O humano que usar o Death Note, após sua morte, irá ao mesmo destino das pessoas mortas por ele, nesse caso, o vazio. (Death Note, regra 44)

Seus olhos castanhos contemplam mais uma vez a cidade que lhe parece tão vazia, vista através da janela de seu apartamento. Deste lugar em que, por seis anos, dividiu com o único e verdadeiro amor de sua vida. O vento, faz voar seus cabelos loiros e, seu pensamento, mais uma vez se volta para seu único amor, que, agora, estava morto, Light Yagami.

A imagem dele tão viva em sua mente só fazia o vazio de seu peito piorar. Dois meses, dois meses que, pareciam dois séculos sem ele. Após sua morte, ninguém quis procurar por seu corpo, fazer um velório justo e cremar seus restos mortais. Por amor a ele, ela o fez. No velório, último momento para prestar uma homenagem a seu amor, só três pessoas estiveram presentes, ela, Sachiko Yagami e Sayu Yagami, mãe e irmã de seu único e eterno amor. Nem Touta Matsuda, que namorava com Sayu e sempre admirara Light fora ao cerimonial de despedida de seu amor.

E, isso, já fazia dois meses... Como era solitária sua vida sem ele... Perdera sua alegria de viver, nem seu trabalho como modelo a fazia mais feliz... Quantas vezes pensou em se matar? Quantas vezes tentou dar cabo de sua própria vida, só para se encontrar com Light no mundo dos mortos? Mas, uma força sempre a impedia... E então os dias foram passando... Passavam lentamente, mas passavam e, um mês depois começou a notar as mudanças... Estava preparando seu café da manhã quando o cheiro dos alimentos lhe provocou um forte enjoo, fora correndo para o banheiro e vomitara muito. No começo, achou que o enjoo era apenas uma virose estomacal, porém eles continuaram... Todas as manhãs... Então, ela reparou um detalhe que havia passado despercebido em meio a sua dor: sua menstruação estava atrasada há mais de duas semanas... Além disso, também estava com um sono anormal e com seus seios e pernas inchadas...

Foi então até uma farmácia e comprou um teste de gravidez, o resultado deu um novo sentido a sua vida. Positivo. Estava grávida. Light morrera, mas, deixara para ela uma parte de si. Plantara nela uma sementinha dele, sangue de seu sangue, carne de sua carne. Uma parte de Light que, ninguém poderia tirar dela... Um bebê só dela, o único filho e herdeiro de Light Yagami. A partir daquele momento, viveria para aquele bebê, seu filho com Light.

Já estava chegando ao terceiro mês de gestação, logo, sua barriga começará a crescer e as pessoas notarão seu estado. Desde que soubera, guardara segredo de todos sobre seu filho, sim, seu filho. Ainda não sabia o sexo do bebê, mas, tinha certeza de que era um menino, seu coração de mãe lhe dizia isso, um menino que seria tão inteligente quanto o pai.

Agora, lutava contra um dilema, se, diria ou não a mãe e a irmã de Light que estava grávida. Não por elas, mas, desde a morte de Light, Matsuda e todos os seus amigos da polícia a olhavam de um jeito torto, como se esperassem algo dela. Como se esperassem que, a qualquer momento, ela se tornasse o segundo Kira.

O mundo voltara à mesma podridão que era, antes do salvador Kira aparecer. A policia havia noticiado, dois meses atrás, que Kira estava morto e que o caso havia sido encerrado. Porém, ela nunca, jamais esqueceria o vingador de seus pais. Ainda tinha esperanças de que fosse tudo mentira, de que, Kira estava apenas dormindo, esperando o momento certo para ressurgir e fazer do mundo um lugar melhor para ela e seu filho que está a caminho.

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Mundo Shinigami...

Não sabia quanto tempo havia se passado, a única coisa da qual se lembrava, era de dor súbita no coração, as palavras de Ryuuku quando haviam se conhecido “No fim, eu escreverei o seu nome no meu Death Note” e então seus olhos se fecharam para a morte...

