A noite não foi tão perturbadora quanto John pensava. Ele não teve insônia como previu, mas no momento em que deitou a cabeça no travesseiro um filme rápido passou pela sua cabeça. O que ele faria afinal?

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Acordou ,tomou um banho e começou a pesquisar em alguns livros que tinha em casa. Esta história dos assassinatos não lhe parecia estranha, na verdade, tinha impressão que já lera algo deste tipo em um antigo livro que tinha sobre profecias do apocalipse. Assim, afundou nas pesquisas, até alguém interrompe-lo batendo a sua porta.

—Mas o quê...?

—Ah, oi.- disse.- Nós conversamos no bar aquela noite, lembra-se?

—Lembro, mas... Como sabia onde moro? E porque veio aqui? - franziu a testa.

—Se deixar posso explicar-te.- disse o garoto.

—O.k., entre.

Os dois sentaram-se a mesa.

—Fale.- John disse, mas no momento em que o garoto abriu a boca, ele lembrou-se da garota no dia anterior, e ele não estava afim de ouvir tudo aquilo novamente.- Só que faça um resumo por favor.

—Tudo bem.- o garoto concordou. –Então pra começar, meu nome é Sullivan Gonzalez, estudante daqui a duas semanas da faculdade Siracusy.

Ele estendeu a mão para John que ergueu uma sobrancelha ao olha-la, mas a apertou por fim.

—John Constantine, exorcista e ocultista .

—Bom, viu procura-lo porque queria que me explicasse essa coisa de eu poder ver ¨demônios¨.- Sullivan fez aspas com os dedos.

—Não tem muito o que eu possa explicar-te.

—Me diga o que você sabe até agora então.- Sullivan deu de ombros.

John disse como se fosse óbvio.

—Você vê demônios, sendo assim pode exorcizar pessoas, ou seja, trate de conseguir um sobretudo.

—Você vai me ensinar a exorcizar pessoas?- ele fez uma careta de duvida.

—E eu tenho escolha?- ele balançou a cabeça pensativo.

Sullivan nada disse enquanto observava John.

—Não, não tenho.- ele suspirou.- Preste atenção nisso que vou te contar.

John contou a Sullivan tudo sobre a lança. Ele escutava cada detalhe atentamente, absorvendo cada palavra. Contou também sobre Angela ,a sensitiva que guardava a lança. Sullivan percebeu o tom de voz de John mudar ao falar dela, mas não disse nada. E por último contou da pesquisa de Valquiria.

— Então agora, estou procurando algo que possa me ajudar a achar a lança.- disse John por fim.

—Sei um pouco sobre ocultismo, você sabe, o pouco que fui aprendendo sozinho na prática diária então vou ver no que posso ajuda-lo.

—Ótimo e...

Ele foi interrompido por uma batida na porta.

—È um demônio?- Sullivan fingiu medo.

John olhou para ele.

—Isso era para ser engraçado?

—Sim.- ele deu de ombros.

—Pois saiba que não foi. Agora vá abrir a porta.- John disse enquanto batiam novamente.

— E porque eu tenho que abrir a porta? A casa é sua.- Sullivan retrucou.

—Se quiser que eu te ensine alguma coisa, terá que me obedecer, ou seja, abra a porcaria da porta. -John disse irritado.

Sullivan revirou os olhos mas foi. Assim que abriu a porta teve certeza de que aquilo não era um demônio.

—Ahm...oi.- disse para a garota que revirava sua mochila.

—O-oi...- ela disse quando olhou para Sullivan.

Eles ficaram se encarando até ouvirem John falar.

—Quem é?

—Sou eu John ,Valquiria.- ela disse ainda encarando ele.

—Deixe-a entrar Sullivan.- John respondeu.

—Oi.- ela disse dando um beijo na bochecha de John que fez uma rápida careta de surpresa.

—Você não estuda não garota?- John perguntou enquanto ela se sentava a sua frente. – Devia estar na escola a essa hora.

—E você devia comprar um relógio.- ela sorriu.- Por acaso sabe que horas são?

Ele olhou seu relógio e viu o quão rápido o tempo tinha passado. Olhou para cima e notou que os dois o encaravam.

—Sullivan esta é Valquiria, a moça que eu disse que fez a pesquisa. – John gesticulou.- E Valquiria, este é Sullivan... meu aprendiz.- ele deu de ombros.

—Aprendiz? Do que?- ela perguntou.

—Ele vai ensinar-me a arte do exorcismo.- ele adicionou uma pitada de ironia nas últimas palavras.- Eu consigo ver demônios sabe.

