Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions
Durante todo este tempo o jovem Hugo Zodiev não conseguira deixar de pensar na estranha conversa entre os seus pais e a senhora idosa que tinha ido lá a casa. Por um lado, queria tentar descobrir o que estes andavam a planear, mas ao mesmo tempo tinha receio de ser castigado. Se os seus pais desconfiassem que estava a meter o nariz onde não era chamado, podia sofrer consequências dos mesmos. No entanto, ao final de algumas horas, a curiosidade falou mais alto e decidiu descer até à sala de estar para abordá-los acerca do assunto, de modo a que não parecesse estar muito interessado…
Hugo - Então? O que é se faz esta noite?
Frank e Cristina Zodiev olharam para o filho com desdém.
Cristina - O que é que te parece? O mesmo de sempre! Tentar levar uma vida ridícula comos os humanos!
Hugo - Vá lá, já tentaram pensar pelo lado positivo? Não têm de fazer nada…
Prosseguiu com calma… Hugo tentava fazer ver aos pais que a vida que tinham não era assim tão má. Estes lamentavam-se sempre por não cumprirem os seus deveres como demónios e culpavam-no disso.
Frank - Nós temos esta vida por tua culpa… És uma vergonha para a nossa raça! Uma anomalia, que nem sabemos ao certo qual é… Se soubessem da tua existência matavam-te num segundo, inclusive nós! Somos obrigados a esconder-nos por isso, o mínimo que podias fazer era agradecer-nos, ingrato!
Insultou o filho sem qualquer problema. Este já estava habituado e como sempre, tentava dar a volta por cima.
Hugo - Podem ao menos admitir que o fazem porque amam-me?
O seu pai olhou para ele e os seus olhos ficaram completamente negros.
Cristina - Não consigo compreender… Porque é que não segues os nossos passos? Podias ser grande, poderoso!
Exclamou com ar sonhador.
Frank - Já te disse amor, criamos apenas um estorvo nas nossas vidas!
Interveio Frank. Hugo conseguia suportar aquelas palavras, mas desta vez decidiu agir de modo diferente. Tentou fazer uma pergunta à qual tinha medo de saber a resposta…
Hugo - Estão sempre a queixarem-se… Se sou um incómodo tão grande porque é que não me matam?
Cristina, a sua mãe, avançou devagar e fez uma festa na cara do filho.
Cristina - Que tipo de mãe é que mata um filho? Eu acredito que um dia serás o nosso orgulho…
Hugo olhava para a mãe… Às vezes parecia que esta gostava realmente dele. Claro que os seus objectivos para ele eram estranhos e perversos, mas era essa a personalidade dela. Em certa parte, cumpria um papel de mãe, num sentido um pouco deturpado.
Cristina - Tudo o que fazemos é por ti, para o teu crescimento! Porque é que achas que deixámos de exercer as nossas funções?
Hugo ficou calado por uns segundos… E então decidiu largar a bomba e ser directo. Tinha ido falar com os pais por um objectivo e ia tentar cumpri-lo.
Hugo - Deixaram mesmo?
Cristina olhou para Frank e novamente para o filho.
Cristina - Claro!
Hugo - Então quem era aquela senhora com que falaram esta tarde? Quem ia no carro com ela?
Assim que Hugo fez as perguntas, Cristina ficou com um ar muito sério e Frank levantou-se do sofá.
Frank - Estavas a espiar-nos?
Perguntou com calma enquanto avançava em direcção ao filho. Este sabia que aquele comportamento era mau e que talvez não tivesse sido muito boa ideia ter questionado os pais.
Hugo - Não, claro que não… Calhou ter ido até à janela e vi-vos! Eu não ouvi nada…
Tentou desculpar-se, embaraçado.
Frank - Eu não disse que tinhas ouvido alguma coisa, acabaste tu de o dizer!
Concluiu e Hugo soube que já tinha dito asneira.
Cristina - Hugo… Não é assim que um bom filho se comporta!
Avisou-lhe a mãe, com um ar desiludido.
Hugo - Desculpem… Expliquei-me mal…
Tentou apelar ao bom senso dos pais, se estes o tivessem. Mas de nada serviu… Frank pregou-lhe uma enorme chapada, atirando-o ao chão e cortando-lhe o lábio.
