Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 16
Autumn Afternoon.


Notas iniciais do capítulo

Mais Suuusspiiiaannn ;D



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Lembro com perfeição do beijo de Caspian. Sempre que sinto saudades dele, o que frequentemente acontece, eu fecho os olhos e lembro nitidamente de nosso primeiro beijo. A lembrança daquele beijo é tão intensa que me faz sentir as mesmas coisas que senti naquele dia.

Caspian me faz tanta falta... E para consolar meu coração restou-me apenas as lembranças que ele me deu. As mais felizes de minha vida.

No dia seguinte ao nosso primeiro beijo, os jornais da cidade relataram minha ida até a casa de Caspian e levantaram suas próprias conclusões sobre isso.

Apenas Amizade?”

Dizia uma das manchetes. O caso não estava mais na primeira página, mas ainda despertava o interesse de muitas pessoas por se tratar da influente família do Duque Digory.

“Ontem, mais de quinze horas após o incidente ocorrido na residência do Duque, chegou à casa uma visita inesperada levantando muitas suspeitas” - dizia o jornal. - “Susana Pevensie, fez uma visita à família. A única herdeira dos Pevensie entrou e saiu sem falar com os jornalistas, o que deixou os presentes livres para tirarem suas próprias conclusões. Ela teria feito apenas uma visita? Uma simples visita de solidariedade ou haveria algo mais? Afinal, todos que estavam no baile da jovem Lúcia viram a harmonia entre a bela Pevensie e o filho mais novo e baleado do Duque... Haverá algo entre eles além de amizade? As suspeitas são muitas...”

Parei de ler, mas não dei muita atenção ao que fora escrito, eu estava feliz demais para me importar com isso. Eu planejava fazer outra visita a Caspian, mas achei melhor não depois de ler aquela matéria. As horas pareciam se arrastar longe dele, então comecei a pensar em algo para me distrair.

Decidi ir para um lugar de casa que há tempos eu não frequentava, desde a morte de meus pais para ser mais exata. Olhei lentamente para todo aquele cômodo. As estantes eram tão altas que havia sido construído um patamar que percorria as paredes, como um segundo andar. No piso havia uma lareira, à frente dela, duas poltronas; havia também uma mesa e atrás dela uma cadeira colossal na qual meu pai costumava sentar para trabalhar. Sorri levemente ao lembrar dele concentrado em seus papéis. Caminhei para a escada em caracol, de madeira que levava para o segundo andar da biblioteca.

Corri os dedos pela seção de “fictícios” e escolhi um livro que eu já havia lido diversas vezes, mas que nunca cansei de ler. Era “Romeu e Julieta”. Um clássico. Voltei ao primeiro andar e sentei na cadeira atrás da mesa de meu pai e abri em qualquer página, começando a ler.

Já tinha lido duas páginas quando Polly entrou na biblioteca e caminhou até a minha frente, estendendo um envelope para mim.

-O que é isso? - perguntei.

-Bri veio trazer. É para você.

Peguei o envelope esquecendo completamente do livro. Polly se retirou do lugar antes que eu abrisse o envelope. Desdobrei o papel que havia ali dentro e encontrei uma caligrafia extremamente caprichada.

Susana,

Sei que nem um dia se passou desde a ultima vez que nos vimos, mas já quase não aguento de saudade. Quero vê-la de novo. Isso vai ser complicado por causa desses jornalistas que não largam do meu pé, aliás, gostaria de me desculpar com você. Eu vi o que escreveram no jornal hoje. Lamento você ter sido exposta desse jeito. Não aguento mais estar sendo vigiado, então Bri e Lúcia vão me ajudar a fugir daqui. Estarei na casa de meu avô amanhã esperando você lá, se quiser ir. Acho que ainda lembra o caminho.

Com saudades,

Caspian.

Não pude deixar de sorrir. Sabia que ainda faltava muito tempo para amanhã e que minha ansiedade cuidaria de deixar esse tempo muito mais longo. Mas eu fiquei muito feliz com a possibilidade de vê-lo novamente.

[…]

Preparei-me tentando ao máximo não demonstrar o quanto eu estava ansiosa.

-Vai sair? - perguntou Polly quando eu desci a escada calçando as luvas.

-Vou... - afirmei. - Dar um passeio.

-Hm...

-Até mais, Polly. - fui rumo a porta e em seguida para a calçada. Eu lembrava muito bem do caminho, então não seria difícil chegar lá.

[…]

Parei em frente à porta da casa, hesitando. Respirei fundo e abri-a lentamente após um batida. A porta rangeu revelando uma sala de visitas sem ninguém, a casa estava silenciosa. Fechei a porta atrás de mim.

