Not Strong Enough escrita por Adams


Capítulo 21
Capítulo Vinte


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou rápido!!! :D
Bem, capítulo mais dramático da história até aqui, já aviso.
Bem, indico que escute a música "Love/Hate Heartbreak" do Halestorm (realmente existe a banda citada no capítulo anterior :D) porque, bem, ela combina com o capítulo.
Link da música:
http://www.youtube.com/watch?v=x7n0iizglK0
E pra quem quer ver a tradução, que também combina:
http://letras.mus.br/halestorm/1503838/traducao.html
:D :D
Bem, espero que gostem do capítulo (o que eu acho impossível) e... Sei lá, nos vemos nas notas finais. :]



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Capítulo Vinte

Abri a porta, agradecendo mentalmente por ela estar aberta, e em um rompante entrei na casa, sendo imediatamente recebida com a visão de Thomaz, que para a minha felicidade, estava sentado logo em um sofá, bebendo de uma garrafa de cerveja enquanto discutia algo trivial com um grupo de rapazes. O olhar que ele me lançou fez com que eu imediatamente ficasse gelada.

Thomaz abriu a boca, provavelmente para fazer-me ouvir o sermão mais longo da minha vida, porém eu não tinha tempo pra isso, eu tinha que consertar o erro que havia cometido. Balancei a cabeça, em um “não” mudo enquanto corria o máximo que podia até o andar de cima, desviando de coisas no chão e garotos que saiam de seus quartos. Parei em frente à última porta do corredor, quase dando de cara com o mogno negro, porém quando levantei a mão para bater, travei. O medo me consumia por inteiro; o medo da reação dele. Talvez Cameron entendesse e me desculpasse, porém talvez ele estivesse irritado demais para sequer cogitar tal informação.

O som do meu coração bombeando sangue preencheu meus ouvidos, quase que deixando-me surda, porém ainda sim parecia que alguém o segurava em mãos, apertando-o a cada momento mais e mais, fazendo com que a aflição crescesse em meu peito.

Em um átimo de coragem que não possuía, abri a porta, lentamente, com cada instante se arrastando pelo que pareciam horas, do modo mais doloroso imaginável.

Vi Cameron deitado em sua cama, na parte inferior de um beliche, olhando para o estrado à cima de sua cabeça enquanto os braços serviam de travesseiro.

- Cameron... – Chamei baixinho, arriscando-me entrar no quarto.

Ele permaneceu calado, como se não tivesse me escutado, porém o maxilar trincado e os músculos tensos rapidamente o denunciaram.

- Cameron, por favor, olhe pra mim – falei mais alto, trancando a porta atrás de nós.

Ele lentamente olhou em minha direção, com os olhos de um azul tão frio que em instantes senti-me congelando de dentro para fora. Só o vi assim uma vez na vida, e me lembro como se fosse um pesadelo há me assombrar. Nós tínhamos quatorze anos e havíamos brigado por algo que nem me lembro, mas estava tão irritada que não medi as consequências ao dizer que o odiava, sentindo-me instantaneamente inferior quando ele me olhou e seus olhos me atravessaram, de um azul tão límpido porém ao mesmo tempo tão frio que me fez sentir-me imediatamente vazia. Agora, me sentia da mesma forma, porém era muito mais doloroso, pois também me sentia indigna.

Ele levantou-se da cama, parando exatamente em minha frente, impassível, com os braços cruzados em frente ao corpo em um sinal defensivo e o exterior indiferente.

Eu sentia que lhe devia respostas, mas eu simplesmente não conseguia pronunciar nenhuma palavra. Abri a boca, uma, duas, três vezes, mas nada saiu.

Cameron me olhou decepcionado, voltando a se sentar em sua cama, com seus olhos novamente perdendo-se em um ponto cego do quarto.

- Vá embora, Leana. – Meu nome saiu como lamuria por seus lábios.

- Não... – Murmurei, fechando os olhos com força.

- O que então? – Gritou exaltado, levantando-se da cama enquanto as veias de seu pescoço saltavam. – O que você vai me dizer agora? – Ele afinou a voz, a fim de imitar minha voz, porém suas palavras foram de escárnio. - Me desculpe Cameron, eu sinto muito.

Eu me encolhi.

Não havia nada em suas palavras, a não ser um ódio gelado que escorria ao nosso redor como veneno. Algo tão profundo que nem mesmo em seus piores momentos de real ódio, havia visto.

Cameron aproximou-se mim, socando a madeira atrás de mim, com os punhos acertando exatamente o espaço vazio ao lado da minha cabeça enquanto me encurralava com seu corpo.

- Eu sempre estive do seu lado. Quando você era uma pirralha idiota que não sabia se defender e corria até mim sempre que se metia em problemas, quando você brigava com suas amigas estúpidas, quando você quebrou a perna e chorava como um bebê... Até quando eu tinha que te odiar eu estava do seu lado! Quando você brigava com seus pais eu estava do seu lado! Quando precisou de apoio eu estava do seu lado! Eu sempre estive do seu lado! – Ele gritou a última parte mais alto, fazendo-me soltar um soluço baixinho. Mas ele não parou, pelo contrário, novamente socou a madeira atrás de mim, falando ainda mais alto. – Na única vez que pedi para que você estivesse do meu lado, você não estava! Sabe como eu me senti te vendo ir embora correndo assim que pisei no palco?! Ver, que no momento em que eu precisava de apoio você não estava?! – Ele se calou, soltando o ar pela boca que se chocou quente contra meu rosto frio. Seus olhos se abriram, e ali, eu vi apenas a dor. – Eu me senti sendo despedaçado, lentamente, como se fosse algo descartável. Como se não valesse nada para você Leana! – Ele calou-se abruptamente, deixando que apenas sua respiração pesada fizesse algum ruído entre nós.

