Heir Yagami: Resurrection escrita por MisuhoTita


Capítulo 3
Capítulo 3 Confronto: Pai x Filho




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Kenji não consegue parar de olhar para aquele caderno, queria deixa-lo ali e seguir seu caminho, mas, ao mesmo tempo, queria pegá-lo, parecia que, dentro dele, havia uma força que o impulsionava a pegar o estranho caderno negro. Sem conseguir se conter, Kenji abaixa-se e, pega o caderno, logo ele lê o nome escrito na capa:

- “Death Note?” Que brincadeira é essa?

Ele balança a cabeça em sinal de descrença, não acreditando em uma piada tão sem graça, um “caderno da morte”. Era, sem dúvida a piada mais sem graça que já vira em sua vida.

- Francamente, quanta falta de criatividade...

Kenji olha fixamente para o caderno, tenta jogá-lo no chão, mas, simplesmente não consegue, e, o fato de não conseguir descartar o caderno o intriga. Então, ele coloca o caderno em sua pasta e continua seu caminho.

- Eu devo estar ficando louco... – Kenji suspira para si mesmo.

O rapaz segue seu caminho e rapidamente chega a sua casa, onde é recebido por Misa.

- Bem vindo de volta, Kenji!

- É, cheguei.

- Como foi no cursinho?

- Sem novidades. Agora se me der licença, vou dormir, mãe. Estou cansado e amanhã tenho aula.

- Você é igualzinho a seu pai... Certo. Boa noite, Kenji.

- Boa noite, mãe.

Kenji vai para seu quarto, tranca a porta e então abre sua pasta e retira dela o caderno. Ele senta-se em sua escrivaninha e liga a televisão, onde está passando o noticiário, mas o rapaz não dá atenção ao mesmo, seus olhos estão fixos no caderno. Sem conseguir se conter, ele abre o caderno...

- “How to Use it... O humano que tiver seu nome escrito no Death Note deverá morrer...” Morrer, não é? “A escrita do nome não terá efeito se o escritor não tiver em mente o rosto da vítima. Assim como, pessoas que compartilham o mesmo nome não serão afetadas... Se a causa da morte for especificada dentro de 40 segundos depois de escrito o nome da vítima, ela acontecerá. Não sendo especificada, a vítima morrerá de ataque cardíaco...”

O rapaz continua a ler as regras do caderno, mais incrédulo em cada uma delas...

- Francamente, para que eu trouxe isto pra casa? Que piada mais sem graça...

Ele joga o caderno em cima da cama, e, começa a prestar atenção no noticiário, onde a polícia japonesa estava noticiando a fuga de um perigoso assassino da prisão: Toshio Kobaiyashi, a fotografia do assassino sendo mostrada em seguida. Kenji memoriza o nome e o rosto do assassino, se perguntando por que está fazendo isso.  Depois, vai até a cama e pega o Death Note, volta para a mesa de computador e pega uma caneta...

- Será que ele vai morrer mesmo? Mas, se ele morrer, eu serei um assassino... Além do mais, a polícia é quem deve cuidar disso... Afinal foi a falta de segurança deles que fez com que um criminoso fugisse.

Kenji guarda a caneta, fecha o caderno e o guarda na primeira gaveta da mesa para então ir para sua cama e deitar-se, o misterioso caderno presente em seus pensamentos...

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Mundo Shinigami...

Light e Ryuuku observam Kenji no mundo dos humanos. Light não tira seus olhos vermelhos do garoto, vez ou outra direcionando seu olhar para a gaveta em que ele guardara o Death Note. A primeira parte do plano para o renascimento de Kira fora concluída. Ryuuku por sua vez, olha para seu companheiro Shinigami com seu sorriso costumeiro.

- He, he, he, Light. Parece que seu filho não puxou ao pai, ele não testou o caderno. E eu achando que ele ia matar aquele criminoso. Você não é mais tão bom de planos quanto antigamente.

- Que ele não ia testar o caderno de imediatamente já era de se esperar. Mesmo do mundo Shinigami, eu acompanhei o crescimento de Kenji durante estes dezessete anos, Ryuuku.

- Ainda não consigo entender a sua lógica.

- Kenji é meu filho, Ryuuku. Ele vai testar o caderno e verá seu poder... E então o novo Kira irá renascer...

- Pelo que observei do garoto, ele não aprova a política de Kira, você também já deve ter percebido, já que sua vida aqui foi acompanhar o crescimento de seu filho.

Os lábios de Light se curvam em seu habitual sorriso, e o vermelho de seus olhos se intensificam. Planejara tudo, Kenji seria o novo Kira, era o destino dele.

- Bem, Ryuuku, acho que já está na hora do show. Adeus, Ryuuku.

