Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 90
Um Toque de Magia (Vol. 8) - Capítulo 4




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   Pedro Dias tinha de admitir para si mesmo que o facto de ter sido despedido andava a prejudicar a investigação secreta que levava a cabo. O ex-agente tinha concluído que o seu próximo passo seria falar com Leonardo, o rapaz que esteve presente no beco onde Henrique Gomes fora assassinado. Mas claro, isso só iria acontecer quando soubesse onde o jovem morava… Pensou em ir até ao hospital e pedir a uma das enfermeiras a ficha médica dele, mas sem o seu distintivo não podia fazer nada. Então, apenas havia uma maneira de o conseguir… Tinha de pedir ao seu ex-chefe. Pedro sabia que o mais provável era não conseguir nada, mas tinha de arriscar na mesma. Depois do acidente que teve no beco, a polícia interrogara Leonardo e ficara com os seus dados. O jovem não levou nenhuma acusação pois foi considerado que ele estava no sítio errado, à hora errada. No entanto, Pedro não acreditava naquela desculpa… Ele sabia que Leonardo tinha conhecimento de algo…

   Sem grandes esperanças, o ex-detective dirigiu-se bem cedo à pastelaria existente na avenida principal, onde geralmente o Sr. River tomava o pequeno-almoço e esperou pelo homem. Sabia a hora exacta a que ele frequentava o espaço, acompanhara-o muitas vezes.

   Nem cinco minutos tinham passado quando River entrou na pastelaria… E Pedro não fez cerimónias. Dirigiu-se de imediato ao homem…

Pedro - Bom dia Sr. River! Que coincidência…

Cumprimentou-o como se nada se estivesse a passar.

Chefe River - Pedro, meu rapaz! Tão cedo por aqui? Se não soubesse o que tinha acontecido, diria que ainda estavas a trabalhar!

Respondeu com simpatia, mas alguma inteligência.

Pedro - O que posso dizer? Acho que é do hábito!

Pedro sabia como agir. A sua postura estava descontraída e falava com calma.

Chefe River - Como tens passado? Não me parece que já tenhas recuperado totalmente…

River parecia estar a ser sincero… Parecia preocupar-se com Pedro, mas este sabia que aquilo era um jogo. Não acreditava em nada do que saísse da boca de River.

Pedro - Tenho andado melhor… Tenho tido tempo para reflectir sobre as minhas acções e sobre os meus erros! Realmente andei um pouco descontrolado…

Pedro estava a dar razão a River, em relação ao seu comportamento. Tinha de fazer com que o seu ex-chefe acreditasse que ele estava a recuperar de alguma insanidade que tivera.

Chefe River - Ainda bem, ainda bem… Fico satisfeito por saber que reconheceste o teu problema! Estava na altura de te tratares…

Aquela conversa estava a deixar Pedro enjoado. A hipocrisia de River era incrivelmente patética. Farto, foi direito ao assunto que o levara ali e abordou-o com a mesma postura que manterá até ao momento.

Pedro - Tem toda a razão… E por falar nisso, podia ajudar-me a resolver algo! Ando à procura daquele rapaz, o Leonardo, que esteve presente no beco… No dia em que o Henrique… morreu!

Ainda custava-lhe falar do que acontecera ao seu melhor amigo.

Pedro - Gostava de saber a morada dele, para podermos falar. Deve ter sido traumático tudo a que ele assistiu… Gostava de poder ajudá-lo! É apenas um adolescente, deve estar assustado!

Chefe River - Pedro, já avisei-te… Afasta-te deste assunto! Não te envolvas mais… O rapaz está bem, não precisa de ajuda! Tu é que precisas!

Respondeu com firmeza.

Pedro - Não vejo qual é o problema…

Pedro tentou argumentar, mas River interrompera-o…

Chefe River - Já disse o que tinha a dizer Pedro! Não sejas insistente!