Frank - Com quem falamos não é da tua conta! Entendeste? Vai já para o teu quarto e não sais de lá até eu dizer… Ou arrebento contigo de uma vez por todas! E não perguntes se serei mesmo capaz de o fazer, não vais querer saber esta resposta!
Hugo levantou-se de cabeça baixa e nem olhou para os pais. No fundo, tinha medo deles e fazia de tudo para não os irritar. Virou costas e seguiu para o seu quarto, de punhos cerrados, enervado pelo que acabar de acontecer. Por muito que às vezes gostasse, não conseguia fazer nada contra eles. Quando chegou ao seu espaço, fechou a porta e começou a respirar profundamente, sentia-se muito exaltado e estava a ser complicado controlar-se. O jovem começou a sentir uma energia fria, negra e perturbadora a invadi-lo e o seu corpo começou a tremer. Hugo sabia que estava novamente a acontecer-lhe aquela estranha transformação que tanto ele desconhecia. Então, subitamente os seus olhos ficaram negros e as suas unhas começaram a crescer descontroladamente, acabando por ficarem grandes e bastante afiadas, lembrando garras. O seu cabelo também havia crescido um pouco e ficara tão forte que não baixava, dando-lhe um ar despenteado. O corte que existia no seu lábio fora sarado e o jovem conseguiu perceber que não podia entregar-se à fúria que estava a sentir… Tinha de manter o controlo.
Hugo - Não… Não…
Dizia para si mesmo enquanto fechava os olhos e concentrava-se para tentar acalmar-se.
Hugo sabia que era superior àquilo que lhe estava a acontecer… Sempre que usava aquele método, sabia que conseguia dar a volta ao seu problema. Aos poucos, as unhas e o cabelo começaram a voltar ao lugar e a adrenalina que sentia estava a dissipar-se. Ao abrir os olhos a escuridão começou a desaparecer… Tudo estava a regressar ao normal. Felizmente conseguira ser bem-sucedido mais uma vez. Depois de todo o processo, Hugo encostou-se à porta do seu quarto e suspirou fundo… Independentemente de não ter conseguido obter as suas respostas estava minimamente orgulhoso de ter impedido que aquela energia tão negativa se apoderasse dele.
*
Os carros da polícia estavam espalhados por toda a parte naquela rua… Agentes caminhavam de um lado para o outro enquanto faziam perguntas a alguns moradores e analisavam o local. Entre eles encontravam-se Pedro Dias e Henrique Gomes. Como sempre, já tinham concluído que algo tinha acontecido, mas não sabiam o quê…
Pedro - Incrível… Todos ouviram sons estranhos, mas ninguém viu nada! Sempre a mesma coisa…
Criticava chateado.
Henrique - Pedro, quando há problemas as pessoas têm medo de vir ver… É normal!
Tentava explicar ao amigo.
Pedro - As pessoas só sabem meter o nariz onde não é chamado… Quando realmente é preciso, ninguém se mete!
Henrique - Ninguém gosta de se pôr em perigo! Além disso, não deve ter sido nada de muito grave…
Pedro - Aqui em Cila é sempre grave, pensei que já soubesses isso!
Henrique - Mas não há indícios de nada… Parece estar tudo normal!
Pedro começou a caminhar em direcção a um local específico e fez sinal a Henrique para o seguir.
Pedro - Os morados queixaram-se que ouviram sons idênticos a uma luta corpo a corpo… Um confronto!
Henrique - Sim… E então? Acontece com frequência!
Henrique não estava a compreender onde é que Pedro queria chegar com o seu raciocínio. Até que este parou…
Pedro - Então como é que explicas isto?
Perguntou, apontando para baixo. No chão estavam salpicadas algumas gotas e manchas do que parecia ser um líquido esverdeado…
Henrique - O que é isto?
Baixou-se para tentar analisar que líquido era aquele, com um ar muito curioso.
Pedro - Não sei, mas estou mortinho para levar a amostra que já peguei aos especialistas…
Informou o amigo. Ambos ficaram a olhar para o chão, pensativos… Mal sabiam que levavam com eles o sangue de uma criatura hedionda.
