O Aniversário Do Percy escrita por Letícia


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Olááá!!!
Sim, aqui estou eu depois de séculos, talvez éons... Mais precisamente quase um mês.
Foi mal mesmo gente, mas é que agora as aulas começaram, e além disso eu enrolei pra caramba...
Vou tentar ir mais rápido com o próximo, mas tá meio difícil, semana passada eu tive 4 provas, essa semana tenho mais 4...
Enfim, esse capítulo é dedicado pra Diva da Camila (Cinderella) que me deu de surpresa a nova capa dessa fic e da 'O Aniversário da Thalia'. Amei! *-*
Espero que vocês gostem do capítulo, o maior até hoje...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187208/chapter/6

Como a chuva veio do nada, todos ficaram meio chocados. Mas assim que caiu a ficha todos correram para a Casa Grande.

Chegamos lá encharcados. Na pressa eu até esqueci de me manter seco.

Olhei para mesa e vi o cereal caindo das vasilhas cheias de água. Meu pai era o único que ainda não tinha vindo. Estava calmo carregando duas travessas imensas cheias de cereais. Em cima delas e dele haviam ‘proteções’ feitas de água. PORQUE EU NÃO PENSEI NISSO??

Bem, pelo menos ele estava trazendo comida para todos! Que bom, porque eu ainda estava faminto! Não comi quase nada antes da chuva começar. Se bem que tá mais pra tempestade... Quem sabe teremos outro dilúvio?

Enfim, meu pai entrou aqui e continuou com a proteção sob ele. Que estranho...

- Hum... Senhor Poseidon, não sei se você reparou mas aqui dentro tem um teto – disse um campista, filho de Éolo se não me engano.

Meu pai revirou os olhos e continuou com a proteção, como se não houvesse tido nenhum comentário. Foi até a mesa onde o Sr D costuma jogar pinochle e se sentou em, uma das cadeiras que ficam em volta da mesa, que por alguma razão não estava ocupada com o Sr D. Ele colocou as travessas na mesa, onde elas mau conseguiram de equilibrar, por falta de espaço. Deu pra perceber o quão grandes são as travessas?

Todos os campistas começaram a ir naquela direção para pegar cereal. Mas então meu pai moveu a proteção para que formasse uma espécie de parede de água ao seu redor. Os campistas que estavam na frente tentaram passar por ela em vão.

Foi ouvido um ‘ah’ coletivo e alguns campistas disseram coisas não muito legais para o meu pai... Só espero que a parede seja a prova de sons, porque não deve ser muito legal irritar o deus dos terremotos. Mas tudo que meu pai fazia era comer, e quando não estava fazendo isso, mandava um sorriso vitorioso na nossa direção.

Quando todos haviam saído de perto eu tentei abrir uma passagem para eu conseguir passar, mas tudo que consegui foi um pequeno buraco que não durou por muito tempo. Mas de alguma maneira meu pai percebeu que haviam mexido na parede dele e desviou os olhos da comida. Viu que se tratava de mim e ele mesmo abriu uma ‘porta’.

Eu entrei enquanto ele voltou a comer. A porta de fechou logo depois que eu passei.  Peguei um pouco de cereal e já ia comê-lo quando ele olhou pra mim, arqueou as sobrancelhas e perguntou:

- O que você pensa que está fazendo?

Ele olhou do cereal que eu ia comer para meu rosto repetidamente. Acompanhei seu olhar.

- Acho que é meio óbvio, não? – Ele revirou os olhos com a minha resposta.

- E o que te deu direito de fazer isso? – perguntou ao ver que eu continuava a levar a colher para a boca.

- Ué, você! Quando me deixou entrar aqui.

- Eu achei que você queria falar comigo! – dessa vez eu que revirei os olhos. Continuei a levar a colher para a boca – Larga. Essa. Colher. Agora.

Olhei pra ele e ele parecia falar sério. Parecia até nervoso.

- Ah pai, fala sério! É meu aniversário!

- E você quer presente melhor do que eu te dei?

Mas ele não me deu nada! Que mentiroso! Ou será que algum filho de Hermes pegou meu presente “sem querer”? Olhei interrogativamente pra ele. Ele apontou para si mesmo enquanto comia.

