Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 16
O Louco Por Trás da Máscara (Vol. 2) - Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo... Novas descobertas ;)



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Se havia alguém que não se importava de andar à chuva era a metamorfo… Sempre o achou revigorante. Era uma das poucas coisas
que ainda gostava desde miúda. Nunca se importara de correr livremente à chuva. Mas Carlota não gostava de se recordar desses momentos. Gostava de viver no presente.

Quando saíra das grutas, teve um pouco de trabalho para conseguir sair pela fenda pois o mar alcançava o sítio em causa. Agora que caminhava pela grande avenida de Cila, estava à vontade. O facto de as ruas estarem vazias faziam-na sonhar com um mundo livre da humanidade. Rapidamente lembrou-se do verdadeiro motivo de ali estar… Ia ter com alguém que em tempos tivera uma relação de amizade… Alguém que morava naquela rua. Quando parou em frente à porta do prédio ficou na dúvida se a sua presença ia ser bem aceite... Já não falavam há muito tempo pois a relação dos mesmos tinha sido cortada… A diferença de objectivos de cada um foi o principal motivo. Carlota já ia ter tempo para pensar nestes acontecimentos. Entrou no prédio, subiu até ao 2º andar e bateu à porta… Cerca de 5 segundos depois, uma rapariga loira, elegante, de estatura média e olhos azuis abriu a porta e ao ver quem se encontrava do outro lado da porta fez uma expressão de surpresa, mas um pouco desagradável…

Carol - Olha quem é ela… O que é que queres?

Carlota - Não vais dar um abraço à tua velha amiga?

Responde a metamorfo a rir.

Carol - Se eu não te conhecesse pensava que estavas a falar a sério!

Carol afasta-se e deixa Carlota entrar…

Carlota - Então é aqui que vives agora?

A metamorfo entra e começa a observar o espaço em causa… Disse aquilo em tom de gozo.

Carol - O que é que tem? De certeza que não vieste aqui pra dar uma apreciação à casa…

Carlota - Sinceramente gostava de saber o que se passou contigo Jezebedth!

Carol - Caso não saibas esse já não é o meu nome! Chamo-me Carol!

Carol era um demónio e aquele corpo era de uma jovem desconhecida que em tempos possuiu… Neste caso, o seu verdadeiro nome era Jezebedth, conhecida como o demónio da falsidade. No início, ela e Carlota eram amigas. Jezebedth nunca foi muito forte, mas bastante eficaz em espalhar o caos. A metamorfo rapidamente fez amizade com ela e as duas juntas cometeram vários tipos de atrocidades. O demónio estava sempre a par de todos os acontecimentos que decorriam, agia como um autêntico jornal. Com o tempo, Jezebedth começou a reparar que não era preciso ela agir para a falsidade existir… Os próprios humanos carregavam-na com eles para todo o lado. Então, não havia nada melhor a fazer senão tornar-se também num membro da sociedade e viver no meio do que tanto gosta… Mentiras, intrigas e falsidade. Arranjou um nome que apreciava, Carol, um trabalho, uma casa e afastou-se do mundo sobrenatural e das suas guerras que até ao momento, tinham sido inúteis e cansativas.

Carlota achou repugnante a atitude que aquela sua amiga tomara e a partir do momento em que os seus parâmetros de vida foram alterados, assim como os seus objectivos destrutivos, a metamorfo decidiu acabar a relação de amizade e passou a ter nojo daquele demónio fraco e ridículo.

Carlota - Claro… E já agora, também não és demónio?

Carol - Deixa-te de piadas e vai directa ao assunto! O que queres daqui?

Carol fecha a porta e fica de braços cruzados a olhar para a ex-amiga.

Carlota - Procuro algumas informações… Então pensei… Não existe ninguém melhor que Jezebedth!

Carol - Como já te tinha dito, estou fora dessa vida! Já há bastante tempo! Faço parte da sociedade humana… Onde o meu dom está espalhado por todo o lado!

Carlota - Pois, mas acho que tenho algo que talvez fará as tuas ideias mudarem…

Carol - Não me parece… É tudo?

Carol sorri com ironia e abre a porta para a metamorfo retirar-se… Tal não aconteceu. Carlota ficou no mesmo sítio onde estava.

Carlota - Sabes para quem é que estou a trabalhar?

Carol - Acho que não me entendeste… Quero-te fora daqui!

Carlota - Abaddon… Diz-te alguma coisa?

Carol ficou espantada… Devagar, fecha novamente a porta da rua.

Carol - Abaddon? O que é que um demónio da ordem superior faz aqui em Cila?

