Diário De Uma Gordinha escrita por fernanda


Capítulo 12
Dia 10 - extra


Notas iniciais do capítulo

Essa história é baseada em fatos reais. Aconselho você a ler só se acreditar mesmo em espíritos. UEIOEAUOEAIOE Se não, tudo pode parecer uma grande merda.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184703/chapter/12

Muitos tem dúvidas do tipo: "Afinal, existe vida após a morte?" ou "Nós viramos aqueles fantasmas que aparecem nos filmes?" Pois é. Tive minha própria opinião sobre isso muito cedo, e não escolhi... foi algo natural.

Eu tinha oito anos. Morávamos em uma casa muito velha, no interior de São Paulo e vivíamos muito bem nela. A planta da casa é totalmente diferente das que eu já tinha visto. Entrando pela porta de entrada, tinha um jardim de primavera ( um grande canteiro ) e em volta desse canteiro era a casa em si. Em um lado, a sala e a cozinha. Para ir ao meu quarto ( que eu dividia com a minha irmã ), tinha que atravessar esse canteiro. Meu quarto dava para um pequeno corredor que tinha um banheiro e que dava direto pro quarto da minha irmã mais velha. Tudo junto. Um pouco mais afastado, se tinha o quarto dos meus pais. Tirando isso tudo, junto com a sala, se tinha uma enorme varanda e um terreno inteiro pra brincar. Meu pai havia comprado o terreno do lado da nossa casa pra plantar, ou construir algo.

Um dia estava na sala e lembro do meu pai passando por mim e perguntando pra minha mãe: " Você passou na frente da casa enquanto eu tomava banho? " Minha mãe disse que não e achei que algo estava estranho. Depois meu pai resolveu contar pra nós que enquanto estava no chuveiro , tinha uma janelinha meio embaçada que dava pro canteiro fora da casa e viu alguém passando por ela, mas parecia ser mais velho, e andava com a coluna inclinada. Como a casa tinha portão, só podia ser alguém da nossa família... mas não foi. Deixamos por isso mesmo.

Certo dia, minha mãe me pediu pra varrer a varanda. Peguei a vassoura e fui. Comecei a varrer, quando olhei para o lado... no final dela, tinha um degrau pra descer e ir pro terreno. Nesse degrau tinha uma menina sentada, me encarando. Não se dava pra ver bem o rosto dela, mas percebi que tinha cabelo preto, curto, franja e vestia uma blusa vermelha. Fiquei parada ali sem saber o que fazer por alguns segundos. Quando me dei conta do que tinha visto, saí correndo e entrei na cozinha chorando e contei pra minha mãe o que eu tinha visto. Inicialmente ela não acreditou em mim, mas depois que percebeu que eu não estaria inventando, ainda mais chorando daquele jeito, foi a primeira a me ajudar.

Fomos na varanda novamente e não tinha mais ninguém. Até então, eu achava que tinha sido apenas impressão.

Um dia estavamos comendo pizza. Após terminar, meu pai se sentou na sala, eu e minhas irmãs fomos pro nosso quarto e minha mãe foi tomar banho.

Do nada, me lembro do meu pai ter chegado no nosso quarto e perguntado se nós fomos assustar ele lá na sala. Dissemos que não e vimos a expressão de medo no rosto dele. Definitivamente havia algo errado naquela casa.

Mais tarde, ficamos sabendo que enquanto ele estava na sala, a luz tinha piscado várias vezes e então, um garfo tinha caído do nada da mesa.

Dias mais tarde, convidei minha amiga pra ir lá em casa. Estávamos brincando no meu quarto, quando percebi que na parede do quarto da minha irmã mais velha, havia um reflexo estranho da janela do quarto dela. Era de noite e a parede estava toda iluminada com a luz de fora, mas tinha uma sombra com formato de um velho alí, e se mexia um pouco. Deixei minha amiga lá morrendo de medo e sai em direção a sala, me cagando de medo também. AEUAIOEAI ( Observação: bela amiga eu sou )

Atravessei o corredor do canteiro inteiro, no escuro mesmo e cheguei na sala. Contei pra minha mãe e fomos correndo até o quarto. Chegamos lá, não tinha mais nada.

Tudo isso era muito estranho e novo pra nós. Até então, achava que era coisa da minha cabeça, mas outras pessoas começaram a ver algo estranho naquela casa também. Lógico, ninguém tinha visto algo "concreto" como eu, mas eram sinais.

Minha irmã, por exemplo, estava sozinha no banheiro entre o meu quarto e do da mais velha. Do nada, tinha visto a sombra no chão de uma menina pulando corda. Gritou horrores e ninguém tinha ouvido pois todos estavam na sala. Então o problema não era comigo, era com a casa.

