Por Um Segredo escrita por Bruna Diniz


Capítulo 45
Capítulo 45: Extra: Eterna Juventude


Notas iniciais do capítulo

Galerinha, FELIZ NATAL...Como prometido, o capítulo extra...Boa leitura!



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Pov. Renesmee

5 anos depois.

Minha vida era quase perfeita.

Eu dizia quase porque, definitivamente, odiava me levantar cedo todas as manhãs.

Não entendia essa necessidade de ter um horário fixo todos os dias e ter que respeitá-lo.

Olhei discretamente para o relógio que ficava em minha mesinha de cabeceira e gemi baixinho ao constatar que eu já estava bastante atrasada.

Minha mãe iria me matar!

_ É melhor você se levantar, Nessie. A mamãe não vai demorar pra subir e se ela te ver deitada a coisa vai ficar feia._ Carlie falou, enquanto terminava de se arrumar em frente ao espelho e eu bufei.

Eu odiava a disposição de minha irmã todas as manhãs.

Carlie nunca se aborrecia em ter que madrugar.

Ao contrário de mim.

_ Nessie?_ Ela me chamou suavemente e eu a encarei mal humorada, fazendo-a sorrir.

_ Já vou._ Falei simplesmente e ela revirou os olhos, dirigindo-se para a porta.

Levantei-me a contra gosto, assim que ela saiu e fui para o banheiro tomar banho.

Enquanto tirava a roupa, me olhei atentamente no espelho de corpo inteiro que ficava atrás da porta.

Quando meu corpo mudara tanto?

Quando foi que eu abandonara de vez a infância para me tornar uma adolescente de fato?

Suspirei e entrei no chuveiro.

Estava muito frio para ficar fazendo divagações, estando nua.

Sem contar que eu estava atrasada.

Mas o fato era que meu corpo e meu rosto tinham sofrido muitas modificações.

Eu havia mesmo abandonado a infância e já ostentava traços de mulher.

Agora eu tinha seios, glúteos crescidos, quadril diferenciado, pernas até que relativamente grossas e, já fazia bastante tempo que essas novas características chamavam a atenção dos meninos a minha volta.

Corei com o pensamento e suspirei.

Melhor não pensar em meninos agora.

Não quando meu pai estava relativamente próximo a mim.

Ou seja, debaixo do mesmo teto.

Ele tinha o dom estranho de adivinhar meus pensamentos impróprios e isso, ultimamente, era bastante perigoso.

Meu pai seria capaz de invadir o banheiro se desconfiasse que eu estava pensando em alguém do sexo masculino que não fosse ele ou os meus irmãos.

Sorri com o pensamento.

Edward Cullen seria sempre assim.

Muito ciumento e possessivo em relação às filhas e a esposa.

Na maioria das vezes, seus ataques eram engraçados.

Minha mãe já nem se importava mais.

Apesar de que, ultimamente, apenas eu e Carlie éramos vítimas das suas maluquices.

Mamãe tentava nos ajudar, mas sempre que ele ouvia a palavra garoto, ficava prestes a ter um infarto.

_ Renesmee Cullen?_ Ouvi a voz da minha mãe e sorri de leve, imaginando-a me procurando sob as cobertas.

Ela era meio obcecada por horários.

_ No banheiro._ Gritei em resposta e segundos depois ela abriu a porta para verificar se eu dizia a verdade.

_ Está atrasada, mocinha._ Minha mãe falou sorrindo e eu pisquei pra ela através do vidro embaçado do box.

_ Como sempre, mamãe. Devia estar acostumada.

_ Claro que sim. Afinal, são quinze anos tentando acordá-la de forma prática e rápida, mas parece que jamais vai funcionar.

_ Eu serei sempre eu..._ Gracejei e ela gargalhou.

Minha mãe era adorável.

Era a mulher mais incrível que eu conhecia.

Apesar de ficar muito zangada com meus atrasos matinais, ela nunca perdia completamente a paciência comigo e parecia sempre disposta a oferecer um sorriso, para quem quer que fosse, mesmo que essa pessoa não merecesse.

E seus sorrisos eram, geralmente, a melhor parte do meu dia.

_ Se apresse, querida ou vai perder a carona com o papai. Te espero lá embaixo._ Ela falou e saiu fechando a porta, me deixando a vontade para terminar o banho.

Me arrumei rapidamente, peguei meu material e desci as escadas correndo, rumo à sala de jantar, onde todos estavam reunidos para o café.

Ainda bem que esse tormento de acordar cedo já estava terminando.

Logo as férias teriam início.

_ Ela apareceu, mamãe. Nessie não vai mais sem tomar café da manhã para a aula._ Mallory falou, me olhando criticamente e eu sorri para ela.

Minha pequena irmã era o ser mais estranho que eu já conhecera.

Mais estranha até do que eu.

E olha que isso era algo bem difícil!

Mas, apesar de suas esquisitices, ela era encantadora.

Com pouco mais de sete anos, Mallory era a garota mais inteligente que eu já conhecera.

Desde pequena, sempre fora mais adiantada do que as crianças de sua idade e testes precisos, feitos por minha mãe e outros profissionais da área neurológica, revelaram seu QI elevado.

Ela aprendera a ler e a escrever antes de todas as crianças que eu conhecera e tinha uma facilidade para cálculos impressionante.

Minha mãe se preocupava um pouco com ela, pois temia que Mallory se tornasse uma criança solitária devido suas peculiaridades. Mas, apesar de não ser tão infantil como a garotada de sua idade, ela parecia ser uma menina bem ajustada e feliz.

Embora, fosse impossível não ser feliz tendo uma família como a nossa.

_ Ufa... Já estava preocupada._ Minha mãe falou vindo da cozinha, respondendo as palavras da minha irmã caçula, e eu revirei os olhos, fazendo-a rir.

Segundo ela, quando eu fazia isso, parecia-se muito com o meu pai.

E como, depois de grande, eu e Carlie nos tornamos cópias bastante fiéis dela própria, ao não ser pela cor acobreada dos nossos cabelos, minhas caretas, na maioria das vezes, eram consideradas adoráveis, justamente por lembrarem o papai.

_ Qual o seu problema com o relógio, Nessie?_ Ethan me perguntou e eu ri.

_ Nenhum. Só não gosto de acordar cedo._ Expliquei simplesmente e ele fez uma careta.

_ Eu também não gosto, mas a mamãe não respeita isso._ Ele falou amuado e todos na mesa riram das suas palavras.

Papai apareceu algum tempo depois, trazendo Tyler em seus ombros, que ria alegre.

_ Está entregue, rapaz. Agora coma tudo o que precisa rápido, porque hoje eu atendo em Port Angeles e já estou atrasado. E isso serve para todos os filhos presentes._ Ele pontuou, me olhando seriamente e eu apenas respirei fundo.

Mais uma piada com meu atraso e juro que explodiria.

Tyler me olhou sorridente e me mostrou a língua, fazendo com que eu retribuísse o gesto.

Apesar de ser gêmeo de Mallory, ela era totalmente o oposto da minha pequena irmã.

Ele fazia o estilo agitado e bagunceiro e apesar de ser muito inteligente, odiava livros, números e escola.

Tinha a impressão que ele daria bastante trabalho nesse sentido para os meus pais.

Mas, apesar desse pequeno detalhe, ele era adorável.

E era impossível não se apaixonar por ele.

Meus irmãos eram todos umas figuras, únicas e insubstituíveis e eu amava cada um deles.

Já não saberia viver sem nossa bagunça e convivência agitada.

Minha mãe foi até meu pai, assim que ele se sentou, o abraçando pelos ombros e beijando suavemente seus lábios.

Várias vezes.

Já estávamos acostumados com essas cenas melosas.

Eu, pelo menos, já me acostumara.

Era bom ver que o amor deles crescia a cada dia.

Meus pais não eram como muitos por aí, que desistiam do amor e da família na primeira dificuldade e isso era admirável.

Já haviam se passado mais de dez anos após o casamento e eles pareciam tão apaixonados como da primeira vez.

É claro que no começo de tudo, eles brigavam bastante, mas estavam juntos até hoje e pareciam cada vez mais apaixonados e melosos.

Fiz uma nota mental para não ser melosa com meu futuro marido na presença dos meus futuros filhos.

_ Vocês não cansam de trocar tanta saliva?_ Mallory perguntou de repente e todos na mesa, explodimos em uma gargalhada.