Carlota - Já vi que realmente tens estado por fora… Não sabias? Já cá chegou há alguns meses!

Carol - Cortei relações com todos os meus contactos… Não sou útil!

Responde rapidamente o demónio.

Carlota - O que é que achas que ele fará a um demónio que se recusa a ajudá-lo?

Carol engoliu em seco… Conhecia Abaddon e sabia que este era um demónio muito forte e respeitado. Conseguia acabar com ela num
piscar de olhos…

Carol - Ele sabe que estás aqui?

Carlota - Sabe que vim a algum lado procurar respostas… Não lhe disse a quem vinha! Quis dar-te uma chance para reavaliares o meu pedido.

Carol - Se eu te ajudar… Não lhe dizes nada? Nem que vieste a mim?

Carol queria distância do demónio… Se ele soubesse o seu estilo de vida, certamente ela ia ser castigada e humilhada perante toda a hierarquia demoníaca.

Carlota - Cheira-me a acordo…

Carol - Estou a falar a sério!

Carlota - Ok! Combinado… Ajuda-me e eu não lhe direi nada!

Carol - O que é que ele precisa?

Carlota - Não sei como é que aquilo aconteceu, mas vocês, demónios, é que devem entender… Ele ficou preso!

Carol - Nada esclarecedora… Preso? Como assim?

Carlota - Quando possuiu o corpo em que está agora... A respectiva alma estava ficou presa com o demónio… Os dois no mesmo
corpo!

Carol - Não deve ser fácil… Como é que isso aconteceu?

Carlota - Sei lá! Acho que a miúda arrependeu-se do suicídio ou o que foi… Lutou pela vida! Pelo que ele diz acho que isto é uma situação única!

Carol - Na verdade, acho que não… Já há muitos anos atrás ouvi alguém contar algo idêntico… Não me lembro bem, mas acho que tinha sido um demónio qualquer que entrou à força no corpo e aconteceu o
mesmo.

Carlota ficou bastante atenta às palavras do demónio.

Carlota - E depois? O que é que ele fez?

Carol - Não me lembro… Foi uma conversa que apanhei uma vez… Já perdi a conta de quantos anos já passaram!

Carlota - Pelo menos lembraste de quem estava a fazer essa conversa?

Carol - Penso que sim… Alguns telefonemas e acho que terei algo. Mas não prometo nada. Vou tentar!

Carlota - Então como fazemos? Passo por cá? Encontras-me tu?

Carol - Passa cá amanhã!

Carlota - Amanhã?

Carol - Bem, não é fácil encontrar alguém assim de repente… Preciso de tempo!

Carlota - Ok, eu invento algo…

Carol - Agora se não te importas preciso de privacidade pra fazer a minha tarefa!

Carol volta a abrir a porta da rua e desta vez, Carlota dirige-se a ela pra sair…

Carlota - Já parecem os velhos tempos… A trabalhar juntas!

Carlota sai com um sorriso vitorioso nos lábios… Carol fica a vê-la ir embora... Por momentos, o demónio imaginou que aquilo ainda era o início de sérios problemas que estariam por vir…

*

Melissa estava confortável… Deitada na sua cama, com as costas apoiadas em duas almofadas. Já tinha passado meia hora desde que Hugo a deixara em casa e durante esse tempo tomou um banho e trocou de roupa. Estava sozinha em casa, a sua madrasta e o seu pai ainda não tinham chegado. Tinha ficado de ligar à sua amiga Ísis quando estivesse em casa, mas como apanhou uma grande chuvada decidiu primeiro ir despachar-se e depois telefonar. Agora que já tinha tudo feito, marcou o número da amiga e esperou que a mesma atendesse…

Ísis - Sim?

Melissa - Ísis? Sou eu, a Melissa! Já cheguei!

Apenas escutava-se Ísis do outro lado do telefone…

Ísis - Então? Tiveste com o Hugo outra vez? Como foi?

Melissa - Estive! Mas pouco tempo… Quando cheguei ao café estava encharcada da chuva!

Ísis - O que esperavas? Esqueceste-te do chapéu! Eu disse-te pra levares o meu…

Melissa - E ias tu à chuva?

Ísis - Eu vinha pra casa de qualquer dos modos! Não havia problema!

Melissa - Pelo menos ainda estive um pouco com ele…

Ísis - Falaram sobre mais alguma coisa?

Melissa já tinha deixado a amiga informada acerca dos recentes encontros e dos seus resultados…

Melissa - Não! Voltei a tentar puxar o assunto dos pais, mas ele voltou a rejeitar a conversa!

