Rescued escrita por Lolla


Capítulo 14
Ying Yang


Notas iniciais do capítulo

Oii,
Tudo bem com vocês, meus gatinhos e gatinhas?
Mais um capitulo trágico pra vocês MUAHAHA eu SEEEI que vocês gostam de tragédia :B
Boa leitura!



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Eu sempre pensei que cada qual tinha a sua dose de má sorte adequada, mas parece que eu sou a exceção. Depois das apresentações feitas, descobri que aquela mulher não passa de uma tremenda vagabunda pomposa, metida a esperta e muito, mas muito gananciosa. Eu não sei como, mas eu tenho um “dom” de cheirar de longe pessoas que são dignas da minha amizade e as que não são.

Desde o dia em que chegamos molhados em casa até agora (cinco dias depois), esta mulherzinha de quinta categoria faz de tudo para ficar a sós com meu namorado. Seja pegando guardanapos (como se alguém precisasse de ajuda para pegá-los sozinho!) ou para lavar a louça. E Deus sabe o que fazem sozinhos. Claro que eu tenho plena confiança em Ethan, até porque ter me conquistado não foi uma jornada lá muito fácil e também eu vejo muito bem as caras que ele faz quando ficam sozinhos. Mary Kate passou a morar aqui em casa (trouxe até mudas de roupas) e cada vez mais eu me distancio mais de casa. Ethan faz sempre de tudo para me convencer a ficar mais animada, mas simplesmente não consigo.

- Então hoje a senhorita vai lá a minha casa conhecer a minha família, que tal? Posso afirmar que é bem mais animada que a sua. E bem mais maluca.

- Duvido muito... Minha família –ou o que sobrou dela- é mais pirada do que você pensa. –Penso um ou dois segundos sobre o assunto, mas qualquer coisa pra ficar longe daquela vaca e vou logo aceitando o convite.

É uma coisa bem engraçada a insegurança. Em um minuto você está normal, feliz (um pouco) e tranquila até se dar conta de que em algumas poucas horas, você vai enfrentar os pais de seu namorado. Eu não tinha medo destas coisas, de verdade, eu era até um pouco desinibida, mas depois do acidente eu me fechei. Claro que o sonho de todo pai é que o filho namore a garota que eu era antes. Por isso mesmo eu estou tentando, do fundo do meu ser, capturar o resto que sobrou daquela garota alegre, educada e meiga que eu era.

Depois da terceira aula, eu já estou suando frio. Ele até pergunta se tem algo errado comigo, mas é claro que eu não vou contar o motivo de meu medo, pois só o fará rir.

- Eu não sei o que há de errado com você hoje, Taylor, mas está me assustando. Se você continuar parada eu vou tomar isto como um desafio e vou te carregar até em casa. –Ele diz, enquanto eu fico estática sentada no muro do lado de fora da escola. Suspiro, antes de colocar um braço em sua cintura e partir em direção a sua casa.

Quando chego à portaria, eu estou quase desfalecendo em sua frente, mas me mantenho firme até chegar ao elevador, onde sento e começo a soprar dentro de minha blusa. Está quente ou é impressão minha?

- Sério... –Ele começa, me olhando com uma cara esquisita. –O que está acontecendo?

Então decido soltar tudo. Falo em meu desespero em conhecer os pais dele e de como eles provavelmente vão me odiar ou me achar no mínimo esquisita e de como eu não sei como fazer isso, porque nunca passei por uma situação dessas. Falo também que não sou exatamente a “namorada perfeita”, mas mesmo com todas as afirmações possíveis de que sou um desastre, ele apenas sorri.

- Você é a namorada perfeita. E eu sinceramente não acredito que você, Taylor Strecker, está com medinho dos meus pais. Qual é, meus pais são as pessoas mais liberais e loucas que você vai conhecer. Além de que eles vão me humilhar em sua frente um milhão de vezes e eu duvido que você queira perder isso. –É verdade, eu morro de vontade de ver o Ethan bebê, mostrando a bunda branca para câmera enquanto come sabonete infantil. Sinto-me mais relaxada, mas o friozinho na barriga demora a dissipar-se.

Quando entro em seu apartamento, fico surpresa. Quer dizer, em qual mundo os pais do seu namorado (ou de qualquer outra pessoa) deixam você ter dois cachorros maiores do que eu (quando ainda estão sentados!) perambulando pelo apartamento? O maior, todo branco e peludo, cismou comigo, pois não parava de me lamber. Quando ele apoiou as patas traseiras e empurrou com as dianteiras meu peito, eu não pude fazer nada senão dar um grito e cair estatelada no chão. Não, o cachorro não parou de me lamber. E não, o Ethan não veio me ajudar. Na verdade ele está rindo igual a um retardado. Por isso tive que me virar sozinha, empurrando aquela cara enorme de perto do meu sutiã (nem me pergunte por que ele estava cheirando aquilo) e me levanto ainda zonza.