Mexeu suas mãos por um instante e então tocou o solo. Mas, como isso era possível se estava morto? Aliás, onde estava? Com certo esforço, abriu seus olhos e então, pode enxergar a extensão e escuridão daquele vazio... Um céu negro totalmente encoberto por pesadas nuvens cinza. Ali, não havia sol, nuvens, estrelas, nada... Só o vazio...

Olhou para o seu corpo e então percebeu que, os ferimentos causados pelas balas que recebera haviam sumido. Então, era isso a morte? Estar confinado aquele eterno vazio? Naquele lugar não havia nada... Será que estava ali para se arrepender de seus supostos pecados? Se fosse, o Deus que o levara para lá estava perdendo seu tempo. Apesar de estar morto, não tinha arrependimento nenhum de ter usado o Death Note para tentar construir um mundo melhor e ser o Deus do novo mundo. Não, fizera a coisa certa, os humanos é que não souberam compreender a grandeza de sua missão.

Por mais que andasse, aquele vazio continuava, parecia não ter fim. Se esperavam que ele se arrependesse, estavam redondamente enganados. Só precisava de uma chance, e, começaria tudo de novo...

De repente, ouve um barulho vindo do céu, parecendo asas, olha para a direção em que ouvira o barulho e vê uma figura muito familiar se aproximando... Aos poucos, as asas do Shinigami que durante anos esteve ao seu lado vão se tornando cada vez mais nítidas, até que Ryuuku chega e para bem diante de si, os olhos vermelhos do Shinigami encarando seus olhos acastanhados.

Ryuuku encara Light com seu costumeiro olhar zombeteiro.

– He! He! He! He! Há quanto tempo, Light!

– Onde nós estamos, Ryuuku?

– Light, sabe que no mundo humano você era mais inteligente? Nós estamos no mundo Shinigami. Quando nos encontramos pela primeira vez, eu avisei que ao morrer, você não iria nem para o céu nem para o inferno. É o que acontece com os humanos que usam o Death Note.

Light olha irritado para o Shinigami. Se durante sua vida nunca teve medo dele, agora, em sua morte, muito menos.

– Então agora eu virei um Shinigami, Ryuuku?

– Não, Light. Você está condenado a viver no vazio deste mundo. Se bem que existe uma forma de você se tornar um Shinigami...

– Eu não quero me tornar um Shinigami, preciso encontrar uma maneira de voltar ao mundo humano e terminar o que comecei.

– Veja bem, Light, a morte é o fim de tudo, até para você. Não há meios de você voltar à vida. Mas, em memória a nossos bons e velhos tempos quero te mostrar uma coisa que talvez faça você querer se tornar um Shinigami... Como Shinigami, você possuirá um Death Note e poderá usá-lo para matar humanos e aumentar sua expectativa de vida, como nós fazemos. Ou talvez, você perca o caderno no mundo dos humanos, é a única forma que terá para voltar.

Light começa a pensar, se, encontrasse um humano para entregar seu caderno, será que este humano teria a coragem, a inteligência e a fibra necessária para fazer tudo o que ele fez e mais? Não... Pouco provável... Só outro Light Yagami seria forte o suficiente para fazer Kira ressuscitar.

Ryuuku solta uma gargalhada, ao ver o olhar pensativo de seu antigo parceiro.

– Light, vamos ver o mundo humano. Talvez ao ver o que quero te mostrar você mude de ideia... Mas saiba que só estou fazendo isso por nossos anos de convivência, me diverti muito enquanto estive com você no mundo humano.