Minha mãe ficou rubra de vergonha e sentou-se ao lado do meu pai de cabeça baixa, enquanto ele fuzilava minha pequena irmã com o olhar.

_ É muito feio deixar a mamãe constrangida, pequena gênia._ Meu pai repreendeu Mallory e ela o encarou, como se ele fosse um inseto insignificante.

Às vezes, seus olhares davam medo.

_ Beijar na frente de crianças pequenas e inocentes que é constrangedor, Dr. Cullen._ Mallory respondeu e eu mordi os lábios para não rir.

Ela era a única capaz de deixar meu pai sem argumentos.

_ Isso é nojento. Eu nunca vou beijar ninguém._ Ethan, que estava com dez anos e era a cópia fiel do meu pai, se manifestou, fazendo com que minha mãe o olhasse com interesse.

_ Ah, querido... Eu lhe garanto que um dia você vai mudar de idéia._ Minha mãe falou suavemente e Ethan fez uma careta de nojo.

Carlie, papai e eu apenas rimos.

Ethan jamais havia demonstrado qualquer interesse em meninas, mas agora ficava sem graça na frente da Julya, filha da tia Alice.

Os temores dela, de que meu irmão se interessasse por uma de suas princesas, finalmente se mostraram reais.

Mas, Ethan insistia em dizer que não beijaria ninguém, apesar de eu ter certeza que ele morria de vontade de fazê-lo.

Se ele soubesse como beijar é bom...

Senti meu rosto esquentar com o pensamento e baixei meu olhar, soltando um longo suspiro.

_ Algum problema, Nessie?_ Minha mãe perguntou e eu me apressei em negar com um gesto de cabeça, dando-lhe um sorriso amarelo.

Ela me olhou desconfiada, mas não disse nada.

Apesar de não poder ler minha mente, ela tinha o dom de decifrar minhas expressões e isso me dava muito medo, pois na maioria das vezes eu era bem transparente.

Se minha mãe soubesse que eu...

Deus me livre!

Ela, certamente, me mataria.

Afinal, eu ainda era sua princesinha.

E acho que sempre seria.

_ Vamos, garotada. Estou atrasado._ Meu pai falou, levantando-se e eu me apressei em segui-lo. Eu tinha pressa de chegar à escola hoje.

E, mesmo odiando ter que acordar cedo para isso, o dia de hoje prometia ser perfeito.

Minha mãe levaria Tyler e Mallory e o papai eu, Carlie e Ethan.

Nossa família, geralmente, não cabia em um carro só e como os pequenos estudavam na escola que ela trabalhava como psicóloga, o arranjo dos transportes era perfeito.

Saí apressada, seguindo Carlie até o carro, mas minha mãe segurou minha mão, me impedindo de continuar andando.

_ A senhorita não tem nada pra me dizer?_ Ela me perguntou baixinho, pra não chamar a atenção do meu pai e eu engoli em seco.

_ Não... Nenhuma novidade.

_ Filha..._ Minha mãe suspirou e beijou meu rosto de leve._ Só tenha cuidado... E juízo._ Ela pediu e eu apenas assenti, beijando seu rosto também.

_ Eu sempre tenho. Tive a melhor professora._ Falei, piscando-lhe e correndo para o carro.

Ela sorriu e eu me senti aliviada.

Não gostava de mentir pra ela, mas ainda não estava preparada para contar-lhe minha novidade.

_ O que a mamãe queria?_ Carlie me perguntou discretamente, quando já estávamos a caminho da escola, enquanto meu pai e Ethan discutiam qual modelo de carro era mais rápido e eu sorri alegre.

_ Nada. Me dizer o quanto eu sou linda._ Respondi fazendo graça e ela revirou os olhos.

_ E modesta._ Carlie falou e eu me limitei a rir._ O bom é que o elogio se aplica a mim também.

_ Pois é. Eis a vantagem de sermos gêmeas.

Carlie me encarou por longos segundos, mas não disse nada.

Tive a impressão que ela não gostara do meu comentário, mas eu realmente não falara por mal.

Adorava minha irmã, mas às vezes ter alguém igual a você, atrapalhava um pouco.

E imagino que ela pensasse da mesma forma.

Suspirei pesadamente e tentei não pensar muito nisso.

Não queria manchar meu dia com nada. Absolutamente nada.

XXXXX

Pov. Carlie

Olhei para o relógio mais uma vez e respirei fundo.

Qual o problema da Nessie com horários?

Eu estava faminta e muito enjoada de ter que esperá-la mais de meia hora em frente à escola.

Mamãe não gostava que voltássemos sozinhas para casa, apesar de que eu não entendia qual perigo podia existir em Forks.

Não era como se alguém fosse aparecer do nada para nos sequestrar.

Mas, eu procurava obedecê-la.

Minha mãe era a melhor mãe do mundo e respeitar seus pedidos era o mínimo que eu podia fazer.

_ Ela vai demorar, Carlie?_ Ethan me perguntou e eu levantei os ombros em resposta._ Eu tenho fome, maninha. Vamos... Hoje a Alda fez lasanha. Nessie sabe o caminho. Quem manda ela demorar?

_ Mamãe não gosta que andemos sozinhos, Ethan. Temos que esperar.

_ Onde ela está?_ Ele perguntou irritado e eu sorri.

_ Não sei, Ethan. Não sei.

Mas, é claro que eu desconfiava.

Já fazia dias que minha irmã andava estranha.

Vivia suspirando e olhando para o nada, sorrindo igual a uma boba alegre.

Pra falar a verdade, eu não entendia muito desses assuntos, mas ela apresentava todos os sintomas de uma menina apaixonada.

Eu só não sabia quem era o alvo de sua paixão.

Mas, os dois, seja lá de quem se trata o segundo elemento, se encontravam escondidos todas as manhãs para...

Bem... Para namorarem.

Eu não dizia nada para mamãe porque não queria meter minha irmã em problemas, mas isso já estava passando dos limites.

Sem contar, que se papai descobrisse, teria, certamente, um ataque nervoso.

Podia parecer exagero, mas eu achava que ele planejava como assassinar cada um dos nossos futuros namorados anonimamente.

Isso explicava o olhar psicopata que ele encarava cada um dos nossos amigos do sexo masculino.

Sorri com o pensamento e Ethan me olhou com estranheza.

_ Queria ter mais irmãos meninos.

_ Por quê?_ Perguntei, achando graça de seu comentário.

_ Homens são bem menos complicados._ Ele declarou e eu gargalhei.

Baguncei seus cabelos e ele afastou minha mão, irritado.

_ Acho que você tem razão, garoto. Mas, seu desejo não foi atendido. As mulheres são a maioria em sua família.

_ É... E vivem atrasadas._ Resmungou mais uma vez e eu suspirei.

Vi um carro se aproximando pela rua gelada e abracei Ethan pelos ombros.

O automóvel parou a nossa frente e por um momento, imaginei as paranóias da minha mãe tomando forma.

Mas quando o vidro do carona foi abaixado eu sorri aliviada para o rosto sorridente da tia Alice.

_ Olá, garotos. Aceitam uma caroninha..._ Ela perguntou e Ethan mais que depressa foi para a porta traseira, entrando no carro.

Tive a leve impressão que era bem mais que fome que motivava sua pressa para entrar no carro.

Acho que a pequena Julya era seu maior motivo.

_ Oi tia... Pode levar Ethan, mas eu tenho que esperar Renesmee._ Expliquei e ela me olhou desconfiada.

_ E onde está sua irmã?

_ Não sei._ respondi, dando de ombros e ela suspirou.

_ Engraçado... Jacob também está desaparecido._ Ela declarou e um alerta soou em minha mente.

Será que eles estavam juntos?

Senti um pequeno aperto no peito, mas procurei ignorá-lo.

Eu sabia que Jacob preferia minha irmã, mas a constatação desse fato incomodava um pouquinho.

A culpa era daquela maldita fixação que eu tinha por ele desde a infância.

Que nós duas tínhamos.

Mas, como existia apenas um Jacob para duas meninas, mas cedo ou mais tarde ele teria que fazer sua escolha.

E pelo jeito já fizera.

Respirei fundo e abri a porta do carona.

Nessie que fosse sozinha.

_ Eu aceito a carona, tia._ Falei, tentando não demonstrar o quanto sua declaração me deixara perturbada.

_ Não vai mais esperá-la?_ Ela perguntou desconfiada e eu a encarei com um sorriso aparentemente tranqüilo.

_ Ela sabe o caminho._ Falei e tia Alice sorriu.

