Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 65
O Começo (Vol. 6) - Capítulo 8




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   Ísis Rocha não conseguia compreender como é que tantas pessoas tinham um mau acordar… A jovem sentia-se sempre bem-disposta, até mesmo quando se levantava. Para ela, a vida era magnífica e só lhe dava coisas boas. Todas as manhãs, realizava uma meditação de bem-estar que aprendera no Grimório que encontrara algum tempo atrás na floresta de Cila, onde gostava de dar longos passeios quando não tinha nada para fazer e estava sozinha.

   Muitas vezes considerava-se diferente das outras pessoas… Em primeiro lugar pelas suas crenças, em segundo porque praticava feitiçaria, algo que não tinha conhecimento de mais ninguém fazer. Em terceiro lugar, e por fim, tinha noção de que passava tempo a pensar acerca dos mistérios da vida e do que era realmente importante, ao contrário de quase todos. Como por exemplo, o que acontecera na noite passada com Melissa, a sua nova amiga. As duas tinham-se dado muito bem, mas a noite acabara cedo, depois de ter ocorrido aquele estranho acidente com a nova rapariga… Ísis tinha a certeza de que ficara tão espantada como Melissa, o que provava que também a jovem não sabia o que é que se estava a passar. Independentemente do que fosse, antes de ir para casa, a sua amiga pediu-lhe que guardasse o que tinha visto entre as duas. E como era de esperar, Ísis Rocha respeitou o pedido de Melissa.

   Assim que chegou a casa, a jovem pegou no seu Grimório e tentou encontrar algo que pudesse explicar o que tinha acontecido… Mas não teve sucesso. O pequeno livro falava de muitas coisas que Ísis não compreendia, então ficou na mesma.

   Agora que tinha acabado de acordar, reparou que este assunto foi uma das primeiras coisas em que pensou… Para relaxar, a jovem decidiu que estava na hora da sua meditação. Então, foi buscar uma vela, um incenso, uma taça com água e uma pedra, cada uma para representar os quatro elementos da Natureza… Respectivamente, o fogo, o incenso, a água e a terra. Ísis precisava da presença dos elementos para obter energia. Sentou-se no chão, dispôs o material à sua volta e fechou os olhos, para concentrar-se. Ao final de alguns minutos de silêncio e paz absoluta, a jovem estava pronta…

Ísis - Invade-me de energia, poder dos quatros elementos!

Proferiu a jovem em alto e bom som. Nada aconteceu, pelo menos nenhum efeito visual. Era um trabalho apenas energético… Algo que não era pra ser visto, mas sim sentido. E pela expressão de alegria que Ísis fazia, foi visível que aquela meditação estava a resultar. Passados poucos segundos a jovem a abriu os olhos, sorridente. Estava pronta… Era hora de arrumar o material, ir despachar-se e seguir para a faculdade.

*

   Melissa Monserrate fez um esforço enorme para chegar à faculdade a horas... Com tudo o que acontecera no bar, a jovem passou mal a noite, sempre a pensar no que tinha voltado a acontecer e na nova adição… A cura rápida de ferimentos. Algo que também a deixara estupefacta.

   Felizmente, em casa tudo tinha corrido normal… Não destruiu nada, mas também teve todo o cuidado que pôde para evitar qualquer situação. Agora de manhã, mesmo tendo dormido pouco, tudo parecia ter corrido bem. Levantou-se à pressa, tomou um banho, vestiu-se, foi até à cozinha buscar algo para comer e saiu de casa. O seu pai e a sua madrasta já haviam saído para o trabalho.

   Assim que chegou a um dos pavilhões, viu logo Camila. A jovem estava a mexer no seu cacifo e Melissa aproximou-se…

Melissa - Bom dia Camila!

Camila parecia um pouco atarefada a empurrar uma das suas malas para dentro do cacifo e a tentar fechá-lo ao mesmo tempo. Assim que ouviu Melissa parou o que estava a fazer.

Camila - Melissa? Onde é que tu e a Ísis enfiaram-se ontem à noite?

Perguntou indignada… Melissa ficou atrapalhada.

Melissa - Ah… O meu pai ligou-me… Tive de sair à pressa! A Ísis acompanhou-me…

A jovem tinha sido apanhada de surpresa, então, com algum custo, mentiu a Camila com todos os dentes que tinha.

Camila - Podiam ter avisado… Eu e o Leonardo não sabíamos de vocês! E deixaram o Filipe sozinho!

