Clube Do Imaginário escrita por ShoutOut


Capítulo 2
2 – Três garotas. Um monte de bad boys.


Notas iniciais do capítulo

Bem leitores lindo do meu heart a verdade é o misterioso de olhos verdes do capítulo anterior virou misterioso de olhos azuis, mudei a cor dos olhos dele e do irmão da Harley, Max, vocês depois entenderão porque =D



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2 – Três garotas. Um monte de bad boys. E o novo misterioso.

1ª relato de Ramone Brücke



Oi! Só dizendo, não tirei a Harley daqui por vontade própria, foi o Garrett que quase saiu com a garota jogada sobre os ombros e mandou eu assumir os relatos.

Deve ser porque só eu, a Tessa e o Hansel sabemos o outro lado do evento daquele dia. O lado parcialmente vítima. Rudy também pode ser incluído na lista, por alguns segundos.

Mas antes. Oi, meu nome é Ramone Brücke... Tá bem, não é Ramone, na verdade meu nome (o registrado em cartório e pelo qual meus pais me chamam) é Ramona Brücke, mas me diz, existe nome mais sem graça do que Ramona? É ridículo. Existe, ou existiu não tenho certeza porque alguns membros da banda original já morreram, uma banda chamada The Ramones não é? Então, era só mudar a última letra do meu nome. Problema resolvido.

Continuando. Eu tenho 16 anos. Irmã mais velha numa família de quatro irmãos. Segundo ano do ensino médio, mas não me ferrei que nem o Hansel e a Harley para ser enfurnada na turma avançada. Ainda bem.

Contando do começo, como comandante da patrulha estrelar Garrett Castello mandou [Você gosta de Star Wars, seu nerd de uma figa, então cala a boca!] vou começar a contar do começo do dia que tinha tudo para ser um normal, um dia de volta ao inferno, quer dizer, a escola.

Vesti um short jeans escuro, minha meia 3x4 listrada, meu all star preto, coloquei a blusa da escola (que aliás era horrível), coloquei minha jaqueta por cima e peguei minha munhequeira do Panic! At the disco. Sabia que iria levar advertência pela roupa, mas como meus pais já tinha se cansado de brigar comigo sobre isso (e sobre um monte de outras coisas) ficaram caladinhos em relação a minha roupa.

Acho que depois de um tempo, eles acabaram gostando. Tinham uma filha diferente das outras. Para alguns eu seria única, mas para outros, era só mais uma aberração.

Bem, eles ficaram calados em relação a minha roupa. Os três porquinhos não.

Os três porquinhos eram: Miguel (chame-o de Mickey que ele fica vermelho de raiva), Lars (o safadinho 2.0) e Nathan (prefiro não comentar sobre esse).

São os meus três irmãos. Minhas três pestes de dez anos. Os trigêmeos que minha mãe fez o favor de ter quando eu tinha seis anos.

Eu ainda tenho pesadelos com aquela barriga. Parecia uma bola de boliche monstruosa que tinha engolido várias bolinhas pequenas e elas se mexiam, gritavam, esperneavam... Era horrível.

- Ei, sabe, na sua escola, é para usar calça jeans não short que parece ter sessenta anos de tão surrado e meia calça. –falou Lars dando um sorriso safado.

- Who Cares? –perguntei em inglês erguendo umas das sobrancelhas, pelo menos eu sabia os pontos fracos de cada um. Lars, por exemplo, era o burro da família. (tradução: Quem liga?)

- We care, sister. –Miguel, aquele monstrinho que tinha mente de um chefe da máfia, o garoto com dez anos já sabia falar bastante inglês, isso me irritava. – Parece que você não sabe que existe calça. Garota ridícula. (tradução: Nós ligamos, irmã)

- Primeiro: eu não ligo para que vocês três pensam porquinhos. – Eu os chamava de porquinhos, sim, era a mais velha, tinha o direito.  – Segundo: é meu estilo, prefiro meia calça e short a uma coisa tão sem sal como calça.

- Caras. –falou Nathan pegando um pedaço de presunto da geladeira e comendo. – Nossa irmã não é normal, deixem-na, se ela morrer sem se casar ou coisa assim, não foi por falta de aviso.

Ah! Como eu odeio Nathan Brücke! Ele sempre sabia como falar para eu ficar vermelha e caladinha no meu canto. Fiquei pensando por alguns minutos se ele tinha razão, se sendo assim, eu ia acabar encalhada tendo que aguentar aqueles três pelo resto da vida.  Cara, minha vida ia ser pior do que duzentos infernos juntos.

