Friends With Benefits escrita por Fernanda Redfield, Rainha de Copas


Capítulo 4
Percepções x Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Heey...
Nos desculpe a demora, estávamos decidindo o que fazer com essa fanfic já que vocês optaram por continuarmos...
Devo dizer que, particularmente, é o melhor capítulo até agora e que talvez vocês se supreendam..
PRECISO mencionar o surto de criatividade que deu na Fer na madrugada de ontem, eu simplesmente não consegui acompanhá-la e fiquei assustada HUAHUAHUHUAUHA mentira, sua limda ♥
Fer - Quinn Fabray
Eu - Rachel Berry
Enfim.. Boa leitura.



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Rachel's POV

Eu não sei em que momento meus sentimentos haviam mudado tanto. Ou, talvez, eles estivessem aqui e eu apenas os ignorava o tempo todo por não querer me envolver tanto. Mas a quem queremos enganar? Eu só não queria algo concreto, mas no fundo eu já estava mais que envolvida. Só não queria dar o braço a torcer por ser Rachel Berry e ela Quinn Fabray. E a cada vez que eu fazia isso, seria lembrada pra sempre.

Então eu não fazia, às vezes mentia ou escondia coisas dela, ou até mesmo pros outros, simplesmente por não querer ceder e acabar com o que eu havia demorado tanto tempo pra construir. Em nenhum momento eu me arrependia. Ok, talvez quando eu passei a enxergar aqueles olhos esverdeados olhando pra mim de um jeito extremamente decepcionado ou frustrado.

De repente fazendo isso eu estava impondo limites pra nossa relação, talvez até pra mim, ou somente querendo me privar de viver algo tão simples e bom que tinha se mostrado ser. Porque pra mim as coisas não eram tão simples, nunca foram. Nasci de uma barriga de aluguel, meus verdadeiros pais são dois homens, perdi meu bv aos 15 anos com um cara que eu julgava amar, assim como minha virgindade dois anos depois com o mesmo cara, não tive amigos até meus 17 anos e a lista não termina por aqui. Mas isso? Eu nunca esperei por isso, sério. Estava esperando o meu final como diva da Broadway a procura infinita por um amor. Tipo a Cher.

Mas aí apareceu a Quinn. Maldita Fabray! Fazendo-me mudar meus planos. Tudo culpa daquelas mãos mágicas, aquele jeito selvagem e aquela boca maravilhosa. Ok, talvez ambas somos viciadas uma na outra, mas isso não diminui o fato de que ela tem o poder de me transformar em uma adolescente apaixonada quando quer.

Depois do ano novo e o que ela fez por mim, ou pra mim, não havia como não mudar de planos ou pelo menos não incluí-la neles. E aqui estamos nós, sentadas no tapete do meu dormitório, ela encostada no sofá e eu sentada no meio de suas pernas. E pensar que eu me acharia uma completa tola e provavelmente ainda ia rir, ao sequer cogitar essa possibilidade há alguns meses.

“Nós realmente temos que ver esse filme, Rach? Em pleno Valentine's Day?” Quinn reclamou da cozinha, voltando com nossa pipoca na bacia. Me afastei pra que ela sentasse na posição que eu tanto gostava. Revirei os olhos e ignorei sua pergunta. “Sério, Rachel? Enrolados?” Eu adorava aquele falso tom bravo que ela usava. Me virei pra ela que mantinha o olhar fixo em mim.

“Temos, Quinn, é um ótimo desenho da Disney, pra mim o melhor filme atual, quase se compara a era de Platina da Disney.” Eu gesticulei e ela revirou os olhos, deixando a bacia do nosso lado. “Não, Quinn, não revira os olhos e não aja como se isso não importasse ok?” Eu disse e ia continuar se ela não colocasse sua mão, tapando minha boca.

“Nós não temos, Rach, mas você sabe que eu faço por você de qualquer forma.” Eu revirei os olhos antes de puxar seu rosto e dar um leve beijo. “É por essas e outras que tem suas vantagens em ser fofa às vezes.” Ela disse e eu lhe bati antes de me esticar pra pegar o controle.

“E disso você entende não é? Afinal, o que seria de um cafajeste sem suas fofuras momentâneas pra conseguir o que quer?” Eu fui maldosa no comentário, porém eu acabei dando um sorriso, desmascarando todo o meu disfarce ciumento. Eu a vi revirar os olhos e resmungar algo antes de me ajeitar em seu colo e dar play no filme.

Em alguma parte ainda no início do filme, as mãos de Quinn começaram a fazer um trajeto não muito apropriado para a faixa etária do mesmo e por mais que eu quisesse deixar rolar, o filme estava muito bom pra pararmos agora. Apertei meus olhos, não querendo deixá-la vencer, quando suas mãos chegaram ao cós do meu short, a parei com minha mão, voltando o filme com a outra. Ela reclamou e cruzou os braços atrás de mim. Acabei rindo de suas manias quando perdia.

A senti relaxar seus braços em minha cintura quando veio à cena do dueto dos protagonistas e eu, obviamente, cantei junto com eles. Era quase natural. Ela riu atrás de mim, em algum lugar perto da minha nuca. As sensações de sempre começaram, mas eu não dei bola, precisávamos terminar o filme.

O filme terminou e eu me virei pra ela a tempo de ver o restinho do sorriso que estava em seu rosto. E eu sorri como se tivesse ganho alguma coisa. Como eu disse, não damos o braço a torcer uma pra outra. Nunca. Eu me aproximei e ela manteve aquela postura clássica com a expressão fechada. “Ah, Q, você vai realmente dizer que não gostou nem um pouquinho do filme?”

“Não, não gostei.” Ela nem se incomodou a olhar pra mim quando eu entrelacei nossas mãos, ficou lá com aquele olhar típico de Quinn Fabray do ensino médio, fuzilando tudo. “Que horas o Kurt chega?” Eu me afastei pegando as coisas que estavam espalhadas pelo chão, nem me preocupei em responder, só revirei meus olhos e levei as coisas pra pia. “Que horas ele chega?” Na realidade o Kurt não tinha hora pra chegar, tínhamos feito um trato aonde ele ia pra casa do Zach e eu ficava aqui com Quinn, mas ela nunca ia saber disso.