- Aonde você vai, Light?

- Ao mundo humano, onde mais? Afinal, eu perdi meu Death Note...

- Light, você não vai ao mundo humano e me deixar aqui. Afinal se Kira vai renascer, é lá que está a diversão. E faz anos que não como as maçãs do mundo humano.

- Antes de você ir junto, Ryuuku, quero deixar umas coisas bem claras.

- O que é, Light?

- Eu não quero que você interfira no meu primeiro encontro com meu filho. Esperei dezessete anos por este momento e você não vai atrapalhá-lo. Outra coisa, não se atreva a perder seu Death Note no mundo humano, ou isso acabará por atrapalhar meus planos.

- E a diversão nisso tudo onde fica?

- Você verá, Ryuuku, será muito divertido ver Kira retomando o poder mais uma vez. – diz Light, com seu sorriso estampando suas feições de Shinigami.

- Antigamente as coisas eram bem divertidas.

- E voltarão a ser, Ryuuku.

- Você sabe, não é, Light? Que a partir de agora você terá que ficar com o garoto até que o caderno acabe ou até que ele acabe. E no final, você terá que escrever o nome dele em seu Death Note.

- Você se preocupa demais, Ryuuku. Como já te disse, desta vez, as coisas serão diferentes, eu tenho tudo planejado. Agora vamos. E não se esqueça de que eu não quero você atrapalhando meu encontro com meu filho.

Os dois vão até a passagem para o mundo dos humanos. Das costas dos dois Shinigamis, vão crescendo asas, as De Ryuuku negras como a noite e, as de Light, formadas por ossos e fibras musculares, dando um aspecto sinistro ao Shinigami. Assim, os dois abrem suas asas e voam rumo ao mundo dos humanos.

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Mundo humano...

Kenji olha para o relógio e percebe que já passa de meia noite. Havia estudado demais e perdera a noção do tempo. Ele desliga o computador e fecha seu livro, abrindo uma gaveta para guardar o livro. Péssima ideia, pois dá de cara com o caderno negro o “Death Note”. Ele pega o caderno e, novamente abre no “How to Use it”, uma vontade, bem no fundo de seu íntimo, de testar o caderno, só para ver se funciona mesmo ou, se é uma brincadeira de muito mau gosto.

Estava enfrentando um grande dilema... Testar ou não testar? Se fosse verdade, o que ele duvidava, ele seria considerado um assassino...

Ele olha pela janela e vê a chuva caindo lá fora, uma forte tempestade. E então um raio estronda no céu ao mesmo tempo em que uma figura assombrosa aparece em seu quarto, sorrindo para ele.

O rapaz respirou fundo, engolindo um grito de pavor misturado a susto... A criatura tinham olhos vermelhos escarlates e sorria para ele... Seu rosto, uma mistura humana com... Como o que? Não sabia descrever...

- Há dezessete anos espero por este momento, Kenji. – diz o Shinigami.

Kenji observa o Shinigami... O que era aquilo? E como sabia seu nome?

- Neste momento deve estar se perguntando como eu sei nome. Não precisa me responder, está em seus olhos.

- Light, o Shinigami. Originalmente eu era o dono deste caderno que está em suas mãos. – diz o ex-humano sem se deixar abater.

- Light? – diz Kenji, mais surpreso ainda e, ao mesmo tempo, começando a prestar atenção nas feições do Shinigami. Ele não tinha nada de humano a não ser... Os olhos... Olhando atentamente... Eram olhos idênticos aos seus, com exceção da cor, os seus, castanhos, e, os do Shinigami, daquele vermelho escarlate... E ele disse que se chamava Light...

- Não é possível... – Kenji exclama, em um tom de total surpresa.

- Percebeu, meu filho. – diz Light, sem ao menos se mexer ou demostrar qualquer emoção.

O olhos daquele Shinigami, seus olhos, o encaram sem a menor demonstração de qualquer sentimentalismo. Ele tinha muitas perguntas, as quais precisava ver respondidas.

- Mas como... – A surpresa de Kenji é tanta que ele mal consegue formular uma pergunta.

- Tudo culpa do Death Note, este caderno que está em suas mãos.

Os olhos de Kenji saem do Shinigami – se recusava a acreditar que aquela criatura fosse realmente seu pai – e vão para o caderno negro em suas mãos.

- Está dizendo que este caderno não é uma piada?

- O Death Note é real, Kenji, tanto, que foi com ele que me tornei Kira...

- Kira?

- Sim, eu há dezessete anos atrás eu era o humano conhecido como Light Yagami e usei o Death Note para criar um novo mundo, um mundo sem criminosos onde as pessoas pudessem viver em paz. Com este Death Note, eu comecei a criar um mundo novo, e, teria conseguido, se não fosse por L e Near...