Ísis - Ele acabará por falar… É uma questão de tempo e à vontade!

Melissa - Foi isso mesmo que pensei… Não quero insistir! Seguindo, convidei-o para vir esta noite connosco ao “Cais”! O que achas?

Ísis não respondeu logo… Fez uma pausa.

Ísis - Não viste as notícias Melissa?

Melissa - Ísis, eu não vejo televisão… Nunca estou a par de nada!

Ísis - Mas devias… Eles passaram como notícia de última hora que nas próximas 48 horas é provável um ciclone passar por Cila!

Melissa - A sério? Que mal tem?

Via-se mesmo que Melissa não vivia em Cila há muito tempo… Desde que chegara à vila, já tinham ocorridos algumas tempestades, mas nunca um ciclone. Era normal que não soubesse o que estava a dizer.  Ísis, pelo contrário, já conhecia este tipo de fenómenos e já estava habituada a eles. Aquela vila sempre tivera aqueles “ataques” da Natureza…

Ísis - Não é seguro Melissa… Além disso eles de certeza que vão estar fechados… Ninguém vai sair!

Melissa - Como é que sabes? De certeza que não! Um ciclone não é nada de grave!

Ísis - Se estiveres em casa, claro!

Melissa - Vamos lá na mesma… O Hugo é capaz de vir. Só mesmo para termos a certeza!

Ísis - Não sei Melissa…

Melissa - Contaste que eles na televisão disseram que é provável… Não quer dizer que realmente vá passar!

Ísis - Se virmos desse ponto de vista…

Melissa levanta-se e abre o armário que tinha no quarto, para procurar algo que a pudesse agasalhar bem para a noite que aí vinha.

Melissa - Então vá, fica combinado! Vamos buscar o Leonardo a casa e tu vais lá ter também. O Hugo se vier passa aqui primeiro!

Ísis rendeu-se… Também não custava nada ir só verificar que realmente o bar estava aberto.

Ísis - Ok pronto…

Melissa - Eu ligo-te antes de sair! Até logo!

Ísis - Tchau, até logo!

Melissa desliga e puxa dum armário um casaco enorme que, dava mais a sensação que protegia do frio do que da chuva… A jovem observa o casaco… Não havia muito mais.

Melissa - Bem, isto e um chapéu-de-chuva serve!

*

O sol já se estava a esconder para ir dormir, mas o céu já estava
escuro o suficiente derivado à densa massa de nuvens que o cobria. A chuva tinha momentaneamente parado, mas o vento continuava forte na mesma.

Lunatik tinha acabado de sair da fenda rochosa e percorria agora a trilha de pedras que dava caminho às ruas da vila. Trazia consigo uma Katana e a sua corrente à volta da cintura, por cima do fato que tinha sempre vestido, era difícil definir o que ao certo de que era feito aquilo. Tinham um andar pesado e firme, os seus passos ecoavam sempre por onde ele andasse.

Ao chegar ao fim da zona rochosa, parou para averiguar se estava ali alguém perto, mas antes disso o som de algo chamou-lhe a atenção… Os passos de alguém que se aproximava dali… Lunatik levanta a katana
e quando finalmente o vulto aparece, ele desce o braço a toda a velocidade para o decapitar… Por sorte, o “vulto” em causa também tinha reflexos muito rápidos e baixou-se para evitar o ataque…

Carlota - Calma, sou eu!

Era apenas a sua “colega” metamorfo… Lunatik recuou e endireitou-se. Carlota levanta-se aliviada…

Carlota - Devias ter mais cuidado com esse brinquedo! Ias-me arrancando a cabeça!

Lunatik continuou parado a fixá-la. Não falava e na verdade nem era muito inteligente… Mas também não era parvo, nem de todo burro. Ele já sabia que Carlota conseguia transformar-se em outros seres… Mas tinha uma dúvida… Se lhe cortasse a cabeça será que nascia outra?

Como era óbvio não… Por muito que quisesse, Lunatik nunca saberia a resposta, pois matar Carlota estava fora do seu alcance. O seu adorado demónio Abaddon precisava da metamorfo, então ninguém podia tocar nela.

Por outro lado, Carlota também nunca se sentira muito à vontade ao pé daquele ser… além de não saber nada acerca dele, o facto de não falar torna-o esquisito.

Carlota - Vais atrás dos putos e da Night Watcher?

Lunatik acena que sim com a cabeça…

Carlota - Então segue o teu caminho… Não te quero atrasar. Tenho de ir falar com Abaddon. Diverte-te!

