellany começou a tocar dentro da bolsa, o Chaz pegou ele e leu a mensagem em voz alta.

Chaz: “Mell, fui voltei pra casa mais cedo... Depois te explico o que aconteceu, não se preocupe, eu estou bem, diga ao meu avô que sinto muito,e traga as minhas roupas por favor. Curta o domingo com o pessoal! Beijos Julieta!”

Mellany: ela foi pra casa Justin, se ela tivesse ficado por aqui eu não me preocuparia mais ela foi pra lá, não tem ninguém em casa, você tem que ir.

Ela foi ate a bolsa e pegou as chaves e me entregou.

Mellany: Vai logo antes que ela faça, eu vou esperar o John chegar e invento alguma coisa pra ele e vou ainda essa noite ou logo de manha. E não se preocupa , agente leva suas coisas depois.

Ela mal acabou de falar e eu já disparei pra fora da casa. Agora eu sabia onde ela estava, mais se eu não chegasse logo, só Deus sabe o que pode acontecer.

Pov. Julieta

         Mais uma vez eu fugi. Vou me esconder e chorar pelo mesmo motivo, pela mesma pessoa que eu sei que nunca derramaria nem sequer uma lagrima por mim, não de verdade, mas mesmo assim eu choro, choro por não lutar, choro por não ser boa o suficiente, choro por amar alguém que nunca vai me amar e que no fundo eu sei que não me merece.

         Nos meus pulsos as marcas que não vão me deixar esquecer, que vão comigo para qualquer lugar que eu vá, mas a culpa é toda e exclusivamente minha, eu as fiz e não tem como consertar ou voltar atrás, todas as vezes que eu chorei por ele, que eu chorei por não conseguir ser forte e encarar as coisas da maneira certa. Mas é pra elas que eu corro sempre, são elas que aliviam toda a dor que sinto dentro de mim, é a forma que eu encontrei de me punir.

         Eu fugi de tudo e todos, vim para o Canadá, milhas e milhas longe dele não me fizeram esquecê-lo, pelo menos não completamente, porque meu coração esta nas mãos dele ainda, cheio de cortes e deformações, esta com quem o deixou daquela maneira, nas mãos de quem o fez sofrer tanto.

         Como o Coliseu, deformado, destruído, é assim que meu coração esta, eu estava o restaurando, mas ai o Eric veio e o quebrou novamente, como se fosse inútil lutar para esquecê-lo.

         Perdida em meus pensamentos e embriagada pelas lagrimas não vi que já estávamos quase chegando em casa, peguei a chave na bolsa e o dinheiro que prometi ao taxista, assim que ele estacionou o paguei e sai do carro.

Lutei um pouco ate conseguir abrir a porta por causa das minhas mãos tremulas, subi as escadas rapidamente e fui direto paro o banheiro, assim que peguei o que eu queria voltei para o quarto e liguei o aparelho de som alto, para o caso de alguém chegar, a musica que tocava era “My Heart is Broken – Evanescence”, coloquei no modo repetir da aparelho e sentei no chão.

http://www.youtube.com/watch?v=MFcKTjKXExU

         As palavras do Eric passavam pela minha cabeça. Enquanto a lamina afiada desenhava novas cicatrizes nos meus pulsos.

         “... tente fazer um regime, talvez algum dia alguém olhe pra você”

         “... me desculpe pelo que eu disse aquele dia..., eu não conseguiria viver sabendo que você foi embora magoada comigo”

         Julieta: MENTIROSO! Você só mente pra mim! – gritei, chorei e descontei toda a raiva que eu sentia em mim mesma.

         “é você pelo visto já arrumou alguém que te queira!”

         “doeu, doeu muito, você não podia ter feito isso, poxa antes de você ir embora eu disse que tinha me arrependido do que fiz. Você saiu daqui dizendo que me amava...”

          A minhas mãos já não tinham mais forças, e meus olhos foram se fechado, no meu braço os cortes sangrando eram muitos (http://weheartit.com/entry/28228880/via/LeticiaMestieri), mas a ultima coisa que passou pela minha cabeça antes de apagar foi a voz do Justin.

         “eu vou sempre estar com você Julieta”

Pov. Justin

         Já era madrugada então a estrada estava quase vazia, e eu estava desesperado eu tinha que chegar rápido. O carro deslizava na pista e uma viagem de uma hora eu fiz eu 30 minutos.

         Cheguei na casa delas e logo já estava correndo em direção ao comudo que vinha a musica.  Mais quando cheguei lá eu quis voltar, quis acordar na minha cama com a minha mãe dizendo que foi só um pesadelo como ela fazia quando eu era pequeno.

         Ela estava ali, deitada no chão, sangrando... meus olhos marejaram e eu não segurei as lagrimas. Corri ate ela e a peguei no colo colocando-a encima da cama enquanto gritava pra mim mesmo.

         Seus braços estavam cheios de cortes e a cor que predominava ali era de um vermelho vibrante. Peguei meu celular tremendo e digitei o numero da Mellany. No segundo toque ela atendeu.

         Mellany: Justin, o que foi, o que aconteceu, como ela esta?

         Justin: eu não sei Mell. Ela esta desacordada, mais tem pulsação eu não sei o que eu faço. – respondi em meio a soluços.

         Mellany: Calma Justin, o sangramento já parou?

         Justin: ainda não mais os cortes não são tão fundos, deve ter acontecido a pouco tempo.

         Mell: então primeiro tenta estancar o sangue e se acalmar. Ela ta bem! O John não deixou agente pegar estrada agora mais logo de manha agente vai ok? Fica tranquilo e obrigado por cuidar dela.

         Justin: o-ok.

         Desliguei o celular e fui procurar alguma coisa pra fazer um curativo no banheiro, depois que fiz isso, peguei a lamina no chão e chorei, ela fazia isso sempre. No banheiro havia um potinho com algumas laminas. Acho que a musica que tocava era como um pedido de ajuda, como se ela não aguentasse mais aquilo.

Desliguei a musica e deitei ao seu lado, apoiei sua cabeça em meu ombro e afaguei seu cabelo.

Ali, cheguei a duas conclusões: a 1ª era que o que eu sentia por ela era muito forte e eu precisava saber o que era, e a 2ª era que eu ia, de alguma forma, ajudar ela a parar com isso e se libertar dessa dor dentro do coração.