Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 83
Amor VS Ódio (Vol. 7) - Capítulo 11




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   Tudo parecia diferente aos seus olhos… As ruas tinham outras cores e os raios solares que lhe penetravam na pele eram relaxantes. Sentia-se mais leve… Todo o aborrecimento e nervosismo haviam desaparecido e foram substituídos por uma sensação de bem-estar geral. Já há algum tempo que Carlota, a metamorfo, sentia-se parada e sem evoluir. Ajudar a fazer algo ou a realizar um objectivo fez com que se sentisse viva novamente. Claro que o jovem Leonardo tinha sido, em grande parte, o causador daquela perspectiva de vida. E curiosamente a descendente do bem, Jéssica, também tinha tido alguma influência. A energia que lhe tinha sido passada há alguns minutos atrás despertou-a para novos horizontes. Carlota não possuía sentimentos por ninguém há anos… E agora, para além de começar a sentir pena dos humanos e da sua frágil mentalidade, tinha a certeza que estava apaixonada por um. Leonardo era bem diferente dos outros e o facto de ela saber que o sentimento era correspondido fazia-a sorrir… O que não era costume, pelo menos, sem haver sarcasmo e malicia.

   A parte mais difícil seria esconder tudo de Abaddon. O demónio não podia saber de nada, nem sequer da presença de um descendente do bem ali em Cila. Isso poderia causar problemas a Leonardo e aos outros que lidavam com ele. Carlota não queria que nada de mal acontecesse ao jovem… Nem a ela. Aos Night Watchers já era outra conversa, por muito que tentasse estar a ver as coisas de uma forma diferente, continuava a detestá-los. Mas estes eram amigos de Leonardo, então também tinham de ser protegidos. De qualquer dos modos, ia ser complicado enganar Abaddon e tinha de ter muito cuidado.

   Carlota estava tão distraída nos seus pensamentos que nem notou a presença de alguém que se aproximava com rapidez. Apenas quando esta a chamou é que a metamorfo caiu em si…

Carol - Carlota?

Era Carol, ou melhor dizendo, o demónio Jezebedth no corpo de uma rapariga loira e bem engraçadinha. Carlota tinha-a obrigado a embarcar numa viagem para encontrar respostas que resolvessem o problema de Abaddon. E agora, a sua ex-amiga tinha regressado.

Carlota - Carol…

Disse com admiração. Nesse momento recordou-se de todas as críticas que fizera a Carol por esta ter mudado de vida… E no final, era ela quem tinha razão. Tudo o que Carlota precisava era de uma mudança. Momentaneamente, arrependeu-se de ter cortado relações com ela e de ter sido tão fria. E aí apercebeu-se que mais uma coisa tinha acontecido… Pela primeira vez em muito tempo, voltara a sentir arrependimento de algo.

Carol - Sim, sou eu e trago respostas! Nem sabes o trabalho que me deste…

Carol parou imediatamente de falar e ficou por uns momentos a olhar pra Carlota.

Carol - Espera lá… Chamaste-me Carol e não Jezebedth, nunca o fizeste…

Jezebedth percebeu logo que alguma coisa estava mudada na metamorfo. Carlota nunca aceitara que o demónio tivesse mudado o seu nome para Carol e recusava-se a chamá-lo por tal.

Carol - O que é que te aconteceu?

Perguntou desconfiada.

Carlota - Vou ser rápida a dizer-te isto… Até porque nem estou habituada. Mas devo-te um pedido de desculpas! Tinhas razão… Comecei a cansar-me dos jogos de Abaddon! Tudo o que eu precisava era de uma mudança e de aceitar o mundo como ele é! E aqui estou eu, a trabalhar para isso!

A metamorfo foi muito directa e Carol ficou com um ar surpreendido.

Carol - Eu consigo ver… Até a tua postura está diferente! Existe mais algum motivo por trás disso? Consigo sentir que não estás a contar-me tudo…

Carlota quase que se esquecia que Jezebedth, como demónio da falsidade, tinha a capacidade de saber quando estavam a dizer a verdade ou a mentir e quando alguém não estava a contar tudo acerca de uma história.

Carlota - Pode-se dizer que sim… Alguém!

Como não havia razão para esconder a verdade, Carlota continuou a ser directa. Sentia-se descontraída, mas ao mesmo tempo estranha por estar a ter uma conversa daquelas. Carol sorriu.

Carol - Finalmente ouço uma boa novidade… Apaixonaste-te! Isso é óptimo, deve ser das únicas coisas boas que os humanos têm! Calculo que seja um, pela tua atitude!

Respondeu entusiasmada. Jezebedth estava muito humanizado. Por viver entre eles, ganhara os seus costumes e começara a apreciar o género de vida que estes tinham. Ela própria vivia na sociedade.