Queixou-se Camila… Melissa ficou envergonhada. A sua amiga tinha razão. Para primeira noite, o que ela fizera não foi lá muito bonito. O que valia, era que Ísis sabia.

Melissa - Eu sei… Têm razão! Desculpa, mas foi mesmo urgente. Nem me lembrei de fazer isso. Ao menos a Ísis estava comigo e…

Melissa foi interrompida quando Camila avistou alguém e dirigiu-se até às pessoas em causa…

Camila - Não se esqueçam de votar em mim! Prometo evolução para nós, alunos! Só podem votar até ao fim do dia! Os resultados saem amanhã! Espero que não me deixem desapontada!

Exclamou com um breve sorriso. Melissa não queria acreditar que aquilo tinha acabado de acontecer… A meio de uma conversa, Camila tinha-a desprezado por completo. A seguir da sua breve propaganda, a jovem regressou…

Camila - O que é que estavas a dizer Melissa?

Melissa ficou por uns instantes a olhar para amiga e finalmente respondeu…

Melissa - Nada de importante… O que é que estás a fazer?

Perguntou de modo a mudar de assunto.

Camila - Estou a tentar enfiar isto no cacifo, mas não consigo…

Dizia, referindo-se à mala, enquanto continuava a tentar a sua árdua tarefa. De repente, uma parte dela ficou entalada na porta do cacifo.

Camila - Oh boa… Agora fiquei com a mala aqui presa!

A porta do cacifo não abria nem fechava…

Melissa - Deixa estar, eu ajudo-te!

Ofereceu-se Melissa de boa vontade. Mal a jovem sabia o que estava prestes a acontecer… Agarrou a porta do cacifo, e começou a puxá-la para trás… Camila observava com atenção.

Camila - Tens a certeza que isso vai fazer diferença?

Melissa - Dá-me… só um segundo…

Melissa continuava a puxar a porta com força… Não estava a conseguir e aquilo começava a mexer com o sistema nervoso dela… Como anteriormente, sentiu uma onda de calor a invadir-lhe o corpo e sem mais nem menos, arrancou a porta do próprio cacifo e acertou na cara de Camila que imediatamente, caiu para trás. Melissa ficou aflita e baixou-se para a ajudar a amiga. Todos à sua volta observavam-nas.

Melissa - Meu Deus, Camila… Estás bem?

Camila estava com a mão na cara, mas não sagrava…

Camila - Querias arrancar-me a cabeça?

Perguntou ainda em choque.

Melissa - Foi sem querer… Não sei como é que a porta saiu assim!

Mentiu a jovem. Entretanto, também Ísis, Leonardo e Filipe tinham chegado e aproximaram-se.

Leonardo - Não acredito que já estás a fazer uma cena só para teres mais votos!

Afirmou, pensado que era o que Camila estava a fazer.

Camila - O quê? A Melissa acabou de arrancar a porta do meu cacifo e deu-me com ela na cara!

Leonardo teve vontade de rir. Ísis olhou para Melissa e entendeu que tinha voltado a acontecer o mesmo que na noite passada.

Melissa - Não foi bem assim! E ao menos não te magoei a sério!

Disse, enquanto ajudava Camila a levantar-se.

Camila - Bem, destruíste o meu cacifo!

Mesmo assim, Camila teve de queixar-se.

Filipe - Tens tido azar Melissa! Agora foi o cacifo, ontem foi o copo…

Lembrou-se Filipe Mendes.

Ísis - Acidentes…

Ísis defendeu Melissa, reparou que esta tinha ficado sem resposta. Melissa piscou o olho à amiga, em agradecimento.

Leonardo - Falando de ontem… A Ísis já nos contou porque é que tiveram de sair do “Cais” tão rápido!

Ísis - Pois, não deu mesmo para avisar-vos! O pai da Melissa ligou-lhe e tivemos mesmo de sair!

Afirmou, confirmando a história de Melissa.

Melissa – Ya, era urgente… Mas hoje podemos voltar a sair! Prometo que se tiver de ir embora, aviso!

Desafiou, com um ar brincalhão e descansado. Assim também mudariam de assunto.

Camila - Se não ficar com nenhuma marca da pancada que me deste…

Respondeu Camila. Mas a jovem estava bem… Tinha sido maior o som, que a própria dor da pancada que levara.