Anh? Pera, porque eu estou só pensando nisso?

- Anh? – disse.

- Um dia inteiro com minha divina presença! Tem presente melhor?

Na minha cabeça vieram muitas coisas melhores. MUITAS MESMO. Um Ipod, ambrósia, um carro, dinheiro... Até um papel de presente rasgado! (N/Thalia: Tá vendo? Meu presente nem parece mais tão ruim!) Mas como eu não sou burro o suficiente para dizer isso para  meu pai, me limitei a dizer:

- Tem razão! Dãã, esse presente!

Ele deu um sorriso e voltou a comer de maneira não muito educada. Resolvi sair dali, pois apesar da cena ser nojenta, envolvia comida. Na minha situação, qualquer comida que eu visse me fazia ficar com ainda mais fome. E isso não é pouco. Se bem que se eu visse um bom prato de jiló refogado eu não ficaria com fome...

Enfim, me levantei e tentei abrir a passagem. Dessa vez não consegui nem um mínimo movimento da água. O que me deixa apenas uma saída. Cutuquei o braço do meu pai.

- O que foi? – disse ele, me dando uma visão privilegiada do cereal que tinha em sua boca...

Desculpa, informação desnecessária.

- É... Abre uma porta pra mim? – ele me olhou estranho – na parede... – olhar estranho continua-  ...de água. – completei.

Ele murmurou algo como um ‘ah’ de compreensão e começou a abrir a porta. Do outro lado estava Annabeth. Ela já havia aberto a boca para dizer algo e eu já estava saindo. Mas antes que alguma dessas coisas acontecesse a água caiu tampando a passagem.

Virei para ele esperando uma explicação. Mas ele já estava comendo. De novo.

Ele come por quinze pessoas (se não forem mais) e não engorda? Isso é injusto! Nem comer ele devia! Muito menos comer toda a comida do meu aniversário. E ainda por cima prender um Percy faminto com ele!

- Filho – disse entre colheradas - eu normalmente como ambrósia e néctar – Nãão? Juuura? Achei que quem comia a comida DOS DEUSES eram os... os... não-deuses! Ah, vocês entenderam! - e eu preciso de muita comida mortal para suprir minhas necessidades... E, por mais que essa comida seja feita por uma deusa, ela tá looonge de ser divina. Acredite!

Acho que sei de uma tia minha que não vai gostar nem um pouco de saber disso.

- Além disso, – continuou meu pai – eu não estou comendo toda comida, tem muita lá fora no dilúvio.

Mas como meu pai descobriu que eu queria saber isso? Por acaso ele lê mentes? Isso seria tão...

- Não, eu não leio mentes – disse meu pai, interrompendo totalmente minha linha de raciocínio. Olhei interrogativamente pra ele – Você nunca percebeu que fala sozinho quando está nervoso? Ou curioso? Ou... ah, que quando quer...

Maldita mania de falar sozinho!

Me virei novamente para sair, mas ao ver a parede de  água me lembrei que ele fechou a passagem.

- Meu querido e amado pai – disse de maneira formal e gentil – DÁ PRA ABRIR A PORCARIA DA PORTA??? – finalizei um pouquinho nervoso. Só um pouquinho, sabe

- Não vai aproveitar seu presente? – disse apontando para si mesmo. Revirei os olhos – Se eu fosse você aproveitava, não se ganha um presente desses todos os dias...

Vendo que não surtiu efeito e eu continuava o encarando a espera de algo (mais especificadamente dele abrir a passagem)ele disse:

- Olha o que você está perdendo – e enquanto dizia isso fazia poses rídiculas para me mostrar seus músculos, além, é claro, de me dar uma visão privilegiada da comida que estava dentro da sua boca.

Me dei um beliscão para ver se ele realmente estava fazendo isso. Realmente esperava que não passasse de um sonho. Um pesadelo, na verdade.

Imagino que o que ele quis mostrar com isso tudo foi que não me deixaria ‘largar’ ele ali sem motivo. Dá próxima vez ele podia simplesmente dizer isso. Seria melhor para nós dois... Mas rápido, mais prático e beeem menos... hum... traumatizante.

