Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 66
O Começo (Vol. 6) - Capítulo 9




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   O espaço parecia ser amplo, as paredes viscosas e a única luz existente era proveniente de tochas e velas que existiam espalhadas. Era um sítio secreto… Os habitantes de Cila não sabiam da sua existência. Os vários túneis que ali iam dar eram bastante antigos e ficavam situados na zona costeira de Cila, junto à parte rochosa e virada para o mar, o que impossibilitava alguém de ver a sua entrada.

Abaddon - Então é aqui que te tens escondido… Devo admitir que não esperava um esconderijo tão… agradável!

Exclamava o demónio Abaddon, enquanto analisava o local.

Carlota - Sim, gosto de estar por aqui! É sossegado e longe de todos!

Referiu acerca do espaço onde habitava.

Abaddon - Estou surpreendido… É realmente um bom espaço! Como é que o encontraste?

Perguntou curioso.

Carlota - Sou uma boa investigadora!

Carlota não aprofundou o assunto e Abaddon riu-se.

Abaddon - Os metamorfos e os seus segredos… Não faz mal, gostei da casa! Acho que podemos instalar-nos por aqui!

Carlota franziu a testa face àquele comentário.

Carlota - Podes… Queres tu dizer! Eu já aqui moro!

O demónio encarou a metamorfo e esta tremeu sem conseguir perceber ao certo o porquê… Havia algo em Abaddon que lhe causava arrepios. Sempre ouvira dizer que os demónios da ordem superior eram terríveis e assustadores. Talvez fosse isso…

Abaddon - Atrevida! Gosto disso…

A metamorfo não respondeu, apenas ficou a fitar o demónio e este prosseguiu…

Abaddon - Seguindo para assuntos sérios… Há pouco falaste no Night Watcher desta vila! O que é que me podes dizer acerca dele?

Carlota - Não é um, mas sim uma Night Watcher! É bastante problemática… Está sempre ao alcance de tudo e já várias vezes debati-me com ela e ainda não a destrui! O que para mim, tem sido bastante irritante!

Afirmava revoltada.

Abaddon - Bem, agora estou aqui para mudar tudo isso! Ela nunca mais será um problema!

Dizia, bastante convencido… De repente, da entrada da gruta, alguém manifestou-se ao bater com o pé no chão com força. O estrondoso som fez eco pelos túneis, chamou a atenção do demónio e da metamorfo e acordou alguns dos morcegos que ali dormiam enquanto a noite não caía… Era Lunatik, o mascarado que chegara há pouco tempo à vila.

Carlota - O que é isto? Quem és tu? Seguiste-nos?

Perguntava a metamorfo enquanto avançava devagar, na direcção do mascarado. Este não respondeu e ficou parado no mesmo sítio…

Abaddon - Não Carlota… Ele não nos seguiu! Não estou certo?

Respondeu o demónio com certeza, reconhecendo o mascarado… Lunatik concordou com a cabeça, mostrando que Abaddon estava certo.

Carlota - Ai não? Então e porque é que não é ele a explicar isso? Conheces este tipo?

Insistiu a metamorfo.

Abaddon - Por uma simples razão… Ele não fala! E conheço-o! Ou melhor, reconheço-o! Ouvi muitas histórias dele, mas agora que o tenho à minha frente, é bem mais perfeito do que eu pensava!

Elogiava.

Carlota - Não estou interessada em detalhes, obrigado! O que é que ele faz na minha casa?

Carlota cortou todo o clima de suspense. Queria respostas óbvias e claras.

Abaddon - O nome dele é Lunatik! E foi criado por demónios, para segui-los para todos os lados… Então consegue sentir a energia destes! A presença dele aqui é óbvia! Ele veio para seguir-me e estar a meu lado!

Carlota olhava para o demónio e depois para Lunatik. O mascarado voltou a mostrar que Abaddon estava certo…

Carlota - Estou a ver… Pra fazer parte do teu exército!

Abaddon - Do nosso exército!

Corrigiu-a.

Carlota - Sim, tanto faz! Por mim tudo bem… Desde que el não ocupe o meu espaço…

Explicou, pouco interessada.

Abaddon - Sê bem-vindo Lunatik! É bom saber que de tantos demónios, escolheste-me a mim! Foste rápido… Já devias saber que andava por aqui! Eu conheço a tua história e sei o que aconteceu aos demónios que te criaram… Mas não estás sozinho… Tens-me a mim!

Dizia, enquanto acolhia Lunatik. Carlota observava a cena, um pouco enojada.