- Para de falar essas coisas, Nate! –gritei com raiva me voltando ao meu café da manhã. – Tomem café os três, temos que sair em dez minutos.

- Sim, senhora. –eles bateram continência rindo.

Eu e meus irmãos nos parecíamos tanto que nem dava para mentir que não tinha nenhum laço sanguíneo com aqueles três monstrinhos.

Era a mesma cor de cabelo, castanho, meio que cor de terra, mesma de pele, branco (um pouco mais moreno que a Harley e o Max), mesma cor dos olhos, castanho-esverdeado  e o corte de cabelo era meio parecido. Sim, eu usava o cabelo super curto, e eu mesma tinha feito o corte (ou seja, era todo desigual). Era a coisa mais estilosa e prática do mundo. Eu parecia até uma personagem de desenho japonês e não precisava de mais de cinco minutos para ajeitar o cabelo.

Por mais gordinha que eu fosse, parecia com eles... Não tinha como negar que os três pestinhas eram meus irmãos.  E outra, por mais que fossem pestes, eu gostava deles.

Uso alguns brincos nas orelhas e queria fazer uma tatuagem, que nem a tatuagem que o Hansel tem no braço direito, mas eu tinha que ter autorização dos meus pais para fazer isso e eles nunca dariam, porque são chatos contra tatuagens. Isso significava uma coisa. Meu aniversário de dezoito anos iria marcar a história das pessoas ao meu redor.  

Depois de conseguir enfiar os três na sala deles no outro prédio da minha escola, segui para minha aula normalmente. Sabia que muita gente me chamava de estranha por causa do jeito que eu me vestia, que eu andava, o jeito que usava meu cabelo e um monte de coisas.

Ah! To nem ai povo feio!

Tá, já tinha aprontando umas com esse povo que me xingava porque sabe, eu sou um ser humano, tenho sangue quente e não sou nenhum anjo. E por causa dessas coisas um monte de gente me odeia.

[É, Harley, concordo contigo!] É exatamente como a Harley disse, isso vale para todas as garotas do mundo. “Toda garota tem um pouco de princesa, e um pouco de assassina psicopata da serra elétrica”.

Algumas são mais princesinhas, outras... É, melhor pensar duas vezes antes de mexer com elas.

Assim que eu cheguei na portaria, levei advertência por causa da roupa e consegui ver a celebridade, o irmão gêmeo dela e o time de hóquei todo reunido. Sim, Harley, Max e companhia. Todo mundo conhecia eles.

Eu me sentia desconfortável toda vez que passava na frente dos dois. Não sei o motivo ao certo.

            Sim, os dois chamavam atenção, afinal o garoto era um dos mais fortes do time de basquete e de hóquei e ela era simplesmente uma celebridade das corridas. Era impressionante a garota vencia quase tudo.

            Mas acho que era porque eu queria ter um irmão mais velho que nem o Max. Vai saber.

            Quando eu entrava no corredor onde ficavam os armários me sentia num Circo de Horrores andando numa espécie de passarela para que a platéia pudesse olhar para mim ou com nojo, ou com raiva, ou com indiferença, ou com medo, ou... Como se eu tivesse uma doença rara, mortal e contagiosa.

O pior de tudo, eu era a única atração, a única aberração a ser contemplada com olhares de puro nojo.  

Holofotes estavam sobre a minha cabeça e me seguiam como se alguma magia os fizessem só ter interesse em mim, a estranha.

Peguei os livros no meu armário podendo ver a celebridade tendo um momento embaraçoso enquanto seus livros caiam como cascata sobre seus pés. Soltei uma risada abafada por causa da cena.

Então, algo me surpreendeu, Rudy Hetfield, o vizinho de armário da garota, a ajudou a pegar os livros.

Eu só conhecia o garoto porque minha mãe é psicóloga e ela tinha falado (melhor ordenado) que eu não mexesse com aquele garoto nem sobre ordem do papa. Ela falou que o melhor de tudo era deixá-lo na redoma dele e acabou. Era o melhor para a sociedade.

Foi realmente surpreendente vê-lo ajudando a Harley.