“Daqui a pouco ele está ai, está livre pra ir embora agora.” Eu disse de costas pra ela, lavando a pouca louça que sujamos. Escutei ela suspirar alto e se jogar no sofá. Eu não queria perder a paciência, mas ela estava quase no limite. Discussão idiota, eu não ia ceder.

“Eu não vou embora, espero que você saiba disso.” Ela disse depois de alguns longos minutos em que os únicos barulhos entre nós eram os sons lá de fora e a água da torneira batendo no inox de dentro da pia. Senti sua fala mais perto e eu me segurei pra não virar pra trás. “Você pode, por favor, olhar pra mim?” Não consegui ignorar o sorriso que se formou ao escutá-la pedindo ‘atenção’.

Eu tinha terminado de lavar a louça há um tempo e só estava virada de costas pra ela, pensando no que eu deveria fazer pra prolongar aquela conversa não-sadia. “E se eu não quiser me virar?”

E no instante seguinte eu senti seu corpo próximo ao meu, suas mãos bloqueando minha saída, segurando-as na pia, sua respiração batendo em meu ouvido. Apertei meus olhos da mesma forma como mais cedo, mordi meus lábios e arqueei minha cabeça, ansiando por um contato maior. “Se você não quiser se virar, a gente pode fazer aqui mesmo, sabe que eu tenho tara por essa posição.” Ela sussurrou em meu ouvido e eu me arrepiei, fazendo-a rir mais cafajestemente em meu ouvido. Maldita Fabray e sua voz sexy.

Ela pressionou mais seu quadril contra o meu, quase me fazendo implorar por um contato mais próximo e em outra região. Uma mão sua subiu até minha nuca, tirando meu cabelo do caminho e mordendo o local. “Porra”. Murmurei baixinho antes de sentir sua outra mão descer pra minha cintura e apertar ali.

“Não vai mesmo se virar, Berry?” Ela perguntou diminuindo a velocidade das coisas, revirei os olhos, porque ela estava tentando me fazer levar a loucura? Porque ela é Quinn Fabray, muito gostosa, querendo transar loucamente comigo aqui e agora e eu, simplesmente não podia ceder por ser orgulhosa demais.

“Não, Fabray.” Num ato de desespero, abri a torneira e joguei água nela com minhas próprias mãos. Me arrependi no momento seguinte.

“Puta que pariu, Berry, por que fez isso?” Eu sorri de lado ao vê-la se afastando, tentando inutilmente secar suas roupas. Joguei meu melhor sorriso a lá Santana, encostada na pia, sorrindo de seu desespero. Quinn odiava quando faziam isso, uma vez Santana nos acordou jogando um balde de água em nós, precisei segurá-la enquanto a latina corria.

“Eu gosto quando você fica irritada, tem a fera de uma leoa quando seu bando não é alimentado.” Ela virou seu olhar pra mim e eu desejei ter alguém pra segurá-la enquanto eu corria. Mas não tinha, então eu corri dela assim mesmo, inutilmente, sabendo que ela ia me alcançar de qualquer forma.

E ao chegar correndo na sala, eu fui burra o suficiente pra contornar o sofá enquanto eu só ouvi o barulho dela pulando o mesmo, me virei pra ver se ela estava bem e quando eu fiz isso ela me pegou, me arrastando até a parede mais próxima. Senti o baque da parede fria em minhas costas e gemi de dor com isso. “Desculpa.” Ela murmurou antes de se afastar vendo se eu estava bem.

“Sabe, você costumava ser mais forte, Fabray, acho que o posto de leoa não pertence mais a você.” Ela revirou os olhos, voltando a atacar meu pescoço novamente. Minhas mãos subiram a sua cintura enquanto as dela me pressionavam o pescoço.

“Ah, eu costumava ser é?” Eu confirmei soltando um gemido desnecessário quando ela mordeu algum ponto sensível atrás de minha orelha, ela riu e se afastou, antes de dizer olhando pra mim. “Então hoje você me carrega até o quarto, pode ser?” Ela gargalhou ao me ver irritada e eu comecei a bater em seu braço. É claro que eu nem tentaria fazer isso, uma vez Quinn me pediu pra abrir uma garrafa de vinho e eu não consegui, imagina carregá-la até o quarto.

“Muito engraçado, Fabray.” Eu murmurei antes dela parar com a crise de riso e voltar a arquear as sobrancelhas pra mim, numa provocação barata. Que na realidade não tinha nada de sexy, só era engraçado. Dei um sorriso idiota porque ela me fazia ser idiota também. Bati em seu ombro antes dela se aproximar descendo as mãos até minhas coxas e me erguendo, em seu colo, colocando minhas pernas ao redor de sua cintura, o que me fez ficar alguns centímetros maior que ela. “Ok, talvez você continua sendo forte do mesmo jeito que era antes.” Revirei os olhos enquanto ela levantava uma mão em comemoração, quase me deixando cair.

E quando nossa crise de riso passou e eu voltei a olhar pra ela, seu sorriso tinha sumido e ela estava mordendo o lábio, e isso acontecia sempre quando ficava insegura com algo. Ou talvez era só coisa do momento. Sorri pra ela, talvez tentando decifrar o que aquilo significava, e minhas mãos subiram pra seu pescoço, rodeando ali. Aproximei nossos rostos e nossas bocas se encontraram. Quinn apertou mais minhas coxas e eu passei a puxar seu cabelo do modo como ela gostava. Ela gemeu antes de firmar suas mãos onde elas estavam e começar a andar comigo em seu colo, em direção ao meu quarto, e assim terminamos deitando em minha cama.

Ela se ajeitou em cima de mim enquanto eu fazia carinhos em sua coxa direita e ela sorria, quase sem graça. Ela me puxou pra sentar, arqueei uma sobrancelha pra ela antes dela sorrir e puxar delicadamente meu rosto pra beijá-la. Me aproximei e levei minhas mãos até a barra da sua blusa, ainda meio molhada, puxando-a pra cima. Ela riu no meio do beijo, mordendo meu lábio antes de nos separar pra eu tirar a blusa, revelando seu sutiã azul marinho. “Usar azul marinho é covardia, Q.”

