Ao me sentar, fui chamada pelo professor:

–– Querida, você leu o formulário entregue na hora da matrícula? –– Ele disse isso com um sarcasmo tão grande que eu não pude resistir.

–– Tentei. Não achei muito interessante. –– Gostaria de ter visto minha cara quando falei isso, mas acho que atingi meu objetivo, pois seu semblante sarcástico foi logo trocado por uma aparência obscura e raivosa.

–– Já vi que você não é o exemplo de nova aluna que eu esperava. Se tivesse lido veria que os lugares são marcados e de acordo com sua capacidade mental, poderia ou não ter feito o certo, assim, não deixaria um de seus colegas em pé. –– Normalmente, eu não deveria gostar quando um professor me tratasse desse jeito. Mas... como em mim não existe nada de normal, não pude deixar de dar um pequeno exemplo do meu sorriso de deboche e me sentar em minha devida cadeira.

Cada cadeira da sala possuía dois lugares. Não pude deixar de pensar em quem seria o ser humano que se sentaria ao meu lado. Já sabia que não era Stefan, pois era aula de química e para meu azar eu só tinha duas aulas com ele nesse dia.

Meu parceiro chegou. Aliás, não era uma parceiro, era uma parceira.

Elena Gilbert se sentou ao meu lado e eu fiz como se não a tivesse visto. Sem apresentações amigáveis. Era tudo que eu queria.

Ela pareceu não perceber.

–– Oi... eu sou Elena, qual o seu nome? –– Não sei o que ela pensou em minha relação, mas sei que ela estava muito nervosa em falar só aquilo.

–– Oi, sou Ashley! Gosta de química? –– Algo em Elena me fez querer ser amigável. Falei isso do jeito mais simpático que pude. Parece que isso a acalmou, não entendi o porque do nervosismo.

–– Gosto sim, mas espero que você goste mais do que eu. –– Isso me deixou um pouco confusa.

–– Por quê?

–– Porque eu não sou a melhor pessoa que você iria querer como parceira. Você ia gostar muito mais de ter minha amiga Meredith, ela aproveita muito do tempo livre para estudar.

–– É... Acho que sim. –– Minha sinceridade quase a assustou. –– Essa sua amiga.. Meredith. Ela está aqui na sala? –– Não sei porque, estava puxando assunto. Acho que simpatizei com ela.

–– Não, não está. Ela está viajando, só vai voltar daqui a uma semana. Próxima aula de química eu te apresento. Você vai gostar dela, é quase impossível não gostar.

–– É. Aposto que sim! Agora... É melhor deixar a conversa para depois, o professor está nos fuzilando com o olhar. Eu tive um pequeno desentendimento com ele assim que cheguei e não acho que ele seja do tipo que perdoa e esquece. –– Tive a impressão de que ela ainda queria conversar. Mas não pôde me contestar. Nos sentamos adequadamente em nossas cadeiras – antes estávamos completamente tronchas – e tentamos entender o assunto, que já parecia estar bastante avançado.

As duas aulas seguidas de química pareceram uma eternidade. O professor parecia estar estressado, o que o fez jogar sobre nós uma quantidade consideravelmente grande de assunto para um primeiro dia de aula.

O que fez o intervalo parecer muito melhor do que normalmente parece.

Elena pareceu um pouco nervosa assim que o sinal tocou.

Quis saber o que estava acontecendo, mas achei que não fosse da minha conta.

Parecendo ler meus pensamentos, ela veio em minha direção e com um pouco de timidez disse:

–– Eu queria saber se eu não podia passar o intervalo com você. Minhas duas melhores amigas não estão aqui e não quero nem pensar na opção de ficar com Caroline. Ultimamente a presença dela me faz querer vomitar. –– Eu seria a pior pessoa do mundo se dissesse que não. E essa última frase dela trouxe uma dose a mais de curiosidade para minha vida.

–– Claro que sim! Vamos lá sentar com Stefan, ele é o único que conheço aqui, além de você.

Marquei de me encontrar com ele em uma área um pouco mais vazia da escola. Ambos nos sentimos mal em meio a muita gente. Não achei que ele fosse ligar se eu trouxesse mais alguém para nos acompanhar em nossa longa conversa repleta de nada.

Não tinha muito assunto com ele. Achei que seria bom outra pessoa para melhorar.

Quando estávamos chegando, a avisei que ele era meio estranho, que não falava muito, só para ela não achar que ele não gostava dela.

Eu já o tinha visto com cara de quem comeu e não gostou, mas a cara que ele fez quando viu Elena foi extremamente sombria. Cheguei a sentir medo.

Não acho que meus avisos sobre o jeito dele fossem fazer muita diferença diante dessa expressão.

Tantos mistérios, meu índice de curiosidade estava lá em cima.