Segui para a minha aula escutando Arctic Monkeys nos meus fones de ouvido no último volume (se minha mãe estivesse por perto arrancaria os fones dos meus ouvidos dizendo que eu ia ficar surda logo, como se eu ligasse para tal fato). Fluorescent Adolescent era definitivamente a minha música em alguns versos, principalmente em “Everything’s in order in a black hole”(tradução: Tudo está em ordem num buraco negro)

Sempre foi muito dura aparentemente falando, mas por dentro sou literalmente um buraco negro. Uma aberração em questão de sentimentos. Tudo está tão devastado que não parece ter muito sentido.

Cheguei a minha sala como sempre. Querendo que todos sumissem para me deixar em paz. Eu só tinha um amigo, o Hansel, não considerava ele nem um irmão, estava mais para cúmplice de maldades.

As aulas eram ou absurdamente chatas, ou absurdamente engraçadas, ou absurdamente constrangedoras.

Como era primeiro dia de aula, a última opção reinou na minha turma.

Tínhamos que conhecer os novatos, que eram poucos, então tinha aquela dinâmica idiota que a pessoa falava o nome de todas as pessoas que tinham ido antes dela e o dela.

Única vez no ano que eu tinha ódio mortal de sentar no fundo.

Encolhi-me na minha cadeira tentando gravar o nome de todos que estavam na minha frente. Tinha sorte de ter boa memória. Ri um pouco de um garoto confundindo os nomes e chamou dois garotos de Pink e Cérebro.

Bem na minha frente tinha uma garota ruiva, o cabelo dela dava inveja de tão vermelho e tão cacheado que era.

Não era uma coisa que se via todos os dias.

Quando chegou a sua vez ela se virou de lado e ficou olhando para mim com um sorriso maroto no rosto. Começou a falar os nomes de uma maneira tão rápida que eu não entendi nada a não ser um emaranhado muito louco de letras.  Conseguia ver algumas pessoas olhando confusas para a garota.

- Seu nome é Asa? –perguntei confusa.

Tinha visto uma vez um garoto na televisão que o nome dele era Asa, vai ver ela tinha uma mãe tão doida quanto a desse garoto.

- Não. –todos riram da minha pergunta estúpida me fazendo me encolher um pouco na minha cadeira. – É Tessa, Tessa Harbor. Peguei você. –Ela respondeu sorridente.

Tessa Harbor. Eu conhecia parte da história dela. Ela era simplesmente a melhor escritora da escola inteira. Tinha ganhado por seis anos seguidos o prêmio de redação mais criativa concorrendo com os alunos do ensino médio na época que estava no fundamental. Aquela garota tinha um verdadeiro poder sobre as palavras, fazia elas parecerem as putinhas dela [Tá, eu sei Max, essa metáfora foi horrível.]

Bem, Max está dizendo aqui que eu devo descrever a Tessa então. Ela me lembrava inocência, de uma maneira estranha, olhos de caleidoscópio (depois vocês vão entender), cabelo cacheado quase crespo e ruivo naturalmente, lábios carnudos e vermelhos, e corpo magro e aparentemente frágil.

Para mim, falando com sinceridade, ela parecia uma bonequinha de porcelana. Sério, olhando para a Tessa dava para imaginar ela de vestidinho bonito sentada uma estante. Era automático.

- Eh.. Oi Kaleidoscope Eyes. – sussurrei sem querer.

Eu e a minha mania de falar inglês.(tradução: Olhos de caleidoscópio)

Era a primeira vez que alguém falava daquele jeito tão... Amigável comigo além do Hans. Era desconcertante.

- Gostei do apelido. –ela falou. – Gosto de Beatles, principalmente Lucy in the sky with diamonds. – foi impressão minha ou os olhos dela assumiram um tom alegre de verde?

Para quem não sabe, o termo “kaleidoscope eyes” foi popularizado por causa da música Lucy in the sky with diamonds dos Beatles. Depois algumas bandas o usaram em algumas músicas e tudo mais.

Fiquei surpresa dela saber de tal fato.

Continuei a dinâmica do professor sorridente. Será que eu iria conseguir uma amiga nova? Questão interessante a ser discutida nos próximos capítulos, monstrinhos.

Quando bateu a hora do intervalo pensei em falar com a garota, talvez virássemos amigas, mas resolvi ficar no meu canto e ir procurar o Hansel.

Mas é exatamente como a Harley falou no primeiro relato, se há uma palavra capaz de descrever aquele dia, era destino.