River virou as costas e saiu da pastelaria, sem ter pedido nada. Pedro reparou o quanto o homem ficara incomodado e isso deixara-o satisfeito. Porém, não tinha conseguido a informação que tanto queria. À medida que River afastava-se, Pedro ficara no meio da pastelaria, a observá-lo. Subitamente, viu alguém a cruzar-lhe com ele, alguém que vira recentemente em algum lado…

Todos os seus pensamentos foram interrompidos quando reconheceu o homem louro, de olhos azuis e com um ar perigoso. Era um dos assassinos do beco que ajudava aquele monstro que se parecia com a jovem Vanda. Instantaneamente recordara-se do seu nome… Lezard. Pedro esqueceu-se automaticamente de River e foi atrás do feiticeiro. A sua sede para vingar a morte de Henrique, estava agora mais apurada do que nunca. Onde quer que o apanhasse, Lezard iria pagar bem caro…

*

   Na avenida principal, mais precisamente frente à pastelaria onde Pedro Dias se encontrava, Lezard caminhava nas suas habituais roupas pretas. Estava ansioso para encontrar as Night Watchers e os seus ajudantes… Ia matá-los um a um. Não havia nada que o deixasse mais satisfeito do que agradar Abaddon.

   O feiticeiro negro não gostava de vaguear pela vila durante o dia, mas se queria apanhá-los de surpresa tinha de o fazer. Além disso seria a melhor maneira para os encontrar sozinhos, já que há noite o grupo costumava estar reunido. Lezard preferia acabar com um de cada vez, seriam confrontos mais justos… Era bastante poderoso, mas contra duas Night Watchers, e uma rapariga mais forte que o lendário Hércules, as suas hipóteses de ser bem-sucedido diminuíam. E ele sabia que havia alguém eu também mexia com Magia… Não tinha a certeza de quem seria, mas as suas suspeitas iam para Érica, a Night Watcher responsável por Cila. E era exactamente por aí que ia começar… O primeiro passo seria dirigir-se a casa dela e espiar um pouco a sua vida. Se estivesse sozinha, ainda melhor. Acabaria com ela de uma vez. Lezard sabia onde Érica morava desde que fizera o feitiço de localização da sua casa, para Giovanni. O feiticeiro não compreendia porque é que Abaddon enviara o vampiro para assassinar a Night Watcher… Ele era mais merecedor que Giovanni, conhece o seu poder, a sua Magia… Sabe que em poucos segundos consegue acabar com ela. Era uma pena Abaddon desprezar Magia e não o ter enviado há mais tempo. Tudo já podia ter acabado bem mais cedo.

   Àquela hora os humanos iniciavam as suas rotinas… Acordar, trabalhar e voltar para casa. Lezard achava-os insuportáveis, assim como as suas vidas. Também ele era daquela raça independentemente de já possuir 127 anos, no entanto nunca considerou-se como tal. Desde bem cedo que se iniciara na Arte das Trevas e sempre tivera gosto pelo lado negro… Fora algo que já nascera com ele. Hoje, já não tinha a certeza se o seu corpo físico era 100% natural… A Magia a que tinha acesso permitira-lhe preservar as suas células, de modo a que não envelhecesse. Qualquer outra pessoa não chegava àquela idade, muito menos com a aparência que ele ainda tinha. Para o feiticeiro a raça humana era sem qualquer dúvida, uma raça fraca. Tinham capacidades para tanto e não se esforçavam pra fazer nada. Então, enquanto andava e observava-os, teve vontade de lançar uma maldição na rua… Algo como enviar todas as pessoas que ali estavam para outra dimensão, ou abrir um buraco no chão de modo a engolir tudo. Já que tinha trabalho a fazer, podia aproveitar e espalhar um pouco de terror por Cila. Certamente Abaddon iria adorar. Mas houve algo que interrompeu as suas ideias… Ou melhor, alguém. Lezard sentiu que estava a ser perseguido por alguém que desejava-lhe a morte, os seus sentidos eram apuradíssimos e detectavam vários tipos de sentimentos. Nada que escapava ao seu radar psicológico. O feiticeiro parou e olhou para trás… E rapidamente avistou Pedro, o polícia que sobrevivera ao ataque de Abaddon. Não podia deixar que o homem o apanhasse… Sorriu para o detective e num piscar de olhos desaparecera do local.

