Malibu Vodka escrita por Caroline Marinho


Capítulo 19
Mudança de Planos


Notas iniciais do capítulo

[CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO] [CAPITULO DUPLO]



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– Bom dia- eu disse a Nathan, quando terminava de tomar meu café.

Ele sorriu, e como resposta, me deu um beijo no rosto.

Pela primeira vez: Não estávamos atrasados para a aula, havíamos tido uma noite (de verdade) juntos, e nenhum dos dois estava arrependido de nada.

Ele se sentou do meu lado, e deu um gole do meu café. Estava com uma calça Levi's, All Star e uma camiseta branca.

– E então? Pronta pra mais um dia de aula? - ele perguntou, o olhar preso em mim, do mesmo jeito que ele vem me olhando há anos.

– Estou - eu disse, sem medo algum. Desde que as pessoas pararam de me tratar mal, eu já não tinha medo de ir ao colégio, ainda mais com Nathan ao meu lado.

Nathan ligou para a mãe, que já devia estar preocupada, avisando onde havia passado a noite.

Sra. Benson ficou feliz por nós dois, como já era de se esperar.

Seguimos caminho para o colégio.

Ao chegar, novamente, as pessoas pararam para nos olhar. Mas não por causa do meu cabelo (que eu havia gastado um trabalho e tanto pra enrolar) ou pela roupa que eu estava usando, mas sim por nos ver de mãos dadas, entrando no colégio.

As pessoas nos olhavam, e realmente pareciam felizes por nós dois, talvez porque nos sentíamos felizes.

Ao chegar em meu armário, avistei o nome "Vadia" pichado com tinta spray.

Logo, Alexia passou por mim, rindo com as amiguinhas.

A vantagem de conhecer uma garota por alguns anos, é que você sempre vai reconhecer a caligrafia dela. Eu sabia que aquela letra só podia ser a dela.

Só pra garantir, busquei dentro do meu caderno o bilhete que ela havia me entregado já faziam alguns dias, e, realmente, eram idênticos.

Eu a olhei de novo, ela estava em seu armário, retocando a maquiagem, e resolvi que não iria deixar passar.

Pedi para Nathan segurar as minhas coisas, que estavam dentro do armário, e fui na direção do armário dela, enquanto ainda estava aberto.

Para a surpresa de todos em volta, inclusive Nathan, tirei as coisas de Alexia de dentro do armário dela, e as joguei dentro do outro armário.

– O que está fazendo, garota? - berrou.

– Estou colocando minhas coisas no meu novo armário - respondi, guardando o último caderno dentro do armário, que aliás ficava bem ao lado da sala de Inglês, que era minha primeira aula.

– Seu?? Como??? - sem argumentos, ela simplesmente respondeu - ele não tem seu nome escrito.

Olhei para a porta do meu armário, com a resposta na ponta da lingua.

– É, mas o seu tem - todos em volta começaram a rir, sem se conter, e Alexia faltava soltar fogo pelos olhos - Inclusive, você mesma colocou seu nome nele.

Fechei meu novo armário e puxei Nathan para a primeira aula, deixando-a atônita no meio do corredor.


...


Depois da aula, Alexia veio na minha direção, furiosa.

– Eu já deixei passar. Por muito tempo. Agora você vai ver o que é bom.

Levantou a mão para acertar em minha face, mas fui mais rápida e segurei seu pulso - aula de autodefesa sempre cai bem - e torci, até que ela começasse a gritar e soltei, antes que eu a machucasse.

Ela se jogou no chão, fazendo drama, como se eu realmente a tivesse machucado.

– É bom que você suma da minha vida - eu disse, vendo-a caída no chão - Senão, pode ter certeza que hoje a noite você vai ter medo de fechar os olhos e não acordar no dia seguinte.

Ela riu.

– Até parece que você me mataria.

– Em mesma não, não quero sujar minhas unhas - eu disse, da mesma forma que ela havia dito, da última vez em que brigamos - Mas conheço gente que faria isso pra mim - eu disse, sem ter muita certeza, mas com a voz firme.

O sorriso de seu rosto desapareceu, e eu percebi que havia ganhado o jogo.