Ela sorriu, ficando vermelha, antes de me puxar pela cintura e voltar a me beijar. Desci minhas mãos e desabotoei sua calça jeans enquanto ela subia suas mãos por dentro de minha blusa e arranhava minhas costas, descendo e puxando minha blusa pra cima, jogando-a em qualquer canto do meu quarto. A vi sorrir quando viu minha lingerie vermelha. Eu sei, adorava provocá-la. “Quer falar sobre covardia agora, Rach?” Eu gargalhei, balançando a cabeça negativamente antes dela me deitar, passando suas pernas por cima de mim, me prendendo e atacando meu pescoço.

Minhas mãos subiram até sua nuca e eu a arranhei ali. Ela gemeu em meu ouvido, pressionando seu quadril contra o meu em resposta. Ela me ajudou a tirar sua calça antes de puxar meu short pra baixo, dando de cara com minha calcinha, também vermelha. A vi morder os lábios antes de suas mãos subirem massageando meus seios, ainda por cima do sutiã. Sua boca passou em algum lugar perto de meu umbigo, mordendo, beijando, chupando. Minhas mãos desceram e eu consegui tirar seu sutiã, jogando-o longe.

Ela subiu, montando novamente em cima de mim, e agora tirava minha calcinha. Soltei um gemido fraco quando ela pressionou meu clitóris e riu da minha pressa. Abri os olhos e praticamente supliquei a ela por um contato maior. Ela riu fazendo não com a cabeça tirando a própria calcinha, antes de deitar por cima de mim e arrancar meu sutiã e quando eu achei que ela ia acelerar as coisas, ela começa a beijar meu pescoço, diminuindo o ritmo das coisas entre nós.

Resmunguei seu nome e em algum momento de sua tortura e ela pareceu entender que eu estava implorando e atendeu meu ‘pedido’, invadindo-me com lentos movimentos de vai e vem. Arqueei meu corpo enquanto a senti morder meu pescoço. Uma mão minha segurava o lençol e a outra desceu pra sua bunda, apertando-a. Quinn subiu pra minha mandíbula e depois mordeu meu lábio inferior, beijando-me em seguida.

“Mais rápido, Q.” Murmurei em seu ouvido e ela mordeu meu ombro, aumentando a velocidade de seus dedos em mim. Revirei os olhos e mordi meu lábio ao senti-la descendo os beijos e trocar os dedos pela boca. PUTA QUE PARIU! Ela empurrou minhas pernas, subindo-as enquanto uma mão apertava minha cintura. Minha mão que estava puxando o lençol, encontrou a sua e ela entrelaçou nossos dedos me olhando, sorrindo, antes de morder aonde eu tanto precisava de contato.

Arqueei meu corpo enquanto ela fazia o que bem entendia comigo. Desci minha mão que estava livre pra puxar seus cabelos e ela gemeu, me fazendo sentir a vibração de sua voz em uma das áreas mais sensíveis do meu corpo. Puxei ainda mais seu cabelo quando a senti morder minha virilha, levantei minha cabeça pra olhá-la e talvez eu não deveria ter feito isso, pois foi impossível controlar meu próprio gemido, fazendo-a sorrir depois de ouvi-lo.

E no exato momento em que eu ia dar o grito para o meu gran finale, Quinn parou de se mexer, retardando meu orgasmo. Ela nunca havia feito isso antes, talvez sim, mas eu nunca fiquei tão desesperada quanto agora e quando eu fui protestar, senti seu corpo aquecer o meu e ela voltar a me beijar, do jeito que só ela sabe fazer, provocando sensações indescritíveis e diferentes em mim todas às vezes.

Ela afastou nossos rostos e começou a movimentar-se em cima de mim, causando um atrito em nossos centros. Arqueei a cabeça pra trás, porém ela puxou meu rosto, obrigando-me a olhá-la. Sorrimos e talvez tenha sido o sentimento que veio com esse simples gesto que fez meu corpo finalmente tremer em um dos melhores orgasmos da minha vida.

Quinn's POV

Eu abri meus olhos quando a claridade começou a me incomodar, na verdade, eu não cheguei a dormir plenamente. Sou uma boba apaixonada, eu sei... Mas é impossível dormir depois da noite que tive com Rachel. De uma forma nova e totalmente inexplicável, as coisas tomaram um novo ritmo na noite passada. Eu podia jurar que foi a primeira vez em que fizemos sexo com sentimentos... Eu sei que poderia dizer que ‘fizemos amor’, mas eu me sinto meio incomodada em dizer isso.

O fato é: a noite passada foi inesquecível e especial... Diria que foi a nossa verdadeira ‘primeira vez’.

Minha vista entrou em foco e eu localizei o rosto calmo e sereno de Rachel. Ela estava deitada de lado assim como eu. Involuntariamente, eu sorri diante da cara de criança que ela tinha quando dormia. Os cabelos escuros que eu tanto amava estavam espalhados pelo travesseiro e davam um contraste legal com a fronha branca. Ela estava nua, mas coberta da cintura para baixo por um fino lençol enquanto os seios estavam cobertos pelos seus braços estrategicamente posicionados.

Mais um sorriso, e eu tirei uma mecha castanha que estava ameaçando cair em seu rosto. Rachel respirou fundo e resmungou algo, eu sufoquei a gargalhada enquanto ainda a observava. Podia parecer besteira e mentira, ainda mais para alguém como eu que era tida como cafajeste e ninfomaníaca, mas eu estava hipnotizada por aquela visão.

Engraçado como dois anos não me fizeram acostumar com a beleza de Rachel Berry pela manhã. Quando éramos ‘amigas com benefícios’ (não que as coisas tenham mudado depois do Ano Novo, ainda não falamos sobre o que somos), eu tinha que me vestir sem sequer olhar para ela. Rachel nunca soube, mas existiam dias que eu não conseguia transar com ela e ir embora como era o nosso trato, eu a observava dormir e ás vezes, até dormia com ela. Pela manhã, eu tinha que fazer um esforço sobre humano para sair da cama e não me perder em meus devaneios.