-Caspian? - chamei. Segundos depois ouvi passos vindo do segundo andar e Caspian surgiu no topo da escada abrindo um sorriso ao me ver. Ele desceu e deu passos largos em minha direção. Eu não pude deixar de sorrir.

-Você veio! - ele me abraçou.

-Claro que eu veria. - retribuí o abraço, sorrindo. Caspian afastou-se apenas para olhar em meus olhos. Uma de suas mãos afagou meu rosto. - Senti sua falta... - sussurrei, olhando nos olhos dele, a poucos centímetros dos meus, as mãos em seu pescoço. Caspian sorriu de leve e seus olhos passando rapidamente por meus lábios antes de voltar aos meus. Eu soube que ele queria o mesmo que eu.

-Eu também senti sua falta.

Foi minha vez de sorrir. Caspian se inclinou em minha direção e eu recebi seus lábios num beijo doce que matava as várias horas de distância. Caspian segurou minha cintura mais firmemente, colando nossos corpos enquanto o beijo se aprofundava, tornando-se tão intenso que se a falta de ar não nos fizesse interrompê-lo, eu não me responsabilizaria por meus atos. Nós estávamos levemente ofegantes quando ele acabou.

-Você tirou todo meu batom.- acusei divertidamente, limpando delicadamente as manchas avermelhadas em volta de seus lábios. Caspian riu, limpando também.

-Venha.

Ele segurou minha mão e guiou-me até o mesmo quarto da ultima vez que estive ali. Caspian mostrou a tela em que me pintara, agora ela estava dentro de uma bela moldura dourada.

-Um moldura...? - observei unindo as sobrancelhas. - Onde vai pendurá-la?

-No meu quarto. - respondeu automaticamente. Olhei para ele. - Nã-não no quarto da mansão... - explicou. - No quarto daqui... Para quando eu estiver longe de você... - olhou em meus olhos. Corei e Caspian sorriu. - Eu estava levando-o para lá quando você chegou.

-Esta aqui é nova? - perguntei me aproximando de uma tela próxima a janela. Era um castelo, um belo castelo medieval rodeado por uma praia de águas cristalinas. - Está maravilhosa. - falei. - Onde fica esse lugar? - Voltei a olhar Caspian, ele se aproximou de mim.

-Não sei se esse lugar existe. - ele riu. - Apenas tive a ideia e aí está o resultado.

-Ficou incrível. - falei sincera. Caspian pegou a tela de moldura dourada e eu o acompanhei pelo corredor até uma porta no alto do corredor, na frente da casa. Caspian abriu a porta com o braço livre revelando um quarto organizado e espaçoso.

Havia uma cama grande ao lado de uma janela, a frente da cama havia uma lareira e próximo a ela, encaixada na união de duas paredes, havia uma escrivaninha de madeira escura com uma cadeira acolchoada e de encosto baixo. Na parede ao lado estava o armário e o assoalho estava encerado.

Caspian passou por mim, em direção à lareira e pendurou o quadro sobre a mesma, ajustou para que não ficasse torto e recuou alguns passos parando ao meu lado, ambos de frente para a tela acima da lareira.

-Olhando assim é bem melhor. - comentou Caspian. - Vou ter que me contentar com ela... - isso soou como um lamento. Olhei para ele.

-Como assim?

-Eu preferiria ter a de carne e osso aqui o tempo todo... - sussurrou tocando meu rosto.

-Caspian, não exagere. - falei.

-Não estou exagerando. - defendeu-se ele. - Eu queria você comigo o tempo todo...

Eu não soube o que dizer a ele naquele momento, apenas permaneci olhando em seus olhos enquanto ele se aproximava, suas mãos me puxaram delicadamente pela cintura contra seu corpo. Minhas mãos subiram até sua nuca e eu fechei os olhos. Foi um beijo mais singelo do que o que demos na sala de estar. Caspian o interrompeu.

-Hm... Eu queria me desculpar por aquilo que publicaram no jornal ontem...

-Não foi você quem publicou. - falei, olhando em seus olhos, tão próximos ao meu.

-Mesmo assim. Eu me sinto culpado, não queria que você fosse exposta daquela forma.

Afaguei seu rosto.

-Tudo bem, Caspian, eu não me importo com o que dizem ou pensam. - dei de ombros. Caspian sorriu.

-Se é assim... O que vamos fazer hoje? - mudou de assunto.

-Eu posso começar aquela tela que estou lhe devendo. - falei. Caspian sorriu e nós voltamos ao quarto com as telas.