Ela se levantou e foi logo em direção a seu novo armário, com o nome "Vadia" pichado de tinta spray.

Natasha veio na minha direção, comemorando minha atitude, e, como sempre, se gabando por ter despertado meu lado "tigresa".

Porém, logo depois, ela me olhou de cima a baixo e disse:

– Você tem alguma coisa de diferente - ela disse, confusa.

– O quê? - perguntei.

– Não sei. Só sei que você não está do mesmo jeito.

Ela torceu os lábios, e completou:

– Ah, foi só impressão minha.

Seguimos para a nossa sala, e percebi que, enquanto eu e Natasha nos sentamos em uma extremidade da sala, Alexia se sentava na direção oposta.

Naquele momento eu tive certeza de que minha vida estava começando. Sem Alexia, sem Taylor, sem Lauren e com Nathan.


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Três meses depois...


Eu me lembro que sonhava com pés pequenos e descalços, correndo por uma praia. De primeira, sem prestar atenção nos detalhes, eu poderia até dizer que aqueles pezinhos corriam por Malibu Beach. Depois percebi que se tratava de Laguna Beach.

Afinal, o que eu fazia sonhando com Los Angeles? Com pezinhos minúsculos? Isso tudo fazia algum sentido?

De repente o sonho mudou. Eu me via sentada em uma mesa, com um enorme prato, com uma enorme coxa de frango, e eu me via jogando litros de calda de chocolate por cima, e comia aquilo com a boca cheia.

Eu sei o que você deve estar pensando: "Eca! Super nada a ver, frango e calda de chocolate".

Não foi o que eu pensei na hora. Na verdade, pensei o contrário. Na hora imaginei: Que delícia!

Acordei empapada de suor. Ainda estava escuro. Levantei, pus um short jeans, soquei uma jaqueta pescoço abaixo e peguei as chaves do meu New Beatle amarelo (algumas paixões nunca morrem, e eu acabei comprando outro carro igualzinho ao antigo) e calçei meus chinelos.

Porém, as chaves que estavam no meu bolso me deixaram na mão, e caíram, como se quisessem que Nathan acordasse.

– Pode me dizer o que está fazendo acordada em plenas... - ele interrompeu o que dizia olhar o reloginho do criado mudo - Quatro horas da madrugada?

– Tem coxa de frango na sua casa? - perguntei - Porque acho que o mercado mais próximo aberto a uma hora dessas se encontra do outro lado de Malibu.

– Pra que você quer coxa de frango?

– Pra comer com calda de chocolate - respondi.

Nathan me olhou com uam expressão óbvia de "como assim" e eu simplesmente dei de ombros.

– Frango com calda de chocolate? - ele riu - você perdeu alguma aposta?

– Você vai comigo ou vai continuar dormindo?

Ele cruzou os braços.

– Agora que você me despertou com essa ideia maluca, não posso voltar a dormir.

É oficial, pensei, eu tenho o namorado mais paciente do mundo.

Nathan Benson, você é um E.T.


...


Chegamos na casa de sra. Benson, e, para minha surpresa, a luz de seu quarto acendeu, bem na hora em que chegamos.

Ela saiu e veio na nossa direção, achando ironia em algo que não sabíamos o que.

– Veja só, que engraçado - ela disse, rindo, aproximando-se da minha janela - Acabei de ter um sonho com você.

– Jura? - perguntei, saindo do carro.

– Na verdade, era você pequena, mas parecia um pouquinho com Nathan. Engraçado, né? E entã, o que veio fazer aqui?

– Pode parecer estranho, mas eu vim aqui comer cocha de frango.

Nathan revirou os olhos.

– Com calda de chocolate - ele completou - em plenas 4:23 da madrugada. Dá pra acreditar

Ela tampou a boca.

– Preciso de papel e caneta - ela disse, assustada.

Nathan foi ao carro, confuso com a expressão da mãe, e voltou com o papel e a caneta.

Enquanto ela escrevia algo, começou a falar.

