Capítulo 6 – Conversa

O fim de semana chegou como se os dias úteis nunca tivessem existido. Acordei bem cedo, constatei que Remus ainda dormia e tomei um banho demorado. Quando saí, ele já tinha acordado e se espreguiçava, sentado na cama. Levantando os olhos, me olhou por dois segundos e depois os baixou de novo, começando a procurar sua roupa no malão. Quando terminei de me vestir, me sentei de frente pra ele e fiquei observando-o escolher um par de meias, tranquilamente.

“O que foi?” - ele perguntou, percebendo que eu o olhava.

“Nada. Tô só te esperando.”

Remus abriu a boca para falar, mas logo a fechou, resignado. Ele parecia nervoso por eu estar ali.

“Você não fica pressionando assim as garotas com quem vai sair, fica?” - ele reclamou, de repente.

“Achei que você não quisesse ser tratado como uma garota.”

“Foi só... uma analogia... Sirius! E sai desse quarto agora antes que eu desista de ver você nos próximos vinte anos!”

“Tá, não precisa gritar!” - reclamei, saindo do quarto. Porque ele sempre tinha que ficar tão nervoso?

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Mais de meia-hora depois, quando praticamente todos os alunos a partir do terceiro ano já estavam em Hogsmeade e a sala comunal estava apenas com desocupados infelizes jogando xadrez, Remus desceu. Havia algo nele que o deixava mais bonito do que o normal, mas no momento não consegui decifrar o que era.

“Vamos?” - ele chamou, me tirando do transe.

Seguimos para Hogsmeade praticamente em silêncio e, ao chegar, me dei conta de que nem sequer tinha pensado no que íamos fazer. Tentei não passar o nervosismo que me acometia a Remus, mas não deu muito certo.

“Você não sabe o que a gente vai fazer, né?”

“Aan... Bem... Não.”

Para minha total surpresa, ao invés de me bater ou começar a gritar comigo, Remus apenas riu. Não um riso de zombaria, mas de quem estava se divertindo. Bom, talvez isso significasse que eu estava no caminho certo, mesmo errando o tempo todo. Confuso, né? Eu também acho.

Andamos por mais algum tempo, ainda silenciosos, até nos decidirmos por um discreto café com ares de “estou-falindo”, quase no fim da vila. Não havia quase ninguém lá dentro, e o dono era um cara um tanto mal-humorado que lia o Profeta Diário com os pés em cima do balcão. Não foi difícil acharmos uma mesinha vazia no canto da parede. Sentamos, esperamos o cara estranho se levantar preguiçosamente do seu lugar e pedimos café.

“E então...” - Moony começou, me incentivando a falar.

“Então... Bom, Remus, eu queria resolver essa... Essa situação estranha em que a gente tá.” - comecei, fazendo o possível para não estragar tudo com uma frase idiota qualquer. - “E, pra início de conversa, você tem que parar de achar que eu só tô tentando te enganar. Isso é ridículo. Eu gosto mesmo de você.” - consegui dizer, mantendo a voz num tom baixo e inteligível. Ou quase isso.

Remus desviou os olhos – de um modo muito fofo, por sinal – para encarar suas mãos em cima da mesa. Para salvá-lo de ter de dizer alguma coisa naquela hora, nossas xícaras de café fumegantes chegaram. Com uma clara expressão de “estou-fazendo-isso-pra-não-morrer-de-fome”, o cara colocou as xícaras de qualquer jeito na nossa frente e foi-se embora. Dava pra entender porque quase não havia ninguém lá.

“Sirius, você deve saber que às vezes é meio difícil acreditar nas coisas que você diz.” - Remus falou, cauteloso. - “Eu simplesmente não consigo acreditar que você goste de mim de fato. Não que você esteja me enganando, mas você pode estar confundindo as coisas, sei lá...”

“Não estou confundindo nada. Apenas pare de tentar achar lógica nas coisas e aceite-as como elas são! Se você não me quer, ok, não posso fazer nada.” - Bom, podia sim... - “O que eu não admito é que você continue achando que eu não estou sendo sincero.”

