Mandy's POV

Hoje parecia ser um sábado qualquer: Sol lá em cima iluminando e radiando calor para toda a Califórnia; o vento remexendo as folhas de palmeiras e os cabelos das garotas semi-nuas nas praias; aquele clima de praia e festa que Hollywood tem todo fim de semana... Exceto por uma coisa. Hoje, Josh, depois de quase 6 meses iria sair da clínica e era justo eu que iria buscá-lo. Tá, não era só eu, mas eu estava no meio. Sophie, Anthony, Chad e Flea também iriam porque nós ainda iríamos dar as guitarras. E não bastava ter esse nervosismo todo por causa da volta do Josh ainda estava agoniada com a conversa que iria ter com o John. Eu me decidi. Não era certo aquilo que estávamos ou que iríamos fazer. Josh, sendo meu namorado ou não, sempre foi meu amigo e seria uma desconsideração se eu não conversasse com ele sobre o assunto. E eu sentia uma sensação estranha com o John. Depois que ele me explicou o porquê de tanto olhar estranho ao longo desses anos, eu não sei se melhorou ou se piorou. Agora toda vez que ele me olhava eu me sentia a mulher que o desprezou na adolescência, sem ao menos conhecê-la. E se ele tinha vontade de ficar comigo, eu sentia que ele tinha vontade de ficar com ela e não comigo. Era como se eu estivesse sendo usada. Não o culpo, só não acho melhor levar isso adiante.

O som alto da buzina do carro do Chad me fez despertar da minha reflexão que estava tendo. Chamei Sophie e entramos no carro. Cumprimentamos todo mundo e seguimos em direção a Santa Bárbara. Meu coração parecia que ia explodir de tanta ansiedade e nervosismo.

John's POV

Era hoje que Josh saía. Ia sentir saudades daquele cara, já até tinha falado isso para ele mas logo logo era eu que iria sair daquela budega. Não aguentava mais viver de comida de hospital e ser tratado por enfermeira. Viver e conviver com as mesmas pessoas no mesmo lugar enjoa rápido demais. Mas, se aquilo era para o meu bem, eu iria ficar ali o tempo que for preciso. Era até mais fácil, porque eu podia pintar e tocar violão.

Ah, quando eu saísse dali poderia fazer tanta coisa! Eu acho que só o fato de voltar para o Red Hot já me faz sonhar alto! Eu já tinha pintado tantas coisas que as psicólogas daqui consideravam "alegres" em relação ao meus antigos quadros... Acho que a única coisa que não era depressivo dos meus antigos quadros era aquela mulher... Até agora ainda não sei quem é, mas ela me parece tão familiar... Que sensação escrota.

- Posso entrar? - disse Flea.

Putz, era tão bom ver alguém que não fosse uma enfermeira com mais uma sopa. E era melhor ainda saber que era o Flea.

- Cara, Flea meu! Que saudades! - disse o abraçando.

- Todos nós estamos.

Não deu tempo nem de perguntar quem era esse todos, que apareceram Chad e Anthony. Eles me cumprimentaram e sentaram na poltrona que havia no quarto, menos Flea que ficou em pé.

- Olha, John. Não preciso nem dizê-lo novamente que estamos todos animados com sua volta a banda... - disse Anthony - Ah, não sou bom nisso..

- Nós trouxemos algo para motivá-lo - falou Flea sorrindo.

Chad tirou de trás da poltrona um presente, que não sei como não vi eles colocando-o lá e que só pelo formato já dava para saber o que era.

- Aproveite-a - disse Chad sorrindo também.

Vê-los sorrindo fazia eu sorrir automaticamente. Abri a caixa e vi uma Gretsch White Falcon linda, perfeita, brilhando só para o meu uso. Estava radiando.

- Caramba, uau! - só consegui falar isso.

- Soubemos que só tinha um violão por aqui, então resolvemos comprar uma guitarra para inspirar você... Gostou? - perguntou Anthony.

- Se eu gostei? Porra, eu não podia estar mais feliz! - falei abraçando os 3 ao mesmo tempo - Sério, vocês não precisavam. Eu vou recompensar esse presente nas músicas. Vou fazer cada música do caralho que vocês não vão se arrepender de ter me chamado de volta.

- Que isso cara... Você é praticamente um irmão pra gente, não iríamos se arrepender - falou Flea.

- Mas é bom você fazer música boa mesmo seu viado se não jogo essa guitarra na sua cabeça - disse Chad brincando.

Rimos. Como era bom aquilo.

Josh's POV

- Tem alguém que está morrendo de vontade de sair aqui? - disse uma voz que eu nunca mais tinha ouvido.

- Sophie! Você veio! Não precisava, eu iria de táxi... - falei.

- Ah não. Faço questão de te levar para casa. Mas antes, viemos fazer uma surpresinha - e Mandy apareceu com um presente.

Corei. Eu não acredito que elas estavam fazendo aquilo.

- Como faz muito tempo que você não toca... E eu sei que você adora tocar, compramos uma guitarra para você. Espero que goste - disse Mandy me estendendo o presente.

- Eu não posso aceitar isso... Eu não fiz nada demais. Aliás, eu estou fazendo menos que minha obrigação. Se eu tivesse sido um homem melhor, eu nem estaria aqui - falei.

- É, mas não tem nada mais digno em um homem do que a superação de seus problemas - falou Mandy.

Por essa eu não esperava. Mandy estava me defendendo? Das drogas?

- E eu nunca te agradeci devidamente por estar cuidando da minha irmãzinha todos esses anos quando eu não podia ficar de olho nela não é mesmo? - disse Sophie em meio aos risos - Vai lá, abra.

Abri a caixa e vi uma Gibson Les Paul Black lindíssima e no mais puro e perfeito brilho. A guitarra era perfeita.

- Ahnn, Er... Eu nem sei como agradecer... Caramba - foram as únicas palavras que consegui pronunciar.

- Não precisa agradecer coisa nenhuma - disse Sophie.

- Você ainda lembra alguma música? - perguntou Mandy - Toque qualquer coisa para testar.

Imediamente veio a música que compus no dia em que pedi Mandy em namoro. Havia praticado aquela música há alguns dias no violão que tinha na clínica mas fiquei com vergonha de tocá-la ali naquele momento, aliás, não estava nada oficializado entre eu e a Mandy. Não tinha certeza se ela gostava de mim mesmo.

Peguei a guitarra e toquei uns acordes aleatórios que vieram a minha cabeça. A guitarra parecia estar em sincronia com a minha mente. Há quanto tempo não sentia aquela sensação em meus braços? Ah como era bom!

- Bom, eu vou acertar os papéis finais da reabilitação ali. Vocês ficam aqui? - falou Sophie.

- Sim, a gente fica... Se a gente não estiver aqui, estaremos na recepção - falou Mandy.

- Ok, tudo bem - disse Sophie já fechando a porta do quarto.

Logo no estalar da porta se fechando, Mandy se virou séria para mim. Eu conhecia aquele olhar. Ou iríamos ter uma conversa séria ou ela iria me contar algum de seus problemas. Pelo jeito, era uma conversa.