*
Já uma hora tinha passado desde que Melissa, Ísis, Leonardo e Camila tinham entrado em casa de Érica e Rodrigo. Inicialmente, apresentaram-se todos mas rapidamente a conversa foi acelerada… Os jovens tinham tantas perguntas que precisavam respostas rápidas e directas. Depois de Érica ter explicado tudo acerca dos Night Watchers, do seu trabalho e dos seres que povoam Cila e outras vilas ao redor do mundo, os jovens estavam todos sentados lado a lado boquiabertos… Leonardo teve de fazer teatro e reagir como as amigas, era o único que já tinha conhecimento de tudo aquilo e teve de disfarçar. E agora, finalmente sabia quem era a Night Watcher responsável por aquela vila. As três raparigas não sabiam o que dizer… Tudo aquilo soava a fantasia, excepto a parte em que tinham comprovado com os seus próprios olhos os acontecimentos inacreditáveis que tinham decorrido.
Rodrigo - Érica? Acho que os chocaste!
Disse em tom baixo para a mulher enquanto esta observava os quatro jovens boquiabertos.
Érica - Então? Agora que sabem tudo será que podem dizer-me o que pensam?
Tentou interagir com eles.
Leonardo - Parece algo… impossível!
Leonardo foi o primeiro a falar, continuando com o seu disfarce. No entanto, as palavras do jovem deram coragem aos restantes para falar…
Melissa - Acho que preciso de ouvir tudo de novo…
Ísis - Não sei se é seguro. Acho que não consigo suportar duas vezes a mesma informação… Tendo em conta qual ela é!
Ísis estava branca… A sua cor ainda não tinha regressado ao normal. Ainda não se sentia completamente bem, depois de tanta emoção. Camila continuava calada…
Érica - Lamento imenso que tenham de estar a passar por isto… Mas estes acidentes acontecem. Estavam no sítio errado, na hora errada!
A Night Watcher sentia pena dos jovens… Estavam assustados com o que acontecera. A partir daquele dia, as suas vidas nunca mais seriam as mesmas.
Leonardo - Eu, pelo menos, consigo sentir-me um pouco aliviado ao pé de vocês. Salvaram-nos! A esta hora podíamos estar mortos! Da minha parte só tenho de agradecer…
Admitiu o jovem, na tentativa de animar as amigas. Leonardo nunca contara nada à sua melhor amiga, Ísis, para evitar uma situação desconfortável destas. Mas por vezes, o destino tinha outras formas de revelar certos segredos ocultos.
Ísis - Nisso também concordo, se bem que terei problemas em dormir nos próximos dias! Érica, você é uma mulher cheia de coragem…
Elogiou a mulher que lhe salvara a vida.
Érica - Bem, tenho de ter, é este o meu dever! E podem tratar-me por tu! Eu sei que tudo isto deve estar a ser surreal para vocês, mas estarei aqui para ajudar no que for necessário!
Disponibilizou-se e pela primeira vez em algumas horas Ísis mostrou um leve sorriso aliviado.
Melissa - Lembrei-me de uma coisa…
Interrompeu a conversa.
Melissa - No dia em que cheguei houve algo que me chamou à atenção e agora pergunto a mim mesma se terá algo a ver com o que acabamos de descobrir!
Aos poucos, os jovens sentiam-se mais calmos e a conversa começava a fluir naturalmente.
Rodrigo - O quê?
Melissa - A estátua que se encontra na praça central… De uma mulher chamada Cila!
Érica sorriu…
Érica - Sim Melissa… A lenda conta que em tempos remotos Cila existiu mesmo e foi uma grande guerreira! Diz-se que esta incrível mulher derrotou um grande mal que se abatia sob esta vila e outras quatro situadas em ilhas diferentes e distantes. Ela lutava pelo bem, era uma descendente do mesmo!
Explicou a Night Watcher.
Melissa - Então depois disso deram o nome dela à vila, calculo…
Érica - Exactamente, como podem ver tudo bate certo!
Ísis - Como é que o mundo não tem conhecimento deste tipo de coisas?
Perguntou confusa. Não conseguia compreender como é que algo tão complexo era mantido em segredo.
Érica - Como já expliquei, a vertente do bem foi desaparecendo com os tempos enquanto a do mal continuava a manter a sua posição e a sua força! Como era de esperar o lado das trevas conseguiu orientar-se de forma a caminharem nas sombras deste mundo. Assim podiam fazer o que sempre fizeram sem correrem o risco de todos os humanos virarem-se contra eles!
