Reviravoltas - Parte 2 escrita por Milka


Capítulo 18
Sobrevivemos




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De repente, achei uma coisa prateada no chão. Uma chave. 

Tentei usá-la para abrir a porta, mas não consegui. A chave não entrava.

– HANNA! FICA CALMA! – Disse Lilly, do outro lado. – A chave está em algum lugar por aí.

– SIM, EU JÁ ACHEI! MAS A PORTA NÃO QUER ABRIR MESMO COM A CHAVE! – Gritei.

– HANNA! – Nico gritava. – HANNA, FICA CALMA! VAI FICAR TUDO BEM! SE ACALME!

– FALAR É FÁCIL! – Respondi.

Comecei a andar em círculos, pensando em como sair dali e tentando ficar calma. Ambas pareciam impossíveis.

Minha cabeça girava. Eram tantas coisas. A missão, o mundo correndo perigo, a sala em que eu estava trancada, a escolha entre Nico e Percy... 

De repente, um barulho vindo da porta me tirou de meus pensamentos. Lilly arrombara a porta e agora estava encolhida no chão, gemendo de dor.

- Lilly! Obrigada! - Eu gritei, abraçando-a. Acho que abracei forte demais, pois ela gritou.

– Lillian, o que você fez foi incrível. – Nico comentou, surpreso. Senti um pouco de ciúmes, mas tentei ignorar.

– Ela foi muito corajosa, sim, admirável, mas vamos tentar sair daqui? – Percy disse, apavorado.

Assentimos. Eu e Percy fomos na frente, e Nico carregou Lilly no colo atrás de nós. Fiquei imaginando se Nico estava gostando.

- Descobri a fazer correntezas! - Disse Percy, empolgado. - Não é demais?

- Incrível! - Respondi. - Você tem que me ensinar isso.

- Só se você me ensinar o truque do redemoinho.

- Fechado. - Eu disse, dando um tapinha em seu ombro.

Ouvi Lilly resmungando sobre seus ferimentos e Nico dizendo alguma coisa sobre corações partidos e sorrir quando está ao meu lado. Resolvi ignorar.

Chegamos ao começo do túnel e Nico ficou sério, recitando algumas palavras em grego antigo.

– Não! De novo não! – Eu disse. De repente, tudo ficou negro. Apertei os olhos com força. Estávamos viajando nas sombras. Meu coração acelerava e ficava devagar, vacilante.

Quando abri os olhos, estávamos deitados na terra, na base do vulcão. Era bom ver a luz do sol de novo. Achei que nunca mais sairia daquela sala.

Percy deu um pouco de néctar para Lilly. Não sei que gosto ela sentiu, mas acho que trouxe algumas lembranças à tona. Ela fez um olhar triste, mas logo se recompôs.

O néctar fez efeito rapidamente. Lilly se levantou e nós começamos a caminhar em direção ao vulcão.

– O que vamos fazer quando chegarmos lá? - Perguntou Lilly.

– Sinceramente? Não faço a mínima ideia. – Respondi. 

Dêem a volta! Não pulem! Dêem a volta! Dêem a volta!”, ouvi em minha cabeça. 

”Quem é você?”, perguntei mentalmente.

Isso não importa! Apenas NÃO PULEM!”, respondeu a voz.

”Dêem a volta! Já entendi! Mas aonde não devemos pular?”, pensei de volta.

No vulcão, sua grande tola! No vulcão!”, respondeu a voz em minha mente. 

- Chegamos. É aqui. - Disse Lilly, apontando para seu mapa. - Estamos no topo do vulcão.

- O que fazemos agora? - Disse Nico.

- Acho que devemos pular. - Disse Percy, se inclinando para a frente. Agarrei seu braço antes que fizesse uma besteira.

- NÃO! Devemos dar a volta. Vamos olhar atrás do vulcão. - Eu disse.

Percebi que eles não confiaram muito em mim, mas foram assim mesmo. Atrás do vulcão, nos deparamos com uma enorme pedra. Atrás dela havia uma entrada.

- Temos que empurrar. - Eu disse. - Vamos, todos juntos.

Nos juntamos de um lado da pedra. Começamos a empurrar, mas a pedra não se mexia. Empurramos com mais força, até que a pedra saiu rolando vulcão abaixo.

- Essa foi fácil. - Disse Lilly.

- Até demais... - Eu disse. - Vamos.

- Deixa que eu vou na frente. - Disse Nico.

- EU vou na frente. Não tenho medo. - Eu disse.

- Você é uma garota. Vai sair correndo na primeira oportunidade. - Ele disse. 

- Tá bom, agora você passou dos limites. Com licença. - Eu disse, entrando na frente dele. Caminhamos sala adentro, eu na frente de todos. De repente, um monstro se materializou na minha frente. Uns dois segundos depois, eu já o havia fatiado com minha espada. Pisoteei a areia dourada que sobrou no chão.

- Quem é a garotinha, agora? - Perguntei, me virando para Nico.

- Atrás... ATRÁS DE VOCÊ, HANNA! - Gritou Nico. Olhei para trás e vi que uma enorme cratera se abrira no chão, com lava fervente no fundo. Eu gritei e pulei no colo de Nico.

- AI MEUS DEUSES, O QUE É ISSO? - Gritei. De repente, uma rajada de vento começou a nos puxar para dentro da cratera. Saltei do colo de Nico e me agarrei à uma coluna de mármore que havia ali. Nico foi sugado pela cratera e estava se segurando na borda.

