Theres A Girl escrita por melody


Capítulo 17
Luto


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora galera q, vou tentar voltar a postar com mais frequência, enfim, aí está o cap., espero que gostem ^^
Quero dedicá-lo a DarkBringer que recomendou a fic né *O*



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Vai demorar uns dias pra voltar a sorrir

Vai esquecer de tudo,

Aos poucos aprender a sentir falta,

A deixar de lado o que sente

Disfarçar a insatisfação, engolir o choro,

Transparecer apenas o que lhe convém

Se mostrar forte, segura de si

Érico Junqueira – Seria Eu Se Não Fosse Você

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Sakura narrando ON

Eu e minha mãe permanecíamos sentadas no sofá a espera do meu pai. Eu havia decidido parar de chorar. E estava conseguindo me controlar ao máximo. Meu pai chegou e ninguém deferiu nenhuma palavra sequer. Seguimos o caminho todo em silêncio. O velório seria na capela da fazenda dos Haruno, em um lugar um pouco afastado da cidade.

O caminho todo eu fiquei observando a janela, admirando o percurso até a fazenda. Eu conhecia aquele caminho muito bem, na maioria das vezes em que viemos visitar o meu avô, nós fazíamos o mesmo trajeto para chegar até a fazenda. Não pude evitar que algumas lágrimas teimosas escorressem por minha face, nem me dei ao trabalho de secá-las, eu apenas permanecia fitando o nada e o tudo ao mesmo tempo. Algumas lembranças vinham a minha mente, mas eram muito vagas.

- Chegamos – disse meu pai depois de uma hora de viagem me despertando de meus devaneios. Descemos do carro ainda em silêncio. Segui diretamente para o meu quarto na fazenda, eu dormiria lá esta noite. Ele era simples, mas muito aconchegante. Alguns brinquedos da minha infância permaneciam ali, no mesmo lugar em que eu os havia deixado, mas apesar disto, o quarto estava limpo.

Sentei-me em minha cama tentando absorver o máximo possível de lembranças de meu avô, mas mesmo enquanto pensava nele, não pude deixar de lembrar-me do Sasuke. Eu não o veria no dia seguinte, na realidade eu não fazia ideia de quando o veria, não fazia ideia de quando estaria em condições de ir para o colégio sem começar a chorar por pensar em quanto Deus foi injusto tirando a vida de uma pessoa tão feliz quanto meu avô. Deus escreve certo por linhas tortas, eu tentada dizer a mim mesma, na esperança de achar algum sentido naquela frase, mas por mais que me esforçasse, eu não conseguia ver o certo no que ele havia feito.

Levantei da cama e comecei andar pelo quarto tocando objetos que me causavam nostalgia dos tempos de criança. Encontrei uma boneca velha de pano, que eu havia ganhado do Sasuke. No mesmo dia em que eu lhe dei a corrente com o pingente de violão ele me deu a boneca. Ela não era bonita, longe disto. Ela possuía cabelos azuis presos em duas maria-chiquinhas, os olhos eram redondos e negros e sua boca esboçava um enorme sorriso. Seu vestido era xadrez e seus sapatos pretos.

Flashback On

- Eu tenho um presente para você, Saki – disse Sasuke com um enorme sorriso no rosto e me estendendo um embrulho rosa. Antes de abri-lo senti que ele era fofo.

- Obrigada, Sasuke-kun – respondi enquanto rasgava o papel de presente. Quando terminei de abri-lo vi que o presente era uma boneca de pano, sorri.

- De nada, Sakura – disse ele ainda com aquele enorme sorriso nos lábios – já sabe que nome vai dar a ela?

- Não – respondi depois de um tempo pensando – porque você não me ajuda, Sasuke? – dessa vez era eu quem sorria, ele arregalou os olhos por um instante parecendo meio surpreso.

- E-eu?

- Claro! Tem mais algum Sasuke aqui? – perguntei dando de ombros – anda, que nome eu poderia dar a ela?

- Eu não sei. Isto não é coisa que mulheres fazem, escolher o nome dos filhos? – disse Sasuke dando de ombros também.

- Ela não é minha filha – respondi meio corada.

- Ela se parece com a minha avó – disse Sasuke observando a boneca em minhas mãos.

- Já sei! – respondi empolgada – o nome dela vai ser Saya, igual a minha avó.

Flashback Off

Sorri por um momento com a lembrança, mas logo a nuvem negra que emanava em minha cabeça voltou, fazendo com que eu retornasse ao luto. Mas o que é o luto afinal? As pessoas nunca falam muito sobre isto, nunca explicam o que é isto. O máximo que sabemos é se vestir de preto e chorar por algumas horas, mas depois de um tempo isto passa e nós retornamos as nossas vidas normais. Pelo menos era assim nos filmes, eu nunca havia ficado de luto, isto era uma novidade para mim. Podia ser uma novidade, mas eu não achava que estar de luto se limitasse a vestir-se preto. Na realidade eu nem estava de preto, eu vestia uma camisa branca, um jeans escuro e uma sapatilha de cor crua. O branco representa a paz, e quando morremos significa que já pagamos por todos os nossos pecados na Terra, e agora ficaremos em paz no céu, eu pensava assim, por isto vestia branco, mostrando que meu avô estava em paz agora.

- Senhorita Haruno, seus pais estão lhe aguardando lá embaixo para irem até a capela – disse a criada me despertando dos meus pensamentos, murmurei um “obrigada” e ela saiu me deixando novamente sozinha no quarto. Me armei com lenços de papel antes de descer, e então sai do quarto deixando todas as emoções dentro dele.

Nos reunimos na sala e seguimos em silêncio. Quando chegamos à capela algumas pessoas já estavam lá, reconheci estas como os empregados da fazenda. Todos vestiam preto, eu era a única de branco entre eles, creio que se sentiram surpresos ao me verem assim, pois todos me olhavam atentos.

- Pequena Sakura – uma mulher de meia idade e cabelos brancos se dirigiu até mim, reconheci esta como sendo a “babá” que eu tinha na fazenda – há quanto tempo – disse ela me abraçando – meus pêsames – sussurrou por fim em meus ouvidos e uma lágrima correu por minha face. Só agora a ficha caía de fato, eu estava ali, diante do meu avô, mas não podia vê-lo devido às pessoas que o cercavam. Prendi o resto das lágrimas em meus olhos e engoli o nó da minha garganta.

- O-obrigada – respondi quando a mulher me soltou, ela se afastou então me dirigi para o local onde meu pai se encontrava. Ele estava perto do que me parecia uma caixa de madeira com flores, que na realidade era um caixão. Me aproximei lentamente e não pude mais segurar as lágrimas quando vi meu avô deitado de olhos fechados, o rosto pálido, mas apesar disto ele parecia bem, parecia estar dormindo como tantas outras vezes em que eu o encontrava no sofá assim e o acordava com um beijo no rosto. Suas mãos estavam cruzadas sobre a barriga, eu decidi tocá-las, um choque percorreu meu corpo com o contato de minha pele quente sobre a sua fria. Eu chorava com mais intensidade agora, e minhas lágrimas caíam sobre a sua roupa molhando-a. Eu com certeza agora entendia aquela dor, mas principalmente, eu entendia que estar de luto não era apenas estar de preto, era ter um buraco negro no coração.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews se esta autora feliz merecer ^^