– Posso me sentar aqui Stella?

– S-sim, sente-se. Precisava mesmo conversar com você.

Yue olhava atentamente para Stella. Era quase impossível não se perder naqueles olhos azul-safira, mas Stella tentava desviar o olhar para não se hipnotizar.

– Ai, ai... Achei que seria fácil vir para essa cidade. Pensei que não teria nenhum obstáculo, mas acho que me precipitei. – começou Yue encarando Stella com um sorriso. – Mas diz aí, como você não foi atingida?

– Atingida pelo o que? O que você fez para todos agirem assim com você? Como você sabe o meu nome?

– Bem, eu sei o seu nome porque eu precisava saber os nomes de todos da minha sala para parecer que eu já era veterano.

– Mas não é só isso não é? O que você fez com os alunos? Por que parece que eles já te conheciam há muito tempo?

– Pelo visto, acho que eu estou falando grego com você. – Diz ele se levantando – Você entenderá tudo em seu tempo – Diz enquanto coloca sua mão direita nos olhos de Stella.

Quando Stella abre os olhos, ela estava deitada na sua cama. Ela pega o relógio, e vê que eram 16h15min.

– Impossível... a essa hora eu ainda estaria no colégio terminando o diário... – Diz ela perplexa. – como eu cheguei aqui tão rápido?

Então Stella começa a pensar nos possíveis fatos que poderiam ter ocorrido. Ela pensou que poderia não ter ido ao colégio, e ter dormido o dia inteiro, mas ela tinha certeza de que foi ao colégio, até porque ela estava de uniforme. Além disso, na sua blusa havia a mancha do molho do sanduiche de atum que ela tinha comido no almoço. Por fim, Stella admite que a única possibilidade seja que Yue fez algo inacreditável, algo que não poderia ser explicado pela ciência. Talvez algo como mágica.

No dia seguinte, Stella chega ao colégio razoavelmente cedo. No portão do colégio, talvez por causa do acontecimento do dia anterior ou por causa do sono, esbarra em um garoto e os livros de ambos caem.

– Droga! Me desculpe, eu estava distraída. – Diz Stella se abaixando para pegar os livros.

– Não se preocupe isso acontece com todos, Stella – Diz o rapaz pegando os livros

Stella pára para reparar o moço. Era um garoto que chamava muita atenção. Era Loiro, com uma pele levemente bronzeada. Os olhos tinham uma coloração de uma mistura de castanho claro com mel.

– Desculpe, mas nós nos conhecemos?

O Rapaz não fala nada, apenas da um sorriso malicioso. Na hora, Stella se lembra de Yue, e tem um mau pressentimento sobre isso.

– Acho que vou dar uma volta pelo colégio. – diz o rapaz se virando e se afastando de Stella.

Na sala de aula, haviam alguns alunos, sentados, conversando. Entre eles, estava Yue. Como havia muitas pessoas, Stella decidiu que conversaria com ele depois, quando houvesse menos pessoas.

– Bom dia Stella! Está se sentindo melhor? – diz Alice

– Me sentindo melhor? Do que está falando?

A senhorita Sophie chega para dar aula, o que impede de Alice continuar a conversa com Stella. Stella nem conseguia pensar em outra coisa se não o que acontecera no dia anterior. Ela nem conseguiu prestar atenção nas aulas, e em algumas foi chamada a atenção.

A hora do almoço chega, e ninguém, exceto Stella e Yue permanecem na sala de aula. Yue estava aparentemente dormindo em sua carteira.

– O que você fez ontem comigo? Por que num piscar de olhos eu fui para no meu quarto? – começa Stella.

– Do que você está falando? Você nem veio à aula ontem. – com a cara de “você me acordou para nada?”

– Como assim, faltei ontem? É claro que eu vim!

– É mesmo? – diz ele se levantando e ficando de frente a Stella – Aposto que se você perguntar para qualquer aluno desta sala, eles diriam que você faltou ontem.

– Como assim? – diz Stella começando a se assustar

– Não sei... Já pensou se algo surpreendente acontecesse, e do nada as memórias deles fossem modificadas?

– Memórias... modificadas?

– Quem sabe? Isso é só uma hipótese, mas já pensou se isso acontece com todos os alunos de uma escola, e no dia seguinte eles pensam que já conhecem uma pessoa, quando na verdade ela entrou naquele dia? Ou se, acontecesse de uma pessoa ir a um lugar, mas as pessoas que a viram pensaram que ela não foi?

Stella estava perplexa. Por acaso ele tinha algum tipo de habilidade mágica? Além disso, por que ela não tinha sido afetada por essa habilidade? Quem era ele na verdade?

– Quem é você realmente? Ou melhor, o que você é?

– Quem eu sou realmente? O que eu sou? – diz se aproximando dela, enquanto ela recuava hesitante. – Eu sou algo inumano, um ser que não é deste mundo.

– S-se não é desse mundo, então... de onde é?

– Tudo ao seu tempo, Stella.

– Tudo ao meu tempo? – diz ela já impaciente – Tem alguma coisa muito errado aqui, e eu exijo explicações! Por que você modificou a memória de todos e menos a minha? Se você está tentando me deixar louca, está no caminho certo!

– A princípio, eram para todos os alunos terem sua memória modificada, mas por alguma razão você não foi afetada. Por que será? – diz Yue enquanto se aproxima mais de Stella e a examina. – Talvez você também não seja deste mundo...

– Do que você está falando? Não tem como eu não ser desse mundo!

– Talvez eu esteja sendo rápido demais. Eu estou confundindo a sua cabeça mais do que ela já está. Eu lhe aconselho a continuarmos essa conversa outra hora. Até porque, já está escurecendo, e seria perigoso para você não é? – diz enquanto pega suas coisas – Até amanhã – diz saindo da sala.

– Espere! – diz Stella correndo em sua direção, mas quando chega ao corredor, ele havia sumido.

Em casa, Stella pensa muito sobre o que Yue disse sobre ele não ser desse mundo e a possibilidade de ela também não. Por isso, ela vai ao porão, onde tem várias coisas velhas que eram de seus pais e procura por algo.

Depois de horas mexendo no porão, encontra álbuns, jóias antigas, objetos velhos e um diário que chamou a atenção de Stella.

Era o diário de sua mãe, Ster Cabot.