Depois da apresentação fomos para a nossa mesa almoçar, Percy saiu dizendo que Paul precisava de sua ajuda.

–Parece que alguém ficou irritada. – Disse Thalia rindo e apontando pra a porta do refeitório por onde uma Rachel raivosa saía batendo as portas.

Admito que aquilo me agradou, mas ao mesmo tempo me deixou apreensiva, pois eu sabia que Rachel não me deixaria impune, seja lá o que eu tenha feito.

–Alô, tentando, testando alô – Ouvi a voz do diretor vinda das caixas de som. – Isso ta funcionando? – Ele perguntou.

–Esta, Paul fala logo! – Ouvi a voz de Percy.

–Tudo bem, queridos alunos gostaria de anunciar...

–Ah ele quer avisar que os testes pra apresentação começam amanhã, no auditório a partir das 19 horas. Os testes vão até esse final de semana apenas, ou seja, corram!

*-*-*-*-*-*-*

Estava saindo da minha última aula do dia, quando senti meu braço ser puxado com violência, me fazendo cair na lavanderia.

–Mas o que...

–Que história é essa de dueto com o Percy? – Perguntou uma voz feminina alterada.

–Rachel?

–Escuta aqui sua monga, isso não vai ficar assim, eu avisei que ficasse longe dele, mas você parece gostar do perigo – Disse ácida.

–Rachel aquilo era um trabalho pro professor Apolo eu não...

–Isso não me interessa. – Ela gritou e aos poucos ela foi controlando a respiração, ajeitou o cabelo e antes de sair disse num tom baixo e ameaçador.

–Terá uma surpresinha quando voltar ao dormitório... E se você cogitou a ideia de fazer os testes pra apresentação tire isso da cabeça, por que eu não vou permitir.

Sai daquele lugar meio tonta, as lágrimas já ameaçavam a cair, como podia existir pessoa tão cruel assim? Por que ela fazia isso? E o pior era que eu sabia que não poderia fazer nada, eu teria que aguentar isso até os meus 18 anos.

–Annie? – Virei-me na direção da voz e percebi que eram Silena e Thalia – Está tudo bem com você?

–Você ta chorando? – Perguntou Thalia.

–Eu... Eu não aguento mais guardar isso pra mim, eu preciso contar uma coisa pra vocês. – respondi decidida. – Vamos pro quarto?

–Claro! – Disse Silena me abraçando de lado.

Seguimos em silêncio até o nosso quarto, Silena acariciava meus cabelos levemente, um carinho gostoso que a anos eu não recebia. Thalia não demonstrava com gestos, ela fazia aquele tipo durona, que não demonstra carinho em público, mas seu olhar entregava sua preocupação.

– Não liga pra Thalia – Disse Silena baixinho – Ela só tenta ser durona, mas quando se trata do Luke ou de um dos seus amigos, ela vira um dos ursinhos carinhosos.

–Silena eu ouvi isso! – Disse thalia brava.

Não pude deixar de rir, essas duas conseguiam mesmo com as coisas mais bobas, me deixar melhor nos momentos difíceis.

–Mas que porra é essa? – Disse Thalia ao abrir a porta do nosso quarto.

–OMG! – Disse Silena de queixo caído.

Então eu cheguei à porta do quarto e de repente as palavras de Rachel fizeram sentido.

“-Terá uma surpresinha quando voltar ao dormitório...”

Havia roupas espalhadas por todo o quarto, as minhas roupas, esfarrapadas, destruídas, todas elas sem exceções, e no chão escrito com os farrapos estava um grande R.

–Quem fez isso? – Perguntou Silena.

–Rachel – Respondi com amargura.

–Ela tem problemas com as suas roupas né?

–Parece que sim...

–Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Disse Thalia irritada.

–Tudo bem – Disse depois de inspirar profundamente – Sentem aqui. – Disse batendo no espaço vazio ao meu lado na cama.