- E então? – perguntou com a boca ainda cheia, ao (finalmente) terminar a sequência de poses ridículas.

- E... Eu quero mesmo ficar... Mas tenho que sair, porque... – pensa rápido! – porque...

- Porque...? – perguntou meu pai logo depois de ter colocado mais uma colherada generosa de cereal na boca.

- Porque eu preciso ir ao banheiro. - ...vomitar completei mentalmente.

- Ah. Volta rápido então! Nada de distrações – disse brincalhão ao ver Annabeth do outro lado da passagem recém aberta – Ok, talvez só um pouquinho – completou finalizando sua brincadeira suuuper engraçada com uma piscadela. Hilária mesmo, né?

Assim que saí a passagem fechou. Fui até Annabeth, que estava com roupas secas. Só não sei como ela as conseguiu... Todos os outros campistas estavam encharcados.

- Foi boa a conversa com seu pai? – disse e logo depois me deu um selinho.

- Claro – eu disse e ela deu um sorriso – que não! Você não conhece meu pai não? – completei.

Ela me olhou desaprovando minha fala, mas pude perceber que ela segurava uma risada.

- Fala sério Sabidinha! – disse e ela riu – Agora sim – disse e a beijei.

Já ia aprofundar o beijo quando risadas nos interromperam. Me virei  na direção onde todos olhavam e vi Apolo molhando todo o chão da Casa Grande. Tava tão molhado que a água escorria aos montes.

Ele ainda estava preso a cadeira e com muito custo tentava sair da entrada. Conseguia, lentamente e com muito esforço, se arrastar um pouco. Assim que conseguiu uma distância segura da porta ele parou de andar. Ou melhor, se arrastar. Se virou para todos nós e nos lançou um olhar mortífero. Se ele não tivesse tão bem preso muito teriam corrido com medo. Podia perceber isso só pelas expressões deles. Poucos estavam neutros. Quase ninguém ainda ria, ou até mesmo segurava o riso.

- Nossa, quanta generosidade de vocês – começou Apolo, nem um pouco sarcástico – me trazerem aqui pra dentro, para que eu não me molhasse inteiro! Eu não esperava tanto de vocês... Ok, talvez só da parte de meus filhos...

- Percy, se ele tá todo molhado e todo mundo esqueceu ele na chuva, porque ele tá nos agradecendo?? Ainda mais por coisas que nós não fizemos?? – perguntou o Tyson para mim, em uma tentativa de sussurro.

Não deu muito certo, porque Apolo ouviu tudo.

- Tyson, você devia conhecer algo chamado sarcasmo – disse ríspido para meu irmão – Afinal, quem não ficaria feliz estando molhado, com fome, com frio, molhado, congelando, molhado, pingando no chão de tão encharcado e... – fez uma pausa como se pensasse – molhado!

- Bem, pelo menos eu não... – começou Tyson com sua inocência.

- Tyson – disse o interrompendo e cutucando seu ombro. Ele se virou para me olhar – Shhh... Ignore o priminho, tá bom?

A cara que Apolo fez quando ouviu eu o chamar de ‘priminho’ foi simplesmente... impagável. Tive que me controlar muito para não rir.

- Mas... – disse Tyson, tentando protestar.

- Não ligue... Porque em vez de você perder tempo com ele você não vai conversar com o Quíron?

- Homem pônei! – disse Tyson com os olhos brilhando.

Ao dizer isso se virou e foi em direção ao diretor de atividades do acampamento.

Voltei minha atenção para Apolo, que parecia a ponto de explodir. Não sei se foi por causa da situação em que ele se encontrava ou se foi porque Tyson o interromper no meio de seu drama por causa da situação em que se encontrava. Não sei se vocês já perceberam, mas ele gosta de atenção... Só um pouquiiinho, sabe?

- Ótimo, me ignorem! Vão prestar atenção no menino ciclope! Afinal, ele que está molhado, com frio, com fome, molhado, preso e molhado!

- Já entendemos que você está molhado! A grande maioria de nós também está e nem por isso estamos berrando e dando uma de doidos! – disse uma campista, filha de Hécate se não me engano – É esse seu grande problema?? É por isso que você não para de reclamar?

