I know that it hurts you it hurts me too

Eu sei que isto lhe machuca, me machuca também

I wish there was something I could do to make it, easier for you

Eu queria que houvesse algo que eu pudesse fazer, para facilitar pra você

Sometimes it’s tough, too soon to call it love, but I want it to,

Ás vezes é difícil, cedo demais para chamar isso de amor, mas eu queria

Yeah, I want it to

Sim, eu queria

But it’s too late now to say all the wonderful things that I thought of you

Mas agora é tarde demais para dizer todas as coisas maravilhosas que pensei de você

Chase Coy – Lullaby

***

Sakura narrando ON

– Sakura, você sabe o quanto estamos preocupados você? – ouvi então aquela voz tão familiar.

Será que nem mesmo no meu cantinho eu posso ficar sozinha e chorar baixinho, pensando no que fazer? Talvez eu realmente não pudesse, afinal não era um lugar só meu, era um lugar nosso, foi por isto que decidi naquele momento, que eu seria legal com o Sasuke mais uma vez, que eu poderia amá-lo pela última vez.

- Ah, Sasuke! Que horas são? – perguntei me levantando e abraçando-o. Naquele momento seus braços pareciam mais confortáveis do que já eram em situações normais, seu perfume amadeirado mais forte e seu olhar sobre mim mais intenso, me esqueci completamente de tudo ao meu redor, de todos os problemas, eu só queria que minha vida pudesse ser normal mais uma vez, apenas por mais aquela noite.

- Sakura! – disse ele me repreendendo – Que bom que você está bem.. – disse ele aliviado e me abraçando mais forte, fazendo com que meu rosto ficasse contra seu peito. Eu não disse mais nada, poderia simplesmente morrer ali, daquele jeito, ficar por toda a eternidade no aconchego de seu abraço, mas isto não era possível, infelizmente – tenho que avisar a sua mãe – disse Sasuke pegando o celular em seu bolso ainda abraçado comigo com a outra mão.

- Ahn, Sasuke, será que nós poderíamos sair hoje? Não quero voltar pra casa agora, pede pra ela, por favooor – implorei fazendo beicinho.

- Tudo bem, mocinha – disse Sasuke tocando a ponta do meu nariz com o dedo indicador, fiz uma careta.

- Valeu – respondi sorrindo e logo em seguida encostei meus lábios nos seus. Então ele foi para um lugar coberto para fazer a ligação.

É inacreditável o poder que Sasuke tem sobre mim, como consegue me levar ao céu ou ao inferno com apenas um olhar, como me faz sentir a eletricidade em meu corpo toda vez que me olha profundamente, e me faz sentir borboletas no estômago toda vez que surge sem aviso. Sim, mesmo depois de todo esse tempo eu continuo perdidamente apaixonada por ele, mas não é como se algum dia fosse capaz de mudar isto, eu o amo mais do que jamais poderia gritar ou colocar em palavras, não é como se o que eu sinto pudesse ser resumido e colocado em um pedaço de papel ou em uma conversa cotidiana, eu precisaria de toda uma vida para explicar esse sentimento, e o quanto ele cresce a cada dia...

- Então Sakura, aonde quer ir hoje? – perguntou Sasuke me abraçando pelas costas.

- Hmmm, você é quem manda, capitão! – respondi batendo continência.

- Certo, então vou te levar a um lugar especial – respondeu Sasuke me levando para a sua moto. Me entregou um capacete e então saímos pelas ruas de Konoha, o vento gelado batendo em minhas bochechas, acompanhado das gotas de chuva que continuavam caindo do céu.

***

Sasuke e eu aproveitamos muito aquela noite, como se fosse a última, porque realmente era. Depois de uma viagem de 20 minutos em cima da sua motocicleta, chegamos ao lago Natsui, um dos lugares mais lindos de Konoha. Durante a noite ele era iluminado pelas várias luzes da ponte do lago, onde os carros continuavam passando independentemente da chuva. O céu estava completamente sem estrelas, apenas com as nuvens carregadas, então toda a luz que iluminava o lago era apenas a da ponte.

Sentamos embaixo de um dos pilares que seguram a ponte, Sasuke tirou a sua jaqueta de couro e colocou sobre os meus ombros me abraçando para que eu ficasse mais quente. Passamos horas apenas olhando para a luz que tremeluzia refletida no lago por causa das gotas de chuva que ainda caíam. A dança das luzes. Algo tão simples, tão insignificante, mas que eu sabia que nunca mais sairia da minha memória. Ter o Sasuke assim tão perto, me fazia me sentir tão bem, e tão mal ao mesmo tempo... Bem por ter certeza de que tudo aquilo que eu sentia era retribuído da mesma forma. E mal por saber que mesmo tendo certeza deste sentimento eu teria que abandoná-lo, deixá-lo ir. Mesmo que meu coração gritasse pedindo o contrário. Eu não posso permitir que a pessoa que eu amo alimente sentimentos por mim quando eu sei que posso morrer a qualquer momento.. que minha vida depende de remédios agora, e que se estes não funcionarem, possivelmente dependerá da vida de outra pessoa, um desconhecido do qual eu nunca verei o rosto.