Ísis - Eu alinho! E até seria bom para o Leonardo e a Camila descansarem um pouco… Esta guerra por causa das eleições já cansa! Assim amanhã vêm bem-dispostos para os resultados!

Leonardo olhou para Camila e esta para ele.

Leonardo - Acho que posso concordar com isso…

Camila - Ok!

Rendeu-se também…

Camila - Mas esta noite não vamos para nenhum bar!

Avisou os jovens.

Melissa - Eu vou para onde forem! Então fica combinado algo? Filipe, também vens?

Filipe - Adorava… Mas não posso, hoje não dá mesmo! O meu pai faz anos! Eu, a minha mãe e os meus irmãos estamos a preparar uma festa surpresa!

Informou os amigos,

Ísis - Eles vêm até aqui a Cila ou vais tu até Medeia?

Filipe - Vêm até cá! É mais fácil para mim! A minha casa ainda fica longe, estar a ir e vir com aulas amanhã é complicado!

Melissa - É pena que não possas…

Filipe - Fica para outro dia, não há problema!

Exclamou a sorrir.

Camila - Ainda não ouvi ninguém dizer onde vamos!

Chamou-os à atenção.

Melissa - Vocês conhecem a vila melhor que eu, deixo isso convosco!

Ísis - Já há tanto tempo que não vou ao cinema… Alguém sabe quais são os filmes que estão por lá?

Todos abanaram a cabeça a informar que não sabiam a resposta.

Ísis - Oh…

Disse com algum desalento.

Camila - Geralmente sei sempre… Mas tenho andado tão ocupada com o assunto das eleições!

Camila estava sempre a par das novas novidades.

Melissa - Porque é que não vamos independentemente de qual for o filme?

Deu a ideia.

Leonardo - E até podíamos ir jantar fora!

Ajudou Leonardo.

Ísis - Parece boa ideia! Mas temos de ir a um restaurante que tenha comida vegetariana!

Ísis não comia nada de origem animal.

Camila - Como já disse, só não me apetece ir para os bares!

Melissa - Então encontramo-nos às 8 horas na avenida?

Os jovens concordaram…

Ísis - Melissa, tens a certeza que não há problema para ti? Depois de teres dito que as condições financeiras não eram as melhores…

Perguntou a amiga, atenciosamente. Melissa sorriu carinhosamente face à preocupação de Ísis.

Melissa - Está tudo bem Ísis… Eu dou a volta!

Afirmou naturalmente.

Leonardo - Ok, se está tudo combinado já posso ir até à papelaria. Desculpem a pressa, mas tenho de ir tirar umas fotocópias… Ainda tenho uma tarde inteira para convencer as pessoas a votarem em mim!

Filipe - Vou contigo, também tenho de lá ir!

Disse a Leonardo.

Ísis - Vão lá, não tarda estamos a entrar! Eu fico aqui com a Melissa e com a Camila!

Leonardo - Vemo-nos na sala!

Leonardo e Filipe afastaram-se.

Camila - Por muito que a conversa esteja a ser agradável, tenho de ir ter com um funcionário para contar o mau estado do meu cacifo. Vou reclamar acerca da má qualidade do material, isto é um perigo!

Camila tirou a sua mala do cacifo e seguiu caminho… A meio, parou e viu a porta caída no chão. A correr muito desajeitadamente, pois estava de saltos altos, dirigiu-se até ela e chutou-a. Em seguida ajeitou o seu vestido e voltou a colocar uma pose muito séria, começando a andar novamente… Melissa e Ísis assistiam àquela cena sem saber se haviam de rir ou ficar espantadas.

Ísis - Ao menos vingou-se na porta!

Exclamou a jovem, referindo-se a Camila.

Melissa - Ya. Mas acho que se não tivesse tentado ajudar, nada disto tinha acontecido! Ísis, estou a ficar assustada… O que é que se passa comigo?

Disse com alguma tristeza. Ísis ficou comovida.

Ísis - Não fiques assim Melissa! Vais ver que não há-de ser nada de mal…

Ísis tentava encorajar a amiga.

Melissa - Mas não é muito normal! E se estou com algum problema? Alguma doença?

A jovem estava a ficar stressada e Ísis percebeu.

Ísis - Melissa, não tens problema nenhum, pensa… Seja o que for, nem parece ser assim tão mau! Tens uma força incrível e curas-te num instante! Percebo que estejas assutada porque realmente, não é algo muito normal… Mas não acho que seja mau!

