Malibu Vodka escrita por Caroline Marinho


Capítulo 18
De dia com um, de noite com outro.


Notas iniciais do capítulo

Ashley recebe mais uma prova de que nem tudo é o que parece ser.



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Juro que rangi os dentes de raiva, ainda com as lágrimas escorrendo no meu rosto. Tanto que nem liguei quando Nathan, ao atravessar a rua, passou os braços pela minha cintura.

Sentei-me de frente para Lauren, com os olhos cheios de ódio. Este nem me via, a princípio. Estava focado em Diana.

As lágrimas ainda caíam do meu rosto. Não por gostar dele - muito pelo contrário -, na verdade, eu tinha ódio. Chorava por nojo. Me sentia suja. Sem proteção nenhuma. 

A sensação era de estar nua e toda suja de lama, no meio da rua.

Eu precisava de um banho.

Nathan percebeu a angústia em meus olhos. Ele sempre percebia. Entrelaçou os dedos nos meus, e beijou minha mão, como sinal de carinho, como se quisesse me proteger.

Aquilo me deixou vagarosamente mais calma.

Com Lauren era diferente de Taylor. Eu havia me entregado à Taylor por escolha própria, por ter sido a minha meta desde o primeiro segundo que o vi. 

No caso de Lauren, eu havia feito por ele. Só pra provar que, no fundo, no fundo, eu sentia algo. Por mais que eu gostasse dele, eu não o amava.

- Eu te amo - Lauren disse, olhando nos olhos de Diana.

Era diferente - o tom de voz, a expressão em seu rosto, em seus olhos -, ele tinha extrema certeza e sinceridade ao dizer. Ele a amava de verdade.

Aquilo me deu um nó enorme na garganta...

... e a raiva se explodiu em lágrimas, dessa vez bem mais fortes.

- Hey, Ash, olha pra mim, e só pra mim  - ele disse, firmando-me ao apertar meus ombros - Você é forte. Sei que você está mal, mas não pode dar a ele o luxo de te fazer chorar. Lembre-se: Você é melhor do que ele. E por mais que eu minta, por mais que eu suma da sua vida por escolha sua, eu nunca, nunca vou te abandonar.

Assenti, soluçando e limpando os olhos com um guardanapo.

Lauren virou o rosto, e me viu pela primeira vez desde que cheguei. Olhou no fundo dos meus olhos, que ainda estavam vermelhos com o choro.

Mordi o lábio inferior, contendo a raiva, e ele simplesmente sorriu, com a cara mais lavada, e continuou me encarando.

Eu queria provar pra ele que não sentia mais nada, e que nunca senti. Provar que estava bem sem ele, ele que estava perdendo muita coisa e que, tão rápido quanto ele, eu havia seguido adiante também.

Como se lesse meus pensamentos, Nathan me puxou pra perto, envolvendo e beijando-me.

Correspondi. Meu coração virou geleia e  senti um súbito calor no corpo inteiro. Assim, com esse gesto, era como se a gente não tivesse terminado. 

O sentimento continuava ali, só que mais intenso, mais forte... Maior.

Eu percebia pelo formigamento dos pés à cabeça, o tempo parado à nossa volta e pelo modo como ele me segurava, como se não quisesse me soltar nunca mais. E, particularmente, eu também não queria.

Eu o amava, agora tinha certeza disso. Me arrependi de ter perdido a cabeça, de ter perdido tempo.

Ao se desvencilhar de mim, sorriu meio tímido, com medo de ter feito algo de errado.

Mas não fez.

Chequei a reação de Lauren. Ele sorriu de volta?!, provando indiferença.

Levantou- se, e veio na nossa direção.

- Que bom que vocês voltaram. Agora eu posso ficar com Diana, e você com Nathan sem nenhum problema.

Desci a mão na cara dele, sem ao menos pensar duas vezes.

- Você e Taylor não tem diferença nenhuma.

- Calma, eu explico - Lauren disse - E não fiz por mal, Ashley. Eu fiz por medo de sofrer. E eu te avisei desde o começo.

Por parte, ele tinha razão.

Diana sorriu, lambendo o gloss em seus lábios.

- É. Espero que não fique triste conosco. Eu e Lauren nos amamos. Congelamos esse sentimento pra não sofrer enquanto estivéssemos longe um do outro, pra não sofrer e pra não fazer nenhuma loucura.

Lauren assentiu.

- Me sinto péssimo por ter escondido isso de você. Eu realmente gosto de você, Ashley. Realmente quero o seu perdão. Espero que a gente possa manter uma amizade.

Amizade? Igual aquela em que ele aparecia na minha casa sem camisa com pizza, pirulitos, cerveja e Bob Esponja? Aquela amizade em que ele passava a noite comigo de conchinha e só de sunga e tomava banho comigo sem orupa alguma?