_ Ok. Apertem os cintos, pois a próxima parada é a casa dos Cullen.

E se minha mãe ficasse zangada porque deixamos Nessie para trás, ela saberia o que minha querida irmã andava fazendo.

XXXXX

Pov. Renesmee

_ Seu pai mata a nós dois se descobre o que estamos fazendo._ Jacob falou, enquanto terminava de guardar seu equipamento fotográfico e eu fiz uma careta ao pensar no meu pai.

_ Quando eu ficar famosa ele esquece a raiva.

_ É... Aí, certamente eu já morri._ Ele falou e eu gargalhei, abraçando-o pelo pescoço e lha dando um beijo no rosto.

_ Tem tanto medo assim do meu pai?

_ Seu pai é gente boa, mas fica meio perigoso quando um garoto se aproxima de você e de Carlie.

_ Isso é ser pai, Jacob. Tenho certeza que o tio Jasper sente muito ciúme da Julya e da Judie.

_ É... Ainda mais porque seu irmão começou a rondar a Julya._ Ele falou zangado e eu ri.

_ Como você fazia com a gente, bonitão._ Repliquei e ele sorriu sem graça.

_ Bem... É verdade. O problema é que eu ainda rondo você.

Senti meu coração palpitar e abracei Jacob pela cintura.

_ Não vejo problema nenhum nisso._ Falei e beijei suavemente seus lábios, me derretendo um pouco mais em seus braços.

Jacob dera meu primeiro beijo no dia em que eu completara quinze anos.

Fora o melhor presente que eu recebera, pois marcou definitivamente minha entrada na adolescência.

E eu sempre sonhara em namorar ele.

Desde criança eu considerava Jacob meu príncipe encantado.

E ele ainda era, se fosse considerar as reações estranhas do meu corpo quando ele se aproximava.

Ele estava fazendo um curso de fotografia e pediu para que eu fosse sua primeira modelo e, é claro que eu aceitei.

Todos os dias, dava um jeito de sair mais cedo da última aula e me encontrava com ele para nossa sessão de fotos.

E, como eu não era de desperdiçar tempos preciosos, sempre rolava uns beijinhos entre nós.

Resumindo: eu estava adorando ser sua modelo.

Jacob havia se tornado um rapaz muito bonito e, é claro, que chamava a atenção de quase todas as garotas da cidade.

Bem... Azar o delas sorte a minha.

Eu não precisava imaginar como era ser beijada e abraçada por ele, pois tinha isso quase todos os dias.

Elas que morressem imaginando essa sensação.

Sorri com o pensamento e peguei minha mochila recostada no tronco da árvore que nos servia de abrigo contra os raros raios de sol de Forks.

_ Eu tenho que ir, Jake. Carlie e Ethan devem estar furiosos com a minha demora._ Falei fazendo uma careta e ele suspirou, me olhando atentamente.

_ Até quando vamos ter que nos esconder?_ Perguntou triste e foi minha vez de soltar um longo suspiro.

_ Até eu conseguir convencer meu pai que você não é um lobo mal que vai me devorar._ Falei, tentando brincar e ele fechou os olhos sorrindo ironicamente.

_ Ou seja: Nunca.

_ Não fale assim. O senhor Edward mais cedo ou mais tarde vai ter que entender que eu cresci e já tenho inteligência suficiente para tomar minhas próprias decisões. Ele não é mal, apenas um pouquinho exagerado. Logo ele se acostuma com a idéia de me ver namorando e aí, fica tudo certo.

Jacob me encarou por um longo tempo, e depois sorriu, me puxando pela mão, fazendo que eu enterrasse o rosto em seu peito.

Ele beijou meus cabelos e me apertou contra seu corpo de maneira carinhosa.

_ Certo. Vou confiar no seu julgamento._ Jacob levantou meu rosto e beijou meus lábios, fazendo com que mil borboletas dançassem em meu estômago.

Uma pena que esses momentos com ele fossem tão curtos.

Ele me acompanhou até a escola e quando notamos que eu havia sido deixada para trás, fez questão de me levar embora.

Eu não gostava muito de andar de moto, mas no momento, não tinha muita alternativa.

Só esperava que minha mãe não desse um ataque quando me visse chegando com ele.

Era só o que eu queria no momento.

XXXXX

Pov. Bella

Terminei de pôr a mesa e sorri ao ouvir o clique da porta da frente.

Meus filhos esfomeados chegaram.

_ Até que enfim..._ Mallory falou, sentando-se em seu lugar a mesa e batendo as mãozinhas ao lado do prato, me fazendo sorrir e piscar para ela.

Já fazia algum tempo que ela reclamava de fome e da demora dos irmãos mais velhos.

_ Mamãe, eu estou com muuuuita fome..._ Tyler reclamou e eu revirei os olhos, indo até ele e bagunçando-lhe os cabelos loiros.

_ Calma, amor. Seus irmãos já chegaram. Vamos almoçar agora.

Ele suspirou teatralmente e eu ri.

_ Lavem as mãos..._ Gritei, para que os três escutassem e minutos depois, Ethan e Carlie apareceram.

_ Oi, meus amores._ Falei, enquanto dava um beijo em cada um._ Onde está Nessie?_ Perguntei quando não vi minha outra princesa entrando com os irmãos.

_ Boa pergunta, mãe..._ Ethan falou e eu o olhei, confusa.

_ Ela não devia estar com vocês?

_ Devia, mamãe, mas não está. E, ultimamente, ela some todas as manhãs._ Ethan falou novamente e um alerta soou em minha mente.

_ Carlie?_ Olhei para minha filha, que não levantou o olhar para me encarar e soube, nesse momento, que Ethan dizia a verdade.

_ Eu não sei onde ela está, mamãe._ Carlie falou, simplesmente e eu suspirei.

_ Um menino está envolvido nisso._ Mallory declarou e eu a olhei, espantada.

Será?

Elas já estavam com idade de namorar, mas Nessie não faria isso sem me comunicar.

Faria?

Ouvi o barulho da porta e me preparei para iniciar um interrogatório com a senhorita Renesmee Cullen, mas quem apareceu foi Edward.

_ Olá, família. Cheguei a tempo para o almoço?_ Ele perguntou, dando-me um beijo nos lábios e encarando os filhos, em seguida.

Ele estreitou os olhos quando notou a falta de um componente da família e me olhou desconfiado.

_ Tem quatro elementos nessa mesa... Falta um filho, ou melhor, uma filha. Onde está Renesmee?_ Ele perguntou e antes que eu pudesse responder, Tyler tomou a palavra, me fazendo fechar os olhos à espera do ataque do meu marido, que certamente viria.

_ Ela está com um menino._ Meu caçula encrenqueiro falou e Edward prendeu a respiração, ficando vermelho na hora.

_ Tyler, o papai está ficando roxo. Retire o que disse._ Mallory falou, rindo baixinho e eu só não ri também porque estava seriamente preocupada com a reação de Edward a essa notícia.

_ Que história é essa?_ Ele falou com a voz baixa, tentando certamente se controlar e eu revirei os olhos, levando-o até a mesa e sentando-o em sua cadeira.

_ Nada. Nessie sumiu e não sabemos onde está, mas isso de garoto é só uma suposição. Não sabemos se é verdade._ Falei calmamente e ele fechou as mãos em punho.

_ Ela não devia ter sumido. Eu a deixei na escola de manhã e ela deveria estar aqui agora. Quando eu a encontrar, terá que me dar muitas explicações sobre essa história de garoto...

Ouvi o barulho de uma moto se afastando e fui até a porta da frente, deixando Edward resmungando sozinho.

Sabia exatamente quem estava chegando.

Nessie abriu a porta lentamente e suspirou aliviada quando não viu ninguém.

Fechou-a silenciosamente e foi andando a passos levas até a escada.

Pigarreei para chamar sua atenção e quando pousou os olhos em mim paralisou no mesmo lugar, me encarando com cautela.

_ Ah... Oi, mamãe._ Me cumprimentou sem graça e eu continuei apenas olhando-a.

_ Oi, Nessie._ Respondi séria e a vi estremecer.

_ Eu... Desculpe por meu atraso... Eu..._ Ela tentou se explicar, mas parou assim que viu que não conseguiria mentir pra mim.

_ Você estava com Jacob._ Falei pausadamente e ela soltou um suspiro, assentindo.

Fechei os olhos e respirei fundo.

Previa muitos problemas pela frente.

Minha vida estava muito perfeita ultimamente, para ser verdade.