Pode dizer: “Olha que coisa idiota, é claro que não existe destino as pessoas fazem escolhas e as escolhas delas têm consequências, pronto, isso é a vida”

Primeiro meus queridos monstrinhos: to nem ai para o que você pensa. Segundo: não há mais nada que possa explicar tudo aquilo.

Coincidência em excesso? Isso para mim é outra definição para destino.

Encontrei Hansel no mesmo lugar que ele sempre ficava. No canto mais escondido da escola logo atrás da quadra de esporte que era uma espécie de salão de jogos abandonado e então ele podia ficar lá muito feliz fumando (até que algum professor aparecesse) e tocando violão, ou gaita, ou... Vai saber mais o que ele levava pra escola.

Sim, Hansel fumava, e muito.

- Você devia parar de fumar na escola sabia? –perguntei me sentando ao seu lado.  Já tinha me acostumado com o cheiro de cigarro.

- Sabe que eu posso parar na hora que eu quiser. –falou ele com o cigarro entre os dentes.

- Sim, quando seu pulmão virar uma peneira você para, Hans. –sussurrei sarcástica.

Não gostava de vê-lo fumando, porque eu sabia que às vezes ele fumava coisas pesadas que o deixasse meio doidão. E ainda tinha o fato que ele bebia, quando estava com raiva, principalmente quando se lembrado do pai que resolveu viver um amor a francesa deixando o filho e a mãe a ver navios. Hansel odiava o fato de ainda usar o sobrenome desde homem, mas sua mãe pedia.

 - Como você tá azeda hoje. – ele falou tocando o violão com força. – Sai desse corpo que não pertence Satanás.

- Nossa Hans, você é um amor comigo. –falei sorrindo. Ele deu uma lufada forte fazendo a fumaça do cigarro cair na minha cara, me fazendo lacrimejar um pouco.

- Me deixa Ramone. –falou ele pegando o cigarro entre os dedos cheios de anéis de aço, colocando entre os lábios e soltando outra lufada.

Passamos mais alguns minutos cantando umas músicas até que Rudy Hetfield se sentou logo sobre o entulho que tinha no lugar (logo do lado esquerdo de onde eu e o Hans estávamos) e começou a escrever algo num caderno, talvez fosse tarefa de casa atrasada. Era simples, se não mexêssemos com ele, ele não mexia com a gente e ai a terceira guerra mundial seria totalmente evitada.

Depois apareceu a Tessa com um caderno nas mãos, escrevendo freneticamente. Ela me viu, acenou para mim e depois se sentou num lugar onde o sol batia bem em cima de seus cabelos ruivos e voltou a escrever. Ela não iria falar com o Rudy.

O lugar era isolado, por isso os esquisitões viviam por lá. E os times de hóquei e basquete sabiam disso.

Era meia dúzia de garotos, talvez mais. Todos sorridentes, alguns até com bolas de basquete de baixo de um dos braços.

Lá vinha confusão.

- Olha só, o drogado, a esquisitona, o calado e a escritora, num canto só. –falou um dos garotos sorridente. – Que coisa mais linda!

- Deixa eles Eric. –falou Harley se colocando na frente do garoto com raiva. – Tem que ficar provocando todo mundo é? Seu idiota.

- Ela tem razão sabia? –falou um dos garotos do time de basquete, Garrett Castello, ele não era exatamente do time, era o assistente do treinador, a arma secreta que inventava todas as jogadas ensaiadas, o cara era meio que um gênio... Do mal.

- Para de ser covarde Garrett! –gritou Eric encarando a Harley com raiva. – Que foi celebridade? Acha mesmo que pode controlar todo mundo?

Rudy se movimentou devagar, olhando para cada um dos novos no lugar com um olhar de serial killer de filme americano que deu medo.  O olhar dele caiu sobre Harley que o olhou com certo medo, como se quisesse que ele fugisse ou algo do tipo.

- O que vocês querem? –perguntou Hansel com raiva jogando o seu cigarro sobre o entulho. – Não dá pra deixar quatro pessoas em paz?

- Não quando são os quatro maiores esquisitões da escola. –respondeu Eric.

Hansel estava com uma cara enorme de nojo, afinal de contas, mesmo que me doa dizer isso, ele tinha sido um desses caras.

Imagina, o Hansel, meu amigo músico e drogado (eu não me importava, ele era parcialmente controlado perto de mim), sendo um bad boy de quinta categoria. Chega minha cabeça dói quando eu penso nisso.

- Eric, é sério, chega, vamos cair fora daqui, sem confusão. –falou Max Rue entrando no meio com raiva. Era briga certa.