– Ashley, entre. Daqui a pouco vou arrumar o frango e a calda pra você, ok? Enquanto não fica pronto quero que você beba o máximo de água que aguentar - ela disse, sorrindo - Quanto a você, meu filho: Vá na farmácia e compre 5 desses aqui, mas tem que ser dessa marca - entregou o papel pra ele, e o empurrou até o carro, com o mínimo de delicadeza possível.

– Isso é remédio? - ele perguntou

Ela pigarreou.

– Não. Isso é um teste de gravidez.

Só então entendi o que ela queria dizer, e, por mais que eu tentasse protestar, de alguma forma aquilo fazia todo o sentido.

Senti meu coração bombear mais rápido, minhas veias pulavam, de repente caí, e depois disso não me lembro de mais nada.


...


– Eu não posso estar grávida! - protestei, observando mais uma vez os 5 testes positivos jogados sobre a pia do banheiro, as lágrimas escorriam dos meus olhos - Afinal, eu não tenho enjôos, nem...

Eu ia dizer "desejos", mas minha voz travou. Afinal, que louco teria coragem de engolir frango com calda de chocolate?

– Quando foi sua última menstruação? - sra. Benson perguntou.

– Bem, foi... Foi... - parei, tentando me lembrar - Foi no dia... - Parei, com os olhos arregalados. Eu não menstruava faziam mais de dois meses.

Caí no choro novamente, desesperada. Isso não podia estar acontecendo.

– E agora? - perguntei.

Nathan apareceu, escorando-se na porta do banheiro.

– Agora você vai ligar pra sua mãe e dizer o que aconteceu.

Parei, tentando acreditar no que havia terminado de escutar. Eu já nem me lembrava há quanto tempo não falava com a minha mãe. Como eu faria pra ligar pra ela e dizer "mãe, tô grávida", assim na cara dura?

E, afinal, por que minha mãe precisava saber?

Não. Apaga. Era óbvio que minha mãe precisava saber. Ela tinha que saber. E eu tinha que contar. Ela precisava saber isso de mim.

Então percebi que não tinha escolha.


...


– Alô - ela disse, do outro lado.

Logo, ao ouvir a voz dela, percebi que, por mais que eu tivesse raiva dela, eu sentia falta.

Desabei no choro, de novo, sem ao menos responder. Eu soluçava, e Nathan, ao meu lado, me apertava, tentando me consolar e dizendo "calma, está tudo bem".

Não estava tudo bem. Eu tinha certeza disso. Eu queria mesmo ter uma criança. Mas não assim, tão cedo. Meu Deus, como uma criança poderia cuidar de outra?

– Ashley? É você, minha filha? Ai meu Deus! - ela disse, e começou a chorar junto - Filha, me perdoe pelo que eu disse. Eu falei sem pensar. Por favor... Juro que não vou mais ser tão dura contigo... Eu Errei.

– Eu te perdoo - respondi, me acalmando - A senhora errou, sim. Mas eu cometi erros piores.

– Como você está? - ela perguntou.

– Grávida - respondi, na lata. Era tudo ou nada. Se não dissesse de uma vez, não teria coragem de dizer depois.

Porém, ela reagiu da última forma que eu imaginei.

– Jura que vou ser avó? - respondeu, com um tom de felicidade - Só me diga que o pai é o Nathan. Porque, se for ele, posso ter certeza de que essa criança vai ter um bom pai.

Eu o olhei. Ele parecia um pouco preocupado. Mas até então estava do meu lado, me abraçando e dizendo que estava tudo bem, e que ele continuava do meu lado.

– Sim, mãe. Ele é o pai - eu disse, muito mais calma, e com um enorme sorriso no rosto.

– Que bom, minha filha. Prometa que vom me visitar, ok? - ela disse, inacreditavelmente.

– Aham.

– Vou desligar antes que seu irmão acorde.

– Mande um beijo a todos.

– Pode deixar, mande um beijo ao meu genro. - ela disse, em um tom irônico.

Desliguei. Helle Benson sorria, tendo certeza, pela minha expressão, que não havia mais coisas a me preocupar além da gravidez.

– Tem uma vida dentro de mim - eu disse, transtornada. Nathan passava a mão pela minha barriga - Como vou criar uma criança sozinha?

Nathan franziu o cenho.