– Minha mãe, Atena, morreu quando eu tinha cinco anos de idade, ela era completamente apaixonada por música – Disse sorrindo – Tocava piano pra mim a noite... Depois da sua morte eu e meu pai ficamos ainda mais próximos, fazíamos tudo juntos... Até que cinco anos depois ele se casou novamente, Viviam, uma socialite de Nova York que já tinha uma filha da minha idade, Rachel era uma miniatura perfeita da mãe, ruiva, com uma beleza comprada, extremamente fútil. Meu pai morreu quando eu tinha 13 anos, e agora... – Parei pra limpar a lágrima que rolava sem autorização – Bom, agora eu vivo no sótão, é lá que eu me escondo pra compor e tocar... No restante do tempo eu sou obrigada a fazer todos os afazeres da casa, limpar, arrumar e cuida dos gêmeos meus meio irmãos Matt e Dylan de apenas 6 anos de idade – Thalia olhava-me com uma expressão indecifrável e silena segurava minha mão.

–Annie ela não pode fazer isso.

–E o que eu posso fazer? Fugir? Eu iria pra onde? Com que dinheiro? Só Viviam tem o controle da herança por causa dos gêmeos, eles ficaram com dois terços da herança... A outra parte é minha, mas eu só poderei mexer nela quando for maior de idade eu tenho apenas 16 anos.

–Annie... Desculpa a pergunta fora de hora, mas se ela te odeia por que te paga essa escola?

–A megera tinha o sonho de ser uma estrela e resolveu realiza-lo através da filha, ela tem medo do que a elite possa dizer se souberem o que faz comigo, então pra manter as aparências me matriculou na escola.

–É muita coisa pra processar... – Disse Thalia. – e Rachel? O que fez pra ela fazer isso? – Perguntou segurando o farrapo que um dia fora um vestido.

– A Rachel quer o Percy...

–Percy? – Perguntou Silena com o cenho franzido.

– Sim, Paul é um grande produtor e a banda dos garotos é promissora... Ela acha que ele pode torná-la famosa...

– Tudo bem, mas o que você tem a ver com isso?

–Ela me pediu que ajudasse ela a conquista-lo, e decretou que eu ficasse longe, quando viu a apresentação do almoço, ficou raivosa, me puxou pra lavanderia e disse que não me deixaria fazer os testes, e que eu teria uma surpresinha.

–Como assim? Ela não pode decidir se você vai ou não fazer os testes.

–Ela pode...

–Como? – Perguntou Thalia exasperada.

–Se eu não fizer o que ela manda, Viviam me tira da escola...

–Temos que fazer alguma coisa...

–NÃO, eu não quero arriscar... Vocês tem que me prometer que não vão fazer nada.

–Mas Annie... – Disse Thalia inconformada.

–Sem mas. – Ficamos nos encarando, e eu percebi que ela não estava convencida disso.

–O que acham de ir ao shopping? Sabe a Annie ta precisando de roupas novas... – Disse Silena quebrando o gelo.

–Silena eu não tenho dinheiro algum, minhas roupas eram todas sobras da Rachel.

–A qual é Annie... Eu posso pagar.

–Não, Silena eu não posso aceitar isso.

–Annie, por favor! Uma amiga minha não pode andar mal vestida, apesar da thalia...

–Eu o que? – Perguntou Thalia.

–Nem pensar Silena...

–Você fica me devendo pode ser? Me paga quando puder.

–Isso pode demorar...

–Eu não me importo Annie, com apenas uma mesada minha da pra compras seu guarda-roupas inteiro. Vai, por favor. – disse fazendo uma cara mais ou menos assim:

–Ta legal, ta legal! – disse me rendendo.

–Isso – gritou – Vamos, o shopping nos espera.

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–Sou um amendobobo yeahh...

–Silena se você cantar essa música mais uma vez eu juro que desenho uma caveira na sua sapatilha de ponta... – disse Thalia.

–Nossa Thali, não pensei que você fosse tão maléfica.

– To com fome – Disse ouvindo meu estômago roncar.

–Mc Donald’s – Gritaram Thalia e Silena ao mesmo tempo.

–Tudo bem, lá vamos nós. – Disse vendo as duas correndo pelo shopping.

É o dia seria bem longo...