Tessa veio até o meu lado com passo de veludo se escondendo dos olhares dos garotos. Nós, as garotas, estávamos em desvantagem. Harley já era conhecida em entrar em brigas com garotos de igual para igual, mas eu e a Tessa, não.

- Saiam daqui. –Hansel sussurrou para nós duas se levantando.

Eu estava começando a ver sangue caindo no chão. Dava para sentir o clima pesado no ar.

- Tá pegando a mania de fingir que é autoridade por aqui só por causa da maninha celebridade é? –perguntou Eric olhando para Max como se ele fosse uma caça e ele, um caçador.

- Estamos no topo Max. – falou algum outro dos garotos. – E eles têm que aprender que não tem canto para esquisitões drogados ou retardados na nossa escola.

- Eric, cai fora daqui! –Harley praticamente rugiu para o garoto o empurrando para trás.

Isso ai, em outras palavras, pode ser chamado de uma coisa: bomba.

Eric era bem mais forte que Harley, então assim que ela tentou empurrá-lo, ele a empurrou fazendo a garota cair contra um monte enorme de entulho muito próximo de onde Rudy estava, machucando a testa. Max deu um soco no garoto, mas acabou se distraindo na hora. Quando Eric iria aproveitar a chance para socar Max teve a mão segurada por... Rudy?

Não entendi muito bem porque o Rudy tinha dado cobertura para Max. E logo depois ele só virou o braço de Eric o fazendo cair de joelhos no chão, e depois lhe deu uma joelhada merecida na cara. Eric ainda foi besta o bastante para levantar depois dessa atrás de vingança.

Hansel e Garrett tiveram que se meter no meio. Eram quatro garotos contra uns oito, nossos (meus, da Tessa e também da Harley) salvadores, estavam em completa desvantagem.

Harley tentou se meter no meio, afinal já tinha dado uma surra em um monte de garotos, mas Max a empurrou para trás dizendo algo que eu não entendi direito e quando eu vi lá estava a celebridade correndo em nossa direção.

Nós três nos encolhemos contra um pouco de entulho enquanto os garotos pareciam está lutando numa espécie de guerra medieval. Quase dava para escutar o tirlintar dos metais das armaduras uns contras as outras e o som de espadas colidindo.

O mais assustador de todos era Rudy. Antes ele podia ser considerado vítima naquela história toda, mas vendo-o dando uma surra naqueles garotos o fazia parecer mais um mercenário assassino do que um garoto que estava prestes a apanhar de um bando de bad boys. Naquela hora vi porque minha mãe não queria que eu chegasse perto dele sobre hipótese nenhuma.

Ele me lembrava um dragão enfurecido e descontrolado. Seus olhos brilhavam num tom macabro de preto enquanto ele praticamente destruía ossos só com alguns golpes. Rudy arfava de uma maneira frenética enquanto lançava para todos com um olhar que eu só achava que existia em livros de tão... Violento.

O primeiro que ele derrubou foi Eric, que caiu gritando no chão, chorando que nem um bebê recém nascido com o ombro num ângulo estranho e o nariz sangrando, enquanto Rudy só tinha alguns arranhões nos braços e no rosto que demonstravam a resistência falha do jogador de hóquei. Os outros ficaram um pouco assustados, mas o garoto estava irado, parecia uma máquina mortífera que só se saciaria quando todos estivessem que nem Eric.

Harley olhava tudo de uma maneira estranha. Ela parecia uma guerreia, algo como Joana D’Arc, ou coisa do tipo. Ela tinha olhos atentos em tudo, acompanhava cada movimento e eu sabia que lá dentro ela queria se meter naquela briga.

Dar uma de donzela indefesa irritava aquela garota, e muito. Era visível, para todo mundo.

Foi a primeira vez que realmente gostei dela.

Queria dizer: “ Vai lá, dá uma lição nesses bad boys por nós duas tá?” Mas temi pela garota. Rudy ainda estava lá, mesmo que ele tivesse, inexplicavelmente, defendido o irmão mais velho de Harley ainda fiquei com medo, por ela, por mim, por todo mundo.

Nunca tinha visto um garoto tão enfurecido daquele jeito.

Era um mistério, porque diabos ele tinha ficado tão irado? Tá, ele estava numa briga com motivos de sobra para ficar com raiva, mas aquilo era exagero. Ele estava descontrolado. Batia nos garotos não para machucar, e sim... Para deixá-los inconscientes, como se quisesse... Matá-los ou coisa do tipo.

