O silêncio entre os dois era tenso. O amor que existia há um mês parecia ter se dissolvido como pó.

Ela parecia depressiva, estava magra, olheiras e o pior, não queria falar. Às vezes Grissom a olhava e controlava a grande tentação de toca-la. Suas mãos formigavam. Ele queria dizer um simples eu te amo, mas tinha medo de deixa-la mais afastada dele. A palavra reconquista-la pairava na mente dele a cada segundo do dia.

Mais uma vez ele a olhou quando parou o carro e acabou encontrando o olhar dela que o encarava com cautela, analisando-o.

- O que foi? – ele perguntou tirando a chave da ignição.

- Estou tentando achar o que me fez se apaixonar por você! – ela falou secamente ao abrir a porta do carro.

Grissom arqueou a sobrancelha e saiu do carro.

- Espera, vou te ajudar.

- Eu sei me virar! Ok?! – ela abriu o portão entrando no prédio. Grissom deu de ombros e abriu o porta malas onde pegou uma pequena mala vinho de Sara. E entrou no prédio.

Ao chegar ao elevador encontrou Sara parada resmungando algo.

- Achei que soubesse se virar sozinha. – Grissom deu de ombros entrando no elevador.

- só estava tentando lembrar o andar.

- Aposto que também não sabe o numero do apartamento. – ele riu baixo.

Sara grunhiu baixo olhando pro outro lado daquele pequeno elevador.

Ele conduziu aquela pequena morena até seu apartamento onde ela reconheceu algumas coisas, pois depois que se mudara pra li muitas coisas mudaram.

Ao entrar ela se sentou no sofá onde sua visão saiu de foco, Grissom não queria perturba-la então decidiu que o melhor a fazer era arrumar as coisas dela.

- Não vai dormir ai né? – Grissom levou um susto e se virou olhando pra Sara que estava encostada na soleira da porta.

- Somos casados, não há problema nisso.

- Grissom! – ela deu uma pausa rápida – Entenda, VOCÊ é casado, eu não!

- Sara, quantas vezes tenho que dizer que você perdeu a memoria e não se lembra de nada...

- Eu sei, eu sei, mas não sinto nada por você! – ela estreitou os olhos – Não quero dividir a cama com você! Não quero estar com você. Tente entender isso, eu-não-amo-você. Esta bom assim?

Grissom ficou sem fala, simplesmente se sentou na cama e olhou para o chão. Perdido em seus pensamentos, em suas decisões.

- Eu te amo Sara! – disse acabado – A chave do carro esta em cima da mesa, pode ir pra casa do Greg se assim for melhor pra ti. – então a olhou.

- Lamento. – ela deu as costas pra ele.

Seus lábios tremiam, ele podia sentir sua pulsação frenética. Deitou-se na cama, porque a vida dele tinha acabado ali.

**~

Toc-toc

O garoto que estava deitado no sofá quase dormindo ficou de pé olhando pro relógio e vendo o quão tarde era. Franziu a testa e foi até a porta lentamente desconfiado. Olhou pelo “olho magico” e viu Sara com uma mochila nas costas. Abriu a porta dando espaço pra morena entrar, olhou pro corredor achando que deveria ter mais alguém e então  fechou a porta olhando pra Sara querendo uma simples explicação.

- Grissom me deixou livre. – ela sorriu – Agora podemos ficar juntos novamente.

- Ah, isso de novo Sara? – Greg colocou a mão na cabeça – Sara não estamos mais juntos, faz tempo.

Sara se aproximou dele pegando suas mãos.

- Eu sei que você ainda me ama! – ela piscou.

- Amo, como amiga. – ele soltou sua mão da dela.

Sua cabeça estava confusa. Desde o dia em que acordou. Seus olhos estreitados, seu corpo mole, decidiu sentar e chorar. Greg soltou um suspiro e sentou ao lado dela, passando o braço por seu ombro até o outro, e puxando-a para si confortando-a.

- o que ele disse sobre isso? – Greg falou baixo.