Porque era pela manhã que Rachel ficava mais linda. Ela voltava a ser aquela garota sonhadora e apaixonada, não que eu não gostasse da Rachel nova, mas a ‘antiga’ (e destruída por Finn) Rachel era adorável e incrivelmente fofa. E agora, não tinha nada que me fazia ir embora. Eu era dela, ela era minha e a noite passada comprovava isso... Tudo bem que eu não tive o Valentine's Day que esperava ter com ela, mas eu estava com Rachel e aquilo se revelou o necessário.

A dinâmica entre nós continuava a mesma. Crises de ciúmes, pequenas discussões, resolução com amassos e beijos... Só que dessa vez, não eram apenas beijos e amassos. Eram pedidos mudos de desculpa, carinhos entre as mordidas e principalmente, palavras. Não que eu não gostasse da parte ativa da nossa relação, mas eu adorava conversar com Rachel e adorava poder falar as coisas que antes, eu não tinha coragem.

Tá. Nunca rolou um ‘eu te amo’, mas eu disse que não seria capaz de viver sem ela no Ano Novo e Rachel me surpreendeu em uma manhã ao dizer que eu tinha sido a melhor coisa na vida dela. Depois de dois anos ‘juntas’, eu ainda ria por não conseguir ser totalmente sincera e dizer o quanto eu gostava dela. Mas eu não tinha culpa, ela era Rachel Berry e as chances dela surtar e deixar tudo pra trás por causa disso, era grande.

Rachel respirou profundamente e mudou de posição, ficando de bruços e acabando com a minha graça ao virar o rosto para o outro lado. As costas ficaram expostas e eu fiquei surpresa com os raios de sol tímidos tocando a pele morena dela. Era uma visão linda e eu tentava não tocá-la. Olhei pela janela e tive a idéia de um café-da-manhã. Mas eu bem sabia que Rachel e Kurt não comiam em casa, então, me levantei rapidamente e me vesti antes de ir ao banheiro e escovar os dentes.

Quando voltei ao quarto para apanhar minha carteira, Rachel continuava dormindo como se nada tivesse acontecido. Dei um sorriso antes de sair do dormitório e correr pelos corredores. Julliard estava deserta, era manhã seguinte ao Valentine's Day. Óbvio que não teria uma alma viva naquele corredor. Desci as escadas correndo e verifiquei se minha moto ainda estava na garagem antes de sair para o inverno enfraquecido de New York.

Um vento frio bateu em meus ombros e eu fechei a jaqueta, colocando minhas mãos nos bolsos enquanto caminhava a passos rápidos pela calçada. Decidi ir a pé porque a loja de alimentos orgânicos era ali perto. Rachel sempre me obrigava a ir com ela ali antes de irmos para seu dormitório. De certa forma, eu acabei adquirindo um pouco dos hábitos dela. Evitava carne quando podia, exceto o bacon. Porque era um pecado negar bacon e Rachel que era maluca e não eu.

A loja já estava aberta e o senhor que cuidava dela era um japonês muito simpático, a filha dele era muito bonita e não, eu nunca cheguei a ficar com ela. Eu nunca pegava garotas que Rachel conhecia, podia cantá-las, mas nunca ficava com elas. Enfim, abri a porta da loja e o sininho tocou. O senhor levantou os olhos e me deu um sorriso animado, eu era conhecida ali, afinal.

Apanhei uma cestinha e tomei um corredor, iniciando minha missão. Rachel era daquelas vegetarianas chatas, ainda por cima. Por isso eu fui direto às frutas, morangos, uvas, maçãs... Rachel gostava de tudo praticamente, o que dificultava meu trabalho. Mas eu estava disposta a ser uma boa futura namorada se ela quisesse. Depois das frutas, fui para os pães e para os iogurtes. Ao menos chá e café eu tinha certeza que a Rachel tinha em casa. Enfim, já eram mais de 8 horas quando eu finalmente consegui tudo que queria e ia para o caixa.

Passei pela sessão de flores e algo me chamou a atenção. Melhor, uma flor me chamou atenção. Vermelha, pétalas que pareciam papel crepom amassado, aliás, pareciam aquelas flores que fazíamos nas aulas de arte do ensino médio, achei bonitinha e sorri como uma boba para a flor, Rachel gostaria de algo assim. Ouvi um pigarro atrás de mim e me virei, a filha do senhor estava sorrindo gentil para mim. Ela se aproximou, deixando a caixa que segurava no chão e perguntou.

“Interessada no cravo?”

“Achei bonitinha, nada demais.” Respondi rapidamente e senti minhas bochechas corarem, maldito sentimento! A japonesa deu uma risadinha tímida, ela se aproximou e ficou ao meu lado. Eu continuei calada, pensando em sair correndo dali, mas ela estendeu a mão e apanhou uma das flores e me entregou com um sorriso.

“Leve para ela, ela vai gostar.”

“Ela?” Repeti transtornada, mas sei deixar de apanhar a flor. A japonesa deu uma risada mais aberta e desinibida dessa vez e eu procurei marcar em minha mente para não ser tão idiotamente apaixonada da próxima vez. A japa acenou com a cabeça e disse.

“Sim, Rachel vai gostar dela... Eu vou colocar em uma caixa para você enquanto você paga no caixa e não se preocupe, é por conta da casa.”

Eu dei de ombros, mas senti minhas bochechas esquentarem de novo, por isso, tratei de sair logo dali e ir para o caixa. O senhor me cumprimentou com um aceno e passou todas as coisas, coloquei-as em sacos de papel pardo e paguei. Quando saía pela porta, a japonesa reapareceu com a flor devidamente protegida e eu caminhei o mais rápido que a minha vergonha permitia.

O caminho de volta foi mais rápido que a ida. Eu cheguei ao dormitório e deixei tudo na pequena cozinha antes de fechar a porta. Corri até o quarto de Rachel e ela continuava ferrada no sono, sorri de novo, ela era quase um bicho preguiça pela manhã. Fechei a porta sem fazer o barulho e voltei a cozinha, tirei minha jaqueta antes e a joguei no sofá. Dobrei as mangas da minha camisa xadrez e me coloquei a trabalhar.

