Tudo estava escuro e eu não sabia o que fazer, podia sentir que me segurava na beira de um penhasco e a pedra fria fazia meus dedos doerem. Um sentimento de impaciência tomava conta de mim, como se estivesse esperando por alguém a muito tempo. O clima gélido arrepiava os pelos de minha nuca, assim como meus braços, já estava ficando cansada de esperar e a impaciência começava a tornar-se decepção. Eu estava a ponto de desistir, talvez fosse mais fácil me deixar levar pela escuridão que adentrava o penhasco, todo o esforço estava me matando, meus dedos doíam tanto que percebi que se soltavam da pedra, que estava ficando mais escorregadia, notei. Foi quando finalmente eu o vi, com seus cabelos escuros e sua pele castanha avermelhada, uma expressão seria dominava-lhe o rosto, seus olhos eram tão profundos que me perdi neles, demorando a perceber que sua mão estava estendida em minha direção. Soltei uma mão cuidadosamente da borda do penhasco e segurei a que ele me estendia, seu toque era forte e macio e rapidamente ele já estava me tirando daquele abismo e me tomando em um abraço quente e protetor. Descansei minha cabeça em seu peito e seu cheiro amadeirado invadiu minhas narinas, inebriando-me com seu perfume...                                                                                                
 
 E então eu acordei! Ouvia minha mãe me chamando ao longe enquanto voltava aos poucos a consciência, levemente irritada por ter sido arrancada de meu sonho justo no momento em que ele se tornava interessante.
-Acorde Nessie,você vai se atrasar para o seu primeiro dia de aula. – sua voz de sino insistia em me chamar, sacudindo de leve meus ombros. Quando finalmente abri meus olhos, pude vê-la sorrir satisfeita, para depois sentar na ponta da cama.
- Bom dia querida! – saudou-me. – Sabe que dia é hoje não sabe? Seu primeiro dia de aula, não quero que se atrase, vai ser muito divertido, pessoas novas, professores, meninos. Ai essa parte realmente me preocupa – ela continuava a falar enquanto se levantava e ia em direção a janela do quarto para abri-la e revelar o céu acinzentado da manha e as arvores cobertas pela neve fina que caíra durante a noite.
- Acho que tem alguém mais ansiosa do que eu par...- fui interrompida por um bocejo e ela riu.
- Eu sei, estou parecendo uma boba. – ela disse, virando-se para me olhar, seus olhos eram um misto de expectativa, ansiedade e medo. – Fico preocupada com você, é tanta tentação, tantas pessoas reunidas, o cheiro de sangue... E se você se apaixona, meu deus! – sua cara era pensativa.
- Mãe! –exclamei, levantando-me e indo de encontro a ela. – Olha só quem fala a humana desastrada que se apaixonou pelo vampiro bonitão. – brinquei e nós duas rimos.
Esperei ate que ela saísse do quarto me dando privacidade e dirigi-me ao banheiro, estremecendo ao sentir o piso frio do banheiro entrar em contato com meus pés descalços, fui logo de encontro à água quentinha do chuveiro assim que me despi, demorei um pouco lá, a sensação da água quente caindo em mil gotas por meu corpo era relaxante, me trazia paz. Segui para meu closet e me troquei com rapidez, colocando a roupa que eu havia escolhido uma semana antes. Era linda! Optei por meus cabelos soltos, caindo em cachos por minhas costas e quando terminei peguei meu sobretudo e minha bolsa antes de descer as escadas indo tomar café. Assim que me sentei meu pai copiou meus movimentos juntando-se a mim e a minha mãe.   
- Bom dia filha – ele sorria para mim, sua beleza sempre me surpreendendo.
-Oi pai, oi mãe – cumprimentei – Onde estão Tânia e Kate?
- Saíram para caçar mais cedo, disseram que era melhor nos deixar sozinhos com você hoje. – minha mãe respondeu.
- Ah, Kate lhe desejou boa sorte e disse para não se preocupar com a concorrência, você vai ser de longe a mais bonita do colégio. – completou meu pai com um sorriso brincando no canto dos lábios. Tive de rir com aquele comentário, era a cara de Kate.