Remus me olhava, aparvalhado, como se eu tivesse acabado de dizer que era um hipogrifo disfarçado. Tomei um gole do café enquanto ele pensava, e até que não era tão ruim. Depois de mais algum tempo pensando, ele resolveu voltar a falar.

“Tudo bem, Pad.” – ele falou. Era impressão minha ou tinha voltado a me chamar de Pad? – “Tudo bem, eu posso até acreditar nisso... Quero dizer... Se você gosta de mim, de verdade, como você diz... Eu... Não fique rindo!” – ele explodiu.

“Oh... Desculpa.” – eu não pude resistir, Remus ficava uma graça quando perdia as palavras.

“Bom, continuando...” – ele continuou, se recompondo – “O que eu quero dizer é que você tem que me dar um tempo pra digerir isso.”

“Tempo? Mas Moony... Tá bom, tá bom, continue.”

“Sirius, ponha-se no meu lugar! Imagine se o James chegasse pra você e...”

“Certo, certo, já entendi! Não precisa dar detalhes.”

“Viu só? Não é fácil. Deixa eu colocar minha cabeça no lugar e pare de agir feito uma criança.”

“Eu não estou agindo feito uma criança.”

“É claro que está. Onde já viu, ter ciúmes por causa da Lily?”

“Mas, Remus... Vocês estavam tão juntos e felizes...”

“Aprenda a separar as coisas, Pad.”

“Ok... E Remus, só mais uma coisa... Você não gosta nem um pouquinho de mim?” – perguntei, esperançoso. Mas ele apenas corou e se levantou da mesa, resmungando um “é melhor a gente ir agora”. Acho que era uma boa resposta.

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O caminho de volta para o castelo não foi feito em silêncio. Finalmente, conversávamos algumas amenidades, como amigos que se recuperam de uma briga boba. Amigos. Pelo menos por enquanto, isso era tudo que eu poderia exigir.

Até que dava pra entender o lado de Remus, apesar de, claro, não gostar nada disso. Entrementes, ainda tinha esperanças de que depois da lua cheia a cabeça dele ficaria “no lugar” e tudo se resolveria. Na altura do Três Vassouras, encontramos James e Peter. Convenientemente - ou não - eles se postaram entre mim e Moony, desfazendo assim qualquer clima estranho que pudesse surgir.

Pela primeira na vida, quis que a lua cheia chegasse logo.

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N.A.: Consegui, mais um capítulo!!

Que emoção *-*

Demorou, mas saiu... Foi meio difícil recomeçar a escrever minhas fics de Harry Potter, talvez até devido ao “luto” depois de HP7 e os milhares de assassinatos que J. Killer Rowling cometeu... *respira fundo* Mas depois desse livro foi que me apeguei ainda mais aos Marotos e sua vida em Hogwarts. Eles sempre serão meus personagens favoritos *favor, não incluir Pettigrew nisso ¬¬*, e quero continuar escrevendo sobre eles ^^

Não tenho previsão de quando atualizarei Nas cinzas das horas, a minha outra fic S/R. Primeiro porque não terminei de escrever o capítulo (óbvio) e depois porque... bom, sejamos sinceros, as reviews foram poucas e isso não é nada animador u.u' Mas eu vou continuar sim, só não estou dando prioridade a ela.

Bom, fora isso, publiquei aqui no Nyah! uma fic super antiga minha chamada Der Spiegel. Como eu disse, ela é super antiga e provavelmente cheia de erros com a trama e tudo o mais, mas como foi minha primeira fic Sirius/Remus e tem grande valor sentimental, eu resolvi publicar xD

Nas originais, estou continuando Pra não dizer que não falei de flores e publiquei uma nova fic original yaoi, chamada The Greatest. A fic Todos aqueles ontens, como Nas cinzas das horas, ainda vai levar um tempinho pra ser atualizada...

Minhas aulas começarão nesse segunda-feira, o que significa que ainda não sei como ficará meu ritmo de atualização, mas logo saberei como dividir meu tempo e aí tudo se ajeita :D

Até a próxima...!

(25/02/2009)