A metamorfo segue caminho em direcção à costa para entrar nas grutas. Lunatik observa-a por uns segundos e depois segue rumo aos seus vários destinos… Abaddon tinha pedido para ele procurar em bares e
cafés que estivessem abertos, sempre disfarçadamente para poder estudar os passos deles e atacar depois. E claro, também porque não podia ser visto por ninguém… Na figura em que se encontrava de momento fazia lembrar um serial-killer selvático.

Era crucial encontrar os jovens, ver onde estes moravam e examinar os seus movimentos… Então depois, apanharia um por um, do
mais fraco para o mais forte. Lunatik sabia fazer esquemas de ataque, tortura e morte. Aquele ser tinha sido ensinado com uma espécie de educação que nunca antes ninguém tivera. Era desconhecido a sua origem e a sua idade, no entanto, Lunatik sabia e lembrava-se muito bem de tudo… Tinha apenas 35 anos. Mas já vira muitas coisas… Mais do que qualquer outra pessoa geralmente tinha acesso numa vida inteira. Sim, ele era uma pessoa… Com atributos e condições bastantes diferentes. Não se lembrava dos seus pais, nunca os conhecera… Dos seus tempos infantis apenas se recordava daqueles que o tinham criado… Um grupo de 4 demónios.

Nunca o ensinaram a falar… Ou melhor, nunca o deixaram. Lunatik compreendia muito bem os que os outros diziam. Desde que habitava com aquele grupo, foi sujeito a vários tipos de torturas constantes e experiencias tanto físicas como mágicas. Foi sempre mantido preso e usado como uma diversão por parte dos demónios. Estes procuravam uma maneira de criar uma máquina assassina que respondesse a tudo o que estes pedissem. Com o tempo acabaram por o conseguir, Lunatik aprendera a “amá-los”, não teve outra hipótese, aqueles seres eram os únicos na vida dele. Os testes aos quais foi submetido tornaram-no forte, resistente e animalesco. Os demónios praticaram-lhe inúmeras atrocidades e quando não era nele obrigavam-no a assistir a outros… Drogas foram-lhe administradas, pouco via a luz do sol e finalmente quando o tempo passou, Lunatik estava preparado para ser solto e trabalhar a favor dos hediondos demónios, dos seus donos… Os quatro em questão ensinaram-lhe que apenas deveria respeitar a raça demoníaca, a qual clamavam ser de todas a mais forte. E finalmente, quando estes acharam que ele já estava preparado, foi-lhe atribuído o seu nome e uma máscara tribal para esconder o que era na realidade, um humano…

As coisas eram bem diferentes na vila Erídano… Lunatik era proveniente de lá e foi onde passou quase toda a sua vida. Aquela vila, situada numa outra ilha, era mais pequena que Cila, mais severa em termos climatéricos e igualmente perigosa de noite. Erídano era mais um local com problemas e como tal, possuía um Night Watcher de guarda. Esta vila é empestada de demónios… Diz-se que Erídano, segundo a mitologia grega, é um dos 5 rios infernais… Se calhar daí a maior concentração daqueles seres naquela zona. Os que criaram Lunatik explicaram-lhe que a maior prioridade que existia era eliminar a linhagem dos Night Watchers e só depois a humanidade. Mas tal tarefa era muito complicada pois eliminar uma Ordem Secreta não era algo que se conseguia de uma vez só e isso acabou por se comprovar quando o próprio Night Watcher de Erídano eliminou os quatro demónios. Lunatik revoltado tentara vingar-se, mas não tivera sucesso, o seu oponente era muito esquivo e conseguiu sempre escapar… Decidiu desistir. Arranjaria outras formas e outras pessoas em quem se vingar. A culpa não era só do Night Watcher, mas também de toda a humanidade.

Foi aí que Lunatik ouviu algo que lhe chamou muito à atenção… Algo que lhe pareceu muito interessante… Ouvira que um demónio da ordem da ordem superior tinha chegado a vila Cila. De certeza que tinha um plano mestre para destruição em massa. Tinha de o procurar, precisava de o conhecer… Se esse demónio de nome Abaddon tem algo em mente, ele precisava de o ajudar e ser o seu braço direito. E assim o fez… Partiu de Erídano em direcção a Cila, escondido dentro de um barco…

Todos estes pensamentos vagueavam na mente deturpada daquele ser… Mas agora o importante era realizar a sua tarefa. Então concentrou-se e seguiu o seu caminho, convencido de que ia encontrar os jovens…


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Notas finais do capítulo

Esperemos que gostem! ;)



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