Carlota - Ok, mas não exageremos! Ainda não estou habituada… Nem se se estou a cometer um erro!

Carlota continuava a ser brusca no seu modo de falar. Nunca fora muito meiga e isso não estava prestes a mudar.

Carol - Parece errado? Sentes isso?

Perguntou, de modo a fazê-la ver que o que estava a acontecer não era mau e ela sabia.

Carlota - Não sei… Com o tempo veremos!

A metamorfo não queria admitir que na verdade sentia-se livre.

Carol - Carlota, eu conheço-te… Se isto está a causar uma mudança em ti, então não pode ser mau. Só tenho pena de não teres visto isso antes de me obrigares a procurar respostas para Abaddon!

Com a conversa Carlota esquecera-se da verdadeira razão pela qual Carol ali estava…

Carlota - Nunca devias era ter ido… Também devo-te um pedido de desculpas por isto! Gastaste meses da tua vida à procura de informações para aquele demónio preguiçoso!

Exclamou chateada.

Carlota - Foste a minha única amiga e eu prejudiquei-te!

Carol - Já é bom reconheceres isso! Mas se fosse a ti não me preocupava… Temos uma solução. Não contar nada a Abaddon!

Concluiu.

Carlota - Nem tencionava fazê-lo! Não o vou ajudar a destruir o mundo… Abaddon só quer é protagonismo e não vou alimentar mais o seu ego! Nunca devia ter-me juntado a ele em primeiro lugar!

Aos poucos e à medida que a sua mente abria para novas oportunidades, a metamorfo começava a arrepender-se de muitas coisas que tinham feito durante o seu percurso.

Carol - Então guardamos o segredo! Os planos dele não me agradam… Eu gosto do mundo como ele é… Se ele exterminar os humanos, a diversão acaba e certamente, o planeta irá apodrecer! Consegues imaginar um reinado em que Abaddon estivesse no poder? Estaríamos todos condenados!

Assim que Carol falou, Carlota imaginou tudo… Jezebedth tinha toda a razão. O seu ódio pelos humanos tinham-na cegado te tal maneira que nunca tinha pensado com clareza o que aconteceria se Abaddon vencesse.

Carlota - Acho que nunca tinha pensado nisso… Mas agora Abaddon irá questionar-me! Ele vai querer saber quando é o meu contacto aparecerá com respostas. E eu não posso afastar-me assi de repente! Tenho de continuar a fingir que estou do lado dele!

Avisou-a.

Carol - É o melhor a fazer! Se bem que vais ter bastante trabalho! Convém estares preparada. Abaddon vai continuar a pedir-te para realizar tarefas e não poderás negar!

Carlota riu-se. Por muito que estivesse preocupada, sabia mentir muito bem. Nunca tivera problemas e não seria agora que ia ter. Era nisso que ela tinha de se focar.

Carlota - Eu improviso… Sabes que consigo ser convincente!

Carol riu-se, aquilo era bem verdade.

Carlota - Já agora, o que é que encontraste para o demónio? É que pra quereres esconder é porque foi algo muito importante!

Carol respirou fundo… Realmente tinha algo bombástico pra contar.

Carol - Vais ficar tão admirada como eu fiquei…

Carlota - Testa-me!

Carol - Pra começar, foi bastante complicado encontrar o demónio Verin, ele já não estava em Erídano! Andei meses à procura dele. Nunca pára no mesmo sítio!

Reclamou.

Carol - Quando o encontrei, expliquei-lhe o problema de Abaddon estar preso ao corpo da humana que possuiu, juntamente com a própria. Uma vez que Verin tinha passado pelo mesmo, fui directa ao expor a situação! E ele também foi directo comigo… Contou-me o que tinha feito para livrar-se do humano que tinha aprisionado a ele e ficou bastante satisfeito por poder ajudar Abaddon!

Carlota - Demónios… Sem ofensa! Continua…

Carol - Não ofendeste! Continuando… Verin livrou-se do humano através de Magia Negra! Existe um feitiço que tem exactamente essa finalidade, destruir a uma alma humana. É algo muito poderoso e não é qualquer um que consegue realizar essa Magia! Ele contou-me que o feitiço estava perdido, daí ninguém saber da sua existência!

Carlota - Então se está escondido não há problema…

Carol - Na verdade há… Por ter sido o último a usá-lo, ele sabe o paradeiro do feitiço e contou-me qual era. Quer dizer, ele sabe a zona onde está, a localização exacta não. Foi o Mago que praticou o feitiço que o escondeu. Mas passado uma semana ele morreu e Verin nunca teve a oportunidade de lhe perguntar o local exacto!

