The New Spirited Away escrita por Miya


Capítulo 10
Another World


Notas iniciais do capítulo

Genteeee!!!! Desculpem a demora!!! Tem capítulo fresquinho hoje! Desculpem a demora. As coisas andam muito corridas por aqui.
Amo vocês



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Volto para a casa e encontro com Seiji na porta, tocando a campainha freneticamente.

–Você de novo? – Jogo a bicicleta no chão, pegando a mochila.

–Chihiro! Eu vim aqui para...

–Não me importa o que você veio fazer aqui. Vá embora! Eu não te quero por perto.

–Eu só vim me desculpar!

–Pegue suas desculpas e vá embora!

Ele segura meus braços e me coloca contra a parede e minha mochila cai no chão.

–Chihiro... Eu... Eu só queria que você soubesse... O quanto eu amo você...

–Me deixa em paz! – livro-me dele e pego a mochila – Eu odeio você! Nunca mais me procure! Nunca mais olhe na minha cara!

–Chihiro!

Entro em casa e tento fechar a porta, porém Seiji foi mais forte ao empurrá-la, e me jogou no chão. Levanto e corro até o telefone, porém Seiji me segura pela cintura, e me joga novamente.

–Me deixa em paz! Sai da minha vida!

–Vem cá, garotinha teimosa – ele me segura pelo braço, vai trancar a porta, e me arrasta escada acima – Agora você vai ver.

–Me deixa em paz! Eu não quero ir!

–Fique quietinha, querida. Imagine que eu estou te levando para o céu! Tem certeza, de que não quer vir? – Ele para na metade da escada e me segura pela cintura e pelo braço.

–Não quero ir com você! Me solta!

–Não quer? Prefere cair da escada então? Eu posso fazer você desmaiar daqui de cima.

–Me larga!

–Entendi... Quer que eu te jogue – Ele me levanta – Vamos lá!

–Não! – Começo a chorar – Para, por favor!

Ele dá uma risada sádica, e me leva para o quarto. Choro cada vez mais.

– Você está chorando? – Ele me segura contra a porta fechada – Que coisinha mais frágil ela é! – Ele ri, me fazendo chorar mais – Não faz assim, querida. Me corta o coração te ver chorando tanto!

–Me deixa em paz!

Um vento forte faz a janela sacudir, e Seiji se assusta. O quarto todo parece balançar.

–O que é isso? – Ele aperta meus braços – Que brincadeira é essa?

–Me larga!

A janela se quebra eu um grande dragão branco entra pela janela. É a coisa mais impressionante que eu já vi. Suas escamas brilham como pérolas. Seus olhos e alguns pelos de seu corpo são verdes. Ele possui chifres e bigodes, e quatro pernas fortes com garras afiadas.

–O QUE É ISSO? QUE TIPO DE BRINCADEIRA É ESSA?

O dragão vai diminuindo de tamanho e toma a forma de Haku. Seiji pega uma tesoura em minha escrivaninha e me segura pelo pescoço, me ameaçando com a tesoura.

–Deixe Chihiro em paz.

–Como você fez aquilo?

–Ilusionismo. Agora a solte, ou vai se arrepender.

–Como você sabia?

–Instalei câmeras na casa para poder vigiar caso houvesse problemas. Agora, por favor, deixe Chihiro em paz.

–Volta para o lugar de onde você veio! Eu estava perto de conquistá-la.

–Você nunca teve chances comigo. Você sabe disso!

Ele me corta com a tesoura e me dá um tapa no rosto.

–Chihiro! – Haku me abraça – Você vai pagar muito caro por isso.

–Pode vir. Já não tem nada que eu possa fazer.

–Chihiro, eu vou resolver isso lá fora. Estanque o sangue desse corte, e eu virei logo fazer um curativo – Faço que sim com a cabeça – Entendeu?

–Sim.

Ele arrasta Seiji para fora, com a camiseta, tento estancar o sangue. Não adianta muito. Menos do que dez minutos depois, Haku aparece pela porta com um kit de primeiros socorros.

–O que você fez com ele?

–Dei alguns socos, uns pontapés, e ele saiu correndo. Era um covarde. Você não estancou o corte! Vem aqui! – Ele me senta na cama – Eu cuido disso.

Fico calada enquanto ele faz o curativo. De repente tenho a sensação de que o conheço há mais tempo do que eu imagino.

–Obrigada Haku.