Já devia estar acostumada com o fato de que as coisas jamais ficariam bem por um longo período de tempo.

_ Lave as mãos para o almoço, pois estão todos te esperando. Mais tarde conversaremos sobre isso._ A avisei e ela apenas assentiu, subindo as escadas rapidamente.

Voltei para a sala de jantar e acalmei os ânimos, fazendo com que Edward me prometesse que não faria uma cena na frente de todos.

Carlie estava mais séria que o normal e eu desconfiava que ela soubesse com quem a irmã se encontrava.

Tinha medo de que isso gerasse problemas entre as duas, pois sabia que Carlie e Renesmee eram apaixonadas por Jacob desde crianças.

Porque Alice também não tivera gêmeos, afinal de contas?

Isso facilitaria bastante minha vida como mãe de duas adolescentes apaixonadas pelo mesmo garoto.

Renesmee apareceu minutos depois e não deu nenhuma explicação sobre seu sumiço, concentrando-se apenas na comida em seu prato.

Edward não parava de encará-la, mas ela fingia não ver.

Depois de um tempo, consegui estabelecer uma conversa normal entre todos e isso me alivio bastante.

Odiava clima pesado ao redor da minha família.

Depois de tantos altos e baixos, tudo que eu queria era paz.

Pelo amor de Deus!

XXXXX

_ Toc, toc..._ Falei suavemente, colocando a cabeça entre a porta do quarto das meninas e Renesmee me olhou cautelosa._ Posso entrar?

_ Claro... _ Falou, colocando o Notebook que estava em seu colo sobre a cama.

Entrei e fechei a porta, indo me sentar ao seu lado.

Já estava quase anoitecendo e eu não podia adiar mais nossa conversa.

_ Tudo bem, amor?_ Perguntei, acariciando seus cabelos e ela sorriu assentindo.

_ Sim, mãe. Está tudo certo. Pensei que tinha isso buscar Carlie no orfanato._ Nessie comentou eu me recostei em sua cabeceira, puxando-a para meu peito e fazendo com que ela se deitasse com a cabeça apoiada em meu ombro.

Carlie me auxiliava no orfanato local de Forks e as crianças eram completamente apaixonadas por ela.

Ela ia três vezes por semana trabalhar como monitora, ajudando os internos com os deveres e organizando atividades educativas e brincadeiras.

Minha pequena mulher adorava o que fazia e eu sentia muito orgulho de tê-la me ajudando lá.

Eu atendia as crianças há mais de quatro anos e tinha um carinho muito especial por todas elas.

Há pouco tempo, Carlie me dissera que gostaria de estudar psicologia, assim como eu e, nesse dia, quase chorei de tanto orgulho e emoção.

Era muito bom ver os filhos seguindo nossos passos e nos tomando como exemplo.

_ Seu pai vai buscá-la. Fiquei em casa para ajudar Tyler com o dever e conversar com você._ Respondi suavemente e dei um beijo em seus cabelos.

Minhas filhas haviam crescido rápido demais.

Em um piscar de olhos, tornaram-se mulheres e eu sentia falta de tê-las em meus braços.

_ Mamãe, eu não estou fazendo nada de errado._ Nessie declarou e eu suspirei.

_ Então, porque está se escondendo?

_ Porque não queria que você e, principalmente o papai, pirassem com isso. Eu já tenho quinze anos, sabe?

_ Sim... Eu sei. Mas, acho que se tem um garoto nessa parada, eu devia ser a primeira pessoa informada, pois sou sua mãe e você costumava me contar tudo.

_ Eu não contei, por que... Bem... Mãe, você sabe que se trata do Jake, não sabe?

Suspirei pesadamente e a virei de frente pra mim, encarando seu rosto.

_ Sim... Eu sei. Mas mesmo assim, você devia ter me contado. Antes de ser sua mãe, meu anjo, eu sou sua melhor amiga. Os filhos evitariam muitos problemas se contassem tudo que acontece em sua vida para os pais.

Ela suspirou e novamente deitou a cabeça em meu ombro.

_ Ele me deu o primeiro beijo no dia do meu aniversário de quinze anos e, depois disso, pediu pra eu ser sua modelo. É só isso. Todos os dias ele me fotografa, mas é apenas para o curso que ele está fazendo. Ele é tão fofo, mãe. Gosta mesmo de mim e eu..._ Ela suspirou e eu revirei os olhos._ Mãe, eu acho que estou apaixonada.

_ Você acha?_ Perguntei divertida e ela se virou para mim, sorrindo envergonhada.

_ Eu acho. Nunca senti isso antes. Não posso ter certeza.

Eu a olhei por um momento e soltei um suspiro cansado.

_ E você sabe que Carlie gosta dele também, não é?

Nessie fechou a cara e se afastou de mim.

_ Mamãe, ele me escolheu. Não posso mudar isso. Carlie terá que entender. Além disso, eu entrei muito antes na vida dele. Eu gosto dele... Bem... Eu gosto dele desde sempre.

_ Eu sei, meu amor. Mas, as coisas não são bem assim. Carlie é sua irmã e é preciso respeitar os sentimentos dela.

Renesmee fez uma careta e deitou-se sobre meus joelhos.

_ Ele quer namorar comigo, mas temos medo da reação do papai a esse pedido._ Ela falou baixinho, depois de uns minutos e eu sorri.

_ Ele vai ter um ataque. Mas, terá que se acostumar um dia.

_ Jacob é filho da tia Alice, mamãe. Conhecemos ele há muito tempo. Ele jamais me faria algum mal. Odeio ter que ficar me escondendo. Jacob odeia isso também.

_ Eu sei, meu anjo. Vou falar com teu pai. Mas, você tem que me prometer uma coisa._ Pedi séria e ela me encarou preocupada._ Você tem que falar com sua irmã. Não quero que o que você sente por Jacob abale a relação de vocês. Converse com ela sobre isso e terá todo meu apoio.

Ela assentiu a contragosto e eu beijei sua testa com carinho.

Contava com a boa vontade de minha princesa para que essa sua história com Jacob não se transformasse em um pesadelo para minha família.

XXXXX

Pov. Carlie

Hoje, definitivamente era o dia nacional do atraso.

Primeiro Nessie deixara Ethan e eu plantados em frente à escola e agora, meu pai esquecera-se de vir me buscar no orfanato.

Suspirei e me sentei no banco de pedra em frente ao abrigo municipal de Forks, me encolhendo dentro do fino casaco que eu vestia.

Teria que fazer um acordo com o clima de Forks.

Ou frio, ou muito frio.

Ele teria que se decidir.

Sorri com o pensamento e fechei os olhos, encostando-me no banco frio.

A suposta imagem de Jacob e Nessie juntos invadiu imediatamente meus pensamentos.

Desde que soubera do possível namoro deles, eu não conseguia parar de pensar no assunto.

Será que eles se beijavam?

“É claro que sim, sua idiota. Casais se beijam.”­_ Pensei com ironia e revirei os olhos para mim mesma.

A resposta para minha pergunta era óbvia, mas imaginar os dois juntos era bastante doloroso.

Eu não deveria me sentir assim.

Mas, era inevitável, afinal, eu era a outra gêmea apaixonada pelo mesmo cara que minha irmã.

Como minha vida era patética!

Escutei um barulho de veículo e imaginei ser meu pai, mas quem se aproximou de mim foi Jacob, montado em sua moto vermelha e brilhante.

_ E aí, gatinha, o que está fazendo aqui sozinha?_ Ele perguntou sorrindo, depois que tirou o capacete e eu sorri de volta, me esquecendo por um momento dos pensamentos perturbadores de alguns minutos atrás.

_ Estou esperando meu pai vir me buscar, mas ele está atrasado._ Falei fazendo uma careta e ele sorriu outra vez, fazendo meu coração disparar.

_ Quer uma carona?_ Ele perguntou e eu gargalhei.

_ Não, Jake... Se meu pai me ver em sua garupa, provavelmente você será um cara morto.

_ É, tem razão._ Ele falou, fazendo uma careta engraçada e nós dois acabamos rindo._ Então, lhe farei companhia até ele chegar. Seria deselegante de minha parte deixar uma dama sozinha.

_ Certo, senhor. Aceito sua companhia, até porque está ficando tarde._ Ele apenas sorriu e sentou-se ao meu lado.

Ficamos em silêncio por um longo momento.

Era um silêncio confortável, pois, apesar das coisas estranhas que eu sentia por ele, Jacob sempre fora meu amigo.