- Parou de chover – disse Sasuke beijando minha bochecha. Eu estava tão perdida em pensamentos que nem sequer tinha percebido isto. Sorri, admirando seus olhos negros, profundos e brilhantes sobre mim.

E então ele me beijou. Um beijo calmo, assim como a água do lago Natsui estava agora. Sem nenhuma agitação, euforia ou pressa. Era como se apenas aquilo existisse no momento, seu beijo, sua calma, seus lábios, seu toque... Depois de um tempo separamos nossos lábios, Sasuke colocou as mãos na minha cabeça unindo nossas testas, colando nossos narizes um no outro. Olhando seus olhos daquele ângulo, eu sentia como se estivesse mergulhando no Mar Negro e pudesse ler a sua alma, todos os seus sentimentos, e os seus medos. Fechei os olhos quando percebi o quão difícil seria para ele a nossa separação. Percebi que ele fez o mesmo, pois sua respiração ficou ainda mais calma, passei o dedo indicador pelo seu rosto, contornando-o, guardando na memória cada centímetro seu, o máximo que pudesse.

- Sasuke?

- Hum?

- Eu te amo.

- Eu também te amo, minha flor de cerejeira – e então beijou a minha testa como sempre fazia, me abraçou novamente e eu coloquei meu nariz no seu pescoço, gravando seu perfume amadeirado em mim, e o cheiro dos seus cabelos molhados também. Comecei a fungá-lo e ele riu – hey, sua cachorrinha! – e começou a me fazer cócegas, deitei no chão de tanto que ri. E então ele me beijou novamente, mas desta vez sem nenhum pouco de calma. Eu estava deitada com as pernas dobradas e Sasuke escorado com as mãos ao lado de minha cabeça, movimentando seus lábios sobre os meus com pressa, com urgência. Percebi que a coisa estava ficando “séria” quando ele desceu seus lábios para o meu pescoço, beijando-o. Meu ponto fraco.

- Sasuke... não.. – disse empurrando-o.

- Desculpa – ambos nos sentamos.

- Não.. ahn, tudo bem. Quer dizer, é só que.. eu não me sinto preparada ainda...

- É, eu fui rápido demais, desculpa – me interrompeu.

- É – ficamos desconfortáveis por um tempo, um silêncio matador, eu não tinha coragem de buscar seus olhos novamente. Simplesmente deitei minha cabeça em seu ombro.

Não sei que horas chegamos ao lago Natsui, mas quando me dei conta o sol já estava nascendo. A água estava tomando uma nova cor, aos poucos ficando alaranjada. O céu ficando azul, sem nenhuma nuvem sequer. Assistir o nascer do sol era uma das coisas que eu mais queria fazer com o Sasuke, mas nunca pensei que isto fosse acontecer em uma circunstância como esta.

- É lindo – quebrei o silêncio depois de um tempo.

- O que?

- O sol. E a água..

- Sim. – concordou ele – Este lugar é muito especial para mim. Sabe o porquê? – disse Sasuke, e então se virou para mim, olhando em meu olhos.

- Não, porque?

- Quando você foi embora daquela vez, quando nós tínhamos 6 anos.. eu passava meu tempo aqui. Eu simplesmente não conseguia olhar para o parque, então eu passava meu tempo aqui.

Eu simplesmente não sabia o que responder, fiquei inquieta com esta revelação, afinal de contas eu não me despedi dele naquela vez, eu simplesmente fui embora, sem nenhum aviso. Mas nós éramos tão crianças, não é como se eu simplesmente pudesse mudar tudo o que aconteceu.

Sasuke me tirou de meus devaneios quando me disse para irmos embora. Nos levantamos, e seguimos para a minha casa. A brisa da manhã batia suave em meu rosto enquanto voltávamos. O sol ainda não estava quente, então o clima estava agradável. Incrível como pude passar a noite toda acordada sem sentir nenhum tipo de cansaço, mas agora meus olhos imploravam por um bom descanso, podia sentir minhas olheiras profundas e meu olhar apertado, e o único pensamento em minha mente era o desespero de: “AI MEU DEUS, SASUKE ME VIU DESTRUÍDA!”.