- só deixou que eu viesse. – ela se ajeitou em seu abraço quente.

- Sabe que não é o certo né? – Greg a abraçou deixando sua cabeça apoiada na dela.

- Você não quer me ver feliz? – ela sabia enfeitiçar qualquer homem com o jeito de falar.

- Esta bem! – foi apenas o que disse.

**~~

O Sol invadiu o quarto que poucas horas atrás estivera escuro e frio. Grissom abriu os olhos lentamente, pois a luz do Sol o cegava. Estava com uma terrível dor de cabeça e seu corpo doía pelo mau jeito que dormiu. Levantou e andou pela casa com a esperança de Sara esta por ali, mas encontrou apenas o vazio total... Bom, não totalmente.

- ela esta dormindo?

- Droga! – Grissom olhou pra cozinha onde Cath estava sentada comendo um pedaço de bolo.

- O que foi? A porta estava encostada! – ela deu de ombros.

- Possivelmente na casa do Greg! – ele se aproximou indo até a geladeira e pegando uma jarra de suco e sentando ao lado de Cath.

- Então é assim? – a loira que tinha os olhos enfurecidos o encarou falando firme – Você. Logo você que sempre a amou, que sempre fez de tudo pra tê-la e quando a tem deixa ela ir embora, assim. Por uma coisa fútil? O que esta pensando Grissom? Esta sendo tolo! – Cath levantava os braços.

Ele passou a mão na cabeça, pensando de novo.

- vim aqui pra chamar você e, todo mundo sabe. – ela suspirou mudando de assunto – Vamos aproveitar esse super feriado? Viajar?

- Não estou muito a fim.

- Se Greg se apaixonar por ela... Não terá uma segunda chance! – ela falou no tom baixo olhando pra ele – Chamei todo mundo que trabalha com a gente, bom os íntimos.

- E suas filhas?

- Vão ficar com a minha mãe. Porque também é só por alguns dias. E ai?

- Ok!

- Ótimo. – ela ficou de pé – já falei com Greg! Pela hora já deve estar até pronto. – ela piscou – Ah, lave o prato pra mim.

**~

- Vamos pra onde? – Sara abraçava Greg por trás sussurrando em seu ouvido.

- Pro litoral acho eu. – ele se virou meio sem jeito olhando pra mulher angelical que sorria pra ele.

- você esta lindo sabia? – ela deu um selinho nele e se afastou indo pegar sua mochila. Greg se virou novamente, não queria traçar laços maiores com ela, mas não queria vê-la triste também. Então concordou de deixa-la com ele, já que Grissom parecia ter desistido.

- Vou te deixar na casa do Grissom.

- Ele vai? – ela gritou do banheiro.

- Sim!

- Por que vai me levar pra lá? – ela apareceu na porta.

- Suas coisas estão lá. E eu acho melhor você ir com ele. – Greg a olhou e ela ficou em silencio.

**~~

Grissom deixou a porta encostada pra que Sara entrasse.  Os dois ficavam e absoluto silencio, passavam um pelo outro sem falar nada ou ter algum contato, é claro que nessa ida e vinda Grissom sem querer encostou em seu braço, que o fez parar e olhar a bela mulher que estava abaixada dobrando algumas blusas. Ele ficou apreciando-a como se fosse um topázio ou um diamante que tinha que ser bem contemplado pelo seu admirador.

Mas ela ficou de pé o olhando sem entender.

- O que foi? – ela disse seriamente.

- Nada. – ele se virou voltando a fazer o que estava fazendo.

Depois daquilo nada mais foi dito. Eles levaram as coisas pro carro e partiram. Quatro horas de viagem e nada foi falado dentro do carro.

Chegaram na grande casa de praia. Como não tinha quarto pra todos, alguns tiveram que ficar na sala. Mas tudo ali estava organizado.

Seus pés na areia fria naquela noite lhe davam uma nova sensação, na qual ele esquecia completamente de tudo quando o vento fresco acariciava seu rosto. Grissom abriu os olhos, vendo o mar calmo.