Draco colocou uma mão na cintura de Hermione e a outra em meio a seus cabelos. Seus rostos estavam bem próximos.

–Eu sei que você se importa. – o loiro disse antes de Jorge aparecer na porta da cozinha, de olhos um pouco fechados e murmurando coisas desconexas. Draco e Hermione se assustaram. – Ótimo, um dos Weasley é sonâmbulo. – o ex-sonserino disse sarcástico arrancando uma risada genuína de Hermione. Os dois se olharam e ficaram desconfortáveis. Draco ainda estava “grudado” na castanha. Desajeitadamente, o loiro se afastou de Hermione, que, por sua vez, ficou corada.

–Malfoy, seu idiota, por que você não a beijou? – Jorge perguntou ainda dormindo. O ruivo andou um pouco e acabou tropeçando no próprio pé, caindo no chão da cozinha e pegando no sono. A única coisa que se ouvia ali na cozinha, era o ronco estrondoso de Jorge.

–Que situação mais...

– Embaraçosa. – Hermione completou. Ela mal conseguia olhar nos olhos do loiro.

–Er... então... bom, acho melhor levar o Weasley pro quarto dele... – Draco disse desajeitado.

–É, é melhor. – disse. O loiro levantou Jorge com dificuldade e passou um braço dele por seu pescoço. – Quer ajuda? – Hermione se ofereceu tentando não rir da cena. Jorge era gigante e Draco do lado dele parecia uma formiga.

–Ei! Não ria! – Draco disse fingindo estar bravo. Hermione não havia conseguido se segurar e estava rindo. – Mas, sim, uma ajudinha aqui seria bem oportuna.

Hermione foi até o outro lado de Jorge passando seu abraço em volta do seu pescoço. Os dois conseguiram, com dificuldade, levar Jorge até seu quarto.

– Bom, é melhor irmos dormir. – A castanha disse passando por Draco que, por sua vez, segurou o braço dela.

–Granger, posso ser bem sincero com você? – perguntou friamente. – Você é um desperdício de espaço. Não presta pra nada. Depois da guerra virou apenas uma mulherzinha sem sal. Você não vale a pena. Eu tenho pena de você. – Draco falou de modo seco. As lágrimas já estavam transbordando dos olhos de Hermione. Ela não ia chorar na frente dele de novo, não mais. Com dificuldade, tirou seu braço da mão dele e falou em um fio de voz:

–Eu te odeio, Malfoy.– e assim, deu um tapa no rosto do loiro. – Te odeio!

Foi para seu quarto e deitou-se na cama. Permitiu-se chorar pela primeira vez em muito tempo. “Sou uma idiota, uma idiota!” esse foi o ultimo pensamento da castanha antes de pegar no sono.

***

Hermione acordou preguiçosamente e espreguiçou-se. Olhou pela janela e o dia estava lindo. O céu estava azul sem nenhuma nuvem e os raios de sol estavam mais fortes do que o comum. Hermione estava se sentindo uma perfeita idiota. Por quê? Desde que se entende por gente, Draco Malfoy lhe pirraça e atormenta, e agora ele lhe dá beijo na bochecha? Isso não é normal. E o pior de tudo é que Hermione gosta quando os dois conversam. Não! Isso não é possível. Apesar de ele estar ajudando a Ordem e tudo o mais, Hermione tinha certeza de que tudo isso era um joguinho pra ele. Que ele estava iludindo ela. Hermione não ia mais deixar ele fazer isso, de jeito nenhum.

Após tomar um banho demorado e passar um pouco de maquiagem para disfarçar o rosto inchado de tanto chorar, Hermione foi em direção a cozinha tomar seu café.

–Não sei, estou sentindo uma dor infernal nas costas... – Hermione ouviu Jorge comentar com a mãe assim que entrou na coziha. Não era pra menos, cair durinho no chão e pegar no sono ali mesmo deixa qualquer um com uma tremenda dor nas costas.

– Bom dia, Mione. – Rony disse com a boca cheia de torradas. Ele não havia mudado nadinha. Esse era o Rony que Hermione conhecia.

–Bom dia, Ron. – ela disse sorrindo de leve pro amigo. Sentou ao lado de Gina. A ruiva comia quietamente. – Tudo bem, Gina? – Hermione perguntou pra amiga.

–Tudo... e você Mione?– Gina disse olhando pra amiga e dando-lhe um pequeno sorriso.

–Estou bem na medida do possível. – Hermione disse enquanto passava geléia em sua torrada. Queria mais que tudo desabafar sobre o que estava sentindo pra Gina, mas ali não era o momento apropriado pra isso. – Onde estão Arthur, Kingsley e o resto do pessoal? – Hermione perguntou pra Molly.

–Eles deram uma saída, mas daqui a pouco devem voltar. – Molly disse sorrindo pra Hermione. A castanha sabia que havia acontecido alguma coisa, mas não comentou nada.