A bagunça naquela cozinha ganhava da bagunça de Santana e garanto que era tudo obra do Kurt. Rachel era neurótica com tigelas e bandejas e ela não as deixaria espalhadas por aí. Enfim, encontrei uma bandeja no armário de cima e algumas tigelinhas coloridas nos armários mais baixos. Apanhei alguns pratos no lava louças e coloquei a água para ferver. Cortei os pães e os arrumei no prato, antes de começar a cortar as maçãs.

No meio do processo, eu comecei a assoviar uma melodia aleatória e me peguei rindo depois. Bem que me falavam que gostar de alguém nos deixava extremamente idiota. Apanhei a caixa em que estava a flor e o mais delicadamente que pude, tirei o cravo da caixa e o deixei sobre o balcão da cozinha. A chaleira apitou e eu ia me virar para tirá-la do fogo, quando senti as mãos de Rachel na minha cintura. DROGA, ela estragou tudo.

“Eu não acredito que você me deixou sozinha na cama e que já se vestiu.” A voz dela estava rouca, talvez por causa do sono ou por causa do desejo, nunca descobrirei. Eu espalmei minhas mãos no balcão da cozinha e senti um beijo em meu ombro, me virei para ela e ela estava enrolada em um robe qualquer. Dei um sorriso e beijei seus lábios levemente. “Isso ainda não te redime por me deixar sozinha na cama, Fabray.” Eu arqueei a sobrancelha para ela e cruzei os braços, me escorando ao balcão. Ela deu uma risadinha e me abraçou pela cintura, se aninhando nos meus braços. Eu dei uma gargalhada e ela escondeu o rosto em meu peito, beijei o topo da sua cabeça e murmurei em seu ouvido.

“Você estragou a surpresa, Berry. Acordei cedo porque queria preparar seu café da manhã.” Rachel tremeu em meus braços e se aconchegou ainda mais, as mãos dela apertaram a minha camisa e ficaram fazendo carinho enquanto eu afagava seus cabelos e beijava seus ombros. Estávamos próximas, mas Rachel me puxou para baixo e passou os braços ao redor do meu pescoço. Ela me abraçou e cheirou meu pescoço, beijando-o em seguida. Nos separamos, e eu apanhei a flor em minhas costas. Prendi a flor em seus cabelos, próxima a orelha e ela me deu aquele sorriso enorme de 1000 watts. Me afastei dela para tirar a chaleira do fogo e fazer o chá. Rachel roubou algumas maçãs cortadas e sentou-se no balcão, me observando enquanto eu corava feito uma boba.

“Qual o propósito da flor?”

“E precisa ter um propósito para te dar uma flor, Berry?” Perguntei brincalhona antes de me virar para ela, Rachel arqueou a sobrancelha e o gesto estava quase tão parecido com o meu que eu até me assustei. Ela deu mais uma mordida na maçã que segurava antes de me responder.

“Flores costumam ter significados, queria saber o do cravo.” Eu me aproximei dela com intuito de beijá-la, mas ela colocou a maçã em minha boca e a contragosto, tive que engolir a maldita fruta. Estava claro que íamos ter um monólogo sobre flores agora. Me ajeitei entre suas pernas e ela estendeu a mão e começou a fazer carinho em minha nuca enquanto eu a encarava. “Lírios desafiam a pessoa a amar, rosas significam amor e paixão, gardênias significam amor secreto e platônico...!”

“Então a gardênia combinava com meus olhos e também significava que você tinha um amor secreto e platônico por mim, Rach?” Eu tinha que tirar uma com a cara dela sobre isso, Rachel corou e abaixou a cabeça, beliscando minha nuca enquanto eu tentava me desvencilhar das unhas dela. Ela me puxou para perto e eu apoiei minhas mãos sobre suas coxas. Rachel ficou me olhando com um sorriso de lado e eu a beijei com gosto, me separei dela entre selinhos e ela continuava a brincar com minha nuca. Afaguei sua bochecha corada e sorri, me sentindo a pessoa mais feliz do mundo. “Não sei o significado do cravo, mas o achei tão lindo quanto a menina para quem eu estava querendo dá-lo.”

Rachel corou de verdade dessa vez e me puxou para perto de novo. Eu fechei meus olhos, sentindo aquele cheiro doce e único dela. Senti o hálito quente dela próximo ao meu, ela pincelou nossos narizes e respirou fundo antes de juntar nossos lábios. Entre o beijo, eu a puxei e ela enlaçou as pernas em minha cintura, mordendo meu lábio. Quase caí no chão da cozinha diante da sensualidade do ato, ela deu um sorriso entre o beijo, antes de chupar a minha língua e me fazer gemer. Apertei a cintura dela e antes que eu pudesse jogá-la no sofá, ela voltou ao chão com um sorrisinho malicioso. “Acho que devemos fazer jus ao seu trabalho e comermos o café, Quinn.”

“O café é o menos importante agora, Rachel.” Eu estava parecendo uma louca agora enquanto murmurava, ela deu uma gargalhada antes de apanhar uma das uvas e chupá-la maliciosamente. Engoli em seco e ela fez que nada tinha acontecido, deu de ombros e colocou açúcar em nossos chás, antes de entregar a minha xícara. Suspirei derrotada, me escorando no balcão. Ela passou geléia em uma fatia de pão e entregou para mim, enquanto eu mordia a contragosto, ela se aproximou de novo e ficou de costas para mim. Bufei e passei a mão livre em sua cintura, a puxando para perto. Ela deu um gritinho e sorriu. “Você é muito má, sabia?”

“Sou má sim... Mas sei que você me adora desse jeito.” Rachel respondeu convencida, inclinando a cabeça para o lado e deixando amostra aquele pescoço delicioso que já tinha marcas de chupões. Acho que não faria mal deixar mais alguns, certo? Por isso chupei, mordi e lambi enquanto ela tremia e gemia em meus braços. Ela estava ofegante e eu ria em seu pescoço. “Quinn, ainda acho que devemos tomar o café.”