Com os dedos trêmulos, toquei seu rosto, porém Cameron instantaneamente desviou-se de mim, deixando minha mão no ar enquanto ele olhava para um ponto cego no chão.

- Me desculpa, está bem?! Eu queria estar lá quando você descesse do palco, eu queria ter sido a primeira a dizer que você tinha sido incrível, a te abraçar e dar os parabéns. Mas eu não pude! – Bruscamente, puxei seu rosto, abarcando-o com as mãos e fazendo com que os olhos de Cameron encarassem os meus. – Eu não pude.

Cameron cobriu suas mãos com as minhas, prendendo meus dedos e me empurrando delicadamente até sentir minhas costas tocarem contra a madeira. Seu corpo colou o meu.

- Você mudou Leana. Não encontro mais àquela garotinha por quem fui apaixonado durante tantos anos, que desenhava bigodes nos rostos estampados nos cadernos de princesas, dizia o que passava pela cabeça e amava as ideias mais insanas que lhe fossem apresentadas. – Ele apertou minhas mãos presas às dele. – Você mudou, e eu não sei se te conheço como antes. Até quando te toco você acha um jeito de se esquivar. – Ele olhou em meus olhos, esperando que eu o contrariasse.

Talvez eu tivesse fazendo isso ultimamente. Com todo o estresse da faculdade, Meredith tentando me processar e a tentativa fracassada, que ainda me assombrava, de trabalhar com a artista plástica amiga de Matthew; eu estivesse relaxando em minha vida pessoal. Talvez, sem perceber, acabara deixando Cameron de lado. E eu me sentia péssima por isso.

- Não importa o que aconteça, você é a pessoa que amo Cameron. Isso não mudou, e nunca vai mudar. Não importa quanto erros cometidos, não importam quantas brigas vamos ter, eu sempre vou te amar! – Disse, sentindo meus olhos lacrimejarem enquanto apertava cada vez mais as mãos de Cameron, como se assim conseguisse prendê-lo a mim.

Cameron tentou se soltar do aperto de minhas mãos, porém o segurei impedindo que se afastasse, com meus olhos cravados nos deles esperando que me olhasse. Permanecemos imóveis durante alguns minutos, até que por impulso, colei meus lábios nos deles, sentindo aquele gosto tão singular que somente pertencia à Cameron. Ele me prensou contra a porta, mordendo um de meus lábios enquanto sentia a dor dele atravessar meu corpo.

Era isso, eu podia sentir em cada fibra de meu corpo, era uma despedida, da qual não queria que acontecesse. Um beijo que a única coisa que possuía era a dor de uma separação.

- Talvez precisamos de um tempo, Leana – Cameron disse suspirando, um suspiro cansado e dolorido.

Abri meus olhos, escutando minha respiração falhar enquanto meu coração perdia uma batida.

- Não... – Sussurrei, quase inaudivelmente.

Cameron me ignorou e continuou a falar, sem olhar em meus olhos como faria de costume.

- Decidir quais são nossas prioridades, nos dedicar à carreira que sempre sonhamos... – Ele sorriu, um sorriso triste e trêmulo, onde seus olhos não brilharam, mas assumiram um tom de azul esverdeado opaco e sem vida. – Vai ser melhor para nós dois.

- Não... – Repeti.

Cameron se soltou de mim, caminhando em direção à sua cama.

- Vá embora, Leana – ele disse suavemente.

Senti meu coração despencando, enterrando-se em meu peito e desaparecendo. Eu me sentia vazia.

- Eu sinto muito – disse, pouco antes de destrancar a porta e sair, porém não antes de receber um último olhar por sobre o ombro de Cameron. Juro ter visto uma lágrima solitária cair.

De cabeça baixa, desci as escadas, passando pela sala onde Thomaz me olhou apreensivo, porém não me importei, eu me sentia vazia.

Quando finalmente senti o ar frio chocar-se contra minha pele, comecei a caminhar sem rumo, até que em certo momento já me encontrava correndo pelas ruas iluminadas por postes de luz. Eu não queria parar, não queria olhar para trás, pois talvez assim, somente talvez, eu conseguisse esquecer por um momento o maior erro que cometera.


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Notas finais do capítulo

Então? Então? Então? O que acharam? Mereço reviews? Ameaças de morte? Críticas? Exprimam suas opiniões nos reviews!!! :D
Bem, se quiserem dar ideias pra fic fiquem à vontade, às vezes eu fico meio sem criatividade. :D
Bem, até o próximo capítulo. Acho que posto domingo de noite, mas como tenho uma prova segunda-feira é capaz de eu postar na segunda de noite. De qualquer jeito... Já entenderam, né?!
Bem, até o próximo capítulo. :D