Carlota - Ainda bem! Assim ninguém sabe mesmo onde é que ele está! Continuo a achar que não há problema!

Exclamou com um ar mais descansado.

Carol - Carlota… O feitiço está escondido aqui em Cila! Nas grutas secretas!

A metamorfo arregalou os olhos…

Carlota - O quê? Deves estar a brincar, não?

Carol não respondeu e ficou com um ar sério a olhar para Carlota.

Carlota - Mas nós habitamos lá! Não acredito que a resposta esteve o tempo todo mesmo ao pé de nós! Carol, se Abaddon sabe disto é um instante até encontrar esse feitiço! Ele tem um feiticeiro letal a seu lado, Lezard!

Toda a descontracção desaparecera, dando lugar à preocupação.

Carol - Boa… A situação é pior do que eu pensava!

Admitiu, também preocupada.

Carlota - Não interessa… Vamos fazer os possíveis para isto nunca chegar aos ouvidos de Abaddon! Neste momento precisamos é de ter cuidado, não vamos querer ser vistas por alguém… Isso pode levantar suspeitas!

Exclamou enquanto olhava à sua volta.

Carol - Eu vou é fechar-me em casa! Medo tenho eu que Abaddon saiba que vivo aqui e que estou-me nas tintas para os assuntos demoníacos!

Disse com um ar assustado.

Carlota - Faz isso! Eu vou passando na tua casa para actualizar-te!

Carol - Se vieres a precisar de um sítio para ficar, já sabes que tens a minha! Mesmo que nos tenhamos afastado, estamos agora a defender os mesmos interesses!

Carlota - Esperemos que não seja necessário eu ter de me mudar… Isso era mau sinal!

Carol - Esperemos que não… Já agora, estou feliz que tenhas acordado para a vida! Continua assim! Vais ver que as recompensas serão boas! Boa sorte Carlota!

E afastou-se o mais rápido que pôde.

Carlota também avançou por outro caminho, certa de que tinha uma grande responsabilidade em cima de si. Naquele momento, decidiu que não ia regressar já às grutas… Ia antes fazer tempo para ver se conseguia falar com Leonardo, quando este estivesse sozinho. O jovem por quem se apaixonara tinha de saber o que ela acabara de descobrir… Para o bem de todos.

*

   Depois de uma longa caminhada, Pedro Dias finalmente saíra da floresta e sentiu a diferença na temperatura. Sentia-se estafado, ainda não estava recuperado e a investigação que acabara de fazer desgastara-o. Felizmente o seu carro estava a poucos metros da entrada da floresta e com calma, deslocou-se até ele. Assim que se sentou no seu interior, puxou o banco para trás e suspirou. Aquela paragem ia fazer-lhe bem e iria dar-lhe tempo para poder pensar em tudo com clareza.

   Até ao momento, tudo o que conseguira juntar não o levava até muito longe… Sabia que o chefe River tinha conhecimento do que acontecia em Cila e que o homem devia ser corrupto. Em relação ao novo individuo com quem este se encontrava em segredo, Charters, não havia muito a acrescentar… Apenas apanhou o seu nome e verificou que tinha uma ligação directa com os estranhos acontecimentos que ocorriam na vila. O que Pedro gostava de saber era para onde Charters tinha ido, quando abriu o portal mágico.

Tudo ainda parecia muito surreal e sentiu-se mais sozinho do que nunca. Desejou que Henrique Gomes, o seu melhor amigo estivesse ali a seu lado parra o ajudar… Mas isso era impossível, este fora brutalmente assassinado.

   Ao voltar a lembrar-se dele, Pedro recordou-se de algo que lhe tinha escapado… Isso provava o quanto o ex-detective estava mal. A sua sede de vingança e a sua revolta com tudo o que tem acontecido eram tão grandes que deixara um pequeno detalhe de lado. E talvez devesse começar por aí… No dia em que ele e Henrique foram atraídos até ao beco, mais um rapaz apareceu… Um jovem que também tinha sido atacado, Leonardo Almeida. E o mais estranho, os assassinos diabólicos pareciam conhecê-lo. Certamente o jovem sabia de algo. Agora que pensava nisso, Pedro questionava-se de como fora tão burro ao ponto de esquecer-lhe de algo tão importante. Decidido, optou que ia encontrar o rapaz e ter uma conversa com ele…

   Assim que pegou no carro, todo o cansaço abateu-se sob ele, lembrando-o dos cortes e feridas que ainda não tinham sarado. Com muito custo, teve de render-se e concluir que seria melhor se descansasse primeiro. Mal acordasse, iria procurar Leonardo. Abatido, Pedro Dias dirigiu até casa…


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