Eu dei uma gargalhada enquanto ela me acompanhava. Passei a mão de leve em suas curvas e pela textura do tecido em sua pele, essa morena não estava vestindo nada por baixo do robe e ainda assim queria que eu tomasse o café com ela? Rachel era má quando usava lingerie vermelha e vinha tomar café, praticamente, nua comigo. Eu respirei fundo e a vi arquear a sobrancelha através da porta de vidro do armário. Ela virou-se para mim com aquele sorrisinho malicioso de sempre, brincou com a barra da minha camisa antes de erguê-la e arranhar minha barriga. Juro que eu devo ter virado os olhos, mas mordi meus lábios, evitando gemer. Eu não ia ceder. Rachel escalou meu peito e murmurou em meu ouvido.

“O que foi Quinn? Descobriu algo que te agrada?”

“Claro que sim, Rachel.” Eu disse com o sorriso cafajeste que ela gostava tanto, vi uma leve mudança em sua expressão, talvez ela soubesse que eu acabaria ganhando aquela ‘discussão’. Deslizei minhas mãos pela sua cintura. “Curvas.” Beijei seus lábios e os mordi. “Boca.” Coloquei minha mão em sua virilha e subia lentamente, Rachel me encarava, mordendo o lábio e centrada em não ceder também. Eu estava quase chegando onde queria, até que ela tirou minha mão dali bruscamente e sorrindo ironicamente, disse.

“E vai encontrar a sua vergonha agora, Fabray.”

“Você que começou!” Eu estava dramaticamente ofendida e ela esmurrou meus ombros antes de eu segurá-los e a puxar para um beijo. Rachel acabou rindo entre o beijo e depois me mordeu na bochecha, ela se afastou e tomou um gole de chá, lambendo os lábios em seguida. Dei um sorriso para ela, mas esse era de pura devoção. Rachel colocou um pedaço de morango na minha boca e enquanto mastigava, ela me olhava. Fiquei ligeiramente incomodada com aquilo e baixei os olhos, ela tornou a se aproximar e ergueu meu rosto com um toque delicado em meu queixo. O olhar dela estava devoto, apaixonado... Ela deu um beijo leve em meus lábios e disse.

“Você é perfeita, Quinn.”

Eu apenas sorri antes de recebê-la em meus braços e afundar o rosto em seus cabelos. Eram daqueles momentos que eu falava e eram aquelas palavras as quais me referia. Rachel estava tentando lidar com seus sentimentos e aquilo me fazia absurdamente feliz.

Rachel's POV

“Você escolheu o filme ontem, nada mais justo que eu escolher o que vamos almoçar.” Quinn disse apertando minha barriga, segurei suas mãos evitando que os apertões evoluíssem pra cócegas. Me virei no sofá, ficando de frente pra ela.

“Só se você admitir que o filme foi legal.” Eu pisquei pra ela antes de beijar seu pescoço, ela se remexeu, prendendo minhas pernas e segurando meus braços, me imobilizando. Revirei os olhos, ao menos a minha boca ela não tapou. “Q, não custa nada.” É eu estava errada, ela só estava ajeitando nossas posições, antes de me beijar.

Tentei me rebater e me soltar, mas foi inútil. Mordi um pouco mais forte seu lábio e nem assim... Mulher difícil. Ela parou de me beijar e sorriu cafajestemente, senti uma pontada de desejo mais forte com isso e mordi meu lábio provocando-a. “Tudo bem, eu admito que o filme foi legal...” E eu ia comemorar, mas Quinn fora mais rápida e completou. “Se, você fizer um strip tease pra mim.” Eu gargalhei, nunca havia feito isso pra ninguém. Neguei com a cabeça e escondi meu rosto em seu pescoço ao ouvi-la gargalhar.

“Tudo bem, você pode escolher o que quiser pro almoço, já que essa é a condição. E não precisa nem dizer que o filme é legal.” Eu disse envergonhada, ainda com meu rosto escondido em seu pescoço. Ela soltou as mãos das minhas e afagou meu cabelo dando um rápido beijo em meus cabelos. “Morro de vergonha, Quinn.” Ela gargalhou e me fez olhar pra ela.

“Você com vergonha? Rachel Berry envergonhada?” Eu fiz que sim e ela gargalhou novamente pegando meu rosto com as duas mãos e sorrindo pra mim. “Rach, você sobe num palco e você se transforma, e nem adianta falar que é por que você vai estar nua ou tirando a roupa, já perdi as contas de quantas vezes te vi assim." Eu corei ainda mais e acabei começando a gargalhar, quando ela disse isso e começou a me encher de beijos.

"Isso tudo é por eu ter te deixado na mão mais cedo?" Eu perguntei quando o ar tinha voltado e ambas estávamos menos ofegantes que antes. Ela fez que sim com a cabeça, fazendo beicinho em seguida. "Então você está desculpada e nós estamos igualadas, ok?" Ela fez que sim com a cabeça e eu puxei seu rosto pra mais perto do meu e lhe dei um beijo de verdade e segundos depois senti suas mãos descerem pra mim cintura, apertando-as.

"Você não vai fazer igual mais cedo, né?" Quinn perguntou quando nós nos ajeitamos no sofá e ela ficou por cima de mim, encaixando suas pernas no meio das minhas.

"Fazer o quê?" Ela parou de me beijar e levantou o rosto, me olhando com uma sobrancelha arqueada e uma expressão extremamente irônica no rosto. "O que eu fiz mais cedo? Te deixei na mão, ali na cozinha?" Eu não agüentei e comecei a rir de sua cara enquanto ela revirava os olhos e batia em mim. "Covardia, Q, você é triplamente mais forte que eu." Ela parou de me acertar com aquelas mãos grandes e segurou meu braço, começando a morder ali. "Ok, tá bom. Eu não vou fazer igual mais cedo." Ela parou e olhou pra mim, dessa vez completamente diferente, beirando ao pervertido. Bati em seu ombro e revirei os olhos, antes dela beijar meu pescoço.