–Não precisa me agradecer. Deite e durma. Amanhã te levarei ao lugar combinado.

–Está bem. Boa noite.

–Boa noite – Ele beija minha testa e senta na cadeira ao lado da cama.

–Você vai ficar aí?

–Toda a noite.

Por mais estranho que pudesse parecer, aquilo me fez sentir mais segura. Eu realmente queria saber de onde ele vinha e me lembrar de como o conhecera.

Acordo de manhã com o som de batidas na porta. Haku não está em lugar algum. Receio que seja Seiji, mas ao ouvir as vozes de Sayu e Tori, fico mais calma. Abro a porta, e eles entram e sentam-se.

–Chihiro, quem é o garoto que estava com você ontem? – Sayu cruza os braços.

–Que garoto?

–O Seiji contou que veio até aqui e tinha um rapaz com você – Tori sentou-se ao lado da namorada – A gente ficou preocupado.

–Ele não veio aqui ontem, gente. Deve ser sonho dele.

–Chihiro – Sayu me encarou – Você não está saindo com nenhum estranho, está?

–Não estou saindo com ninguém.

–No hospital, você disse...

–Eu menti. Só disse aquilo para fazer Seiji largar do meu pé.

–Está bem. Nós todos vamos ao parque de diversões, quer vir conosco?

–Não posso. Estou muito gripada, e com muitas dores no corpo, por causa da queda da bicicleta.

–Você que sabe. Só não se meta em confusões.

–Você sabe que eu vou. Não se preocupe.

–Até logo, então.

–Até mais.

Fecho a porta e vou tocar piano. Passo horas na frente do instrumento até tomar coragem para pegar a bicicleta e sair para ler na floresta. Vou ao mesmo local de sempre. O sol brilha com força, e uma brisa fresca invade o lugar. Sento no mesmo lugar, debaixo da mesma árvore, e começo a ler. Pego a maçã que trouxe na mochila, e como em lugar de um almoço. Depois de um mês, meus pais mandaram uma mensagem sobre a viagem. Dessa vez eles não sabem por quanto tempo ficarão fora. Pergunto-me quando eles deixarão de ser tão inconsequentes.

*crack*

Ouço o som de galhos quebrando um pouco abaixo de onde estou. Recolho minhas coisas e sigo os sons. Uma sombra corre pela floresta por uma estrada de terra. Sigo a correndo e chego a um túnel grande e vermelho. Há uma estátua no chão, na frente da entrada que se parece com um sapo sorridente. A sombra foi por ali. Entro no túnel sem pensar duas vezes. É escuro, úmido e abafado. Daqui posso ver um pequeno ponto de luz. Corro até ele, e ao sair do túnel me deparo com uma iluminada estação de trem abandonada. É um lugar nostálgico e reconfortante. Saio por uma grande porta de madeira. De fora, a visão do prédio é muito bonita. Alto e vermelho, com muitas janelas e uma grande torre. O descampado onde ele está é uma visão de tirar o fôlego. Um pequeno riacho atravessa dois pontos do lugar. Vejo algumas casas ao longe e decido ver o que é. Tenho a leve impressão de que o prédio está se afastando.

–Chihiro! – Ouço a voz de Seiji – Querida! Espere um pouco! – Ele me abraça – Eu vim com você!

–Eu também! – Koori grita.

–Acabou minha paz!

Ignoro-os e continuo andando. Eles me seguem até a cidade. Ao encontrarem um local com um banquete, começam a comer desesperadamente. Esse gesto me faz lembrar uma vez em que meus pais fizeram algo parecido. Algo ruim aconteceu depois, mas não consigo me lembrar o que é.

–Eu não comeria isso se eu fosse vocês.

–Está uma delícia! Coma conosco, Chi! – Koori sorri.

–Dá um tempo, Chi! Eu tenho dinheiro para pagar.

–Vocês que sabem. Só não digam que não avisei!

Saio andando pelo descampado e vejo em uma árvore, uma bela maçã. Isso me interessa. A árvore parece abandonada, então resolvo pegar a maçã e dar uma mordida. É definitivamente a maçã mais deliciosa que já comi. Volto à cidade e vejo que os dois ainda estão comendo. Tento lembrar o que acontecera com meus pais. Chego a uma ponte grande e de lá de cima posso ver um trem a vapor passar. No final da ponte há um prédio vermelho enorme com uma fonte de pedras e água quente. Há várias janelas, e uma bandeira com o escrito “óleo”. Presumo que seja uma casa de banhos. Mesmo tentada a entrar, mas algo me diz para não fazê-lo. Viro as costas para o lugar e vou buscar o casal. Está escurecendo, e é melhor voltarmos para nossas casas. Chegando ao restaurante onde estavam Koori e Seiji, vejo que eles ainda não pararam de comer, e estão enormes de tão gordos.

