Uma Semana Depois...

Kenji está em seu quarto, à televisão ligada no noticiário, caneta na mão, e um caderno de capa preta aberto na mesa de computador. Ele olha na televisão os criminosos que estão sendo noticiados, enquanto memoriza seus rostos e vai escrevendo seus nomes no Death Note, um atrás do outro sem nem ao menos piscar.

Ele é observado pelos dois Shinigamis que lhe fazem companhia. Light, com seu habitual sorriso e olhos vermelho escarlate, parecendo satisfeito com o trabalho de seu filho e Ryuuku, mais concentrado em comer as meia dúzias de maças que Misa dera a Kenji.

Kenji mal presta atenção aos dois Shinigamis, concentrado nos criminosos, infelizes que terão como punição a morte. Alguns com crimes horríveis como assassinatos, drogas, sequestros, estupros... Outros com crimes menores como assalto, ferir inocentes... Mas todos tendo o mesmo castigo, todos morrendo de ataque cardíaco.

Após acabar com todas as maçãs, Ryuuku começa a prestar atenção às ações de Kenji. O Shinigami não deixa de perceber a semelhança entre pai e filho e se lembra, anos atrás, de Light fazendo o mesmo trabalho.

- He, he, he, Lightezinho. Se você continuar matando um criminoso atrás do outro de ataque cardíaco, vai acabar tendo problemas como o seu pai. Você poderia ser mais original.

- Não me lembro de ter pedido sua opinião, Ryuuku. – diz Kenji, sem ao menos olhar para o Shinigami – Além do mais, o mundo precisa saber que Kira renasceu.

O sorriso de Light se abre ainda mais perante o comentário de seu filho.

- Lightezinho, desse jeito a polícia e a SPK vão desconfiar de você.

- Deixe eles desconfiarem, Ryuuku. – diz Kenji, anotando mais nomes no Death Note – Até onde sei, eles não podem provar que eu sou o novo Kira. Só porque no passado Light foi Kira, não quer dizer que eu sou o novo Kira.

- Mas você será logo de cara, o primeiro suspeito. – diz Ryuuku, ainda insatisfeito. – Pelo que já reparei, seu tio não gosta muito de você.

- Pelo que sei, o Death Note pode ter caído em qualquer lugar do mundo humano, e, qualquer um pode tê-lo encontrado. E, quanto a Matsuda, ele e os amiguinhos detetives dele estão com os dias contados.

- Você vai mata-los? – o olhar de Ryuuku se fixa no humano – Isso vai te tornar mais suspeito.

- Não seja idiota, Ryuuku. – diz Kenji, escrevendo mais nomes de criminosos no Death Note – Eu não vou mata-los de ataque cardíaco, isto me tornaria suspeito, vou envolvê-los em algum tipo de acidente ou algo que não tenha como ligar as mortes deles ao Death Note.  Matsuda e os idiotas da NPA não serão problema.

- Os idiotas da NPA são fáceis de manipular, Kenji. – diz Light, seus olhos vermelhos fixos nas páginas preenchidas do Death Note – O maior problema será Near e os membros da SPK.

- Quanto a isso, só precisarei ver o rosto dele. Graças a sua falha no passado, Light, eu já sei o nome, tudo que precisarei é o rosto.

- Não pense que vai ser fácil, Lightezinho, aquele cara é muito esperto, foi capaz de derrotar seu pai. A propósito, não tem mais maçãs?

- Ele me venceu porque trabalhou junto com o Mello. Agora, somos eu e Kenji contra ele. Isto significa que ele jamais chegará a nossos pés.

O jeito como Light se referiu a ele, irritou profundamente Kenji. Ele estava sim, usando o Death Note para criar um mundo melhor, um mundo só com pessoas boas, mas, em nenhum momento se aliou aquele Shinigami. Isto eram apenas circunstâncias do destino. O Death Note os unia, era só isso.

- Não pense que estou do seu lado, Shinigami. – diz Kenji, fechando o Death Note e virando-se para encarar os dois Shinigamis – Decidi usar o Death Note para criar um mundo melhor, apenas isso. E, irei mais longe que você, esmagarei sem dó nem piedade todo aquele que ousar se colocar em meu caminho, a começar por Matsuda, ele sempre me odiou por eu ser seu filho, e, pagará com a vida por isso.

Os olhos de pai e filho assumem um tom de vermelho escarlate, e, os lábios de ambos se curvam no mesmo sorriso. Se não fosse pela aparência fantasmagórica de Light, poderia se dizer que eram clones um do outro.