_ É impressionante como você e a Nessie são idênticas._ Ele comentou em um dado momento e eu suspirei, olhando-o de lado.

_ Não é tão impressionante assim... Somos gêmeas, Jake._ Falei o óbvio e ele sorriu.

_ Sim, eu sei. Mas existem gêmeos, que mesmo sendo idênticos, tem algumas diferenças. Mas, vocês são iguaiszinhas. Se eu não as conhecesse tão bem, seria capaz de confundi-las.

_ Você, minha mãe, meu pai e tia Rosalie são as únicas pessoas que nunca nos confundiram._ Comentei com a voz baixa e ele sorriu orgulhoso.

_ É... Eu as conheço bem, e, apesar da semelhança física, vocês tem personalidades bem diferentes._ Ele falou e eu respirei fundo, encarando-o.

_ E você prefere a personalidade da minha irmã, não é mesmo?_ Perguntei triste e ele me olhou espantado.

_ Não é nada disso. Acho apenas que eu e Nessie somos duas peças que se completam. Eu a conheço desde que nasceu e no fundo, acho que sempre soube que ficaria com ela. Seu pai pode não gostar de ouvir isso, mas eu tenho certeza que ela sempre me pertenceu._ Ele falou, olhando distraído para o céu e eu senti um aperto no peito com suas palavras.

Doía ouvir de sua boca que a garota escolhida por ele era Nessie e não eu.

Respirei fundo e baixei a cabeça, deixando os fios longos dos meus cabelos encobrirem meu rosto.

Não queria que ele visse os sinais de lágrimas em meus olhos.

_ Carlie?_ Jacob disse meu nome, depois de alguns segundos e tocou meu ombro, me obrigando a encará-lo._ Não sei o que você está pensando, mas saiba que você é uma menina maravilhosa e ainda vai encontrar o cara certo. Infelizmente, não sou eu. Tive que fazer uma escolha, pois não poderia ficar com vocês duas. Não seria certo com nenhum de nós. Eu as faria sofrer e jamais me perdoaria por isso. Mas, não fique triste. Sei que sou gostoso, mas existem outros homens no mundo._ Ele falou, com um sorriso debochado e eu soquei seu obro de leve, depois de ouvir sua última frase.

_ Você é muito convencido, Jake._ Falei rindo e ele me abraçou pelos ombros e deu um beijo em meus cabelos, me fazendo corar.

_ E você é linda, senhorita Carlie Cullen. E agora, falando sério, não quero ser o motivo de uma briga entre irmãs. E, também não quero ser assassinado por seu pai por fazer suas princesinhas sofrerem.

_ Você não será motivo de briga, Jake. Fique tranqüilo. Eu sei separar as coisas e não quero perder nossa amizade._ Disse, sorrindo de leve e ele piscou para mim._ Mas... Você e Nessie estão namorando?_ Perguntei baixinho e ele respirou fundo.

_ Bem... Não. Na verdade, Nessie é minha modelo. Ela está me ajudando a fazer meu projeto de conclusão do curso técnico. Nós estamos... Hum... Ficando. Seu pai não permite que ela namore, então..._ Ele falou frustrado e eu sorri, divertindo-me pela primeira vez com a situação.

Meu pai realmente era duro na queda e não seria fácil para ele aceitar que sua menininha queria namorar alguém.

Ainda mais esse alguém sendo Jacob.

Eles ainda “ficariam” por um bom tempo até conseguirem convencer meu pai a aceitar essa relação.

E saber que, na verdade, eles ainda não tinham um relacionamento de fato era reconfortante.

Pelo menos eu teria tempo de aceitar minha derrota, antes que os dois começassem a protagonizar cenas melosas por aí.

_ Acho que seu pai não vem..._ Ele falou de repente e eu me dei conta que já havia anoitecido.

Eu realmente tinha sido esquecida.

Suspirei e me levante.

_ A carona ainda está de pé?_ Perguntei e Jacob sorriu.

_ Sempre._ Ele respondeu, levantando-se e me estendendo a mão.

Montei em sua moto e me deixei levar pelo balanço do veículo e pelo vento em meu rosto.

Se alguém brigasse comigo por causa dessa carona, eu juro que começaria uma revolução.

Ninguém mandou eles me esquecerem.

XXXXX

_ Está entregue, senhorita Cullen._ Jacob falou, enquanto eu lhe entregava o capacete e eu sorri, agradecida.

Se não fosse ele, ainda estaria ainda plantada em frente ao abrigo.

_ Obrigada, Jacob. Não vou morrer de frio, graças a você.

Ele riu e guardou o capacete.

_ Às ordens. Bem, agora eu tenho que ir, pois minha mãe deve estar me esperando e ela não gosta que eu me atrase para o jantar. Dona Alice é uma mulher muito brava.

_ Imagina! A tia Alice é tão calma e compreensível._ Falei com ironia e ele riu, me abraçando e me dando um beijo no rosto.

_ Boa noite, princesa. Até mais.

_ Tchau, Jake. Obrigada, mais uma vez, pela carona._ Falei, sentindo meu coração bater loucamente.

A pele onde ele beijara estava formigando e eu me repreendi por ser tão idiota.

“Ele gosta da sua irmã. Deixe de ser estúpida.” _ Respirei fundo, tentando afastar esses pensamentos e fiquei observando ele afastar-se.

Entrei em casa, tentando fugir do frio da noite e me deparei com Renesmee ao pé da escada, me encarando com um olhar fulminante e com os braços cruzados no peito.

A olhei por um momento, sem entender o porquê do seu mau humor e dei de ombros, seguindo em direção à cozinha, para avisar minha mãe que eu havia chegado.

_ Com quem você veio?_ Ouvi a voz de Renesmee e me virei novamente para olhá-la.

_ Jacob me trouxe, já que todos aqui parecem ter me esquecido._ Respondi, e ela ficou vermelha, fechando os olhos com força e suspirando.

_ Carlie, eu... Precisamos conversar. Eu gostaria de pedir que não aceitasse mais caronas do Jake. Ele e eu estamos juntos e acho que isso não fica bem. Afinal, agora, vocês são cunhados.

Suas palavras foram como bofetadas em meu rosto, mas eu procurei ignorá-las.

Afinal, ela era namorada do cara que acabara de dar uma carona.

Era natural que Nessie ficasse irritada com isso.

Eu no lugar dela, também ficaria.

Respirei fundo e dei um passo à frente, me aproximando dela.

_ Certo, Nessie. Da próxima vez, eu durmo no abrigo._ Falei e fui em direção às escadas, subindo rapidamente.

Senti lágrimas invadindo meus olhos e me xinguei mentalmente por ser tão idiota.

Eles estavam juntos e é claro que Nessie sentiria ciúmes dele se nos visse juntos.

Minha irmã sabia que eu também gostava dele.

Mas, a partir de hoje, eu teria que arrancar Jacob do meu coração, nem que fosse a força, antes que eu enlouquecesse de uma forma irremediável e perdesse o amor da minha irmã, que era mais importante do que qualquer coisa.

Alcancei meu quarto e fui direto para o banheiro.

Eu estava com frio e precisava de um bom banho, para limpar de mim toda a confusão desse dia.

Entrei no chuveiro e deixei a água me acalmar.

Escutei um barulho e olhei através do box embaçado, vendo minha mãe me encarando, preocupada.

_ Desculpe, querida. Seu pai teve uma emergência no hospital e não pôde buscá-la, mas só me avisou agora. Quando eu estava saindo para buscá-la, você chegou com Jacob._ Ela se explicou e eu sorri.

_ Tudo bem, mãe. O importante é que eu já cheguei._ Falei, terminando de enxaguar meus cabelos e ela ficou em silêncio, ainda me observando._ As crianças gostaram muito das atividades que eu levei. Da próxima vez, vamos começar a montar a árvore de natal._ Expliquei contente, me lembrando da carinha alegre das crianças e minha mãe sorriu.

Sempre que eu falava do meu trabalho no abrigo, eu ficava mais feliz e me esquecia dos meus problemas, que não eram muitos, mas no momento, estavam sendo capaz de me fazer perder a paz.

Aquelas crianças me faziam muito bem e eu nunca me cansava de estar com elas.

_ Que bom, meu anjo. Nem tinha me dado conta que o natal já estava chegando. Tia Rosalie ligou hoje e disse que chegará dentro de alguns dias, juntamente com a vovó Esme, o Seth e a Kristen.

Isso, definitivamente, soava perfeito.