Quinn já tinha aberto praticamente todo o meu robe, deixando boa parte da minha nudez exposta pra ela. Não sentia que precisássemos de mais nada, nem queria sair dali. “Quantas vezes eu terei que dizer pra vocês transarem somente na sua cama, Berry?” Quinn que estava descendo os beijos pela minha barriga, acabou me mordendo com uma força bruta devido ao susto que levamos. Kurt e Zach estavam parados na porta, o moreno com um olhar irritadíssimo e o ruivo de certa forma constrangido, afinal era a primeira vez que ele nos flagrava quase transando.

Quinn bufou irritada saindo de cima de mim, me ajudando a me levantar e logo depois de se arrumar. Fiquei em pé e vi Zach arquear uma sobrancelha pra mim, fazendo um movimento pra eu fechar algo com as mãos. Olhei pra mim e vi meu robe aberto, revirei os olhos o fechando e me escondendo atrás de Quinn. "Rachel, quantas vezes temos que dizer que somos gays e temos alergia a vaginas?" Zach revirou os olhos rindo e Kurt agora também ria, abandonando a expressão zangada.

“São gays, mas são homens com pênis inúteis e a Rachel é gostosa.” Quinn murmurou enquanto me ajudava a fechar meu robe, não deixando nada aparecer.

“Qual a sua lógica, dizendo isso, Fabray?” Kurt perguntou encostando-se ao balcão, se ele soubesse o que fizemos na cozinha mais cedo, acho que surtaria.

“Nenhuma, Kurt. Ela só está com ciúmes porque nós as flagramos e Rach estava praticamente nua aqui.” Zach murmurou ácido. Me enganei muito sobre esse garoto ao conhecê-lo, aproveitei pra provocar Quinn.

“Ela sabe que sou só dela, não necessita de todo o ciúme e da possessão.” Murmurei e obtive o resultado previsto, ela corou abaixando seu rosto.

“Porra, Rachel. Desliga o modo ‘sedução’ e ligue o ‘vergonha’, por favor.” Kurt disse não acreditando. Ah, meu amigo se eu te contasse o que aconteceu da noite passada pra cá...

“Oh, que gracinha, a leoa virou um gatinho.” Zach comentou tirando sarro de Quinn e de seu apelido que eu contara, acidentalmente, pra ele. Abaixei a cabeça, droga, ela iria me matar. Na falta de Santana tínhamos Zach afinal, se ambos não fossem gays, se mereceriam.

“RACHEL, DESDE QUANDO ELE SABE DO NEGÓCIO DE LEOA?” Tremi no momento em que ouvi Quinn dizer Rachel naquela voz quase irritada.

“Ah, era íntimo?” Eu fiz que sim, desesperada, enquanto Quinn me fuzilava com o olhar. “Desculpa.” Na realidade ele não estava sendo nem um pouco verdadeiro, principalmente com aquele sorriso parecidíssimo com o da Santana. Revirei os olhos lhe mostrando a língua.

“Então, meus amores, vocês já tiveram a casa toda pra vocês e provavelmente tem suor em todo o dormitório, o que é nojento. Então, nossa vez de usar. VAZEM.” Kurt era tão delicado, nossa. Quase fui lá abraçá-lo de tão emocionada que fiquei.

“Não só suor...” Quinn murmurou distraída enquanto mexia em seu próprio cabelo.

“Porra, Fabray! Não me surpreenderei se eu encontrar sangue e outras coisas bizarras por aqui.” Zach disse nos olhando extremamente irritado, Kurt já nem estava mais ali.

“Tem chá, frutas, pães integrais... Muitas coisas, pois tomamos café e tem um pouco de bagunça espalhada pela casa. Depois a nossa mente que é poluída.” Bufei enquanto Quinn tinha aquele olhar e sorriso de pervertida e a puxei pra dentro do quarto, antes que Zach prolongasse o assunto. “Ai, Rach, sabe que eu adoro quando você me pega forte assim?” Ela disse se aproximando quase me encostando na minha cômoda. Levantei meu dedo indicador e apontei pra ela, fazendo-a arregalar os olhos.

“Não dê corda pra eles mais, ok? Se não quem sofre depois sou eu. Fique calada, deixe eles falando sozinhos. Eles se cansam uma hora e param, só saia e venha pra cá ou fique lá com cara de tédio.”

“Do mesmo jeito que eu estou fazendo agora?” Ela me provocou sorrindo sarcástica e eu fechei minha mão pra batê-la, porém ela fora mais forte e me beijou, segurando meus pulsos. “Talvez eu possa te beijar assim na frente deles, melhor do que fazer cara de tédio.” Ela riu e voltou a me beijar enquanto eu cedi lentamente. Levei minha mão até sua nuca arranhando-a.

Lhe dei selinhos e coloquei uma mão em seu pescoço, diminuindo nosso ritmo. A olhei alarmada e ela entendeu, se afastando e indo sentar na cama. "Você vai embora?" Perguntei enquanto separava uma roupa pra vestir.

"Não, Rach... eles nos expulsaram, nós vamos embora." Ela disse deitada em minha cama enquanto brincava com meu travesseiro. "E nós vamos almoçar." Impossível não sorrir ao ouvir isso.

"Aonde, exatamente?" Eu perguntei me virando pra ela, vestindo uma blusa fininha de frio.

"Eu não sei, estava pensando em irmos ao Central Park." Eu balancei a cabeça negando que não queria ir.

"Deve estar congelando lá fora, poderíamos ir pra seu apartamento, Santana não acharia tão ruim assim." Ela olhou pra mim, revirando os olhos e depois me lançando aquele olhar com a sobrancelha arqueada.

"Estamos falando de Santana, Rach. E estamos falando de uma Santana que está tirando o atraso com Brittany em todos os lugares possíveis do nosso dormitório. Então... Qualquer coisa vinda de nós, nesse momento, é motivo pra ela querer nos matar." Eu tive que concordar, rindo.

"Então, essa discussão, eu perdi?" Eu andei até meu guarda roupa, colocando uma mão em meus casacos gigantes, tirando um preto dali pra vesti-lo.