– Você não vai criar ela sozinha. Vamos criar ela juntos - ele disse, calmo até demais - Sou responsável por ela, tanto quanto você. E se eu trouxe ela ao mundo, tenho obrigação de protegê-la dele.

Eu sorri. Era como se eu tivesse me apaixonado por ele pela segunda vez (ou terceira).

Ele não me deixaria. Nem mesmo depois de saber que teria que cuidar de uma criança dali pra frente. Isso só me fez perceber o quanto ele era diferente, e o quanto ele me amava.

– Isso mesmo - Helle disse, sorrindo - O senhor que fez, o senhor que assuma.


...


– Mentira! - Natasha berrou, logo que recebeu a notícia.

Estávamos na praça de alimentação do shopping. Ela batia os pés, discretamente, como se desse pulinhos.

Já fazia uma semana que eu havia descoberto a gravidez. Não me preocupava com o colégio, já havia passado um mês depois da formatura, e, a não ser por Taylor, Alexia, Natasha, Ness e uma garota de intercâmbio, todos haviam se formado.

– Não acredito, Ashley! Meu Deus! - o sorriso desapareceu - Mas o filho é do Nathan, não é?

– Com certeza, Nat - respondi, rindo.

– Meu Deus, Ashley!!!! Eu vou ser tia!

Eu olhei pra ela, ainda tentando me acostumar com seu cabelo comprido e verde, que não fazia jus ao seu roxo e curto, de antigamente.

Agora ela também tinha uma tatuagem no pescoço, um uróboro (O sinal de uma cobra mordendo o próprio rabo), já que queria ser eterna, como ela dizia.

– Você não é minha irmã - afirmei, enquanto mordiscava mais um pedaço da lasanha que havia terminado de pedir.

Ela fez beicinho.

– Você é cruel - deu de ombros - Ainda assim, ela vai ser minha sobrinha de consideração.

– Ela?

– Ela. Vai ser uma garota. Daquelas bem serenas, tranquilas, mas que, no fundo, gostam de uma adrenalina.

– Caramba, Natasha. O bebê ainda nem nasceu e você já está prevendo o temperamento dele?

– É claro, querida! Eu sou mística, sempre sei onde as coisas vão dar.

Nathan apareceu, mais do que na hora, com as mãos nas costas e um sorriso enorme no rosto.

Sentou-se do meu lado e me entregou uma caixinha, do tamanho do meu mindinho e disse:

– O que é isso? - perguntei, quase tendo uma ideia do que poderia ser, mas com medo de estar certa.

– Ashley Evans, você me deixa louco, sabia? - ele disse, debochado - eu passo anos correndo atrás de você, sem que você perceba. Quase perco a cabeça quando vejo você fugindo das minhas mãos, por duas vezes seguidas. Meses depois de perceber que, finalmente você era só minha, descobri que teria que te dividir com mais alguém. Juro que foi um pensamento egoísta e mesquinho. Depois percebi que, queria essa pessoinha, de verdade. E percebi que não me importaria em te dividir. Percebi, também, que queria mesmo que a minha felicidade estivesse sempre em dobro - a partir dali, minhas lágrimas já começavam a escorrer - E percebi, depois disso tudo, Ashley, que quero passar o resto da minha vida ao seu lado. E que quero me dividir em dois. Pra que você possa me dividir também.

Ele parou, e as poucas pessoas que estavam nas mesas mais próximas, já se emocionavam também.

Eu abri a caixinha, já sem medo algum. E percebi que era exatamente o que eu achei que fosse:

Uma aliança. Tinha um ∞ gravado sobre ela, e ela refletia toda a iluminação do shopping.

– Ashley, você quer se casar comigo?






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Notas finais do capítulo

" - Nathan, acho que eu tive uma contração! - eu disse, gemendo.
- Meu Deus! E agora? - ele disse, desesperado.
- Eu conheço um obstetra -Natasha disse, mais calma do que deveria -, ele mora aqui perto.
Todos olhamos para ela, abismado. E realmente esperei que alguém perguntasse como ela conhecia um obstetra, mas não era uma boa hora.
- Já vou ligar pra ele - ela disse, relaxada, enquanto tirava rapidamente o celular de dentro do decote."



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