Carlota - Desculpem lá, mas quando é que planeiam fazer qualquer coisa? Já mostrei tudo o que tinha a mostrar… Está na hora de trabalhar!

Perguntou, saturada.

Abaddon - Tens razão! Quero caminhar por Cila, matar pelas minhas próprias mãos… Tenho saudades! Esta noite vamos sair… Disseste que andava um wendigo pela vila, não foi?

Carlota - Foi o que ouvi dizer…

Abaddon - Então vamos procurá-lo, ver do que ele é capaz… Sempre gostei de criaturas selvagens e irracionais! Esta noite vamos divertir-nos…

Informou Abaddon, enquanto sorria, ansioso que o sol se pusesse…

*

   Em casa da Night Watcher o ambiente estava muito calmo… Érica estava sentada à mesa, com livros à sua frente e com um ar um pouco aborrecido. Rodrigo estava com ela e parecia chateado… Tinha saído do trabalho mais cedo, pedira a um colega para o substituir, uma vez que trabalhava como recepcionista de hotel, tinha facilidade em trocar de horários com outros trabalhadores. Rodrigo tinha o curso de marketing e publicidade, mas não estava a exercer por falta de oportunidade de emprego. Agora que a nova empresa correspondente ao seu curso tinha aberto, o homem já ponderara se não devia tentar a sua sorte por lá… Mas naquele momento tinha outros assuntos em mente, os quais estavam a deixá-lo no estado em que se encontrava.

Érica - Rodrigo? Vamos ficar neste silêncio incomodativo?

Perguntou ao marido. Ambos tinham estado calados até ao momento.

Rodrigo - Não sei o que queres que te diga… Como é que queres que fique ao saber que ontem foste para a rua sozinha, depois de saberes que Abaddon poderá estar em Cila? Consegues explicar-me?

Rodrigo já tinha sido actualizado da situação e ficara bastante incomodado com o facto de Érica ter saído sozinha a noite passada.

Érica - O dever chamou-me! Além disso eu sou uma Night Watcher… Tu não! Estás sempre a arriscar a tua vida por mim e eu não quero perder-te! Sabes muito bem como é que o meu trabalho funciona! Não existem horas e os casos são sempre urgentes!

Respondeu, tentando chamá-lo à razão.

Rodrigo - Eu tenho noção disso, já estamos juntos o tempo suficiente para eu saber os deveres de um Night Watcher! Mas também conheço os perigos que tens de enfrentar… Disseste que os demónios da ordem superior são dos piores seres que existem! E decidiste sair sozinha correndo o risco de encontrar um… Achas isso inteligente?

Depois de todo o silêncio as emoções tinham chegado ao limite… Agora discutiam e libertavam todas as opiniões e pensamentos que estavam guardados.

Érica - Não te esqueças que tenho outros assuntos a tratar! Também anda algo aí à solta, a assassinar pessoas! Querias que tivesse ficado em casa à espera que chegasses?

Rodrigo - Não é isso que estou a dizer! Podias ter dito onde ias ou por onde ias estar… Eu ia ter contigo!

Érica - Rodrigo, eu não posso estar sempre a arriscar-te! Lembras-te do que ia acontecendo à duas noites? A metamorfo tentou matar-te! Como é que queres que eu faça o meu trabalho à vontade se tenho de estar atenta por nós os dois?

Admitiu a Night Watcher e automaticamente, a desilusão espalhou-se pelo rosto de Rodrigo.

Rodrigo - Não sabia que me vias como um peso… Se estou a estorvar, afasto-me…

Érica - Não… Não quis que soasse desta forma, não era isto que queria dizer!

Arrependeu-se logo de seguida.

Rodrigo - Até agora tenho cuidado de mim! E tudo o que tenho feito é para tentar ajudar-te! Eu amo-te e preocupo-me contigo… E ainda achas que tens razão?

Respondeu enquanto aproximava-se da janela. Queria apanhar um pouco de ar, aquela conversa estava a incomodá-lo.

Érica - Eu não disse que tinha razão… Só quero que entendas o meu ponto de vista!

Pediu com calma… No fundo, até compreendia o seu marido e ele sabia disso.

Rodrigo - Érica, eu preocupo-me tanto contigo, o quanto tu te preocupas comigo! Não podes pedir-me para agir de modo diferente… Se fosse o contrário, farias o mesmo!

Explicou, no mesmo tom que Érica. Rodrigo também compreendia o que a mulher estava a tentar comunicar.

Érica - Temos os dois razão… Esta discussão não nos leva a lado nenhum! Não podemos esquecer isto e seguir em frente?

Perguntou enquanto aproximava-se de Rodrigo.