Já era janeiro e nós estávamos morando junto com a família de Tânia a um ano, porem nos mudaríamos logo, apesar de Kate estar se divertindo muito com a gente.  Passávamos horas conversando, era impossível não rir ao lado dela, era uma ótima amiga para mim, me fazia sentir menos solitária naquele mundo tão novo e vazio no quesito adolescentes.       
Kate acabou se tornando uma irmã mais velha para mim, não que Tânia fosse desagradável, pelo contrario, ela era um amor e super atenciosa comigo, mas nossas relações eram apenas diferentes, e com Kate era como se tivéssemos a mesma idade, seu jeito brincalhão e ao mesmo tempo adulto de ser era exatamente o que eu precisava para me distrair enquanto as aulas não começavam.

Os outros Cullens moram a 1 km daqui, em uma enorme mansão afastada da cidade, como sempre, lá tinha uma suíte só para mim, que minha avó fez questão de preparar e vinha acompanhado por um closet completo decorado e carregado por Alice e Rosalie, era um quarto modelo, sonho de qualquer menina de 15 anos. Nós estávamos construindo nossa casa por perto também, meus pais queriam uma casa só para eles então decidiram esperar na casa dos Denali enquanto isso não se tornava possível, pois acharam melhor para mim se eu convivesse com Kate. E mamãe queria construir uma casa ao modo mais demorado, ou seja, humano. Nada de interferências para que ela ficasse pronta em dias e sim em um ano. O lugar era lindo, possuía um jardim realmente grande e cheio de flores, mais o que eu mais gostava era da cachoeira que tinha à alguns segundos dali - na velocidade de vampiros,claro - onde eu poderia me refrescar.  

- E ai, como é fazer o colegial mais uma vez? – disse a fim de puxar assunto, dando mais uma garfada nas panquecas que minha mãe havia feito para  mim.        
 - Nada que eu não consiga suportar, afinal aprender nunca é demais.                  
-Ah corta essa p. - mais fui interrompida por uma broca de minha mãe.            
 - Srta. Renesmee Carlie Cullen olha o respeito com o seu pai.            
 - Deixa amor, Nessie é só uma adolescente, um dia ela entenderá, quando tiver que repetir anos e anos de colegial. – piscou pra mim, me fazendo rir.                     
 -Mas Edward - minha mãe ia contrariar quando meu pai encostou-lhe sua boca na dela e ela parou, o amor dos dois era algo impossível, nunca discutiam e tinham uma paciência que me admirava.               
-Filha faltam apenas alguns minutos para seu primeiro dia de aula e acho que devemos repassar as regras e recomendações. 1°: nunca nos chame de mãe e pai; 2°: jamais use seus poderes em ninguém... - e assim ele prosseguiu, repassando mais uma vez as palavras que eu tanto conhecia.
 Eu já sabia aquelas palavras de cor, então deixei minha mente vagar imaginando como seria o meu primeiro dia de aula, como seriam as pessoas e como o cheiro de sangue me afetaria no primeiro momento. Eu acenava com a cabeça de vez em quando e assim que ele finalmente parou de falar eu despertei e olhei de relance para minha mãe, que segurava o riso perfeitamente, mas seu olhar a entregava. Eu tinha certeza de que ela sabia que eu não ouvia nenhuma palavra do que Edward havia falado.                                                       
-Filha você entendeu tudo?-perguntou meu pai um pouco desconfiado          
 - Sim pai, eu não quebrarei nenhuma regra. - Jurei           
-Eu sei que não - Ele beijou minha testa ao se levantar e passar por mim.    
-Bem crianças hora de irmos. -minha mãe disse já na porta.