Ele me ajudou com o cavalete, pus a tela em branco no suporte, peguei os pincéis, as tintas e Caspian se posicionou, de pé, ao lado da cortina da janela. Então eu comecei.

Caspian permaneceu estático com os olhos negros fixos em mim, cheios daquele brilho de admiração que sempre me fazia corar. Ele segurou o sorriso quando minhas bochechas ficaram vermelhas e eu desviei os olhos para a tela. Vi Caspian, aos poucos, ganhando vida ali, tão perfeito e belo quanto o de carne e osso de pé a minha frente.

O silêncio era completo nos meus ouvidos, a não ser quando as batidas fortes causadas em meu peito, ecoavam por meu corpo ao ver, em minha mente, imagens que a essa altura eram inevitáveis de imaginar. Imagens onde haviam atos considerados inadequados para mulheres que não são casadas, mas que não paravam de fazer meu coração disparar.

-Acabei. - falei, mordendo o lábio inferior, encarando a pintura a minha frente, insegura. Caspian saiu de sua posição, eu permaneci de pé em frente a tela, limpei a tinta dos dedos com um pano que Caspian me entregara. Ele, por sua vez, parou de pé atrás de mim, olhando a tela por cima de meu ombro.

-Ficou incrível. - sussurrou ele atrás de mim. Eu sorri.

-Obrigada. Eu queria pôr algum efeito como você fez quando me pintou, mas achei melhor... - não consegui terminar, as borboletas em minha barriga bateram assas ao mesmo tempo que senti o toque úmido e cálido dos lábios dele em meu pescoço, distribuindo beijos ternos ali enquanto seus braços fortes envolveram minha cintura, colando meu corpo ao dele.

Seus dedos se entrelaçaram aos meus fechando meus braços e os seus em volta de meu corpo, subindo seus lábios por meu pescoço até a orelha e o maxilar. Ofeguei levemente, fechando os olhos.

-Você tem um perfume único, Susana... - sussurrou fracamente roçando a ponta do nariz em minha pele. Soltei o ar pela boca.

-Caspian...

-Hum? - seus lábios estavam contra minha pele e seus braços apertaram mais o “laço” em minha cintura, fazendo minha respiração falhar.

Pensei rápido.

-Eu vou acabar sujando você de tinta. - arrumei uma desculpa, na verdade eu não tinha nada a dizer, seu nome fora um sussurro involuntário.

-Não me importo – ele riu em minha orelha. Deslizei os dedos dos seus, girei, ainda presa em seus braços e me perdi por alguns segundos em seus olhos. Caspian se inclinou, como se fosse me abraçar, mas apenas sussurrou em minha orelha. - Eu amo você, Susana... - seu tom doce e sem nenhum resquício de dúvida me fez sorrir.

-Eu também amo você. - foi minha vez de beijar seu pescoço. Caspian não esperava por isso, senti seu coração acelerar assim como seus braços apertarem mais meu corpo. Seus lábios voltaram aos meus; Caspian, com cuidado e sem interromper o beijo, deitou-me no chão da sala. Após alguns segundos o beijo terno e lento foi interrompido.

-Susana?

-Sim?

-O que você acha que vai acontecer?

-Como assim?

-O que você quer que aconteça... Seus planos... - permanecemos deitados no chão. Caspian estava ao meu lado, o cotovelo apoiado no chão e a cabeça na mão; eu estava bem ao eu lado, as costas deitadas no assoalho.

-Bom, ainda não parei para pensar em meu futuro desde a morte dos meus pais... - confessei aos sussurros.

-Mas e antes do acidente?

-Bem, eu sonhava em conhecer o mundo, viver uma aventura...

Caspian sorriu, como se recebesse a certeza de algo que já suspeitava.

-Você é bem diferentes das outras mulheres. A maioria sonha em se casar com um bom partido, ter filhos e uma boa casa...

-Se um dia tiver que me casar será por amor. Filhos? Quem sabe? Quanto a casa... Vejamos... Acho que prefiro uma casa pequena e simples que não dê trabalho d e manter e... E... Er, bom e … Desisto. O estilo dona de casa submissa e dependente do marido não faz muito meu feitio.

Nós rimos.

-Não faz mesmo. - concordou ele. - Você não deixa os costumes e regras da saciedade manipular seu jeito de pensar e agir...

-E isso é uma coisa boa?

-Claro que sim... Você é única... Pode parecer bobagem, mas desde que eu lhe vi pela primeira vez, eu senti que você é especial.


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Notas finais do capítulo

E então, que tal? O que vocês acham que vai dar desse romance??
Beijokas!!



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