Leonardo - E daí os que tinham conhecimento destes factos, decidiram criar essa Ordem dos Night Watchers… Certo?
Completou o jovem Leonardo.
Érica - Mais ou menos isso. Na verdade quem criou a Ordem foram membros da vertente do bem! E recrutaram humanos para fazerem o trabalho deles. Uma vez que somos criações da junção de ambos os lados, também temos obrigação de proteger o nosso lar e marcarmos terreno!
Ísis - Mas não seria uma boa ideia se todos soubessem? Talvez assim acabassem com a vertente do mal uma vez por todas!
Idealizou Ísis, que estava bastante atenta na conversa.
Érica - Talvez se isso tivesse sido feito logo desde o inicio… Agora já é muito tarde! Se a humanidade viesse a ter acesso a tais informações iriam gerar-se guerras abismais! A nossa raça não está preparada para ter tal conhecimento… São muitos anos de história, livre de qualquer factor sobrenatural!
Leonardo - Faz sentido…
Concordou.
Rodrigo - Portanto, já devem ter reparado que têm de guardar segredo! Nada do que estamos a falar pode sair daqui! Conseguem fazer isso?
Perguntou preocupado.
Melissa - Acho que posso falar por todos… Não iremos contar a ninguém! Também, quem iria acreditar em nós? Pra mim tudo isto ainda parece ser absurdo!
Melissa ainda estava a processar tudo, assim como os restantes jovens.
Ísis - Sim, mas é algo que não podemos negar… Tivemos provas. Os nossos olhos não mentem!
Tentava convencer-se a si mesma.
Érica - Agora é a vossa vez... Apenas apresentaram-se, não contaram nada acerca de vocês! E recordando o que aconteceu esta noite, não posso deixar de vos fazer algumas perguntas! Reparei em alguns factores que também deixaram-me espantada!
O silêncio instalou-se na sala de estar por alguns instantes. Até a Night Watcher prosseguir com o assunto…
Érica - Durante o confronto com o Wendigo e depois com as outras criaturas, pude observar a tua força e rapidez Melissa… Deixa-me dizer-te que fiquei estupefacta com o que vi! Como é possível?
Melissa percebeu que tinha chegado a hora de revelar a todos os estranhos acontecimentos que andavam a decorrer desde que ela chegara a Cila. Então, olhou para todos e preparou-se…
Melissa - Honestamente? Também gostava de ter uma resposta lógica para isso! Desde que cheguei a Cila parece que a minha força, agilidade e todos os meus sentidos aumentaram a sua capacidade. Basicamente é isto!
Explicou resumidamente. Ísis já sabia, Leonardo prestava bastante atenção e Camila continuava com a expressão inicial, nada tinha alterado.
Érica - Assim de repente? Que estranho…
Melissa - Sim! Sem mais nem menos!
Érica - Podemos tentar descobrir o que desencadeou isso… Mas não me parece que seja algo muito grave. Até pareceu ser bastante útil!
Tentou analisar.
Melissa - Ya, isso é porque ainda não viram o resto… Nem sempre consigo controlar esta força e quando isso acontece não posso encostar o dedo em nada, parto tudo!
Avisou, de modo a que a Night Watcher entendesse a que ponto poderiam chegar os seus novos atributos.
Érica - Esta noite pareceu-me que conseguiste controlar muito bem!
Melissa - Nem sei como… Talvez estivesse tão assustada que o meu instinto tenha ajudado a conseguir controlar-me!
Supôs a jovem.
Érica - Foi realmente espantoso o que fizeste… E seja como for, estarei aqui para ajudar no que for preciso. Assim como fizeram esta noite!
Érica era bastante simpática e estava a fazer de tudo para deixar os jovens à vontade. Melissa assentiu… Se realmente alguém a poderia ajudar, esse alguém seria a mulher que estava à sua frente, Érica Rodrigues.
Érica - E tu minha jovem… Ísis? É Ísis não é?
Perguntou, olhando para a jovem em causa.
Ísis - Sim!
Érica - Vi-te a lançar um frasco com um pó azulado para cima da metamorfo… Magia?
A jovem pareceu ficar um pouco envergonhada mas mesmo assim respondeu de imediato.
Ísis - Sim, já pratico há algum tempo!
Érica - Posso perguntar se vem de família ou se descobriste o caminho por ti própria?