Logo após o café, Hermione voltou pro seu quarto e começou a ler um jornal bruxo que havia pegado no dia anterior antes de ir para a Ordem. Leu algumas noticias sobre a queda do dinheiro bruxo, greve de medi-bruxos... Até que uma pequena noticia chamou-lhe atenção: NASCIDO-TROUXAS SÃO MORTOS A SANGUE FRIO EM UM PEQUENO POVOADO DE OXFORD.

“Provavelmente o mundo bruxo nunca viu um ataque tão terrível assim há muito tempo. Lucille, Eddan e Philippe Grellynd morreram após serem torturados brutalmente e terem seus dedos cortados com faca. Testemunhas? Não existem mais. Os que existiam foram capturados ou então mortos.

A família morava em um pequeno povoado em Oxford.

Os polici-bruxos estão se dedicando muito para descobrir quem fez esse crime tão terrível, mas seu trabalho está sendo bastante difícil, já que o bruxo (ou bruxos) que fez isso não deixou nenhuma pista sequer.

Os nascido-trouxas que, há pouco tempo, estavam em completa paz, agora voltaram a ficar aterrorizados e com medo. Alguns até dizem que esse pode ser o começo de vários outros ataques, igual há muito tempo atrás.

Nós, do Profeta Diário, desejamos muita calma para os nascido-trouxas.”

Hermione, ao fim da matéria, estava com os olhos arregalados e apavorada. Sua mente começou a pensar mais e mais até que conseguiu entender: Arthur e Kingsley foram ao local desses assassinatos.

Fechou o jornal e colocou-o no criado-mudo perto de sua cama.

Ouviu a porta bater e, fracamente, disse “entre”. Era Gina. A amiga sentou-se ao lado de Hermione e suspirou ao olhar o jornal no criado-mudo.

–Pelo visto você já sabe do ataque... – Gina disse em um fio de voz.

–É... – Hermione disse simplesmente. – Isso quer dizer que Voldemort está voltando, novamente. – a castanha disse franzindo a testa de leve e Gina assentiu com a cabeça.

Esse seria um bom momento pra Hermione e Gina terem um momento de “conversa de meninas”, mas com esse clima pesado sobre elas era quase impossível.

–Eu sinto falta da época que passávamos o Natal n’A Toca, todos reunidos e sorrindo... – Gina disse olhando pela janela.

–E Rony atacando a mesa antes de todo mundo, enquanto eu e você estávamos no quarto falando idiotices – Hermione disse enquanto sorria ao relembrar.

–E do Harry sendo cobaia dos produtos malucos do Fred e Jorge... – Gina disse sorrindo de leve, ainda olhando pela janela. – Éramos felizes e nem sabíamos, Mione. – Gina disse olhando pra amiga. Uma lágrima caiu do olho de Hermione. Há muito tempo ela não se permitia chorar, mas ali naquele momento, era impossível segurar um choro que estava guardado há bastante tempo. Logo, as amigas começaram a chorar e se abraçaram fortemente.

A noite finalmente chegou e com ela Arthur e Kingsley também. Hermione estava na cozinha conversando com Gina quando ouviu barulhos de aparataçao. Porém, Hermione ouviu três barulhos. Então, isso quer dizer que...

–Draco, muito obrigado novamente por sua ajuda. –Hermione ouviu a voz grossa de Kingsley.

–Não há de que. – ele disse educadamente. Eles já haviam entrado assim como Arthur, que estava calado aparentemente chocado, na cozinha e agora Draco encarava Hermione. Arthur e Kingsley foram ao escritório enquanto Gina disse pra amiga que já voltava, mas não voltou.

A castanha estava se levantando quando Draco segurou seu braço.

–Malfoy, me solta agora. – Hermione disse entre dentes, mas o loiro não obedeceu.

–Me desculpa. – Draco disse olhando nos olhos castanhos de Hermione.

–Depois de falar que eu não valho a pena e que sou um desperdício de espaço você vem e pede desculpas? Você acha mesmo que eu vou desculpar, Malfoy? – ela perguntou com raiva. – Você me chama de tantas coisas há tanto tempo que eu já devia ter me acostumado... Mas eu já estava começando a achar, novamente, que você tinha mudado. Porém, pelo visto, eu me iludo facilmente por poucos momentos.

Hermione se soltou de Draco e foi correndo pro quarto de Gina. Encontrou a amiga lendo uma revista na cama e foi em direção a ela.

–Mione, o que aconteceu?

–Ele é um idiota, Gina. – Hermione disse aos prantos. A ruiva abraçou a amiga.

DUAS SEMANAS DEPOIS...

O plano já estava formado. Draco conseguiu informações sobre o paradeiro do filho de Lord Voldemort e todos da Ordem já iam começar a procurá-lo. Era uma missão suicida, já que eles iam se deparar com bastante inimigos ao longo do caminho. Porém, para Hermione, era pior ainda.

Hermione ia se infiltrar na mansão em que Lord Voldemort está para conseguir mais informações.

95% de o plano dar errado. Mas Hermione não ia desistir. Ia se infiltrar lá, conseguir tudo o que queria e sair vitoriosa. Provar à todos que não era apenas um desperdício de espaço.