Tentava consolar a amiga.

Melissa - Pois, mas até agora também não fez bem nenhum!

Ísis - Não? Olha o que fizeste à Camila… Ela às vezes merece!

Exclamou a rir-se e Melissa não aguentou e fez o mesmo. Mesmo a brincar, compreendeu o que Ísis tentara dizer… Camila era um pouco difícil.

Melissa - Começo a compreender-te…

Respondeu, também a brincar.

Ísis - Voltando à parte séria, podes estar descansada… Não passarás por isto sozinha!

Informou a amiga, com ar compreensivo.

Melissa - Ainda bem que encontrei uma boa amiga! Obrigado por não teres contado a ninguém o que se está a passar!

Agradeceu com muita sinceridade. Melissa estava muito grata por ter conhecido Ísis. Era complicado passar por aquilo, num sítio completamente novo, sem conhecer ninguém. Agora podia confiar em alguém. Na verdade, estava contente por ter conhecido todos. Mas a rapariga que estava à sua frente, tinha sido a que mais a surpreendera até ao momento.

Ísis - Não tens que agradecer! Consigo ver que és uma boa pessoa e serás uma excelente amiga!

Melissa sorriu atenciosamente.

Ísis - De uma forma estranha, até deste mais sentido a algumas coisas… As minhas crenças, por exemplo. É algo que poucas pessoas conseguem compreender por serem fora do vulgar!

Explicou.

Melissa - A sério? Ainda não tinhas falado disso!

Ísis - Preferi não referir isto em frente aos outros… Só o Leo é que sabe!

Melissa - Mas perdi-me quando falaste em crenças… O que querias dizer?

Perguntou um pouco baralhada.

Ísis - Eu sigo uma linhagem Wicca. Em poucas palavras, é uma religião muito ligada à natureza, os seus praticantes veneram-na e respeitam-na! É algo bastante antigo que está ligado a nós, mas que fomos perdendo o contacto com o passar dos anos e com toda a história que decorreu.

Começou a explicar…

Melissa - Não conheço… Mas parece ser fixe!

Ísis - Ainda há a parte dos rituais e feitiços, mas isso não é o mais importante!

Disse muito rápido para ver se passava despercebida. Geralmente, era esta a parte que assustava as pessoas. No entanto, a reacção de Melissa fora diferente…

Melissa - Estou a ver… Como as bruxas? Parece ser giro, se bem que nunca tinha muito interesse em feitiçarias!

Confessou a jovem e Ísis sorriu aliviada.

Ísis - É isso mesmo, mas por outras palavras… Bruxa soa muito forte! Bem, ao menos não ficaste assustada nem nada, como outras pessoas já ficaram!

Admitiu Ísis.

Melissa - As pessoas são estúpidas! Cada um acredita e segue o que quer! O Leonardo reagiu mal?

Como Ísis tinha referido o comportamento das pessoas, Melissa decidiu perguntar-lhe o que Leonardo tinha achado.

Ísis - Não… Ele é impecável! Com o tempo verás que ele é de confiança e que é alguém muito especial!

Independentemente do que sentia pelo jovem, Ísis estava a referir-se a ele como amigo. De repente o relógio deu sinal, a hora da aula tinha chegado, interrompendo a conversa interessante que estavam a ter.

Melissa - Já? Não me apetece…

Ísis - Tem de ser! Acabamos a conversa quando tivermos oportunidade! E não penses muito no que se anda a passar… Deixa o dia decorrer normalmente!

Aconselhou a amiga.

Melissa - Ya, só espero que não volte a acontecer nada assim de repente!

E ambas partiram rumo à sala…

*

   Durante o dia, os transportes que realizavam mais viagens eram os marítimos. A todas as horas partiam e chegavam pessoas à ilha, mais propriamente, a vila Cila. Sem contar com os restantes que carregavam mercadorias e bens incessantemente. Estes últimos, apenas traziam seguranças e os homens que passavam as cargas para o cais de embarque. Era um trabalho árduo, cansativo e merecia bastante mérito. Maioria dos produtos essenciais para a vila, vinham naqueles transportes.

   O barco que tinha acabado de chegar estava bem carregado… Essencialmente trazia bens alimentares e juntamente com mais quatro iguais a ele, carregavam a vila inteira todos os dias.