Ísis - Por mim mesma, ninguém sabe que o faço… Nem sequer sabem das minhas crenças Wicca!
Érica - Geralmente as bruxas e os feiticeiros sabem destas ocorrências…
Ísis pareceu ficar surpreendida. Para ela aquela informação era novidade.
Ísis - Não sei se me posso chamar de bruxa… Já fiz alguns feitiços, mas sempre pequeninos e um pouco experimentais! Além disso apenas comecei a praticar porque encontrei um Grimório da floresta, abandonado… O meu interesse nas Artes começou aí!
Explicou a sua história, também resumidamente.
Érica - E sabes quem é o verdadeiro proprietário do Grimório?
Ísis - Não… Procurei se dizia em algum lado, mas nada! Sinceramente gostava de saber quem elaborou um livro tão bem estruturado!
Érica - Bem, parece que afinal temos mais trabalho do que eu pensava… Também podemos ajudar-te a tentar descobrir Ísis!
A jovem pareceu ficar um pouco mais animada. Érica era mesmo prestável.
Leonardo - Também podemos começar a ajudar Érica… Quero dizer, depois de tudo o que aconteceu, como é que poderíamos ficar de braços cruzados?
Érica - Não é seguro… Não posso ter essa responsabilidade nos meus ombros... Espero que entendam!
Na opinião da Night Watcher uma ajuda era sempre bem-vinda… Mas aqueles eram apenas jovens, não podia permitir que arriscassem assim as suas vidas. Mesmo que tenham mostrado serem úteis em vários parâmetros.
Melissa - Curiosamente sou da mesma opinião do Leonardo! Não posso simplesmente virar as costas e levar uma vida normal sabendo o que se passa! E prometi à Vanda que a ajudava. Aliás, prometemos… Todos nós!
Ísis - Eles têm razão. Por muito assustada que ainda esteja, sinto que agora o meu dever é ajudar também! E pobre rapariga… Está nas mãos daquela criatura horrível! Temos de fazer algo!
Camila continuava parada e Érica e Rodrigo estavam fixados a olhar para os jovens… No fundo, estes tinham razão em querer ajudar. Mas era muito perigoso. E se lhes acontecesse algum mal, a Night Watcher nunca iria perdoar-se a si mesma.
Érica - Eu percebo que queiram ajudar. Mas têm de entender a minha posição… O meu dever é proteger as pessoas e não recrutá-las para batalhas!
Rodrigo - Esta vida não é fácil!
Interveio o seu marido, para a ajudar.
Melissa - Ok… Sendo assim trabalhamos por nós próprios! Não nos podes impedir de ajudar! Desculpa…
Avisou a jovem e rapidamente Ísis colaborou com ela.
Ísis - A Melissa tem razão… Somos muito teimosos!
Leonardo - Acho que não há outra hipótese Érica! Tens de nos deixar fazer isto…
Por dentro, a Night Watcher sentia-se deslumbrada. Era agradável ter quem quisesse ajudar naquela sua vida tão solitária.
Érica - Não quero estar a argumentar… Depois vemos isso, estejam descansados. De qualquer dos modos tenho de vos agradecer pela disponibilidade!
Exclamou enquanto encolheu os ombros para Rodrigo.
Érica - E com isto parece-me que todos vocês têm atributos interessantes… A Melissa tem uma força e agilidade únicas e incríveis. A Ísis entende de Magia, uma defesa e ao mesmo tempo uma arma muito eficaz. O Leonardo tem uma coragem surpreendente, nunca vi ninguém a enfrentar uma criatura como um Wendigo com tanta firmeza. E tu minha jovem… Camila! Parece que consegues manter a calma em situações bastante críticas!
Elogiou a todos. No momento final, finalmente as atenções foram focadas em Camila Duarte, que ainda continuava na mesma posição e com a mesma expressão desde que entrara em casa da Night Watcher.
Ísis - Camila, estás bem? Sem ser o teu nome ainda não disseste uma única palavra!
Camila pestanejou… De seguida o seu olhar percorreu todos os que estavam na sala. Devagar, começou a levantar-se…
Camila - Estou bem? Estão a perguntar-me se estou bem?
Perguntou com muita calma e todos continuaram a manter os olhares na jovem.
Camila - COMO É QUE ME PODEM PERGUNTAR ISSO? É CLARO QUE NÃO ESTOU BEM!