"Mais ou menos." Ela disse jogando os ombros antes de abrir a porta pra nós sairmos.

"1x0 pra você." Quinn riu antes de puxar entrelaçar nossas mãos e fazer uma expressão de falso medo. Me virei pra ela, séria, apontando meu dedo indicador. "E sim, estou contando a partir de agora." E logo depois eu sorri e me deixei ser levada pra fora do apartamento enquanto Quinn me abraçava pela cintura.

****

Estava sentada em algum lugar do Central Park, olhando os casais namorarem, algumas pessoas passando apressadas, idosos brincando com seus netos. Até eu estava amolecida por New York nesse dia completamente comercial. Ok, talvez estar com Quinn era o fato de me fazer estar amolecida. Falando em Quinn, ela foi buscar nosso 'almoço' e até agora não voltou. Eu estava morrendo de frio e essa época do ano era uma das piores, só é bom quando se está em casa, embaixo de dúzias de edredons ou outras coisas alternativas, mas que façam o mesmo efeito: esquentar. E a melhor opção que eu havia achado era Quinn.

"Pronto, Rach. Me desculpe a demora." Ela disse tirando duas caixinhas de sushi de uma sacola e colocando-as em minha frente, me entregando também os hashis. "A fila para pegar pra viagem estava cheia. Mais do que as pessoas que estavam comendo no restaurante, acredite." Ela me entregou as latinhas de coca-cola e nós nos arrumamos no banco.

"Quinn, eu não me importaria em atrapalhar a Satan e a Brittany. Nem de ser espancada por Santana depois, sério, aqui tá muito frio. Podemos, por favor, pegar nossas coisas e irmos pro seu apartamento?" Eu implorei, com direitos a caras e bocas. Porém não funcionou, ela balançou a cabeça num 'não' e eu bufei irritada.

"Rach, já conversamos sobre o lance da San, não já?" Eu concordei, a contra gosto. "Então, pronto." Ela abriu as latinhas e também as caixinhas e pegou o outro saco de hashi da minha mão. "Sabe, Rach, eu agradeço tanto por você não ser mais vegan." Eu arregalei os olhos, surpresa.

"Por quê? Eu parecia uma compulsiva, implorando pra que as pessoas tivessem o mesmo hábito que eu, não é?" Ela deu uma risada tão gostosa, balançando a cabeça negativamente.

"Não, é que das primeiras vezes eu não fazia idéia de onde te levar ou o que comprarmos pra comer, mas aí Kurt foi te mudando aos poucos e tudo melhorou."

"Não foi ele, bom ele também, mas é que comida vegan, os chamados substitutos, são absurdamente caros por aqui. E estava ficando caro comer e o Kurt estava pagando alto demais por uma coisa que só eu usufruía entende? Então eu decidi parar e fui mudando minha alimentação aos poucos." Eu fiquei envergonhada com o jeito que ela me olhava e talvez eu a olhava do mesmo jeito.

Ás vezes eu chegava a conclusão, metaforicamente é claro, que ela era um mundo novo pra mim, por mais que nos conhecêssemos a mais de anos. Um mundo onde eu tinha que conhecer, explorar, trocar idéias. Como se eu tivesse o que fazer, ensinar e aprender.

"Eu confesso que não como tanto mais carnes, assim, só bacon. Mas você sempre foi vegan?" Parecia realmente um primeiro encontro. Eu ri de mim mesma, antes de fazer um sinal que ela esperasse eu terminar de mastigar pra respondê-la.

"Sempre, papai Hiram é vegan e o meu outro pai, Leroy, é vegetariano com algumas restrições. É claro que eu tive oportunidade de escolher, mas desde que eu consigo lembrar as comidas que papai comprava eram mais gostosas. Então eu preferi o veganismo e só larguei por questões financeiras." Quinn acenou com a cabeça, mostrando que entendeu. Coloquei minha caixinha em meu colo e levei minha mão ao canto da sua boca, limpando a sujeira ali. Ela revirou os olhos e nós rimos. "Estamos muito clichês." Ela concordou e gargalhou ainda mais.

"Talvez eu goste de ser clichê com você, Rach." Ela sorriu e piscou, me fazendo corar. Droga, Fabray, qual seu problema? "Agora me conte mais sobre você."

"Você me conhece, Q, muito bem ainda." Eu estreitei meus olhos, não entendendo onde ela queria chegar.

"Sim, eu te conheço. Mas eu conheço a Rachel pelo que eu já observei, não pelo que ela me contou." Ela sorriu, levantando rapidamente pra jogar a caixinha na lixeira mais próxima.

"E qual é a Rachel que você conhece?" Ela sorriu sacana e negou com a cabeça, mostrando que não iria responder. "Por favor, Quinn."

"Ok, tudo bem." Ela se aproximou e eu senti seu hálito quente bater em meu ouvido. "A Rachel sexy. Que tem um beijo que me tira o fôlego, que treme em meus braços toda vez que tem um orgasmo, que tem as pernas mais longas que eu já vi pra uma baixinha, que me enlouquece usando vermelho e outras coisas mais." Me segurei pra não agarrá-la ali mesmo, sério, tudo estava contribuindo pra que acontecesse. Aquela voz rouca em meu ouvido, sua mão estar acariciando meu braço na hora. Ela se afastou, abrindo um sorriso pra mim.

"E qual é a parte de mim que você quer conhecer?" Perguntei, vendo-a corar e virar seu olhar pro resto do parque, me deixando curiosa. Ela puxou o ar profundamente antes de voltar a olhar pra mim e responder.

"Todo o resto." Sua expressão denunciava que o que ela havia dito era verdadeiro. Seu olhar, então, parecia querer ver minha alma e o fato dela falar essas coisas com uma mão em meu rosto, só fez com que eu enxergasse: Quinn Fabray está apaixonada por mim.

E o empecilho dessa vez não tinha nome ou sobrenome, é só que eu não sei como contar pra ela que eu me sinto da mesma forma.



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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Nos deixe saber o que vocês acham e opinem também, é bom saber quando algo está incomodando ou não está certo.
Ps: Talvez, em breve, Santana terá a palavra...