Ok. Tinha que me organizar. Ainda bem que segunda, terça e quarta não ia ter aula - feriado \o/ . Cheguei em casa e fui tomar banho. Me despi e me joguei embaixo do chuveiro. A água fria parecia tirar todos os problemas do meu corpo. Adorava aquela sensação. Demorou mais alguns minutos para terminar meu banho. Estava livre, leve e solta. Lembrei que nunca mais tinha composto nada e já estava com saudades disso então fui pegar meu celular para ligar para o Josh. A minha casa não era daquelas que viviam bagunçadas mas também não vivia sempre arrumada. Não tava achando meu celular de jeito nenhum. Vesti uma roupa e fui procurar pelo resto da casa. Sala, banheiro, quarto de hóspedes, quarto de Sophie, cozinha, quintal, procurei até na geladeira - já aconteceu uma vez - mas não achei. Aliás, minha geladeira tava mais vazia do que a cabeça de John. Ah ótimo, eu tinha que lembrar de John. Ele se drogava com a minha irmã, foi uma das influências dela e acho que não vou esquecer isso nunca.

Focando, tinha que achar meu celular e fazer compras. Merda. Lembrei. Ontem, quando me disfarcei de Lola deixei minha bolsa na casa de Peter. Tinha que voltar lá. Caralho, eu sou muito desleixada hein? Ainda bem que eu já conhecia Peter mas acho que nesse horário ele ainda estaria "noiado". Fui lá do mesmo jeito.

– Olha, olha, olha! Se não é a Lola aqui, de manhã.. - Peter falava animado, já tinha cheirado uma - O que a traz aqui, dama? - perguntou-me roubando o cigarro não-aceso da minha boca.

– Eu deixei minha bolsa aqui, e eu preciso do meu celular que está lá dentro.. Acho que deixei em um dos quartos lá em cima.. Posso ir pegar?

– De boa, pode entrar. Quer uma?

Peter esticou a mão e me ofereceu uma sacolinha com pó branco.

– Tô tentando ficar limpa por uns dias, sabe como é né?

Ele me olhou desconfiado e só falou "Hmmm". Fui logo para o quarto porque sabia que não dava para enrolar muito. Cheguei lá e vi o mesmo cara feio com quem minha irmã supostamente transou. Ele estava completamente nu e jogado na cama com uma outra mulher de calcinha e sutiã. Os dois dormiam. Puta e vadio. Era só o que eu pensava dos dois.

Minha bolsa estava logo ali, no mesmo lugar em que havia deixado. Peguei e saí do quarto. Quando eu estava lentamente fechando a porta para não acordar os dois eu ouço a voz de Jimi Hendrix. Não pude conter minha curiosidade e fui andando até o fim do corredor, onde tinha uma porta aberta em que parecia sair de lá aquela música. Estava de salto alto então fui bem na ponta dos pés mesmo, para ninguém me ouvir. Olhei de fininho e vi uma pessoa magrela, era praticamente crânio e esqueleto. Tinha os cabelos um pouco grande, abaixo da orelha. Os braços já tinham várias marcas de seringas. Me deu vontade de jogar aquele sujeito em uma clínica mas eu não ia fazer isso com alguém que não conhecia. Fiquei com pena e resolvi ir embora logo. Na hora que eu dou meu primeiro passo, ele se vira.

Reconheci de imediato. Nunca iria esquecer aqueles olhos me encarando. Eram os mesmos olhos só que agora eles não tinham brilho, estavam opacos e pareciam não ter cor. Era algo sem vida. Ficamos alguns segundos se encarando.

– Você tá me perseguindo, é isso? - sua voz quase não saia.

– De jeito nenhum. Não sigo pessoas como você - começou com a grosseria - Perca de tempo.

– Não parece. Olha aqui, você e o resto das fãs paranóicas tem que parar de me idolatrar por tudo o que eu faço.

– Pfff, cê tá se achando né? Eu já disse que não sou uma dessas fãs. Não ouço mais o som de vocês.

– Desculpa desiludir vocês - ele parecia não acreditar em mim - mas eu não vou me casar com nenhuma de vocês. E eu não sou o príncipe encantado.

Já olhava incrédula para ele.

– Vocês tem que aceitar o fato de vão ficar sozinha e parar de perder tempo com um homem imaginário que nunca terão.

Aquilo foi um balde de água fria para mim. Mesmo que não gostasse de John mas ele tinha razão quanto aquilo. Fui embora, sem reação.

Então era assim que John vivia. Se drogava dia e noite. Já estava decidida a esquecer o John e aquela imagem.

Me despedi de Peter e passei na casa do Josh para ele ir ao supermercado comigo. Chegando lá, a Sra. Klinghoffer atendeu a porta. Fazia tempos que não a via.

– Olá Srta. Miller - ninguém me chamava pelo sobrenome, só ela - Como vai? Passas bem? - ela só podia ser sulista para ser tão amorosa comigo.

– Oi Sra. Klinghoffer! Estou bem e a senhora? Josh está?

– Passo bem. Vocês vão sair?

– É, estava pensando se ele podia ir no mercado comigo..

– Creio que não será possível. Jennifer - a irmã mais velha dele, de 26 anos, que morava em Chicago - me ligou e anunciou que está noiva! O casamento é daqui a 2 semanas e estou levando Josh a um costureiro para fazer um smoking sob medidas.

– Ah! Que bom para Jennifer, mande os meus parabéns para ela está bem?

Nessa hora, Josh descia as escadas e me viu conversando com sua mãe. Acho que ele ficou envergonhado pois só me deu um aceno e foi para a cozinha.

– Então, eu já vou! Tchau Sra. Klinghoffer.

– Tchau minha filha, cuidado hein!

Acenei de longe. A sra. Klinghoffer era uma das senhoras mais simpáticas que já conheci.

Josh's POV

Odeio quando minha mãe conversa com Mandy. Ela sempre me envergonha. Mas enfim, tinha que pensar em algum jeito de me acertar com a Mandy. Eu gosto muito dela e eu sei que ela sente alguma coisa em relação a mim. Eu via o jeito que ela olhava para mim, e aquelas mãos dadas? Agora com esse casamento da Jennifer, tinha que acertar um monte de coisa. Ela quer que eu guie a menina que vai levar as alianças até o altar. Mal sei andar com a postura correta ainda mais guiar outra menina. E Jennifer ainda ia fazer o casamento em LA o que tornava as coisas mais conturbadas. Era praticamente eu e mamãe arrumando as coisas do casamento.

Estava pensando em convidar Mandy para ir comigo.. Seria uma boa ideia? Será que ela vai pensar que nós temos mais alguma coisa? Confuso. Peguei minha guitarra e comecei a tocar algo aleatório. A minha Fender era uma das únicas coisas que tinham o poder de esquecer de pensar e só fazer. Além de Mandy, é claro.