The New Spirited Away escrita por Miya


Capítulo 5
Aparições Impressionantes




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Aquilo que ele me disse deixou uma nostalgia profunda. Eu já ouvira aquilo antes. Esperando que ele voltasse, tentei dormir. Sem sucesso.

Perguntei-me porque ele sempre aparecia quando eu estava dormindo, e sempre ia embora quando eu estava acordando. Aquilo de novo me fez cair em lágrimas mais uma vez. Eu me perguntava por que ele me deixava só. Sempre me deixava só.

Quando finalmente consegui parar de chorar, olhei para o relógio, e descobri que eram vinte para as seis. Levantei-me, e vesti meu uniforme. Estava aliviada por ser sexta-feira. Não teria que aturar mais aulas, nem encrenca com Takara. Nem o tédio de ter que fazer tarefas escolares. Podia passar o dia esperando por ele. Era o que mais me reconfortava.

Terminando de me arrumar, peguei minha mochila, e desci para a cozinha. Tomei café, e saí para o colégio. O dia estava escuro, e havia nuvens de chuva no céu.

Cheguei ao colégio na hora em que os portões estavam se abrindo. De longe, pude ver Takara e Koori subindo a rua. Koori acenou para mim. Retribuí o aceno, depois entrei no colégio.

Fui para o pátio. Sentei-me em um banco perto de uma árvore, uma cerejeira, a única dentro do prédio do colégio. Busquei meus fones e meu celular. Percebi que os havia esquecido em casa. Então peguei o livro que estava lendo, estava na lista de leitura paradidática.

–Romeu e Julieta é um livro lindo. – Disse Sayu sentando-se ao meu lado.

–Oi Sayu! – Eu disse marcando a página e fechando o livro.

–Não precisa parar de ler – Ela disse – Não quero atrapalhar.

–Você nunca atrapalha – Eu disse sorrindo.

–Ah, então tá! – Ela riu – Oh! – ela olhou para frente. Takara e Koori vinham em nossa direção – E agora? –ela perguntou apavorada.

–A Koori segura a gêmea do mal. – Eu disse fazendo Sayu rir. E rindo também.

Koori e Takara se aproximaram do banco onde estávamos sentadas.

–Bom Dia, meninas! – Disse Koori alegremente.

–Bom Dia! – Eu e Sayu respondemos em coro.

–Como vão vocês? – Perguntou Takara em tom arrogante e superior. Era mesmo uma nojenta.

–Bem. – respondi – E você?

–Estava melhor antes de ver essa sua cara feia.

–Que bom pra você! – respondi simpática.

–Ora! Sua... – Takara vinha para cima de mim com raiva.

–Takara! – Koori gritou agarrando os braços da “gêmea do mal”. – Eu pensei que tínhamos combinado um pedido de desculpas.

–Desculpa é o cacete! Eu não vou me rebaixar pedindo desculpas a essa garota aí! – Ela gritou furiosa.

–Baixou mais ainda quando pensou em me bater. – Eu disse deixando-a ainda mais furiosa – Se me dão licença, tenho que ir à aula. Bom dia para todas vocês. – Eu disse o mais simpática possível e com um sorriso que escondia meu verdadeiro estado de espírito.

Eu me sentia fraca, mole, sonolenta, triste. Minha cabeça doía. Sentia-me doente. Fui para a aula desse jeito. Tinha vontade de voltar pra casa e passar o dia todo na cama. Faltava pouco para que isso acontecesse. Todos aqueles garotos me devorando com os olhos, aquelas garotas me olhando com um olhar que eu não podia descrever. Talvez um olhar de peixe morto... Mas que me incomodava, incomodava. Passei a mão pelo cabelo. Estava preso pela metade. Eu esquecera-me de prender.

Já que faltavam dez minutos para a aula começar, passei no banheiro para arrumar meu cabelo.

Estava bonito preso pela metade. Resolvi, então, que o deixaria daquele modo. Saí do banheiro, e caminhei pelo pátio:

–Oi gatinha! – gritou um garoto do outro lado do pátio. Olhei e vi um grupo com mais ou menos cinco garotos da minha idade.

Ignorei. Quem sabe ele me deixasse em paz.

–Ei gata! A gente tá falando com você! – outro garoto gritou do mesmo lugar – Não ignora a gente não!

Fiz exatamente o contrário. Ignorei-os completamente. Fui direto para a sala de aula, peguei Romeu e Julieta e comecei a ler de onde parei.