Me lembro também de um dia estar dormindo na minha cama. Senti um frio incomum, chegava a arrepiar. Abri um pouco os olhos e percebi que estava destapada e a coberta tinha caido no chão. Quando fui pega-la, olhei pro lado e me deparei com outra menina. Estava apoiada na cama da minha irmã, a centímetros de mim. Me encarava, e novamente não pude ver os traços do rosto. Mas, percebi que o cabelo era longo e um pouco ondulado nas pontas, e vestia outra cor de camiseta, só não lembro qual. Brincava com os brinquedos da minha irmã, sentada no chão. Fiquei alguns segundos encarando ela também, sem saber o que fazer. Decidi voltar rapidamente pra cama, sem a coberta mesmo e virar pro lado oposto dela. Eu nunca tinha sentido um medo tão grande como aquele. Eu olhava pra trás e ainda estava ela lá, me encarando. Não sabia se eu corria e deixava ela ali com a minha irmã, e talvez fosse pega no pé por uma mão embaixo da minha cama, ou se ficava ali com frio , deitada. Opinei por essa última opção. Sei que para alguns de vocês vai parecer idiota, mas comecei a rezar. Foi um ato espontâneo, a única coisa que eu pude fazer na hora. Acreditem ou não, alguns minutos depois ela já não estava mais lá.
Decidi correr. Coloquei os pés pra fora da cama e corri o mais rápido que eu pude. Fui até o quarto da mais velha, demorei um minutos mais ou menos pra conseguir destrancar as velhas portas de madeira e atravessei o jardim escuro até o quarto dos meus pais. Bati na porta várias vezes, até que minha mãe abriu. Contei tudo, meu pai ainda não acreditava, mas minha mãe, sim. Chorei muito, até dormir na cama deles. Isso tinha sido apenas o começo.

Nosso quintal era grande, todo de grama. No final, tinham algumas árvores , e atrás delas tinha um pedaço do nosso terreno comprado.

Quando compramos a casa, já veio junto no quintal uma grande mesa de plástico, e também tinha um chuveirinho, aqueles que tem quando se tem piscina. Sempre achei estranho, porque não tinha uma piscina. Mas aquilo era bom no verão, dava pra refrescar. AUIOEAUIOEA

Jogávamos bola lá, e um dia a bola caiu nas árvores, no fundo do quintal. Quando fui pegar, ouvi alguns passos no nosso outro quintal. Porém, achei que não fosse nada e guardei isso pra mim.

Um dia eu estava indo dormir e minha mãe estava junto comigo e com a minha irmã no quarto. Começamos a conversar sobre tudo o que estava acontecendo, até que eu ouvi um grito de socorro. Perguntei pra minha mãe se ela tinha ouvido também e nada. Só eu. Era um grito com tristeza. Depois disso, a luz piscou. Eu tinha uma boneca, tipo aquelas grandonas e era do meu tamanho. Ela estava jogada no chão e tinha passado o dia inteiro com um braço levantado. Quando a luz terminou de piscar, no mesmo momento o braço abaixou. Sei que muitos não vão acreditar, mas foi exatamente isso o que aconteceu.

Minhas mãe pegou a boneca pelos cabelos e foi lá fora jogar no lixo. Até hoje rimos muito disso.

Eu ia na cozinha e via vultos brancos e negros, todos espalhados. A situação tinha ficado insuportável. Chegamos ao ponto de todos dormirem na sala, juntos, num colchão e com muito medo. Resolvemos alugar um apartamento em Florianópolis, era a melhor decisão.

Na ída de carro pra lá, começamos a conversar sobre tudo isso. Meu pai nos contou que nos últimos dias lá tinha ido até a imobiliária pesquisar sobre a história da casa. Uma mulher informou que antigamente morava lá duas meninas com mais ou menos a minha idade e um senhor muito velho. As duas meninas estavam na piscina da casa ( sempre suspeitei que tinha uma lá por causa do chuveiro ) e uma sem querer caiu nela, mas não sabia nadar. A outra, pra tentar salva-la, se jogou também, mas as duas morreram. O vô acabou morrendo também, parece que de velhice. E foi assim que descobri que nada tinha sido invenção da minha cabeça. As duas meninas que eu tinha visto realmente eram espíritos.

Nos meus outros anos, nada demais tinha acontecido. Lógico, eu ainda via alguns vulgos, ou algo estranho acontecia. Aqui em casa mesmo, já presenciei coisas estranhas, mas nada chegava aos pés daquela casa.

Mas no final do ano passado, eu tive que ir numa missa em nome do meu colégio pra mostrar um vídeo sobre Jesus, essas coisas. Durante a missa, ouvi uma voz de menina criança falando "fe, fe!" , me chamando mesmo. Olhei pra todos os lados, mas não tinha nenhuma por perto. Ignorei o fato.

Passaram o vídeo, tudo estava indo bem. Eu e minha mãe fomos para a casa a pé, alguns quarteirões só. Virando a esquina aqui em casa, do outro lado da rua, vi um cara suspeito andando, procurando por algo ou alguém. Também ignorei o fato e não disse nada pra minha mãe. Porém, senti uma mão no meu ombro puxando pra trás tão forte, mas tão forte, que imediatamente contei pra minha mãe sobre isso e sobre o que eu ouvi na igreja. Estávamos descendo a nossa rua e ela disse: "Ah, que isso! Vai começar com isso de novo? Não tem nada e se tiver, é espírito bom." Aí eu disse: "Coisa do capeta, isso sim.". Na nossa frente tinha um menina andando e quando terminei essa frase, vi a menina atrás de um carro com o mesmo homem que eu tinha visto no outro lado da calçada. Estava tudo escuro e o cara estava ameaçando ela , e ela tentando gritar. Eu sou tão brisada que eu NUNCA teria percebido que aquilo era um assalto. Normalmente eu poderia ter pensado: são namorados. Mas não, gritei pra minha mãe: " Corre, é um assalto ! ". O cara nos viu e saímos correndo subindo a rua. Corremos por várias quadras em busca de algum lugar que ainda estivesse aberto, pois era 11 horas da noite.
Achamos uma pizzaria , quase morrendo do coração.

Pode ser que tudo isso que eu já passei na minha vida tenha sido coincidência, sim. Mas era pra ter sido a gente, se não tivesse aquela menina na nossa frente. Então coincidência ou não, hoje agradeço muito por tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diário De Uma Gordinha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.