Rodrigo - Apenas tens de prometer que não voltas a fazer uma coisa destas! Não quero chegar um dia do trabalho e saber que algo possa ter acontecido! Não me perdoaria a mim mesmo!

Érica - Sim, para a próxima espero por ti… Excepto se realmente for urgente! No meu trabalho, o tempo é bastante precioso!

Rodrigo - Ok, mas deixas um recado a avisar, para eu poder ir ter contigo! Não consigo ficar descansado de outra forma…

Pediu à mulher.

Érica - Então podes relaxar, fica prometido! E podemos ficar bem? Não me aconteceu nada, a noite foi normal…

Insistiu e Rodrigo finalmente sorriu e abraçou-a.

Rodrigo - Mesmo que quisesse não consigo ficar chateado contigo por muito tempo! Então e esta noite? Será que é hoje que vamos apanhar a criatura que anda a aterrorizar a vila?

Érica - Não quero falar sobre isso… Ainda temos algum tempo até a noite chegar!

Ambos estavam encostados um ao outro, abraçados e com os olhares entrelaçados.

Rodrigo - Sim… Podíamos gastá-lo…

Érica - Alguma ideia?

Rodrigo sorriu e simplesmente começou a beijar a mulher, apaixonadamente…

*

Pedro - Explica-me! Como é que é possível o motorista ter sido assassinado e ninguém ter visto? Como é que não existem pistas?

Pedro Dias estava revoltado… Mais uma vez, um assassinato tinha sido cometido e o responsável continuava à solta. O detective tinha vontade de destruir todo o seu escritório e Henrique Gomes tentava acalmá-lo.

Henrique - Pedro, possivelmente é alguém muito inteligente… Algum psicopata! Por isso é que ainda não o apanhámos! Precisas de relaxar meu… Essa atitude não te leva a lado nenhum!

Pedro - Como queres que reaja? Pessoas estão a morrer à pala da nossa incapacidade!

Henrique - Não te culpes… A culpa não é tua nem de nenhum de nós! Estamos todos a dar o nosso melhor!

Explicou ao amigo.

Pedro - Parece que não é o suficiente…

Disse derrotado, enquanto sentava-se na sua cadeira.

Henrique - É o máximo que podemos… Precisas de ocupar mais o teu tempo!

Pedro - Ainda mais?

Perguntou, quase ofendido com aquela afirmação.

Henrique - Entendeste mal… Precisas de dedicar o teu tempo a mais coisas! Não podes estar sempre focado no mesmo, não te faz bem!

Explicou de modo a que Pedro pudesse entender sem levar a mal.

Pedro - Pois, mas se calhar devia ser ao contrário… Devia dedicar mais tempo ao caso!

Exclamou, incomodado.

Henrique - Não! Por exemplo, podias tentar mais casos e não ficar sempre no mesmo. Estás a precisar de fechar algum, para poderes ficar satisfeito!

Pedro - Não estou obcecado… Se é isso que estás a tentar dizer!

Henrique - Ok, mas parece! Mesmo assim, devias tentar… Olha, tenho agora um caso nas mãos, o desaparecimento de uma jovem aqui da vila!

Pedro suspirou…

Pedro - Algum drama adolescente… Acontece com frequência!

Henrique - Não sei… Os pais não sabem dela. A Vanda Faria é uma jovem com alguns problemas psicológicos! Nunca está muito tempo fora ou longe dos pais! Suspeito que algo possa ter acontecido!

Pedro deu alguma razão ao amigo.

Pedro - Tendo em conta o número de acidentes que ocorre nesta vila, também não era de esperar… Ok, já me convenceste! Vou ajudar-te! Deixa aí a informação…

Rendeu-se… Tudo o que pudesse levá-lo a compreender a vila, ele iria aceitar.

Pedro - Mas primeiro vou apanhar o responsável pelos últimos crimes… Henrique, esta noite vamos patrulhar pela vila!

Henrique acenou em concordância… Por um breve instante tinha conseguido desviar a atenção do amigo para outro assunto. Mas tinham sido apenas meros segundos…

*

   Durante uma vida, por vezes, uma pessoa gosta e aprecia estar sozinha, ter momentos próprios de descanso e reflexão. Hugo Zodiev não era excepção… A única diferença era que, maioria do seu tempo, não tinha nada nem ninguém com quem conversar. Por mais que gostasse de estar assim derivado ao que pensava dos outros, no final acabava por ser difícil… A solidão envolvia-o. Em certa parte, culpava os seus pais… Estes nunca lhe ligaram nenhuma e apenas impunham ordens às quais o jovem era obrigado e cumprir.