- Obrigada pela ajuda. E por ter me avisado deles. –Aponto para os dois brutamontes, que ainda estão pulando em volta de nós. Ele dá de ombros e me puxa para dentro. Vamos para sala, que é bem aconchegante, tirando os pelos e o cheiro dos cachorros, com um sofá grande em forma de “L” e uma mesinha de centro, com belas flores. Na verdade, elas estão espalhadas por toda a casa. Bromélias, Rosas, Orquídeas... Dando um cheiro adocicado e convidativo em todos os cômodos. Antes de eu poder ver qualquer outra coisa, ouço um grito e passos leves e ágeis pelo assoalho.

- Ethan! A sua namorada chegou?! –Um grito estridente ecoou pelo apartamento, e eu encolhi meus ombros. Ele soltou uma risada da minha reação e gritou que sim, eu estava aqui ansiosa para conhecer ela. De repente um anão atravessa a sala em um piscar de olhos e gruda em minha perna. Eu juro que não fumei hoje. Então ela levanta a cabeçinha e me olha com aqueles olhos azuis que eu conheço muito bem. Mas os dela... São brilhantes, cheios de vida e alegres.

- Olá. –Eu digo com um sorriso.

- Oi... –Ela me diz com um sorriso sem os dois dentes da frente. Então ela vira a cara para Ethan e diz, sussurrando: Ela é muito bonita. Igual você disse pra mim. Mas o cabelo dela é muito mais legal. –Ela pega uma mecha minha com os dedinhos e começa a enrolá-lo. Ethan então pega a mão dela de meu cabelo e a puxa para seu colo, colocando-a em seu ombro. Ela grita enquanto ele me explica que ela tem este hábito de enrolar cabelos alheios desde que nasceu.

- Enfim, esta é Marylou, minha irmã caçula. –Ele pega a mão dela e estende para minha direção, mesmo ela estando de ponta cabeça e completamente zonza. Faço o cumprimento e ele a bota no chão, me puxando para a cozinha onde a mãe está cozinhando algo.

- Mãe? –A mulher de cabelos castanhos escuros, se vira e quando olha para minha cara sorridente, toma um susto enorme e já trata de arrumar o cabelo. –Esta é a...

- Ethan Tyler Connan, como você ousa entrar aqui na cozinha sem avisar que temos visita? E que seria tão linda quanto ela? –Ela aponta para mim, desfazendo logo a cara de zangada para uma doce. – Então você é a famosa Taylor? A garota que mexeu com o coraçãozinho do meu filhote?

Ambos, eu e Ethan, ficamos vermelhos, mas para disfarçar dou uma risada e mudo o rumo da conversa. Apresentamos-nos mais formalmente. Falo de como a casa dela é linda e de que sua filha é adorável e que fui logo me simpatizando com ela.

- Desde que Ethan mencionou seu nome, ela não para de falar de você. É como se fosse parte da família! O que é verdade, já que é minha querida norinha. E bem, Ethan conta tudo para Marylou, é um irmão muito devoto e carinhoso.

Disto eu não sabia. Olho para ele surpresa, mas parece que ele nem está ouvindo o que a mãe está falando. Seu olhar está no meu e parece que nada pode nos atrapalhar agora.

- Err... –Dona Connan fica sem graça com nosso comportamento, por isso logo acabo com nosso intenso contato visual. –Quer cookies? –Ela põe a frigideira com os biscoitos crocantes em meu nariz e por isso sou obrigada a pegar um. Sentamos-nos à mesa e conversamos por quase meia hora sobre banalidades, mas eu via a cara de descontentamento de Ethan e do jeito como ele tamborilava os dedos na mesa, impaciente. Acho que a dona Lisa percebeu, pois disse:

- Está com pressa, Ethan? –Ela pode ser bem intimidadora quando quer, mas Ethan não se sentiu temeroso em nenhum momento enquanto pegava minha mão, alegando estar sim com pressa e me levando ao seu quarto.

Bem, o resto da tarde foi repleto de beijos e mãos e filmes de terror e mais beijos. Não conheci seu pai, pois o mesmo estava viajando a negócios.

Voltando para casa, eu descobri que esse foi um dos dias mais feliz da minha vida. Oh, como queria que isso fosse verdade... Eu não comecei falando que tenho uma porcentagem maior de azar que as outras pessoas? Mais uma vez o destino me provou esta teoria que inventei.