   Pedro Dias parou a meio da rua… Lezard tinha simplesmente evaporado assim que o vira. O ex-detective nada pôde fazer. As coisas não estavam a correr-lhe muito bem. Até agora não tinha tido sucesso em nada do que fizera e acabara de perder uma boa oportunidade para vingar Henrique… E não havia nada que o deixasse mais furioso do que aquilo.

Pedro - Foda-se!

Reclamou em alto e bom som… As pessoas que passavam perto dele pararam ao ver aquele comportamento, com cara de desaprovação. Indignado e sem querer saber se ferira a susceptibilidade a alguém, virara costas e saíra dali. Não devia nada a ninguém, estava pouco preocupado com o que os outros achavam…

*

   Por muito que o ambiente ainda estivesse calmo pelas ruas de Cila, no ferro-velho o cenário era completamente o oposto. Nos últimos dias, muito material havia chegado… Carros sem arranjo, máquinas velhas e tecnologia fora de uso enchiam o espaço isolado mais do que nunca. Vários trabalhadores encontravam-se bastante ocupados a esmagar tudo o que era lixo… Enquanto outros procuravam peças que pudessem voltar a ser reutilizadas. O barulho das máquinas que usavam era insuportável e alguém que não estivesse habituado àquela agitação, ficariam com dores de cabeça em poucos minutos.

   Um dos homens afastou-se um pouco dos colegas para examinar um dos locais. O espaço ainda era grande e ultimamente o trabalho era bastante… Então, todos os dias dedicavam-se apenas a uma das zonas do ferro-velho de modo a realizarem as tarefas com uma boa organização. Ao aproximar-se de um dos carros que ali estava, começou a ouvir um barulho completamente distinto de todos os outros… Vinha do seu interior e parecia o som de alguém a vasculhar algo no meio da “tralha”. Com alguma curiosidade, aproximou-se para investigar o que se passava. Na sua mente passou-lhe a ideia de que talvez fosse um gato… Existiam muitos por ali. Porém, o som começara a aumentar de uma forma significativa, o que excluiu a hipótese de ser a gataria.

Trabalhador - Quem é que está aí?

Perguntou à medida que se aproximava. Ninguém respondera, e uma lata fora lançada na direcção do homem acertando-lhe no peito…

Trabalhador - Então? Que brincadeira vem a ser esta? Respeitem quem trabalha!

Reclamou, mas não voltara a obter resposta. Um grunhido fora escutado e mais uma vez, fora lançado ao trabalhador uma lata. Esta última foi atirada com rapidez e acertara-lhe na cabeça sem que ele tivesse tempo de se defender.

Trabalhador - Mas que raio…

E avançou em direcção ao carro… De repente, uma pequena criatura com traços humanos saiu do veículo aos pulos e pôs-se frente ao homem. Das outras janelas saíram mais quatro e fizeram exactamente o mesmo. As cinco criaturas pareciam animalescas, no entanto estavam vestidos todos de igual, cada um com uma cor distinta. O trabalhador assustou-se perante aquele cenário e começou a recuar atrapalhado, até cair de costas.

Trabalhador - NÃO... Não me magoem, por favor!

Implorou. Os cinco Goblins começaram a gritar e aos saltos, passaram por cima do homem sem o ferir. Também estes estavam assustados, só gostavam de uma pessoa… Ísis Rocha. Sem saberem para onde iam, fugiram do ferro-velho. O homem ficou para trás, com ar de admiração pelo acabara de ver e aliviado por nada de mal ter acontecido.


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