Ryuuku se une a pai e filho, e sua boa se curva em seu sorriso cínico, ele, porém, não sorri das ambições dos dois Yagami, e sim, de sua própria diversão.

- He, he, he, he! Pelo jeito, esta minha nova temporada no mundo humano será mais divertida que a anterior.

Kenji guarda o Death Note na gaveta de sempre, coloca seu pijama e deita-se em sua cama. Sem sono, começa a pensar em sua nova responsabilidade como Kira. Tinha certeza de que seu tio Matsuda e sua equipe de detetives iriam desconfiar dele sem nem se quer cogitar outros suspeitos, devido ao fato de seu pai ter sido Kira no passado. Teria que agir com cuidado para não atrair mais estas suspeitas... Não seria difícil se livrar deles, e, assim que o mundo revelasse que Kira voltou seria umas das primeiras coisas que faria...

Sorri... Um plano começa a se formar em sua mente... As ideias vão tomando forma, todas se encaixando perfeitamente a situação e, todas, sem o colocar sob suspeita...

No passado, seu pai fora Kira, mas e daí? Isto não é suficiente para se assumir que ele é o novo Kira. Qualquer um que encontrar um Death Note pode se tornar Kira... Independente de quem seu pai foi no passado.

Sua vantagem, é que ninguém imagina que Light se tornou um Shinigami e que contara para ele tudo sobre o caso Kira no passado. Ele conhecia cada detalhe... Sabia onde o Shinigami havia errado para não cometer os mesmos erros. Ele não seria pelo pela NPA e muito menos pela SPK e pelo sucessor do tal L, o detetive mais famoso do mundo.

Com este pensamento em mente, Kenji se deixa ser tomado pelo sono...

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NPA...

Os detetives estão todos trabalhando, quando, Shuichi Aizawa chega com uma dúzias de folhas impressas nas mãos e com um olhar bem preocupado. Kanzo Mogi, Touta Matsuda e Hideki Ide não deixam de notar o olhar de preocupado do amigo.

- Qual o problema, Aizawa? – diz Ide, sem conseguir esperar o amigo falar.

- De acordo com isto, durante esta semana, duzentos criminosos morreram de ataque cardíaco ao redor do mundo. – diz Aizawa.

Os outros detetives se surpreendem com a revelação do amigo.

- Isto quer dizer que Kira... – Mogi não consegue completar a frase.

- Kira ressuscitou...- Aizawa completa a frase pelo amigo.

- O inferno vai recomeçar. – diz Ide, um semblante triste assumindo sua fisionomia. – Pelo visto, outro Death Note caiu em nosso mundo.

Um ódio mortal começa a tomar conta de Matsuda. Sabia perfeitamente quem era o novo Kira, só existia uma pessoa no mundo com o mesmo pensamento do Kira anterior para fazer tamanha chacina com criminosos ao redor do globo.

- O inferno não vai recomeçar, pois eu sei perfeitamente quem é o responsável por isso. – diz Matsuda, tão nervoso que seu tom de voz sai alterado inconscientemente – É só prendermos Kenji Yagami e o problema será resolvido.

Os outros detetives encaram Matsuda perplexos perante a conclusão do amigo.

- Sei como se sente com relação à Kenji, Matsuda. – diz Mogi – Mas, nós não temos provas contra ele.

- Como não temos provas contra ele? – diz Matsuda, ainda alterado – E o que o pai dele fez no passado, não conta? Light Yagami era Kira, está mais do que na cara que Kenji Yagami também está se tornado um. Afinal já dizia o velho ditado, tal pai, tal filho.

Embora Aizawa quisesse concordar com Matsuda em alguns pontos, sabia que não era assim que as coisas funcionavam. Eles não tinham nenhuma prova de que Kenji Yagami era o novo Kira.

- Sei como se sente, Matsuda. – diz Aizawa, colocando uma de suas mãos no ombro do amigo. – Mas, não podemos acusar Kenji Yagami sem provas. Infelizmente ele ainda nem é suspeito nem nada.

- Para mim, o fato dele ser filho do Light Yagami já o torna suspeito automaticamente. – diz Matsuda, ainda nervoso – Aquele homem era um monstro que teve coragem de matar o próprio pai. E, mais do que vocês, eu conheço Kenji, infelizmente convivo há dezessete anos com ele, e, posso afirmar que ele é uma cópia do Light.