—Eu também...- ela virou-se para John. -Você vai ensinar-me também não é?- ela levantou uma sobrancelha.

—O que é isso agora?- John abriu os braços.- Virei professor do governo?

— Eu te contei toda a minha vida,- ela levantou-se.- Tenho tanto direito de saber quando ele.- ela estava começando a parecer irritada.

—Tudo bem,- ele suspirou.- eu ensino. Só não me enchem a paciência e...

Seu celular tocou.

—Alô?-disse .

—Olá John,- saudou.- sou eu cara, Frank.

—Frank Ryder?- perguntou arregalando os olhos rapidamente.

—Eu mesmo.- ele disse.- Como vai? A muito não nos falamos.

—Ah, você sabe, mais pra lá do que pra cá, como sempre,- disse John se recuperando do susto.-Porque me ligou...?

—Então John,- Frank começou meio sem jeito.- na verdade eu estava querendo que me ajudasse...

Mas é claro que sim, sempre precisou de sua ajuda, nunca conseguiu fazer nada sozinho, John pensou.

—Em que?- perguntou.

—È que eu estava tentando exorcizar uma garota, -ele disse.- mas parece que estou fazendo algo de errado porque o demônio insiste em ficar no corpo dela...

—Está usando o espelho ou o ritual?- John coçou a testa.

—O espelho.- respondeu. – O ritual não deu certo. Então pode me ajudar...?

—Posso. Me passe o endereço que eu mesmo farei isso.- ele disse.

—Hotel Clinpton ,rua Lorde Claus 3801.Estou esperando.- Frank disse e desligou.

—Amador.- John disse colocando seu chiclete na boca.- Agora vocês irão ver um exorcista de verdade agir.

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Os três pegaram um táxi e foram até o lugar. Quando chegaram ,se depararam com um hotel razoavelmente novo. Na porta, havia um homem parado que quando os viu veio na sua direção.

—Olá John.- Frank disse apertando sua mão e em seguida olhando para os outros.- Trouxe seus filhos?

—Não!- responderam os três em unissomo.

— Hum ok.- ele fez uma careta.- Mas antes, você tem uma visita especial.

Eles subiram até o último andar. O corredor era claro e iluminado, não se parecia nada com um lugar de exorcismo.

Frank conduziu-os até uma porta de número 333.

—Tinha que ser 3.- John balançou a cabeça.

Ele abriu a porta e de inicio não viu ninguém, só depois de vasculhar com os olhos o quarto, viu alguém de cabelos compridos sentado de frente para a janela olhando o céu nublado. Ela levantou-se da cadeira e virou-se .

—John? Sou Akira.- disse.- Você deve conhecer algumas das minhas irmãs...

Era uma moça jovem, de ondulados cabelos ruivo escuros. Usava uma camisola de seda preta curtíssima com um enorme decote. O corpo de pele clara mostrava a silhueta perfeita. Era linda, a não ser pelos olhos de uma estranha coloração azul. Observou-os com a expressão sedutora.

— Uma Succubus.- John avaliou a mulher.- Como vai a família?

—Ótima .- respondeu.- E você como vai? Disseram-me que eu tinha que prova-lo, então aqui estou.- ela lambeu os lábios.

—Quanta gentileza.- ele ergueu a sobrancelha.- Qual é o motivo de tal visita?

—Fui mandada pelos Duques do inferno.- começou.- Eles apenas querem garantir que saiba disto...

—O quê?

—Que não foram eles que mandaram pegar a lança.- ela disse.

—E porque querem que eu saiba disto?- John ficou confuso.

—Para que não os convoque sem necessidade.- ela sentou na cama e cruzou as pernas.- Andam muito atarefados ultimamente.

—Com o quê?

—Você sabe, as almas de hoje não são as mesmas de antes.- elas revirou os olhos.- As pessoas estão indo para o inferno por muito pouco, e o Sombrio não está satisfeito com almas inúteis. Por enquanto, os Nove Duques estarão ocupados tentando acalma-lo, ou seja, não os incomode com acusações tolas.

—Beleza. Estou avisado.- John disse. -È você que eu vim exorcizar?- John perguntou aproximando- se.

—Infelizmente não,- ela passou a mão por seu peito. – Eu só viu avisa-lo.

Ela deu dois passos para trás e tirou a camisola, ficando sem nada.

—Adeus...- ela soprou um beijo e desapareceu em uma fumaça vermelha.

—Bem...- John coçou a cabeça.- isso foi...

—Muito interessante.- Sullivan completou.

Valquiria revirou os olhos.

— Podemos ir?

—Claro.- John disse.- Leve-me até a garota Frank.