Ter minha tia perto de mim nesse momento me faria muito bem.

Tia Rosalie tinha a capacidade de me confortar nos momentos mais difíceis e encontrar uma solução fácil para qualquer problema.

Eu apreciava muito o apoio e conforto que minha mãe me oferecia, mas certas coisas, não eram fáceis de serem confessadas a ela, e nesses momentos eu gostava de conversar com tia Rosalie, que fora a primeira mãe que eu tivera.

_ Fico feliz que eles estejam chegando. Estou com saudades de todos._ Falei, terminando de me lavar e me embrulhando na toalha que minha mãe me oferecia.

Ela me seguiu até o quarto e sentou-se sobre minha cama.

Vesti meu pijama e a encarei.

_ Mamãe, quer me dizer alguma coisa?_ Perguntei desconfiada e ela suspirou, estendendo os braços para que eu me sentasse ao meu lado.

Minha mãe estava preocupada com alguma coisa e não sossegaria enquanto não conversasse comigo.

E eu já tinha uma vaga ideia de qual seria o assunto.

_ Querida, sobre a Renesmee e o Jacob... Eu queria que vocês conversassem, para que não houvesse maus entendidos e que vocês não brigassem por coisas banais.

Respirei fundo e deitei minha cabeça em seu ombro, sentindo seus braços me rodearem.

_ Não vamos brigar, mamãe. Eu e Jacob somos amigos. Apenas isso. Se ele e Nessie estão juntos, a única coisa que posso fazer é desejar-lhes felicidades.

Ficamos em silêncio por um momento e senti suas mãos afagarem meus cabelos.

_ Mas você gosta dele, não gosta?_ Minha mãe perguntou suavemente, enquanto continuava acariciar meus cabelos e eu decidi que o melhor a fazer era ser sincera com ela.

_ Sim. Mas, isso é coisa de criança e vai passar. Prometo. Vou procurar meu próprio príncipe._ Falei, brincando e percebi que minha mãe estava sorrindo.

_ Não vai precisar procurar, minha linda. Logo, logo ele virá bater a sua porta. Você é linda e especial demais para ficar sozinha ou ter que ir a procura de alguém._ Minha mãe falou sorridente e beijou minha testa.

_ Obrigada, mamãe._ Respondi, me aconchegando em seu abraço e ficando ali até que o sono chegasse.

Jamais brigaria com minha irmã por uma coisa como essa.

Não valia a pena.

Minha mãe, meu pai e meus irmãos não mereciam ter a paz e a harmonia abaladas por bobagens de crianças.

A partir de hoje, Jacob não seria nada mais que um bom amigo.

XXXXX

Acordei horas depois e notei que estava devidamente deitada em minha cama, enrolada por muitos edredons.

E isso certamente era trabalho da supermãe Bella Cullen.

Espreguicei-me e virei meu corpo lentamente, olhando para a cama de Nessie e encontrando-a me encarando sob a luz fraca do abajur.

Ela parecia triste e a intensidade do seu olhar fez com que eu não conseguisse desviar o meu.

_ Me desculpe... Eu não queria falar daquele jeito com você._ Ela falou com a voz fraca e eu suspirei, me sentando.

_ Tudo bem, Nessie. Esquece isso. Afinal, ele é o seu namorado e você tem todo o direito de sentir ciúmes.

Ela saiu da cama e se aproximou de mim, me abraçando com força.

_ Eu sei que você gosta do Jacob e eu queria ser altruísta e deixá-lo pra você, mas ele é muito importante pra mim._ Nessie falou, chorando e eu a abracei também.

As lágrimas invadiram meus olhos e eu deixei que escorressem, limpando toda minha tristeza e angústia.

_ Tudo bem. Ele e eu seremos amigos, como tem que ser. Fique calma, pois eu quero que você seja completamente feliz ao lado dele. No momento, é isso que importa. Uma hora ou outra Jacob teria que fazer uma escolha e, se ele a escolheu, ótimo. Você é perfeita de muitas maneiras e é melhor pra ele. Então, tudo certo. Nossa amizade e relação de irmãs não vão mudar jamais._ Falei convicta e ela me olhou, sorrindo e limpando as lágrimas.

_ Que bom que pensa assim. Eu estou tão feliz. Você nem imagina o quanto. Desculpe, de verdade, pela minha crise de ciúmes idiota. Mas, sabe?... Eu ainda estou muito insegura. Não sei o que vai acontecer quando o papai descobrir e eu tenho medo de ter que me separar dele.

Fiz uma careta ao pensar na reação do nosso pai e, por fim, nos duas rimos, imaginando a cena.

_ O papai vai pirar, mas com o tempo ele aceita. Fique calma. E vocês terão todo meu apoio. Sempre.

Nessie me abraçou mais uma vez e voltou para sua própria cama.

Deitei novamente e me ajeitei sob os cobertores.

_ Boa noite, minha irmã gêmela..._ Ela falou sorrindo, lembrando-se da forma como ela me chamava quando nos conhecemos e eu sorri também.

_ Boa noite irmã gêmela._ Respondi com um sussurro suave e me aconcheguei novamente nos travesseiros, me entregando ao esquecimento do sono.

_ O vovô Cullen estava errado. A paz e a harmonia da nossa família jamais terá fim. Seremos sempre unidas e jamais vamos nos desentender por coisas bestas._ Ouvi a voz de Nessie e me virei para olhá-la.

Ela estava deitada de costas e encarava o teto.

_ Por que está dizendo isso?_ Perguntei curiosa e ela me encarou através da claridade da janela.

_ Há uns cinco anos atrás, eu tive o último sonho com o vovô Cullen, no qual ele me dizia que nossa felicidade tinha os dias contados. A mamãe falou para eu não me preocupar, que nada iria atrapalhar nossa harmonia. Os anos se passaram e tudo continuou perfeito... Até agora. Confesso que fiquei com muita raiva de vê-la chegando com Jacob. Mas, depois da minha crise de ciúmes, eu me lembrei desse sono e tive muito medo. Nós já ficamos um tempo separadas e eu não quero que isso aconteça outra vez. Nunca.

_ Isso não vai acontecer, Nessie. Fique calma. Estaremos juntas pra sempre._ Falei baixinho, tentando acalmá-la e caímos em um silêncio confortável.

Em pouco tempo já tínhamos dormido, entregando ao sono esse dia interminável, que merecia ser esquecido.

XXXXX

Pov. Bella

Esperei Edward chegar do hospital e fui encontrá-lo na sala.

Essa conversa não poderia passar de hoje.

Quando me viu, ele sorriu e veio em minha direção, me abraçando e me beijando.

_ Oi, amor... O que está fazendo acordada? Está tarde._ Ele falou em meu ouvido, fazendo minha pele arrepiar-se e eu o encarei seriamente.

_ Precisamos conversar._ Falei e ele me encarou preocupado.

_ Não fui eu._ Ele disse depois de uns segundos e eu o encarei, confusa.

_ Não foi você, o que?

_ Eu não fiz nada do que você vai me acusar, seja lá o que for._ Ele respondeu e eu ri, pegando sua mão e levando-o até o sofá da sala de estar.

_ Você não fez nada, Edward. Deixa de ser bobo.

_ Então o que você quer falar comigo?

_ É sobre as meninas. Carlie e Renesmee. Mas, antes que eu comece, quero que você tenha em mente que suas filhas cresceram e já não são mais as menininhas de antes. Elas já são adolescentes.

Edward estreitou os olhos em minha direção e passou as mãos pelos cabelos, em um claro sinal de nervosismo.

_ Certo. Eu já sei que vou odiar essa conversa, mas vá em frente._ Ela falou, recostando-se no sofá e eu deitei minha cabeça em seu ombro.

_ Bem... Acontece que Renesmee e Jacob querem sua permissão para assumir o namoro._ Resolvi ser direta, já que enrolá-lo não faria com que ele deixasse de ser exagerado.

_ O que?_ Ele gritou e deu um pulo do sofá, me encarando com o olhar fulminante._ Assumir o namoro? Mas nem por cima das minhas cinzas. Minha filha não vai namorar aquele pedófilo.

Revirei os olhos para ele e respirei fundo, tentando manter a calma.

_ Pedófilo, Edward? O menino tem pouco mais de vinte anos. Deixa de ser exagerado.

_ Ele está atrás das minhas meninas há anos e..._ Ele parou de falar e me encarou, amedrontado._ Espera... E Carlie? Não vai me dizer que além de pedófilo, aquele cretino é bígamo?