- Mesmo assim, Matsuda. – diz Mogi – Nós não podemos prender Kenji Yagami o acusando de ser Kira sem provas. No mínimo, precisaríamos encontrar o caderno.

- Eu também desconfio de que Kenji possa ser o novo Kira. – diz Ide – Mas, antes de prendermos ele, temos que encontrar uma prova, ou melhor o Death Note. Se encontrarmos o Death Note em posse de Kenji Yagami tudo estará resolvido. Sem provas, não poderemos fazer nada.

- A vantagem que nós temos, - diz Aizawa, recordando-se do passado – É que se Kenji Yagami for mesmo Kira, ele jamais poderá nos manipular como seu pai fez no passado.

Matsuda não consegue se conformar com o “se Kenji for Kira”, tinha certeza absoluta de que seu sobrinho era o novo Kira. Não tinha a inteligência de Light, de L, de Near, muito menos a de Kenji, mas tinha algo a seu favor, conhecia Kenji melhor do que os outros detetives da NPA, e, ele é praticamente um clone do pai, não só na aparência como na personalidade também...

Provaria que Kenji Yagami era o novo Kira, assim como Light Yagami fora Kira no passado, nem que fosse a última coisa que fizesse na vida...

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Dia seguinte...

Kenji está voltando da escola quando olha para uma das televisões e a reportagem chama sua atenção “O Renascimento de Kira: O Deus Voltou?”. Imediatamente ele para e começa a prestar atenção ao que o repórter noticia.

- E, após dezessete anos, o Deus voltou. Durante esta semana, duzentos criminosos ao redor do mundo morreram de ataque cardíaco. Kira está de volta! A polícia ainda não tomou partido da situação, então não sabemos se ela lutará conta o Deus mais uma vez. Ao redor do mundo, pessoas e mais pessoas comemoram o retorno triunfal de Kira, enquanto os criminosos lamentam e tentam se esconder do julgamento do Deus do Novo Mundo.

Kenji dá um meio sorriso, então, o renascimento de Kira estava começando a ser noticiado. Agora era questão de tempo para a polícia desconfiar dele, devido ao passado de Light. Porém, não se importava, seu plano era tão perfeito que a polícia apenas cairia perante seu poder.

Voltando a andar, Kenji começa a rir consigo mesmo, ao notar o homem que o seguia sem nenhuma cautela. Ele era tão burro que não conseguia ao menos seguir uma pessoa sem ser notado.

- Pelo jeito que você está sorrindo, devo deduzir que já percebeu que está senso seguido, Kenji. – diz Light, achando cômico o modo nada sutil do perseguidor de seu filho.

- É só o idiota do Matsuda. – diz Kenji, sem se importar com seu tio o seguindo.

- He, he, he! Pelo visto, ele já suspeita de você, Lightezinho. – diz Ryuuku, com seu típico sorriso cínico.

- E daí que ele suspeita de mim, Ryuuku? – diz Kenji em um tom frio de voz – Ele não pode provar, e, sem provas, nada feito. Matsuda é uma piada, ele jamais conseguirá chegar a meus pés.

- Light, este seu filho é mais convencido do que você. – diz Ryuuku, em meio às risadas.

Kenji chega em casa e, encontra um bilhete de Misa, dizendo que tinha trabalho e que só voltaria à noite. Ele troca de roupa e sai mais uma vez, indo até o mercado para comprar maçãs.

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Matsuda acompanhou com interesse a saída Kenji. Perfeito. Iria vasculhar o quarto dele, encontrar o Death Note e provar ao mundo que Kenji Yagami era Kira, que, era tão sem caráter feito seu pai, Light Yagami.

Ele entra no apartamento usando uma chave mestra, e, vai direto para o quarto de Kenji. Começa a procurar no armário, mexendo nas roupas... Na estante de livros, embaixo do colchão, em todos os cantos prováveis e improváveis. Mas não achara nada, nem sinal de um aderno de capa negra.

Então, Matsuda começa a examinar as gavetas da mesa de computador. Está tão distraído que, seu coração para ao ouvir uma voz lhe dizendo:

- Espero que tenha encontrado o que está procurando, “titio” Matsuda. – diz Kenji, encostado à porta de seu quarto, seus olhos brilhando de satisfação e um sorriso cruel nos lábios. Atrás dele, Light e Ryuuku assistem à cena, sorrindo com o olhar apavorado de Matsuda.

CONTINUA...