   Assim que parou junto ao cais, um dos seguranças foi verificar a mercadoria antes de os restantes trabalhadores começarem a transferi-la para Cila. Todo o veículo estava repleto de caixas. O homem circulava entre elas, no convés, examinando cada uma. À primeira vista tudo parecia estar como devia ser… Excepto um estranho som que provinha de um dos cantos, por detrás de uma enorme embalagem. Atento, o segurança aproximou-se do local para investigar a origem do som… Já não era a primeira vez que traziam um animal a bordo, por acidente. Ao chegar lá perto, começou a afastar as caixas que estavam antes da grande embalagem, de onde o som não parava. Quando chegou ao destino, ia preparar-se para afastá-la, mas não teve tempo… Algo tinha surgido por detrás da mercadoria… Alguém. Um estranho qualquer com uma máscara tribal e assustadora. Talvez até fosse um dos amigos de trabalho a pregar-lhe uma partida, pensou, mesmo assim o segurança assustou-se… – Quem é o senhor? – Perguntou mas não obteve resposta. O mascarado simplesmente realizou um movimento e com a katana que trazia na mão, decapitou o homem… O som tinha sido limpo, mas o sangue jorrava em todas as direcções.

   Lunatik acabara de chegar a Cila…

*

   Depois de um dia inteiro de aulas, Leonardo Almeida gostava de relaxar e não voltar a falar do dia de trabalho que tinha tido. Principalmente agora, que tinha concorrido a um cargo que iria deixá-lo bastante atarefado, caso ganhasse… Ser representante dos estudantes da faculdade de Cila.

   O jovem tinha prometido aos amigos que não pensaria mais no assunto assim que saísse da universidade e foi o que fez. Naquele dia saiam tarde e mal o fizeram, Leonardo dirigiu-se a casa para arrumar as suas coisas e dar um olá à sua avó, Emília Almeida. Não havia ninguém que ele gostasse mais, desde bem cedo que morava com ela e esta tinha-lhe ensinado tudo o que precisava para a vida e até mesmo, um pouco mais…

   Quando chegou, foi até ao seu quarto deixar as suas coisas e despachar-se para em minutos poder estar na avenida principal, onde tinha combinado encontrar-se com os amigos. Assim que tinha tudo pronto, desceu até ao andar de baixo para então, falar com a sua avó.

Leonardo - Olá avó! Como foi a tarde?

Cumprimentou-a com bastante afecto.

Emília - Olá meu querido! Já chegaste há muito? Nem dei por teres chegado, tenho estado ocupada a arrumar a casa!

Respondeu no mesmo tom.

Leonardo - Ah, já vi… Dia de arrumações!

Emília - É verdade! Então e tu? O dia de aulas correu bem?

Leonardo - Correu! Tudo normal… Alguma novidade do que anda por aí a atacar?

Perguntou o jovem, revelando que tanto ele como avó, sabiam o que se passava em Cila.

Emília - Ainda não! Mas não quero que penses muito nisso… Deixa esse trabalho para os Night Watchers! Sabes muito bem no que é que tens de ser objectivo! Vingar os teus pais, quando for a altura certa!

Afirmou Emília Almeida, referindo-se ao assassinato dos pais de Leonardo. Todos pensavam que estes tinham falecido num acidente de carro, excepto eles os dois que sabiam a verdade… Ou pelo menos, parte dela.

Leonardo - Eu sei, eu sei… Mas acho que ainda não estou preparado, sinto-o! É por isso que ainda preferi não saber quem foi o assassino…

Explicou o jovem, muito triste.

Emília - Leonardo, meu querido neto, sentir-te-ás preparado quando tiveres de te sentir... Não apresses as coisas! Além disso, mal quiseres que te conte, eu irei faze-lo! Nunca te esqueças que estarei sempre ao teu lado e irei contigo até ao fim! Não passarás por isto sozinho! A tua mãe, uma brilhante Night Watcher, era minha filha… Também eu vingarei a morte dela!

Discursou com convicção, encorajando o neto.

Leonardo - Ainda bem que te tenho comigo avó… E obrigado por teres contado sempre a verdade!

Leonardo adorava a sua avó… Não havia ninguém mais importante para ele.

Emília - É pra isso que serve a família! E eu sei que um dia virás a fazer grandes feitos, como os teus pais!

Leonardo - Espero que sim! Até lá tenho de esperar e agir sempre com prudência! Se bem que cada minuto que passa, também me sinto mais impaciente…

Desabafou.