- Não, é porque eu nasci de uma traição da parte de meu pai, porque minha mãe nunca foi valorizada, permanecendo uma deusa menor, porque meu pai sempre preferiu minha irmã e porque minha irmã me odeia! – Só eu que estou sentindo dó?? É, isso mesmo, dó de Apolo? – Dãã! É lógico que é porque eu estou molhado! Não ia reclamar por coisas bobas como essas!

É impressionante como Apolo é bom em diferir o que é importante e o que não é! Por um momento realmente achei que ele achava a família mais importante do que estar molhado! Pff... Isso sim seria um absurdo!

Não posso negar que fiquei nervoso, pois sempre dei muito valor a família, talvez até porque só recentemente tenho uma unida e com a qual tenho contato... Talvez nem seja por isso, só sei que a fala de Apolo me deixou indignado.

- Se estar molhado é seu grande problema – disse no impulso do momento de raiva – vamos resolver todos os seus problemas!

Ao dizer isso eu fiz com que a água que deixava Apolo encharcado ‘saísse’ dele e a direcionei para fora da casa, onde ainda chovia.

Apolo ficou chocado.  Na verdade acho que todo mundo ficou... Até eu um pouco...

- Acho que devia te agradecer... Então brigado... – disse Apolo depois de um tempo

- Er... De nada – respondi sem muita convicção

Parece que esse mini-diálogo fez com que o choque de todos passasse, porque quando percebi já tinha uns cinco campistas pedindo para eu fazer o que fiz com Apolo com eles. O número aumentava cada vez mais, e entre os pedidos eram ouvidas reclamações como ‘Eu pedi primeiro!’ ou ‘Mas eu mereço mais!’ ou até ‘Calem a boca! Ele vai fazer em mim primeiro... Né, Percy?’. Todos começaram a vir em minha direção.

Apontei para a porta e disse:

- Quem deixou aquele monstro entrar aqui?

Todos se viraram para ver de que que eu estava falando.  Enquanto todos estavam distraídos procurando o tal monstro eu corri e puxei a Annie (que também estava a procura do monstro) comigo.

Entramos em um dos cômodos da Casa Grande e logo em seguida eu fechei a porta. Me virei para Annabeth e a vi muito concentrada no quarto, olhando em volta.

- O que foi? – perguntei

- Você não se lembra? – ela perguntou se virando pra mim – Aqui, quando nos conhecemos? – Completou vindo em minha direção.

Olhei em seus olhos. Estavam sonhadores, como se lembrasse de um bom momento. Ela estava com um sorriso no rosto.

- “Você baba quando está dormindo” – dissemos exatamente ao mesmo tempo.

Ela se aproximou ainda mais e demos um beijo lento e romântico. Depois dele me sentei em uma cama que tinha no cômodo e ela se sentou ao meu lado, colocando sua cabeça no meu ombro.

- Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que te vi – disse baixinho – “uma menina bonita, com cabelos encaracolados como os de uma princesa”. Cheguei mesmo a pensar se estava bem naquele momento, ou se aquela menina linda era minha imaginação. Mas quando acordei você estava lá, me dando comida divina.

Ela havia levantado o rosto e olhado pra mim, querendo me olhar nos olhos enquanto eu falava.

- Awn Percy, você é muito fofo – disse ela enquanto eu colocava uma mecha do seu cabelo, que estava nos olhos, atrás da sua orelha – Eu te amo muito sabiAAAAAAAAH!!!

Levei um susto com o grito dela e olhei para a direção em que ela havia olhado antes do grito, atrás de mim. Queria saber o que tinha lá de tão surpreendente ou assustador para causar tal reação na minha namorada.

E, com isso, vi saindo das sombras algo que nunca imaginei que se misturaria com elas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As partes itálicas foram retiradas do livro 'Percy Jackson e O Ladrão de Raios, página 72 e 64, respectivamente. Ele realmente foi alimentado de comida divina pela Annabeth, mas como não achei o que era não especifiquei se era Ambrósia ou Néctar. Sobre ele ter pensado se era só imaginação dele eu criei.
Desculpa mesmo pela demora... Gente, mandem reviews, tá? Um número mínimo de leitoras que tá mandando!
Beijos!