Eu gargalhei.

O assunto era sério, mas não tinha como não se divertir com as loucuras do meu marido.

_ Edward, por Deus! Será que dá pra agir como um homem normal? Eu entendo que você tenha ciúme das suas filhas, mas isso é ridículo. Conhecemos Jacob a vida toda e não existe ninguém melhor do que ele, que sempre amou e protegeu nossa filha, para estar ao seu lado. E não... Jacob não está com Carlie e Nessie ao mesmo tempo.

Ele respirou, aliviado e sentou-se novamente no sofá.

_ Não quero que minhas filhas namorem, amor. Só de pensar em alguém tocando-as, beijando-as e as levando embora, eu me sinto doente._ Ele falou com a cabeça entre as pernas e eu acariciei o cabelo de sua nuca.

_ Eu sei, Edward. É difícil pra mim também. Mas, é a vida. Não criamos nossos filhos para nós e sim para o mundo. Um dia, teremos que deixá-los ir. Você pegou pra você a garotinha de alguém e, agora, chegou a hora de entregar a sua garotinha na forma de retribuição. Conforme-se._ Falei com a voz suave e ele suspirou.

_ A garotinha que eu peguei tinha alguns problemas com o pai e eu tenho certeza que a fiz muito feliz. Que garantia você me dá que Jacob saberá cuidar de nossa filha como eu cuido de você?

_ Garantia nenhuma. Isso, só o tempo dirá. O que eu estou pedindo a você é o benefício da dúvida. Dê uma chance a eles e ao namoro deles. Por favor._ Pedi suavemente, beijando seus lábios e ele suspirou.

_ Beijos são golpes baixos, Bella._ Ele resmungou e eu ri.

_ Vamos para o quarto e eu vou lhe mostrar o que é golpe baixo._ Falei em seu ouvido e ele gemeu, me abraçando.

_ Não fala essas coisas. Por Deus, mulher! Eu acabei de chegar de um plantão, recebi uma notícia horrível e você ainda quer abusar de mim? Minha vida é mesmo ótima...

_ Não reclame de sua vida, amor. Ela é perfeita em muitos sentidos. O fato de suas filhas quererem namorar é absolutamente normal. Isso prova que são jovens saudáveis e que estão curtindo essa fase especial de suas vidas como se deve. Quanto ao plantão... Bem, foi você que escolheu ser médico, então..._ Beijei seu pescoço e o aproximei do meu corpo._ Agora, aproveitar-me de você é a melhor parte do meu dia. Não abro mão desse privilégio.

_ Você é uma provocadorazinha terrível, Isabella Cullen._ Ele falou com a voz rouca e eu sorri._ Mas, ainda não me convenceu. Não sei se aprovo esse namoro.

_ Edward, deixa de ser teimoso. Você vai ser tolerante com as meninas, porque esse é o papel de um pai. Caso precise interferir, eu serei a primeira a lhe apoiar. Mas, por hora, está tudo certo. Entendeu?_ Perguntei séria e ele suspirou, jogando os braços pra cima, em um claro sinal de derrota.

_ Ok... Você manda. Mas, eu estarei de olho. Se aquele moleque ultrapassar os limites com minha bonequinha, eu faço uma pequena intervenção cirúrgica em seu membro baixo e ele nunca mais vai ultrapassar limites com garota nenhuma.

Encarei-o, chocada.

Que história era essa, agora?

_ Que horror, Edward. Deixe de ser dramático. Você não vai capar ninguém, porque não será necessário. Edward sempre respeitou nossa menina e isso não vai mudar agora. Tenho certeza. Sem contar que Nessie ainda é muita nova para pensar em... Em... Bem, nessas coisas.

Edward me olhou por longos segundos e depois me tomou nos braços, beijando minhas testa.

_ Não quero mais falar sobre isso. Agora, vamos para o quarto que eu quero que você abuse de mim. Meu dia foi difícil._ Ele falou sorrindo e eu pulei em seu colo.

_ Então vamos, sogro..._ Falei, provocando-o e ele fez uma careta.

_ Sim senhora, sogra..._ Edward devolveu e eu ri.

Foi mais fácil do que eu pensava, afinal.

XXXXX

_ Estou muito feliz com o namoro do Jacob com a Nessie. Ele estava pensando em ir para New York, mas agora, desistiu pra poder ficar com a namorada._ Alice falou contente, enquanto andávamos despreocupadas pelo shopping de Seattle, fazendo as compras de natal e eu suspirei.

Já fazia duas semanas que Renesmee e Jacob estavam oficialmente namorando e as coisas iam bem.

Ao não ser por Carlie que andava um pouco triste e calada.

Edward adorava proferir aos sete ventos que a culpa da tristeza de Carlie era de Jacob, mas eu tentava contornar a situação, pois não queria mais problemas.

Ele surta todas as vezes que o namorado de Nessie a visita, mas como passamos a ignorar solenemente seus exageros, ele está aprendendo a se comportar.

Fico pensando se isso irá se repetir quando Carlie e Mallory aparecerem namorando.

Como eu sei que a resposta é sim, antevejo muitas dores de cabeça ainda.

Bem... Pelo menos Carlie está se esforçando para superar essa fase ruim de sua vida, o que me deixa feliz e aliviada.

_ Você deveria ter tido gêmeos, também._ Falei de repente e Alice me encarou, divertida.

_ É. Um filho para Nessie e outro para Carlie. Mas, não foi assim e como as duas não querem dividir um só, o jeito é conformar-se com a escolha de Jacob.

_ Você fala sério quando diz que é pra elas dividirem um namorado?_ Perguntei, entre incrédula e curiosa, pois se tratando de Alice eu esperava qualquer coisa.

_ Claro._ Ela respondeu e eu revirei os olhos._ Bella, seria um arranjo perfeito. Vivemos tempos modernos e isso serial algo perfeitamente natural.

_ Arranjo perfeito, Alice? Nessa história só o seu filho seria beneficiado. Mas, como isso não vai acontecer, porque nossos filhos tem mais juízo que você, torço para que logo apareça alguém na vida de Carlie, capaz de fazer com que ela esqueça Jake. Odeio ver minha filha sofrer.

_ Eu penso que já apareceu. Aquele garoto que trabalha com ela no abrigo parece bastante interessado em sua filha.

_ Embry?_ Perguntei e ela assentiu.

_ Esse mesmo. Já faz tempo que eu estou observando-os e acho que se Carlie lhe der uma chance, logo você terá outro genro.

Fiquei pensando nas palavras de Alice por um longo tempo.

Será que Embry estava interessado em Carlie?

Ele era um ótimo garoto e os dois pareciam ser bastante amigos, mas eu nunca observara nada de anormal.

Embry fora adotado por um casal de canadenses e saíra do abrigo aos oitos anos, voltando anos depois, para trabalhar como voluntário.

Ele e minha filha se deram bem logo de cara e sempre se ajudavam no preparo e execução das atividades com as crianças.

A ideia dos dois juntos me agradava e de repente eu me senti feliz.

Tudo daria certo, ao final.

XXXXX

Pov. Nessie

Natal.

Essa data jamais deixaria de ser perfeita.

Ter toda minha família reunida era muito bom.

Minha avó Esme viera de Boston com minha pequena tia Kristen e com seu marido Seth.

Eu adorava observá-los juntos, pois mesmo Seth sendo mais velho, ele a tratava com muito respeito e amor.

Tia Rosalie também viera, trazendo com ela minhas primas Nicolly e Anne.

Ela tinha problemas para engravidar e, por esse motivo, adotara a pequena Anne, que estava com quatro anos e parecia uma bonequinha.

Ela era morena e tinha os cabelos cacheados. Sua pele era sedosa e seus olhos possuíam uma cor impressionante. Eram tão negros que chegavam a brilhar.

Anne fora tirada de um abrigo dos Estados Unidos onde fora abandonada pelos pais biológicos quando estava com sete meses.

Minha tia queria adotar um menino, mas quando a vira se apaixonara totalmente por ela, enfrentando a justiça para tê-la como sua filha.

E lá estava ela. Nossa pequenina prima, que pertencia à família como qualquer outra criança e que parecia se dar perfeitamente bem com Nicolly, que a aceitara de uma forma muito boa.

Tio Emmett era tão babão com as filhas, que nem se importava de ser zoado pelo meu pai e pelo tio Seth.

Tinha a impressão que minhas primas teriam mais problemas do que eu para namorarem alguém.