Não, obrigada. Eu não queria essa amizade.

Porém, ao olhar nos olhos de Nathan, me senti a pior pessoa do mundo. Eu havia feito a mesmíssima coisa. Depois de me separar de Nathan, congelei o sentimento pra não sofrer e não cometer loucuras. Me aproveitei de Lauren, pra curar a minha dor. Ele realmente pretendia ser meu amigo no começo, ele me disse que eu não poderia confiar nele, disse que iria me magoar. 

Eu me arrisquei. Queria usá-lo tanto quanto ele me usou. Nossa relação foi uma troca de favores.

Apenas sorri, sinceramente, e disse:

- Se você olhar por outro lado, vai perceber que estamos quites. Essa relação nunca foi verdadeira - Diana e Nathan pareciam não entender nada, mas eu e Lauren entendíamos - Somos tão amigos, Lauren, que ficamos juntos em uma troca de favores. Eu amo Nathan - olhei pra ele, e ele sorriu, com aquele sorriso mais lindo - E congelei o sentimento pra que nenhum de nós dois sofresse. Assim como você e Diana. Usamos um ao outro pra não cometer loucuras - e acabamos cometendo juntos, pensei, pervertida - Eu não te perdoo porque não tenho o que perdoar.

Eu o abracei.

- Espero que vocês dois sejam muito felizes.

Levantei-me, puxando Nathan pela mão, e chamei Natasha. Entramos no carro e nos encaminhamos para a minha casa.

...

Depois de ter explicado à Natasha tudo o que havia acontecido, ela se sentiu feliz por estarmos juntos de novo, e nos abraçou. Pedimos pizza e ficamos vendo um filme.

Nathan já estava de bem com Natasha, decidiu que não guardaria ressentimentos, e percebeu que, realmente, ela não tinha culpa. Jurei pra mim mesma que pensaria duas vezes antes de fazer algo de errado de novo.

Quando já eram uma sete horas da noite, Natasha foi embora.

Eu e Nathan ainda estávamos na sala - comprei uma TV nova, que já ficava na parede, à frente do sofá - assistindo um seriado.

Elel se virou pra mim e ficou me encarando, enquanto acariciava minha mão.

- O que foi? - perguntei.

- É tudo tão estranho. Eu já não estou entendendo mais nada.

Eu ri.

- Nathan, nossa vida virou uma loucura. Não adianta mais a gente tentar fingir que tá tudo normal. Não tá. Mas a gente tem que continuar vivendo, certo? Passou tudo. Agora você é só meu e eu sou só sua. E a gente não vai se separar tão cedo.

Ele se aproximou mais um pouco, e eu já sentia calafrios.

- Quando foi que você ficou tão forte? 

O sorriso do meu rosto diminuiu.

- Quando a vida foi um pouquinho mais bruta comigo. Se eu não ficasse mais forte, ela me pisaria inteira, e eu voltaria aos cacos.

Ele me beijou, intensamente, e eu me desmanchei, de novo.  Tudo parecia nos eixos. Minha vida não havia voltado ao normal, minha vida, na verdade, havia começado. Ali, com Nathan do meu lado, sem nada nem ninguém que pudesse me atrapalhar.

Joguei-me sobre ele. 

Eu não queria me desvencilhar dele, não queria que nunca acabasse, nunca. Eu não tinha mais medo de perdê-lo, não tinha medo de me magoar. Perto de Nathan, eu já não tinha medo nenhum.

Eu me apertava contra ele, e o som da TV ia sumindo aos poucos.

Então ele se soltou de mim, ofegante, e apenas disse:

- Você tem certeza que é isso que quer? Não é muito cedo?

- Cedo? - perguntei, rindo - Eu passei minha vida inteira pra perceber que era você quem eu queria, Nathan.

- A gente tem muito tempo pela frente, Ash.

- Faz o seguinte - eu disse, tão baixo, que mais parecia um sussurro - Corre o risco de hoje ser o nosso último dia. Pode ser que a gente não acorde amanhã. Se hoje fosse mesmo o seu último dia, o que você faria?

Ele sorriu, me puxou pela alça do vestido - não conte a ninguém, mas, naquele momento, eu já estava como Lea, a namorada de Billy: De vestido e sem calcinha - e me acariciou por inteiro. Eu tinh certeza de como acabaria a minha noite a partir dali. 

E tinha certeza de quem estaria ao meu lado pelo resto da minha vida.


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Notas finais do capítulo

" As pessoas nos olhavam, e realmente pareciam felizes por nós dois, talvez porque nos sentíamos felizes.
Ao chegar em meu armário, percebi o nome 'Vadia' pichado com tinta spray."



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