Pouco a pouco, o resto da turma foi chegando. Minhas amigas, e Takara, sentaram-se perto de mim. Olhei para a porta por osmose. O garoto que gritava para mim mais cedo, um garoto de cabelos azul-metálico. Só agora eu percebera. Eram gêmeos.

–Oi linda! –Eles disseram em coro.

–Ah! Vão pra...

–Chihiro! – Disse Takara me interrompendo – Seja gentil com os garotos!

–Eu sou gentil com quem eu quero, na hora que eu quero! – Respondi a ela.

–Nossa! – Disse um deles com cara de deboche – Que gatinha arisca!

–Me deixe em paz! – Eu disse com raiva daqueles idiotas.

–Eu sou Aeiji – Disse o gêmeo de cabelos azuis – Como você se chama?

–Eu sou Seiji – Disse o gêmeo de cabelos verdes – Como você se chama?

–Não é da conta de vocês. – Eu disse sorridente.

–Nossa! – Disse o garoto azul – Gatinha manhosa!

–Cala a boca Shark Boy! – Eu disse fechando meu livro com força, causando um estrondo com a capa.

–Romeo e Julieta? – perguntou o esverdeado.

–Não! – Eu disse grosseira – O patinho feio!

–Me desculpa – Disse o menino com a cabeça baixa – Acho que eu fui um pouco babaca com você, não foi?

–Definitivamente.

–Sou Seiji. Muito prazer! – Ele abriu a mão como alguém que pede algo. Pus minha mão em cima da dele. Ele deu um beijo acanhado no dorso de minha mão. Vi seu irmão ficar com o rosto vermelho e com feições raivosas.

–Hora da aula! – disse Aeiji – Vamos prestar atenção.

–Certo – Disse Seiji parecendo animado – No intervalo nós podemos conversar sobre o livro. Eu também adoro a história.

–Eu passo. – respondi indiferente.

O professor de língua japonesa entrou na sala alguns segundos depois. As duas aulas seguintes passaram rápido, mas por mim, podiam demorar muito mais. Não estava a fim de conversar com aquele rapaz, afinal, nem o conhecia.

Fui a primeira pessoa da sala a sair para o intervalo. Fui para um lugar bem afastado. Para ler meu livro em paz. Não consegui. Seiji e Aeiji chegaram perto e sentaram na mesma mesa.

–Oi linda! – disse Seiji animado.

–Pode tirar a parte “linda”. Não gosto de mentiras. – respondi sem tirar os olhos do livro.

–Não é mentira! Você é linda! – Disse Aeiji.

Nesse momento minhas amigas chegaram. Levantei e tirei todas da mesa e levei-nos para longe daqueles dois. Fomos para o lugar onde eu estava sentada de manhã.

–O que houve com você? – Perguntou Takara – Eu tava tentando paquerar o gatinho de cabelo azul!

–Pode ficar pra você! – Respondi indiferente – Eu só quero ficar longe deles.

–Mesmo? – Perguntou Takara.

–Claro! –Respondi mantendo a indiferença.

–E o de cabelo verde? – Perguntou Koori – Posso ficar com ele?

–À vontade! – Disse em tom igualmente indiferente.

–Obrigada – Disse Koori.

–Eles são gêmeos, vocês ficam cada uma com um deles.

–Eba! – Disse Takara animada, como se nem tivéssemos brigado.

As últimas três aulas passaram depressa. Voltei pra casa e fui dormir.

–Chihiro! Venha Chihiro! – Chamava aquela voz masculina. Aquela de sempre. – Rápido Chihiro!

–ESTOU INDO! – Gritei nervosa.

–Corra! Corra Chihiro! – Ele continuava chamando.

JÁ ESTOU INDO! – Gritei novamente.

De repente, caí num buraco escuro. Havia coisas se movendo nas sombras. Sombras mais claras com olhos vermelhos me perseguiam enquanto eu caía. Novamente, a sombra da serpente me envolvia, e com sua calda, afastava os monstros que me perseguiam.

–Calma! Estou aqui! – Disse aquela voz – Não se preocupe.

–Eu sei...

Estávamos caindo em direção a uma luz branca. Cada vez mais rápido. Cada vez mais fundo.

De repente, ouvi o som da campainha tocando. Eram duas horas da tarde. Eu havia perdido a hora do colégio novamente.


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