Suspirei pesadamente e encarei Jacob, sentado do outro lado da sala, cercado por crianças que adoravam pousar para suas fotos.

Há pouco mais de duas semanas e eu ele assumimos nosso namoro.

Meu pai quase enfarara com a notícia e depois de muito drama, ficara dias sem conversar comigo, mas acabara aceitando meu namoro.

É claro que ele não me permitia sair sozinha com Jacob e sempre mandava um dos meus irmãos conosco, para ser nossa vela.

Eu não me importava, na verdade, mas sua falta de confiança em mim, às vezes me irritava um pouco.

Jacob me pegou encarando-o e sorriu, piscando para mim de forma doce.

Retribuí o sorriso e continuei olhando a minha volta.

Vovô Charlie e Sue também vieram para o natal, trazendo o pequeno Enzo com eles.

Meu tio era uma fofura e eu adorava quando ele vinha nos visitar.

Tia Alice, como não podia deixar de ser, também estava presente no natal, acompanhada dos filhos e do marido e nossa família e nossos amigos já estavam reunidos para nossa festa de fim de ano.

Já era tradição passarmos os natais aqui em casa, todos reunidos por vários dias, trocando novidades e alegrias.

Depois, nós sete, Carlie, Ethan, Mallory, Tyler, mamãe, papai e eu íamos para o Rio de Janeiro, curtir os prazeres de nossa ilha.

Mas, nesse ano, teríamos mais um integrante nessa viajem, pois se Jacob não fosse, eu também não iria.

E isso não era birra.

Era apenas o simples exercer do meu direito de estar ao lado de quem eu amava.

Suspirei, prevendo a briga que seria travada com meu pai e olhei ao redor em busca de Carlie.

Encontrei-a conversando animadamente com o Embry, o menino que a ajudava no abrigo, e sorri com a cena.

Embry havia saído do abrigo há alguns anos, quando fora adotado por uma família de canadenses. Seus pais estavam viajando pelo país e Carlie o convidara para passar o natal conosco.

Embry era um garoto muito legal e bonito. Tinha os cabelos castanhos, os olhos verdes e a pele bronzeada e parecia sempre disposto a ajudar alguém.

Ele era um pouco mais velho do que nós, mas parecia totalmente encantado por minha irmã.

Eu só esperava que Carlie se desse conta disto e proporcionasse uma chance ao rapaz.

Tudo que eu queria era que minha irmã encontrasse alguém e fosse feliz como eu era ao lado de Jacob.

Notei que minha mãe também observava Carlie de longe, e parecia bastante aliviada em vê-la conversando com um garoto.

A senhora Bella temia que minha irmã e eu travássemos uma briga para saber quem ficaria com Jake, e ver Carlie interagindo com outros garotos parecia tranquilizá-la.

Quando percebeu que eu a encarava, minha mãe virou o rosto e sorriu para mim.

Ela ficava linda a cada dia e eu não compreendia como meu amor por ela parecia expandir-se cada vez mais.

Retribuí o sorriso e fui até a mesa, me servindo de suco.

Meus irmãos não paravam de correr para todos os lados, atrás dos primos, amigos e tios e eu me perguntei de onde eles tiravam tanta energia.

Apenas Mallory se mantinha afastada da bagunça.

Minha pequena irmã esquisita, estava sentada no sofá, ao lado de minha avó Esme, e as duas pareciam bastante interessadas na conversa.

Meu pai mantinha-se em um canto, apenas observando Jacob e Embry, seu mais novo alvo, de cara feia.

Eu não entendia qual o problema do meu pai com nossos namorados.

Será que ele esperava que ficássemos para a semente, morrendo virgens, solteiras e imaculadas?

Revirei os olhos e fui em direção a Jacob, que me recebeu com um beijo no rosto.

Meu namorado ainda tinha um pouco de medo do meu pai, mas estava a cada dia ficando mais a vontade ao meu lado.

E isso enchia meu coração de alegria.

Apesar de todos os problemas, normais em qualquer família, eu era uma menina de sorte.

Minha família era linda e perfeita, meu namorado um príncipe e meus amigos um encanto.

Não podia garantir que nossa vida seria sempre assim, mas algo me dizia que sempre estaríamos unidos, pois éramos presos por um laço inquebrável.

O amor.

Logo brindamos ao natal e todos, juntos, compartilhamos de um momento único, onde a união, o amor, a amizade e a harmonia trabalhavam juntos na construção da felicidade.

Eu tinha noção que problemas diversos sempre bateriam em nossa porta, mas, saberíamos superar um a um, pois unidos éramos invencíveis e inseparáveis.

Minha adolescência estava oficialmente começada e eu esperava que fosse uma fase especial, marcada por momentos únicos e descobertas inovadoras.

Desde me nascimento, superei barreiras inimagináveis e esperava continuar superando-as.

Dia após dia.

Por que a vida é isso: aventura e superação.

E só alcança a felicidade quem se entrega completamente ao ato de viver.

XXXXX


Pov. Mallory

Eu odiava barulho, geralmente.

Mas, os barulhos e ruídos produzidos por minha família eram muito bons.

Tê-los todos reunidos era um dos meus melhores momentos.

Minha família não era nem de longe perfeita, mas, com certeza, era única e especial.

Eu tinha um pai excêntrico, que não aceitava que as filhas namorassem, uma mãe carinhosa e durona, irmãos malucos e irmãs encantadoras.

O que mais uma garotinha podia pedir?

Segundo a vovó Esme, todos os pedidos feitos na noite de natal se realizam e eu já li isso em algum lugar.

Queria fazer um pedido bastante especial, que beneficiasse a todos os que eu amo.

Eu poderia pedir mais irmãos, mas cinco filhos era um número satisfatório para pais como os meus.

Sem contar, que existia o sério risco de nascerem gêmeos outra vez e isso não seria bom.

Nossa casa ficaria pequena para tanta gente.

Poderia pedir por dinheiro, mas isso, temos de sobra.

Saúde, talvez, mas isso também não nos falta.

Olhei ao redor e fixei meu olhar em meu pai, que por algum motivo estava encarando alguém com os olhos fulminantes.

Segui a direção de seu olhar e percebi que ele olhava Jacob e Renesmee que estavam abraçados.

O senhor Edward acabaria enfartando com esses dois, mas eu tinha que confessar que suas caras e atitudes eram hilárias desde que minha irmã me dera um cunhado.

Olhei para Carlie e a vi conversando com o tal Embry e decidi que o meu pedido seria direcionado a ela.

Minha irmã andava muito triste ultimamente.

“Papai Noel, eu sei que você não existe de fato, mas eu queria lhe pedir uma coisa, em nome da tradição do natal: faça com que minha irmã, Carlie, se apaixone pelo Embry e pare de sofrer pelo Jacob... Ah, e claro... Permita que a história da louca adolescência das minhas irmãs mais velhas se desenvolva, para que possamos conferir suas aventuras, medos, jornadas, erros e acertos. É só o que eu quero. Amém!”

Falei em pensamento e olhei para o teto.

Isso poderia até parecer estupidez, mas eu esperava sinceramente, que funcionasse.

E é claro que eu mal podia esperar para ver o que essa história iria dar.

Analisando o começo, a adolescência das minhas irmãs seria um barato.

Deixei de lado minhas conjecturas assim que ouvi a palavra presentes.

Agora, era a hora de assumir meu papel de criança.

Deixaria por hora, meu QI de lado e me juntaria aos normais para brincar e ser feliz.

Afinal, a vida é uma só e precisar se vivida de verdade.






































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Notas finais do capítulo

Oie... Apesar do atraso de uma hora e alguns minutos, eu cumpri o prometido: capítulo extra no natal.Espero que tenham gostado...Dependendo da resposta dos leitores, Por um segredo pode ganhar uma segunda temporada, contando a adolescência de Carlie e Renesmee...Mas, por hora é só...Desejo a todos um FELIZ NATAL (atrasado) e um 2013 cheio de alegrias e realizações.E espero que todos estejam comigo em 2013, pois a Saga Crepúsculo acabou, mas a vontade de escrever e o amor de fã não acabarão jamais.Agradeço a todos que leram essa fic e tiveram paciência com a demora das postagens. Agradeço aos que comentaram e recomendaram... Agradeço aos que criticaram, pois isso só me ajudou a melhorar.Gente, obrigada... Mesmo!Espero encontrá-los em muitas outras fics...Beijos no fundo do coração...De: Bruna Diniz Cullen