- NICO! - Gritei. - SEGURA FIRME, NICO! EU TÔ INDO! 

- NÃO VEM! - Ele gritou. - VOCÊ VAI CAIR!

- LILLY, PERCY - Eu disse. - SE SEGUREM. FIQUEM VIVOS. ACONTEÇA O QUE ACONTECER, NÃO SOLTEM!

Andei vagarosamente até a borda da cratera, firmando meus pés no chão para não cair.

- Segura minha mão! - Eu disse para Nico, o vento jogando meu cabelo em meu rosto e lágrimas transbordando de meus olhos.

- Não dá! - Ele gritou. Ele agora se segurava apenas por três dedos. Depois dois. Depois apenas um, até que ele não aguentou e soltou. - Adeus, Hanna.

- NÃO! NICO! VOCÊ NÃO VAI MORRER! - Eu gritei, mais para convencer a mim mesma do que a ele. Agarrei a mão dele no ar, enquanto ele caía.

- Solta, Hanna. Você não vai aguentar! Você vai cair! - Ele disse.

- Eu. Não vou. Soltar. - Eu disse, chorando. Meu braço doía e meus pés escorregavam para dentro do abismo, em direção à lava.

- Hanna, SOLTA! Você vai morrer! - Ele disse.

- ÓTIMO! NÃO ADIANTARIA VIVER EM UM MUNDO EM QUE VOCÊ NÃO EXISTA! - Gritei. - Eu... eu te amo, Nico.

- Também te amo, Han. Não se esqueça de mim, tá bom? - Ele disse. Eu chorava cada vez mais. Até que fui atingida por um pouco de água nas costas. Olhei para Percy. Ele estava controlando um feiche de água vindo do mar. Ele piscou para mim e lançou mais água. Eu estava encharcada. Deixei que a água tomasse conta de cada músculo do meu ser. Me senti forte e disposta. Juntei todas as minhas forças e puxei Nico para fora do abismo. Nos seguramos com força até que o vento cessou e o abismo de fechou.

- Nico. - Eu disse, abraçando-o com força.

Nós dois chorávamos. Ele afastou-se e olhou nos meus olhos.

- Sua teimosa. Eu sabia que não me soltaria. - Ele disse, rindo.

- Nunca, nunca! - Eu disse, beijando-o. Percy e Lilly se juntaram a nós, seus rostos com uma expressão que juntava alívio e felicidade.

- Mandou bem, mana. - Disse Percy. Parece que ele estava se acostumando com o fato de que éramos irmãos.

- Tudo bem. Vamos continuar. - Disse Lilly. Seguimos pela sala, passando com cuidado por cima de onde esteve o abismo. No fim da sala, encontramos um pedestal com um objeto em cima dele.

- O Livro da Glória. - Sussurrei. Andei até lá com o intuito de pegá-lo, mas Lilly segurou meu braço.

- Com certeza tem uma armadilha. Precisamos de algo pesado para pôr no lugar do livro. Assim, não a acionaremos. - Disse Lilly.

Olhamos ao redor, mas não tínhamos nada. Apenas nossas mochilas, mas precisávamos delas.

- Vamos ter que correr. Muito. - Eu disse. Me aproximei do livro. - Quanto eu disser já, nós saímos correndo. 

Levantei a mão vagarosamente. Peguei o livro. Por um segundo, nada aconteceu. Até que tudo começou a tremer.

- JÁ! - Gritei. Saímos correndo pela sala, o livro em minhas mãos. Pedras começaram a cair do teto.

- VAI DESABAR! - Gritou Percy. Chegamos à entrada da sala. 

- E AGORA? - Gritou Nico.

- NÓS PULAMOS! - Eu gritei, pulando do alto do vulcão, caindo em linha reta em direção à terra. Meus amigos pularam atrás de mim, um segundo antes da sala desabar completamente. Todos gritávamos. Morreríamos esmagados se eu não tivesse tido uma ideia.

- PERCY! O MAR! - Gritei a ele.

- ESTÁ MUITO LONGE! NÓS NÃO CONSEGUIRÍAMOS... 

- TEMOS QUE TENTAR! PODE SER NOSSA ÚNICA CHANCE! - Gritei. Ele assentiu. Concentrei-me e vi um feiche de água levantando-se do mar.

- ESTÁ FUNCIONANDO! - Eu gritei. Eu e Percy trazíamos o ”braço” de água até nós. Fizemos com que a água nos abraçasse e levasse diretamente ao mar. 

- Estão todos bem? - Perguntei, olhando para meus amigos na superfície da água.

- Considerando nossa situação, sim, estou bem. - Disse Lilly.

- Eu juro que minha vida passou diante dos meus olhos. - Disse Nico, nos fazendo rir.

- O LIVRO! - Gritou Lilly. - Vai ficar encharcado!

- Relaxa. Desejei que ele ficasse seco antes de caírmos. - Eu disse, levantando o livro. De fato, estava perfeitamente seco. Nadamos até a praia, deitando na areia.

- Estou exausto. - Disse Percy. - Podemos tirar uma soneca?

- Claro que não! Temos que levar o livro até Poseidon! - Disse Lilly.

- Ótimo. Como chegamos no Olimpo? - Perguntei.

- Ahn... Teríamos que ir ao Empire State Building. - Disse Percy.

- Impossível. - Disse Nico. - Estamos muito longe e não temos meio de transporte.

- Bom, se não podemos ir até Poseidon... Poseidon terá que vir até nós. - Eu disse. Chamei por meu pai, até que ele surgiu nas ondas...


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