Naquele momento Camila descarregou toda a energia que tinha contida.
Camila - Estão todos a falar de monstros e criaturas horrorosas como se fosse a coisa MAIS NATURAL DO MUNDO! Estou em choque… Aterrorizada! Eu não quero acreditar no que os meus olhos viram e no que os meus ouvidos escutaram esta noite!
Queixava-se histericamente.
Melissa - Camila, tem calma… Estamos todos tão surpreendidos como tu!
Tentou acalmar a amiga enquanto os restantes estavam espantados perante a atitude da jovem.
Camila - NÃO! Vocês estão todos entusiasmados, a querer ajudar! Eu não faço pate disto! AINDA HÁ UMA HORA ATRÁS IAMOS TODOS MORRENDO! E já parece que nada aconteceu… Perigosos são vocês!
Camila estava revoltada, não queria aceitar aquela realidade.
Leonardo - É normal estarmos aliviados, sobrevivemos! O que querias que fizéssemos quando o Wendigo cruzou com o nosso caminho?
Ripostou Leonardo. O jovem não tinha tanta paciência para dramas.
Camila - Sabem o que eu acho? Que tudo isto é culpa vossa… Vocês também não são normais! Estou rodeada de gente insana! Se não tivesse saído convosco não teria de ter assistido ao que assisti!
Culpou-os.
Melissa - Hey, isso não é justo…
Tentou defender-se mas foi impossível, Camila não parava.
Camila - É mais o que justo! Todos vocês são aberrações! Na verdade, estas coisas estranhas só começaram acontecer desde que chegaste! Quem sabe se não serás tu a responsável por tudo isto!
Melissa sentiu-se ofendida e Ísis interveio em seu socorro.
Ísis - A culpa não é da Melissa!
Camila - Não me interessa, não vou fazer parte deste grupo de… malucos!
Virou as costas e começou a caminhar até à saída. Melissa foi a correr atrás dela e agarrou-a pelo braço, para tentar acalmá-la e chamá-la à razão.
Melissa - Camila, espera…
Camila - Larga-me já! Não podes impedir-me de sair, não quero ter nada a ver com vocês! Afastem-se de mim!
Ordenou com um ar ameaçador e Melissa largou-a, um pouco desiludida.
Camila - Nunca mais voltem a chegar-se perto de mim! Se tentarem, eu conto tudo o que ouvi! E não estou apenas a ameaçar, estou a falar muito a sério…
Ao acabar de falar, Camila saiu de casa da Night Watcher, deixando-os a todos com um ar abatido.
Érica - Deixem-na ir… Ela mudará de ideias!
Concluiu Érica, para aliviar a tensão que havia na sala.
Ísis - Não sei não… A Camila é assim mesmo, tem um feitio complicado!
Disse a jovem bruxa com poucas esperanças.
Melissa - Mas isto é grave… As coisas não deviam ter corrido assim. Ela foi a primeira pessoa que conheci quando cheguei a Cila!
Lamentou-se a jovem.
Érica - Ela está assustada, este é seu modo de lidar com a situação! Não somos todos iguais…
Leonardo - Nada a ver mesmo… Ela é mesquinha!
Leonardo nunca simpatizou muito com Camila. Comentários daqueles já eram normais.
Ísis - Leo, temos de dar-lhe um pequeno desconto!
Disse, compreensiva.
Érica - Quando ela aceitar este assunto, as coisas irão melhorar… Vão ver!
Os jovens não responderam… Estavam com um ar cansado. Aquela noite tinha sido bastante emotiva, talvez até demais. Então, a Night Watcher tentou algo para o ambiente ficar mais leve…
Érica - Querem que vos explique mais alguma coisa? Já que querem ajudar, devem ter mais dúvidas!
Exclamou com um sorriso na cara.
Melissa - Isso significa que podemos oficialmente ajudar-te?
Érica - Algo parecido… Não quero ser responsável por nada, como disse!
Os jovens entenderam a mensagem e pela primeira vez, os três foram capazes de sorrir. Érica olhou para Rodrigo e este assentiu…
Rodrigo - Já que vamos ficar aqui mais tempo, vou buscar algo para comerem! Devem ter fome!
Os jovens aceitaram. Claramente, a noite ia ser longa…
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