   Hugo recordara-se do seu amigo Ricardo, uma das poucas pessoas com quem podia contar… Nunca havia contado ao rapaz o que se passava com ele e quem eram os seus pais, nunca teve tempo. Um acidente acontecera a Ricardo e este tornara-se num lobisomem. Depois disso, saíra de Cila, fugira com os pais. O que tinha sido triste para Hugo, considerava-o como um amigo verdadeiro. Talvez se tivesse contado a verdade a Ricardo, este ainda estivesse pela vila. Mas nunca saberia… E isso fazia com que se lamentasse ainda mais. O jovem tinha saudades de falar com alguém, ter uma companhia.

   Enquanto pensava na sua vida, escutou a porta de casa a bater… Alguém tinha saído e Hugo decidiu ir até à janela para espreitar quem tinha sido. Não era muito vulgar os seus pais saírem àquela hora… Na realidade, iam poucas vezes à rua.

   Quando lá chegou reparou que um carro tinha acabado de estacionar à porta e tanto o seu pai como a sua mãe aproximavam-se do veículo. Era estranho, pois nunca tinha visto os seus pais a falarem com alguém. O jovem teve cuidado ao espreitar, não queria que o vissem. De dentro do carro saiu uma senhora de idade avançada, de olhos azuis e de avental. Era Emília Almeida, ou assim o aparentava ser, no entanto, o jovem não a conhecia. Assim que saiu, a mulher perdeu toda a delicadeza que parecia possuir, o seu andar era trapalhão e o seu modo de agir muito masculino.

   Hugo estava a achar aquilo muito fora do comum e continuou a espiar o que estava a acontecer. Rapidamente os três elementos iniciaram uma conversa, perto do carro… Para satisfação do jovem, as vozes eram audíveis do sítio onde se encontrava e conseguia escutar cada palavra que era dita…

Frank - Correu tudo como o esperado?

Perguntou o seu pai à senhora.

Emília - Sim! Não falho no que faço… Já me conhecem!

Respondeu de forma áspera.

Frank - Mas as coisas nem sempre correm como o esperado… Por alguma razão essa família ainda está viva!

Hugo não percebeu a que família ele se referia. Mas percebeu de imediato que aquela mulher estava a trabalhar para os seus pais.

Cristina - Não é uma família qualquer…

Avisou a sua mãe.

Emília - Tudo está a correr como previsto! Não estão a sujar as vossas mãos, estou a fazê-lo por vocês! Não sei qual é a vossa preocupação!

Fosse quem fosse, a mulher não parecia muito satisfeita com o que estava a fazer.

Frank - Ou é minha impressão ou estás insatisfeito?

Frank falou para a mulher no masculino… Hugo franziu o sobrolho, sem entender o que aquilo queria dizer.

Cristina - É que se estás insatisfeito, podemos tratar já disso…

Disse de forma ameaçadora. O jovem percebeu que a mulher estava a ser obrigada a fazer o que os seus pais queriam…

Emília - Não precisam de me lembrar! E além disso, estou a fazer tudo o que querem, não estou?

Respondeu, confirmando as suspeitas de Hugo.

Frank - O tempo que tiveste a espiá-los… Conseguiste aprender tudo o que era necessário? Sabes onde está cada elemento desta família?

Emília - Sei! Acho que não escapou nada!

Cristina - Achas? Não tens a certeza?

A sua mãe tinha uma voz assustadora… Aquelas palavras não eram para Hugo, mas este tremeu ao ouvi-las.

Emília - Por alguma razão eu ainda a trouxe viva… Certo? Para ter a certeza que já sei tudo!

Frank e Cristina Zodiev olharam para dentro do carro. Hugo tentou espreitar um pouco melhor para ver se percebia quem estava lá dentro, mas assim que o fez, tanto os seus pais como a senhora que estava com eles olharam para a janela. O jovem rapidamente escondeu-se e por um triz que não foi visto. Passado alguns segundos, a conversa foi retomada.

Frank - Já sabes o procedimento! Assim que tiveres a certeza que sabemos tudo ao pormenor, acabas com ela… E depois com os outros!

Exigiu.

Emília - Eu conheço o plano! Vou dando notícias…

Cristina - É bom que dês!

Voltou a ameaçar, enquanto a senhora entrava novamente no carro e arrancava. Hugo teve pena de não conseguir ver quem ia no seu interior, mas a pessoa em causa não iria ter um final feliz… Devagar, voltou a esconder-se, assustado e envolvido em diversos pensamentos. Os seus pais eram demónios e como tal, estavam por trás de algo… O jovem apenas desejava saber o quê.


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