Kenji olha intensamente para o Shinigami a sua frente, um olhar tão frio quanto o dele. Pouco lhe importava quem ele era, mas queria saber sobre Kira e o caderno...

- Me conte, Shinigami. Pelo que sei, Kira usava um poder sobrenatural para matar os criminosos de ataque cardíaco. Quero saber tudo sobre Kira e o Death Note...

Light começa a narrar para seu filho sua história, desde o dia em que encontrou o Death Note no gramado de sua escola... Seu encontro com Ryuuku... A aparição de L e como as coisas começaram a desandar... Contou tudo, como conheceu Misa, como ela se ofereceu para ser seus olhos... Só escondendo o fato de que ele nunca foi apaixonado por Misa, que, em todo o tempo em que estiveram juntos, ele só a usou... Depois contou como assumiu o Lugar de L e de sua infeliz morte...

- Se você morreu como...

- Após minha morte, minha alma foi para o mundo Shinigami. Só depois de morto descobri que Misa estava grávida. Então, falei com o rei Shinigami e ele me transformou em um. Acompanhei, do mundo Shinigami seu crescimento e amadurecimento, até que você estivesse pronto, Kenji.

- Pronto?

- Sim, pronto para assumir meu lugar de Kira e ser o Deus do novo mundo.

Kenji olha friamente para o Shinigami a sua frente. Se a criatura achava que ele seria o novo Kira, estava redondamente enganado. Não nascera para se tornar um criminoso.

- Se você quer que eu me torne o novo Kira, está perdendo seu tempo. Eu vou ser o melhor detetive da NPA e não o criminoso mais procurado do planeta. Pode ir embora.

Light sorri sem nenhuma emoção, sabia que seu filho reagiria desta forma. Apesar de não conviver com ele, o acompanhou durante toda sua vida, conhecia cada detalhe de sua personalidade. Além do mais, seu filho era idêntico a ele em muitos aspectos.

- Você não tem escolha, Kenji. Este é seu destino.

Kenji olha furioso para a criatura que tinha seus olhos.

- E quem me escolheu este destino? Você? Faça-me um favor, vá embora e nunca mais volte!

- Eu não posso ir embora, a partir do momento em que você pegou este caderno, ele se tornou seu. Originalmente, este era meu caderno.

- E daí?

- A partir do momento em que você o pegou, ele é seu. E, o Death Note é a ligação entre Kenji Yagami, o humano e Light, o Shinigami. Ninguém mais pode me ver, Kenji, a não ser que toque este caderno e, sei que você não deixará que isso aconteça. A partir de agora, estamos conectados, eu vou onde você estiver.

- O problema é seu. Mas fique sabendo de uma coisa, Shinigami. Eu não vou usar este caderno, não me tornarei um assassino e muito menos o “Deus do novo Mundo” como você diz.

- Isso é o que veremos, filho. – um esboço de um sorriso passa pelas feições sombrias de Light.

- E não me chame de filho! Eu não o sou e jamais serei!

Kenji guarda o Death Note na gaveta e tranca a mesma com chave e em seguida, deita em sua cama, a raiva inundando todo seu interior. Então aquela era a verdade sobre Kira? Ele era filho de um assassino? Aquela criatura sinistra sem um pingo de humanidade era mesmo seu pai? E o que faria com o caderno assassino? Se o Shinigami estivesse falando a verdade, tinha algo muito perigoso em mãos, e, não podia deixar aquele maldito caderno cair nas mãos de ninguém.

A exaustão finalmente toma conta de Kenji, fazendo o jovem fechar seus olhos e ser tomado por um sono sem sonhos...

Light observa seu filho dormindo em um sono profundo e pesado, nem o barulho da tempestade caindo lá fora o incomoda. Light vê a sombra de outro Shinigami se projetando na parede, e então ele vira-se para falar com seu companheiro de muitos anos.

- Então você já chegou, Ryuuku.

- Ei, Light. Parece que seu filho não aceitou muito bem a missão que você impôs a ele. He! He! He!

- Que ele agiria desta forma, já era esperado, Ryuuku.

- Ele nem ao menos quis testar o caderno, parece que ele não puxou ao pai nem a mãe neste aspecto.

- Ele vai testar, Ryuuku. É só questão de saber instigar...

- Instigar, em?

- Sim, Ryuuku, instigar. Como eu te disse, já tenho tudo planejado. Você apenas assistirá ao show.

***************************************************************

Os raios de sol trazem um novo dia, e, Kenji age como se Light não existisse. É claro que o via, afinal o Shinigami estava sempre atrás dele. Mas, não iria deixar que aquela criatura lhe desse ordens ou qualquer coisa do tipo. A melhor opção era fingir que ele não existia. O que estava sendo fácil, visto que o Shinigami também não conversava com ele, talvez estivesse com raiva por ele ter se recusado a se tornar o novo Kira. Em todo caso, era melhor assim.