Quando chego em casa, percebo uma coisa: Não há barulho. Não há ninguém para me perturbar agora. Provavelmente meu pai e aquelazinha saíram para algum motel... Enfim, não me interessa de nada a vida deles, então...

Estou com uma fome tremenda, por ter comido só dois cookies na casa de Ethan, mas primeiro tomo banho, pois sinto um dor chata na parte de trás da cabeça.

 A princípio era como uma dor de cabeça comum, mas depois de alguns minutos esta dor foi se projetando até se tornar insuportável e eu começar a ter enjoos e tonturas repentinas. Apoio-me na bancada e não aguentando mais, vomito no chão tudo o que estava em meu estômago. Como tinha comido pouco ao longo deste dia, depois de soltar toda a comida, vomito bile puro, o que é bem pior.

Não consigo nem chegar ao telefone e estou em pânico. Meus pés não se movem ao meu comando e se eu tentar sair do apoio da bancada, provavelmente vou cair ao chão. Então meus olhos começaram a pesar e meu corpo ficou mole e eu vi minha vida passar diante de meus olhos. Foi a pior coisa que eu já presenciei em toda minha vida, porque eu percebi que a minha vida toda, eu sempre fui uma inútil. Mais um ser humano fútil e falso vagando pelo mundo.

As lágrimas embaçam minha visão, dificultando ainda mais meu equilíbrio e sem conseguir me manter em pé, escorrego em meu próprio vômito espalhado pelo chão e bato minhas costas com força o suficiente para eu parar de respirar por dois segundos e meu peito arder. Vomito mais ainda e por fim, desisto de lutar, até porque eu não consego raciocinar direito com toda essa dor.

Exatamente quando fecho os olhos, ouço a porta se abrir e uma gritaria irritante ecoa pelo apartamento, fazendo minha cabeça latejar. Simplesmente não consigo abrir os olhos.

Não senti quando ele me pegou no colo, pois desmaiei logo em seguida.

A luz ridiculamente forte me obriga a fechar os olhos novamente e contar até três devagar. Acostumo-me com a claridade e olho em volta, mas tudo o que enxergo é branco. As paredes são brancas, o teto é branco, o sofá de couro é branco, assim como o lençol barato e desconfortável.

Direciono meu olhar para meu braço direito, que está coberto de tubos perfurando minha pele, mas logo desvio a visão para outro lado, porque simplesmente não suporto agulhas. Olho para meu braço esquerdo desta vez, e vejo-o completamente normal, até notar que não consigo mais mexer minha mão esquerda. Tento abri-la e fecha-la, mas é impossível.

Fico instantaneamente desesperada e conforme vou ficando mais angustiada, mais a caixa de metal ao meu lado apita. De repente, uma moça vestida com um uniforme branco e o logo do hospital me seda antes mesmo que eu possa perguntar o que está acontecendo.

Abro meus olhos pela segunda vez e volto a explorar os danos em meu corpo e percebo mais um: minha cabeça está enfaixada e alguns tubos estão presos no lado esquerdo de minha cabeça, por isso, consequentemente, este pedaço de cabelo em que os tubos estão localizados simplesmente sumiu.

Escuto três batidas rápidas na porta e vejo um par de olhos tristes, porém reconhecíveis me olhar do batente. De baixo de seus olhos, nota-se de longe manchas roxas de cansaço e bolsas de noite mal dormida. Dou um pequeno sorriso, que é o máximo que consigo fazer, pois tudo em mim dói.

Ethan se senta no sofá ao lado da cama e me encara com pesar.

- Oi. –Ele sussurra. Sua voz está embargada e os olhos vermelhos. Tento não pensar em porque ele estava chorando, pois isto me deixa mais triste.

- Oi- Digo o mais animada que posso, para tentar convencê-lo de que estou bem. Mas a pergunta que faço a seguir me deixa com calafrios na espinha: - O que aconteceu comigo?

Ele hesita um momento sequer, mas opta pela verdade, imagino.

- Você teve um derrame.


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Notas finais do capítulo

E ai? E ai?
Eu só puis essa história do derrame porque a filha da amiga da minha mãe (que tem a minha idade *ou seja, é nova pra esse tipo de coisa*) teve um derrame e foi parecido com isso, só que foi no dia do aniversário dela e quando ela teve, só os avós dela e o irmão pequeno estavam em casa. Imagina o sofrimento, né? De carregar uma menina desmaiada e além do desespero. Ainda bem que o nosso Ethan é fooorte :3
Mas não se preocupem que a menina ta bem e sem sequela nenhuma. Na história vocês vão saber mais sobre isso hehehehe
Enfim, me mandem comentários, ok? Vai me deixar beeem felz XD
Beijinhooos



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