My Immortal 2 escrita por Sakura Jackass


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

BOA LEITURA *-*



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Como toda mulher , eu tinha vontade de mudar alguma coisa em meu corpo. E o que eu mais gostaria de mudar era o meu coração. Ele era tolo e frágil, emo demais.

O problema era que plástica nenhuma podia mudar isto , e eu não conhecia nenhuma "maquiagem" para a alma. O jeito era deixar transparecer, ou, como eu sempre fazia, sorrir.

Durante minha vida aprendi a nunca confiar em sorrisos. Na maioria das vezes eram falsos, nunca felizes.

A vida me fez adquirir várias manias estranhas... como não encarar as pessoas por muito tempo.Minha mãe dizia-me sempre que, quando alguém não conversa olhando nos olhos esta pessoa era falsa.

Acho que ela estava errada. Eu não gostava de olhar nos olhos das pessoas, não por falsidade, mas por medo de que as pessoas conseguissem enxergar minha alma. Ela não era uma boa paisagem, entende ?

Senti o carro parar. Lilitih se virou e com uma expressão de imensa aflição falou :

- Chegou a hora.

Respirei fundo. Eu estava muito nervosa. E tinha como não ficar ? Eu estava prestes a falar com o pai morto de uma defunta. É muita pressão, acredite.

- O que faremos ? Você planejou tudo, certo ?

Lilitih ficou uma pequena eternidade olhando para suas mãos. Enzo olhou para mim, como que procurando alguma resposta. Eu não tinha uma.

- Olhe, eu realmente não sei bem o que fazer... - ela finalmente disse, ainda sem levantar o rosto.

- Como assim ? Você me faz vir até este fim de mundo , atrás de um fantasma e me diz que não sabe o que fazer ?! - a raiva começou a tomar conta de todo o meu corpo, minhas mãos começavam a se fechar, preparando-se para acertar a cara de Lilitih.

- Se acalme , por favor - a voz de Lilitih era quase um sussurro. - Eu pensei em várias coisas, vários jeitos de ... de falar com ele. Mas, sinto que ele nunca vai me perdoar...

Wendy não podia dizer , mas sentia o mesmo. Enquanto pensava em tudo isto, tentou se colocar no lugar do pai dela várias vezes.Enzo colocou Lilitih em seus braços e a abraçou com ternura.

Não consegui sentir ciúmes naquele momento, por mais malvada e doentia que Lilitih fosse, ela precisava de um abraço. Abraços fazem verdadeiros milagres.

Ela se afastou devagar de Enzo e depois de respirar fundo, voltou a falar.

- Minha casa é o número 354. Há uma chance dele não estar em casa... Eu realmente não sei, mas precisamos ter certeza de que ele vai estar lá. - ela se virou para Enzo - Você tem certeza de que todos os que se ... se matam ... eles não ... somem ?

- Tenho. - respondou Enzo, sem mais detalhes.

- Certo... - novamente ela se virou para mim - Está pronta ?

- Acho que sim. - menti, eu não estava pronta, talvez nunca ficasse pronta.

- Bom , primeiramente precisamos ter total certeza de que ele está lá... Você precisa vê-lo, por isso precisamos encontrá-lo antes das 18:00. Enzo disse que este período de tempo em que podemos vê-los são com todas as almas...

- O que direi ?

- Enzo e eu conversamos , e ele teve uma idéia. - ela olhou para ele - Conte a ela.

Enzo olhou para mim, o que fazia meu coração saltar feito um louco. Meu corpo já começava a queimar.

- Quando você vê-lo , vai precisar agir naturalmente. Ele não pode descobrir que você sabe que ele já está morto. Então, aja como se estivesse conversando normalmente com uma pessoa... viva. Seja simpática, para não assustá-lo...

Quase ri com esta parte. Não assustá-lo ? Onde já se viu uma VIVA assustar uma pessoa MORTA ?!

- Você dirá que é uma velha amiga de Lilitih. Se conheceram na sua antiga escola, mas você teve de se mudar no meio do ano, e desde então nunca mais a viu. Digas que sente saudades dela, e que acabou descobrindo que ela estava morando ali... Vamos analisar a reação dele em relação a Lilitih... E então só depois decidiremos se ela deve ou não se encontrar com ele.

- Entendi...

- Eu pedi a Enzo que fosse com você ... para ele mesmo analisar qual será a reação dele em relação a mim... Mas Enzo disse que almas sabem reconhecer outras almas... Então, infelizmente, você terá de ir sózinha.

Cínica ! Ela tinha a cara de pau de dizer "infelizmente". Tudo o que ela mais queria era me ver se ferrando, sózinha, longe do Enzo.

- E eu realmente prefiro ir sózinha. - menti, tentando não mostrar todo o meu ódio que a cada dia só aumentava por ela.

- Eu e o Enzo vamos te esperar naquela lanchonete. - ela apontou em direção a uma pequena lanchonete que parecia ser um pouco antiga. - Lhe daremos o carro para que você vá até a minha antiga casa, quando terminar, encontre-nos e vamos ver o que faremos. Minha casa fica na próxima esquina, você vai encontrá-la. Não se esqueça, número 354. Até breve.

Os dois desceram do carro e foram andando de mãos dadas em direção a lanchonete.

Fiquei ali, parada respirando fundo diversas vezes, até descer do carro também e me sentar no banco do motorista.

Ali, respirei fundo mais algumas vezes, e finalmente, liguei o motor do carro e começei a andar.


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