–Koori! Seiji! Vamos embora! Está tarde!

Ele se vira para mim, e a imagem me faz gritar. Meus colegas de repente se transformaram em enormes porcos. Corro assustada. A cidade começa a se acender, e sombras com formato de pessoas começam a trabalhar. A cidade é feita de restaurantes. Corro para a estação e acabo chegando a um rio. Era o riacho que estava lá de manhã cedo, mas muito maior. A estação estava acesa e um grande navio vinha em minha direção.

–Chihiro! Como você chegou aqui?

–Haku! – Abraço-o e começo a chorar – Que bom que você está aqui! Eu estou com medo. Quero ir para a casa.

–Você não devia ter vindo sozinha. Agora você vai ter muita dificuldade para sair.

–Você vive aqui?

–Sim. Depois eu explico tudo. Você comeu alguma coisa?

–Eles comeram a comida de um dos restaurantes. Eu sabia que alguma coisa ruim ia acontecer.

–Mas e você? Você comeu alguma coisa?

–Naquela campina. Tinha uma macieira. Eu comi uma maçã. O que vai acontecer comigo?

–Nada, meu anjo. Você vai ficar bem. Pior seria se não tivesse comido.

–O que teria acontecido?

–Você não se lembra?

–Não...

–Você ficaria transparente e desapareceria.

–O que eu faço agora?

–Se quiser ficar aqui e facilitar sua volta para a casa, você tem que arranjar um trabalho.

–Como eu faço isso?

–Não se preocupe. Eu vou te ajudar.

Caminhamos até a casa de banhos enquanto ele me explicava como as coisas funcionavam. Entramos pelas caldeiras e subimos por elevadores até o último andar. Era enorme por dentro. Havia muitas banheiras e quartos.

–Estamos chegando ao último andar.

–Você terá que ir até Yubaba sozinha, mas eu encontrarei com você logo. Se eu ficar frio, ou áspero com você, não se preocupe, eu não tenho, nem terei nenhum problema com você. É só o trabalho. Entendeu?

–Sim.

–Eu prometo que você ficará bem. Está nervosa?

–Um pouco.

–Tudo bem. Se você se sair melhor que da última vez, se sairá muito bem.

–Do que você está falando?

–Já chegamos. Eu te encontrarei logo. Bata na porta e entre.

Saímos do elevador. O corredor é grande, bem decorado com vasos, quadros e tapetes. Ao final há duas grandes portas de madeira com adornos em ouro. Bato à porta, e elas se abrem sozinhas.

–Entre – Uma voz chama pela sala de vários corredores. Obedeço e sigo o caminho livre do corredor. Na sala ao final, uma senhora enorme senta-se em uma mesa. A sala tem muitos adornos, tapetes e uma grande lareira – Você de novo! Não pode ser!

–Desculpe, mas não sei do que a senhora está falando.

–Entendo... Você não se lembra do que aconteceu há sete anos.

–Não sei o que há para lembrar. Mas, esse não é o motivo pelo qual eu estou aqui. Eu preciso trabalhar. Urgentemente.

–Está bem. Este é seu contrato. Assine seu nome, e você começará amanhã.

O papel e a caneta flutuam até mim, me abaixo perto da lareira para assinar e entrego o papel a ela.

–Chihiro, não é? A partir de agora você vai se chamar “Sen”.

–Sim senhora.

–Chamou, senhora? –Haku aparece na sala.

–Esta jovem vai trabalhar aqui. Cuide dela novamente.

–Sim senhora. Como você é chamada? – Ele vira-se para mim.

–Eu sou Sen.

–Venha comigo, Sen.

–Obrigada, senhora Yubaba.

Sigo Haku para fora da sala. No elevador ele volta a agir normalmente.

–Você conseguiu! Foi brilhante! Não era tão corajosa da última vez! Agora eu vou te reapresentar Lin. Ela vai cuidar de você enquanto eu não puder fazer isso. Não se preocupe com comentários ao redor. Esforce-se bastante, e sempre que precisar, deixe um bilhete embaixo de seu travesseiro.

