Pegue O Metrô Da Meia Noite escrita por Anna B4nana


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184672/chapter/9

- Me sinto como uma garota fraquinha. – Falei olhando as pessoas a minha volta: minha tia, uma enfermeira, meu padrasto. Tinha acabado de acordar e já parecia tão bem e pronto pra outra rodada de mortos. Que isso, é só modo de falar.

- Ele acordou! Finalmente! – Minha tia falando. Tadinha, qualquer coisinha ela já se desespera, pode não demonstrar, mas eu sei que ela se importa comigo. – Meu deus! Eu estava no meio de um caso quando recebi a mensagem de que o Danny tinha ido parar no hospital. Entrei em pânico, achei que ele tinha entrado em coma alcoólico e...

- Tia, to bem, não foi nada disso... Nem bebi hoje.

- Ontem. – Disse Vitória, que estava na porta, já com roupa da escola. Perdi um dia de aula, grande coisa.

- Nossa! Um dia inteiro apagado? Agora sim me sinto um fracote. – Todos riram, eu apenas dei um leve sorriso cansado. O médico entrou na sala, interrompendo as risadas.

- Sente-se melhor, Danilo? – Perguntou o doutor alto, cabelos negros e olhos escuros e profundos, como se já tivesse desistido de dormir a muito tempo.  – Você já vai receber alta, só precisa tomar esses remédios e se vestir, então poderá ir para casa.

- Está bem. – Disse.

Depois de falar, ele pediu para que os convidados se retirassem do quarto. Já ia dar meio dia e eu estava com fome. Um dia inteiro sem comer não era pra mim. Estava começando a me vestir quando...

- Quem é o fracote agora, em “mocinha”? – Ele estava na minha cama, ainda como o metaleiro que mencionei antes.

- Há-há, hilário, Alex. Você quem fez aquilo tudo?

- Queria te dar um impacto. Pelo visto, consegui. – Ele abriu um largo sorriso.

- Idiota.

- Fracote

- Babaca.

Ele se levantou e ficou em pé na cama. Sorriu e se jogou em cima de mim. Ficamos nos batendo de um lado para o outro no chão do quarto do hospital. Então minha tia entrou no quarto por causa do barulho e viu dois “cavalões” no chão se batendo, eu sem camisa e ou outro em cima de mim tentando me imobilizar.

- Licença? – Ela disse.

Alex se levantou mais rápido que pode e estava meio espantado, mas essa cara só durou alguns segundos.

- Olá.

- Olá?

- Tia, esse é meu amigo o...

- Sou Alex e já estou de saída. Prazer em conhecer. Depois falo com você, cara.

Ele saiu bem rapidinho. Parecia até está fugindo, mas talvez, estivesse mesmo.

- Ahn...?

- Esquece tia. Depois eu explico.

Coloquei a camisa e calcei os tênis. Estava me sentido cansado apesar de tudo, estava ficando com sono. Talvez fosse por causa das aspirinas. Saí do quarto, junto d minha tia que nada comentou sobre o ocorrido de segundos atrás.

- Tome aqui, dinheiro para voltar para casa e almoçar, não tem comida em casa, vá comer algo saudável, nada de Mc Donalds.

- Ok tia. – Ela me beijou na testa e saiu, sem olhar para a cara do meu padrasto.

Ele apertou a minha mãe e disse:

- Agora é com você. Já saí de casa e vou embora amanhã do país. Vou sempre tomar conta de você, mesmo longe. Você é como um filho para mim. Pode sempre contar comigo.

- Está bem. – Disse, com aquele sorriso cansado novamente.

E lá se foi o cara que me criou como se realmente eu fosse o filho dele. E lá estava Vistoria do meu lado. De uniforme.

- Nossa escola tem uniforme?

- Agora tem. Mas é só essa blusa.

- Ah ta.

- Você se sente bem? – Falávamos enquanto andávamos pelo corredor, devagar. Havia gente pra todos os lados, algumas pessoas pareciam mesmo morrendo, outras estavam, aparentemente, já mortas.

- Me sinto o mais vivo daqui.

Ela riu.

- Não é piada. – Disse bem sério.

- Eu sei, mas teve graça, me sinto aliviada por você estar bem. – Passávamos agora pelo portão da frente, saindo desse lugar limpo demais que cheira a morte até o teto.

- Vamos no shopping? Almoçar lá então? Estou morto de fome. – Disse, me espreguiçando e ouvindo minhas costas estalarem. Ela me olhava, carinhosamente e sorriu, calorosamente.

- Claro.

Pegamos um taxi, não demorou tanto e estávamos na fila do restaurante para fazer o nosso pedido. Conversávamos, riamos, estávamos bem à vontade. Acabamos e fomos dar uma volta. O engraçado é que ela de repente se agarrou ao meu braço, como se a gente fosse um casal bonitinho. Damos uma olhada nas lojas, conversamos, mas a minha mente estava distante, no meio da multidão, vejo aquela ruiva... “Alex, seu maldito”. Ela vinha na nossa direção, passou pela gente, com seus cabelos longos, vermelhos e esvoaçantes, vestida de couro, ao passar, olhou e mandou um beijo para mim. Ouvia música bem alta, ouvi nos seus fones. Vitória apenas disse:

- Nossa, ela é bem exibida, não é?

- Preciso ir ao banheiro, espere aqui. – Apontei para o banco atrás dela.

- Tá bom. – Ela sentou e me olhou. – Demore não, esta bem?

Ela parecia nervosa.

- Está bem.

Entrei no banheiro masculino e lá estava o Alex de terno, o original.

- Não terminas a nossa conversa.

- Claro! Você pulou em cima de mim, literalmente.

Ele riu, depois gargalhou.

- Aquilo foi engraçado. Em fim- Ficou sério rapidamente. – Dá um jeito nela, o mais tardar possível, é a ultima vez que apareço para te perturbar, depois, vou aparece só para dar noticias de algum acontecimento, mas fora isso, só se você me chamar.

- Indo no metrô? ]

- Isso, você conhece o método, certo?

- Certo

- ótimo. – Ele entrou no espelho e sumiu.

- Estranho.

Olhei para trás, um cara me olhava assustado.

- O que foi? – Perguntei, espantado.

Ele passou por mim dizendo algo sobre os malucos que falam sozinhos. Ainda mato o Alex por me fazer passar por maluco.

Ao voltar, lá estava Vitória, mexia no celular, parecia mais calma agora.

- Hey.

- Espero que tenha lavado as mãos.

- Sim. Nunca esqueço disso.

Rimos.

- Acabei de ser chamada pra uma festa, mas preferia sair com você de noite, topa?

- Nós dois? Sozinhos?

- É. Quer ou não?

- Está bem.

Acho que isso era um encontro, mas também era uma ótima forma de me aproximar dela. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pegue O Metrô Da Meia Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.