Emília - Não tens de estar… Apenas tens de viver como um rapaz normal, fazer coisas normais como os outros jovens. Tens de ser superior a esse sentimento! E eu sei que és capaz!

Leonardo e Emília conversavam na sala estar, sem se aperceberem que à porta, estava alguém escondido a observá-los e a escutar toda a conversa…

Leonardo - Sim, na verdade, até concorri a representante dos estudantes já a pensar nisso… Ter algo que me ajude a distrair!

Confessou. Leonardo contava tudo à sua avó.

Emília - Só peço que não te subcarregues! Foca-te também nos teus amigos… Que por sinal, são bastante bons! Como a jovem Ísis, por exemplo… Ela continua a praticar Magia daquele Grimório que encontrou?

Leonardo tinha contado à avó o que amiga lhe tinha confiado.

Leonardo - Continua! Parece que cada vez está mais entusiasmada!

Emília - Isso é bom… Desde que a Magia seja pura, ela estará em boas mãos! Nunca ponderaste em contar-lhe a verdade?! Ela poderia vir a ser muito útil! E até poderiam trabalhar juntos, uma bruxa é indispensável!

Tentou dar a ideia ao neto, mas sem sucesso.

Leonardo - Não avó… Não quero envolver a Ísis nisto! É perigoso! Prefiro que sejamos apenas nós, eu e tu!

Disse com bastante firmeza e Emília percebeu a mensagem.

Emília - Está bem, era só uma ideia… Não pensemos mais nisto!

O jovem sorriu… A sua avó era muito perspicaz, podia não ser uma Night Watcher como os seus pais e o seu avô tinham sido, mas estava lá perto.

Leonardo - Obrigado avó! É melhor mesmo não pensarmos mais neste assunto, até porque não quero atrasar-me nem ficar pensativo o resto da noite…

Emília - Já vi que vais sair… Onde vai ser a noite de hoje?

Perguntou com ar alegre.

Leonardo - Vou jantar fora e vou ao cinema! Vai ser uma noite diferente, estamos sempre nos bares… Vou com a Ísis, com a Camila e com a Melissa!

Emília - Melissa… A nova rapariga que chegou a Cila?

Emília reconheceu o nome porque Leonardo já lhe tinha contado que tinha entrado uma nova amiga para o seu grupo.

Leonardo - Sim! Ainda estamos a acolhê-la, mas ela é cinco estrelas!

Elogiou a amiga.

Emília - Para seres amigo dela é porque é boa rapariga… Não duvido! Hoje a tua irmã ligou-me… Para saber se estava tudo bem e perguntou por ti!

Leonardo - Tenho de ver se lhe ligo… Já não falo com ela há algum tempo! Está tudo bem com a Ema?

Emília - Sim, está a correr tudo bem! Sabes como ela é… Muito desenrascada!

Leonardo riu-se.

Leonardo - É verdade… Tenho saudades dela!

Emília - Também eu… Assim que ela acabar o curso, irá regressar! Vá, não te quero atrasar… Vai lá!

Exclamou aproximando-se do neto e dando-lhe um beijo no rosto.

Leonardo - Falamos depois! Elas já devem estar a chegar à avenida! Se precisares de alguma coisa já sabes como contactar-me…

Despediu-se enquanto a avó acompanhou-o até à porta…

Emília - Claro, está descansado… Não precisarei de nada! Tem uma boa noite, caso eu já esteja a dormir quando chegares!

Despediram-se um do outro e Emília ficou a ver o neto a afastar-se, com um sorriso orgulhoso cheio de traços marcados pela idade. Assim que entrou em casa e fechou a porta, ao virar-se, apanhou um enorme susto, estava alguém logo à sua frente… Um estranho ser muito idêntico a um homem, de olhos completamente azuis e a pingar água por todo o seu corpo. Emília pareceu reconhecê-lo e ia a preparar-se para reagir mas levou uma forte pancada na cabeça e caiu ao chão, perdendo os sentidos. O misterioso ser, agarrou-a sem qualquer dificuldade, e colocou-a ao ombro… À medida que se deslocava e carregava a mulher, a sua aparência ia sendo alterada, aos poucos… como uma ilusão.

O estranho ser, tinha agora a aparência de Emília Almeida… Saiu com a original por uma das janelas de casa, dirigiu-se até a um carro onde colocou a mulher inconsciente e arrancou o mais rápido que pôde…


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