–Haku, o que houve da última vez? Eu não consigo me lembrar. A única coisa que me lembro são meus pais...

–Você vai lembrar logo – ele beija minha testa – Vamos.

O elevador chega a um lugar com muitos quartos simples, onde os funcionários descansavam. Eles agiam como se eu fosse algo comum ali.

–Lin! Venha até aqui! – Haku volta a agir friamente.

–Lembra-se dela? A menina humana Sen? É sua responsabilidade novamente. Cuide dela.

–Sen! Puxa! Há quanto tempo! – A garota me abraça – Por que você voltou pra cá?

–Eu... Eu... – Vagas memórias dela me passam pela cabeça. Ela já foi minha amiga.

–Fala comigo!

–Eu me lembro de você! Puxa! É ótimo te ver de novo! Você não mudou nada.

–Que bom que se lembra. Agora vão para o quarto. O expediente já acabou.Tenham uma boa noite.

–Boa noite, mestre Haku.

Vamos para o quarto e ela procura roupas para mim. No meio das roupas, há uma pequena embalagem que ela me entrega. Depois, pega as roupas de fato.

–Abre o pacote. Naquela época eu tinha a esperança de que você fosse voltar.

Abro e ao tocar as roupas antigas, lembranças me vêm à cabeça. Me lembro de um espírito do rio, um dilúvio.

–Agora acho que eu posso usar roupas mais fáceis de separar.

–Você era minúscula. E desajeitada. Agora você é uma mulher corajosa e bonita.

–Você também é bonita. Sempre foi. E parece que não envelhece!

–Lin! Sen! Vão dormir! – Grita uma garota.

–Certo!

O alojamento é simples. Muitos colchões e cobertores espalhados no chão. Todas dormem bem perto uma da outra. Há armários encostados em uma das paredes. Uma pequena varanda aparece quando se abre uma porta. Deito para dormir após trocar de roupas. Espero ouvir algo parecido com Haku, mas tudo o que se pode ouvir é o som do mar lá fora. Pego no sono depois de muito tempo. Acordo no meio da tarde com passos na varanda. Haku faz um movimento com a mão que me dá a entender que devo segui-lo. Saímos pelos fundos, passando por um campo cheio de flores. Descendo um barranco há um grande celeiro com muitos porcos. Haku me chama até um canto, onde dois dos porcos estão separados.

–São eles, não são?

–Chihiro... Eu não sei como desfazer o feitiço. Se eles não tivessem comido a comida dos convidados... Sinto muito.

–Tudo bem. Ele mereceu. Ela não, mas...

–É melhor você sair daqui. Vamos.

–Está bem.

Haku me leva de volta à ponte da casa de banhos.

–Chihiro. Se você quiser voltar ao seu mundo, você terá que trabalhar duro. Mas se quiser se lembrar do que houve da primeira vez, terá que trabalhar mais duro ainda. Com corpo e mente. Entende?

–Entendo. Vou me esforçar muito. Eu quero muito me lembrar de tudo. Especialmente de você, Haku.

–Chihiro... Eu tenho que ir, mas, eu voltarei sempre que você precisar. Você pode sempre contar comigo.

–Obrigada, Haku. Você tem sido muito gentil comigo – Abraço-o – Eu vou me esforçar muito por você.

–Chihiro... Obrigado – Ele aproxima meu rosto do seu e beija meus lábios carinhosamente – Agora vá. Você tem que descansar.

–Estou indo então... Até mais.

Viro-me de costas e começo a andar. Haku segura meu braço impedindo-me.

–Eu quero encontrá-la de novo amanhã. Se você conseguir acordar, a esta hora estarei te esperando.

–Está bem – Beijo seu rosto – Estarei pronta antes mesmo de você chegar.

–Chihiro...

–Sim?

–Eu estava morrendo de saudades de você.

–Eu... Só posso dizer que é ótimo te ver de novo.

–Eu digo o mesmo. Agora vá. Descanse, e esforce-se muito.

–Está bem. Até logo.

–Até.

Viro-me e vou embora, desejando que Haku segurasse meu braço de novo. Viro-me de costas e vejo uma fita branca cortando o céu.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Deixe um review! Não gostou? Deixe um review! Ficou indiferente? Deixe um review! Obrigada!!!
Beijinhos saltitantes
Miya



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