Ryuuku leva Light até o poço onde se é possível ver o mundo humano. Lá, os olhos do rapaz se fixam na janela que parece se formar, então, ele a vê, Amane Misa, a única pessoa que realmente o amou, ela parecia deslumbrada com alguma coisa e, estava um pouco mais gordinha e então, os olhos do rapaz se voltam para a enorme barriga da modelo que no passado fora sua mulher. Seu rosto rapidamente muda de expressão, assumindo seu olhar de Kira, frio e calculista. Misa estava grávida? Quanto tempo havia se passado desde sua morte? E quem era o pai da criança? No mesmo instante, a compreensão chega a ele... A criança que Misa estava esperando só poderia ser...

– Parabéns, papai. – O Shinigami dá um forte tapa nas costas de Light – Seu filho deve nascer daqui a dois meses humanos. Você foi esperto, Light, eu te matei mas mesmo assim você arranjou um jeito de continuar vivo no mundo dos humanos.

O olhar sério de Light rapidamente dá lugar a seu habitual sorriso de vitória, um sorriso que costumava dar na sua época de Kira. Agora, o jogo se invertera... Misa estava carregando seu herdeiro... Um novo Kira... Aquele que, com sua ajuda, seria o novo Deus do novo mundo. Juntos, venceriam Near, a SPK, a NPA e quem quer que interferisse em seu caminho... Acabara de encontrar sua razão para continuar...

Sem tirar seu olhar da barriga de Misa, diz:

– Ryuuku, como faço para me tornar um Shinigami?

– He! He! He! He! He! Fácil Light, é só pedir ao rei dos Shinigamis. Só ele tem este poder!

Light olha mais uma vez para o mundo dos humanos e para a barriga de Misa, onde seu filho crescia protegido do mundo. Por ele, iria até o reino dos Shinigamis. Near, o jogo estava prestes a recomeçar.

– Ryuuku, me leve até o rei dos Shinigamis.

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Mundo humano...

– Força, Misa! Você consegue! – dizia Sachiko Yagami, ao lado de Misa na sala de parto do hospital de Tóquio.

A modelo aperta com força a mão de sua sogra. Estava suada, dando tudo de si para trazer seu bebê ao mundo. Agora faltava pouco, muito pouco para tê-lo finalmente em seus braços.

– AHÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! AÍÍÍÍÍÍÍÍÍ!!!!!!!!!!!!!!!! – grita e arfa Misa. Ao longo dos últimos meses, imaginara dia após dia como seria o rostinho de seu bebê. Em sua imaginação, havia uma criança com os olhos e os cabelos do pai. Ela queria que ele fosse idêntico a ele, para, ela poder lembrar-se para sempre do seu amor.

– Agora falta muito pouco, Amane-San. – diz o médico. – Estou quase vendo a cabeça do seu filho. Continue, só falta mais um pouco!

Misa continua fazendo força, empurrando seu filho para o mundo. O filho de Light estava quase chegando.

– Já estou vendo a cabecinha dele, Amane-San. – continua o médico. – Empurre só mais um pouco!

– AAAAHÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – grita Misa, fazendo um último esforço para expulsar seu bebê de dentro de si.

Após este esforço, ela relaxa a mão que apertava sem parar a mão de sua sogra. Seu rosto estava molhado de tanto suor, seus olhos castanhos pareciam cansados. Então, ela escuta um choro agudo de bebê e olha para o pequeno menino todo ensanguentado nas mãos do médico, que, imediatamente, corta o cordão umbilical e, entrega o menino, ainda ensanguentado, a sua mãe.

– É um lindo menino, Amane-San!

Misa encosta seu filho junto a seu tronco e beija a testa dele... Finalmente tinha em seus braços o fruto de seu amor por Light, à parte dele que, antes de morrer, deixara para ela. As lágrimas inundam-lhe os olhos.

– Sim, doutor. – diz Misa, ainda emocionada. – Lindo igual ao pai. Meu filhinho querido, meu Kenji Yagami.

Misa acaricia e nina seu bebê, se sentia completa e realizada agora. A modelo só não imaginava que, do mundo Shinigami, um par de olhos vermelhos comtemplava o pequeno Kenji Yagami, que acaba de chegar ao mundo...

CONTINUA...