Alguns garotos pegaram entulhos para se defender. Nessa hora que eu agradeci por Rudy está do nosso lado. Os do nosso lado só ficaram com alguns arranhões no rosto ou coisa do tipo, enquanto os outros. Feitiço virou contra o feiticeiro, vi Garrett e Hansel pegando os entulhos e jogando na cabeça deles fazendo alguns desmaiarem.

Tivemos a sorte da briga só durar alguns minutos. Pela primeira vez na vida agradeci a todos os deuses que lembrei o nome o fato da nossa diretora, gorda, feia, carrancuda com cara de bruxa parecer que tem olhos e ouvidos em todo lugar.

O filho dela, o treinador do time de hóquei, correu para segurar os braços do Rudy, o garoto mesmo com um sangramento na testa que tampava um dos seus olhos continuava assustador e mortífero. O treinador do time de basquete começou a distanciar os outros.

Outro fato estranho, porque precisava de um homem grande (o treinador do time de hóquei parecia mais um armário do que um homem) para segurar só o Rudy? Que segredos aquele garoto guardava?

- O que aconteceu aqui?! –gritou a diretora com raiva. – É tudo sua culpa, não é garoto?! –gritou ela para Rudy que somente lançou um olhar mortífero para ela em resposta.

Harley correu até Max, limpando que podia do sangue do irmão com as mangas o casaco, olhando para os treinadores e para a diretora. Sabia que todos ali estávamos encrencados.

- Ele não fez nada! –gritou Garrett se levantando com dificuldade. – Foram esses idiotas que vieram aqui em busca de confusão. –ele falou apontando para alguns dos garotos inconscientes ou chorões que estavam no chão.

- Tá falando isso pra mim?! –gritou Eric com raiva. – Esse cara quebrou o meu ombro! –ele apontou para Rudy que ainda estava sendo segurando pelo treinador do time de hóquei.

Harley olhava para todos calma, analisava tudo com um olhar de pantera pronta para atacar.

- TODOS PARA A MINHA SALA, AGORA! –gritou a diretora vermelha de raiva.

Eu teria caído na gargalhada se fosse em outra situação que não tivesse euzinha bem no meio monstrinhos.

O treinador do time de basquete, que mais parecia uma bola de basquete, gordinho, moreno, com pouco pescoço e ainda por cima baixinho (não se enganem, por mais incrível que pareça o cara jogava muito bem) pegou alguns dos seus garotos e conseguiu tirar os inconscientes do lugar e levá-los para a enfermaria. Pude ver que algumas pessoas se reuniam perto de onde estávamos.

Lindo, Harley não seria a única que iria virar notícia.

Eric fez a coisa mais corajosa que eu vi na vida, e colocou o ombro no lugar sozinho. Ele era o capitão do time de hóquei, ou seja, iria ser o primeiro a ferrar com a nossa vida. Principalmente com a de Rudy que tinha dado uma surra nele.

A diretora começou a andar distanciando os bisbilhoteiros e tivemos que ir junto.

Tessa ficou do meu lado o tempo todo, seu olhar era assustado, afinal de contas, ela tinha ficha limpa, até onde eu sabia, e ainda era uma dos alunos de ouro da escola. Lindo isso não? A garota iria se ferrar por nossa causa.

Max colocou o braço sobre os ombros da irmã e começou a ser rebocado por ela. Pelo jeito, mesmo que a briga tivesse sido curta tinha causado muitos estragos, principalmente por causa do entulho.

Harley ficou do nosso lado, andando calmamente enquanto Max a sujava de sangue.

- Uma dica. –ela sussurrou para mim e para a Tessa. – Fiquem caladas e esperem o pior.

A diretora já era conhecida por julgamentos errados. Tinha feito isso com o Hans umas mil vezes. Harley tinha razão, era só o pior que nos esperava.

Hansel estava quase normal, tinha alguns arranhões e parecia que andar, para ele, tinha se tornado algo extremamente doloroso. Ele olhou para Tessa com certa pena. Pensava o mesmo que eu, ela tinha cara de inocência, não devia ter sido metida numa coisa daquelas, era injusto.

Mas quem foi que disse que a vida é justa?


Últimas palavras deste relato:

Sabe o mundo? A realidade? A vida e tudo mais? São só o maior bando de adolescentes problemáticos da história.




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