No colégio, Kenji logo nota a ausência de sua colega que senta em uma carteira a sua frente, Miya Nakayama. Estranhou, pois Miya nunca faltava à aula. Ela era uma das meninas mais falantes de sua turma, e, uma de suas melhores amigas, apesar de muitas vezes ele ser frio com ela, mas este era seu jeito, ele era um pouco frio com a maioria das pessoas, até com sua mãe.

O dia pareceu durar uma eternidade, pois Kenji não consegue se desligar da presença do Shinigami que o seguia feito uma sombra. Aquilo já estava o irritando. Precisava encontrar uma maneira de se livrar do Shinigami e do caderno o mais breve possível...

De repente, uma ideia passa por sua cabeça: e se queimasse o Death Note? Se o caderno desaparecesse, provavelmente seu antigo dono também desapareceria... E então, se veria livre daquele Shinigami que o queria forçar a se tornar um assassino... Kenji sorri, um sorriso que Light percebeu ser idêntico ao seu, o pai repete o gesto do filho, não sabia o que Kenji estava pensando, mas ele imaginava que deveria ser alguma forma de se livrar do caderno, coisa que Light não ia deixar... Seu filho seria o novo Kira, era seu destino.

O dia parece se estender para Kenji, cada minuto parecendo durar uma eternidade. Quando finalmente o sinal de fim de aula tocou, se sentiu aliviado, por finalmente poder ir para casa e se livrar daquele caderno.

Sua pressa é tanta que liga seu iphone mas, não dá atenção nenhuma às notícias que são transmitidas, só pensa ter ouvido o nome de um criminoso que tentara matar e que mudara de ideia, mas, não prestou atenção nos detalhes. O Shinigami voando atrás dele.

Quando finalmente chega em casa, encontra sua mãe sentada em frente à televisão.

- Estou de volta. – diz o rapaz.

Misa sai de gente da televisão e vai encontrar seu filho, a preocupação estampada em seu olhar. Kenji estranha, afinal aquele olhar de preocupação não é algo típico de sua mãe.

- Bem vindo de volta, Kenji. – diz Misa, a voz entregando toda sua preocupação.

Light fixa seu olhar em Misa, algo nela chamando sua atenção, ela havia amadurecido, isto ele pode notar. Durante estes dezessete anos, só prestara atenção em Kenji, e, perceber que estava observando Misa o surpreendeu.

- O que aconteceu, mãe? Parece preocupada. – a voz de Kenji tira Light de deus devaneios.

- Então você não sabe, não é, Kenji?

- Não sei o que? – pergunta o rapaz, tinha a estranha sensação de que não iria gostar da resposta de sua mãe.

- Miya Nakayama foi sequestrada esta manhã, está dando em todos os noticiários. A polícia já sabe quem é o autor do crime, um criminoso que escapou da prisão, o nome dele é Toshio Kobaiyashi.

O olhar de Kenji congela ali. Toshio Kobaiyashi... Não era esse o nome do sujeito que quase matou noite passada? Ele havia sequestrado Miya? Estava perplexo...

- Tem certeza? Não é nenhum engano?

- Não, Kenji! É o assunto em todas as emissoras. A polícia já foi acionada, eles estão procurando pelo sujeito, seu tio Matsuda está no caso.

- Como se aquele cara fosse conseguir cuidar disso! – diz Kenji furioso deixando Misa sozinha, indo para seu quarto e se trancando no mesmo.

Em seu quarto, ele abre a gaveta e tira dela o Death Note, a imagem do criminoso que vira na televisão viva em sua mente.

- Você pode acabar com o sofrimento de sua amiga. – diz Light, com um tom indiferente em sua voz.

- Do que está falando? – pergunta Kenji, sem conter o tom de irritação em sua voz.

- Você sabe que a culpa é sua de sua amiga ter sido sequestrada, não sabe?

- Minha?

- Sim, você teve a chance de matar Toshio Kobaiyashi ontem e não o fez. Sua amiga está sofrendo e você é o responsável. Mas, você pode acabar com tudo isto, Kenji. O poder está em suas mãos...

- O... Poder...

Light sorri, vai até a mesa do computador, pega uma caneta e a coloca nas mãos de Kenji, o Death Note de Kenji aberto em uma página em branco...

- Sim, Kenji, o poder está em suas mãos, apenas escreva o nome e sua amiga estará livre de todo o sofrimento que ela deve  estar passando neste momento... Escreva o nome, e tudo estará terminado...


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...