Together escrita por giuguadagnini


Capítulo 33
Soltem Ele, Explodir Privadas e Tire a Mão Daí!


Notas iniciais do capítulo

Olá :D
Alguém ainda lembra que eu existo?
Eu sei que sumi, mas eu estou com uns probleminhas na família. Isso tem me deixado bastante estressada e esgotada, portanto, mil desculpas.
Comecei a escrever esse capítulo já tem uma duas semanas, mas simplesmente não conseguia terminar. Travou. Fiquei com um bloqueio.
Porém, a linda da Thalessa me mandou uma MP me cobrando o capítulo e me deixou animada para continuar. :DDD
Obrigada meu amor. Se tem capítulo postado hoje, às seis e pouco da manhã, é por causa dela! hahaha
Bom, o capítulo passado foi bem triste, se alguém se lembra. Pobre Astória. Ameaças de morte eternas ao Jeremy choveram nos reviews, hahaha.
Enfim, este capítulo não está totalmente triste, mas gostei bastante dele. Acho que pela primeira vez, eu não estraguei tudo no final. YEEEEEY! :)
Espero que gostem, certo?
Boa leitura e nos vemos lá em baixo (isso virou meu bordão, já perceberam?) :D



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POV Hermione Granger

[Airplanes - B.o.B ft. Hayley Williams]

Não sei quanto tempo exatamente Ron, Neville e eu corremos para alcançar Harry.

Em um instante, ele murmurava o nome de Astória de um jeito sufocado, quase suplicante. Era algo que dava agonia só de ver. Eu conseguia sentir na voz dele o quanto estava desesperado. Já no outro, o moreno havia sumido pelo buraco do retrato, deixando-nos totalmente confusos a respeito do que fazer.

Devíamos ficar ali parados, no meio do Salão Comunal? Certamente que não.

Passou-se pelo menos meio minuto antes que qualquer um de nós mexesse um músculo ou abrisse a boca para falar alguma coisa. Ficamos apenas piscando os olhos um para o outro, para lá de confusos. O engraçado é que, de repente, todos, ao mesmo tempo, pareceram ter a mesma ideia do que fazer.

Ron levantou do sofá no segundo em que eu dei um impulso para ficar de pé. Acabei trancando meus pés entre os dele e nós dois fomos ao chão, feito duas velhas caducas com problema de equilíbrio.

Neville ficou olhando para nós, e eu tenho certeza que ele estava pensando se devia rir ou não da situação. Quero dizer, tudo pareceu muito tenso no momento em que Harry saiu correndo, engasgando o nome da sua namorada de um jeito alucinado, e então as duas crianças sentadas no sofá se embaralhavam nos seus próprios pés e caiam rolando pelo chão. Eu, sinceramente, riria, mas não parecia a coisa certa a fazer.

– Ah, levantem de uma vez. – se irritou Neville, vindo até mim e me puxando pelos cotovelos, me deixando de pé novamente. – Vai ser difícil acha-lo, ele tem pelo menos um minuto de corrida na nossa frente.

– Alguém sabe para onde ele estava indo? – perguntou Ron, passando a mão no joelho.

Pois bem, agora eu sabia de onde vinha a dor nas minhas costas. Eu caí deitada em cima do joelho esquerdo de Ron.

– Não, mas ficando aqui tenho certeza de que não vamos descobrir – Neville tomou a frente.

Nós três nos esprememos para passar ao mesmo tempo pelo buraco do retrato, porque aparentemente ninguém tinha pensado em esperar um pouquinho mais para atravessar aquela passagem sem ter de tropeçar ou ralar o cotovelo nas dobradiças do quadro.

Corremos o que me pareceu um período interminável de tempo, mas não sabíamos para onde estávamos indo. Dobramos corredores, descemos escadas, as subimos de volta e ainda ficamos perdidos em um caminho que acabava em uma única porta: um armário de vassouras.

Acho que passamos umas três vezes na frente de uma mesma armadura com uma foice presa nos dedos metálicos, e eu forcei meu cérebro a funcionar mais racionalmente.

– Esperem um segundo – eu interrompi a corrida, e os dois tiveram de frear o passo. – Ele estava procurando Astória, não é?

Os dois assentiram, um pouco ofegantes.

– Então o que estamos fazendo aqui, no quinto andar? – questionei, e eles trocaram olhares de “só podemos ser realmente burros para correr desse jeito em um lugar tão improvável como este”.

– As masmorras – murmurou Ron – O Salão Comunal da Sonserina fica lá.

Corremos ainda mais, e eu percebi que estava totalmente fora de forma. Minha garganta tinha secado e eu respirava um ar frio, o que parecia congelar meus pulmões pra lá de murchos. De repente, Hogwarts parecia um labirinto interminável, eu estava sem ar e o desespero tomava conta.

– Ei, não é o Draco ali na frente? – Neville perguntou a mim, apontando um pouco mais adiante. Havíamos chegado às masmorras.

Foquei meu olhar avante e notei seus cabelos loiros. Uma onda de esperança invadiu meu peito, e eu me permiti soltar o ar com mais calma. Bom, se Astória tivesse passado por aqui, Draco a teria visto, não é?

– Malfoy! – gritou Neville, sendo mais rápido do que eu nas palavras.

Draco, que seguia em frente, virou-se para nós e seu rosto se contraiu em uma expressão de completa dúvida.

– O que diabos vocês três estão fazendo aqui em baixo? – ele perguntou, o tom risonho era fraquinho, mas estava lá.

– Você viu Astória? – perguntou Ron.

– E Harry? – completou Neville, agilmente.

Draco me olhou, não entendendo nada. Bulhufas! Os outros dois estavam mais preocupados em interrogar meu namorado, como se ele fosse uma testemunha de um crime que tivesse ocorrido ali por perto.

– Ela não passou por aqui? – indagou Ron.

– E ele? – foi a vez de Neville.

– Há quanto tempo você está no corredor? – retornou Ron.

– Eu só estava indo para o salã... – tentou Draco, apontando com o dedão para um ponto às suas costas, mas eles não pareciam muito dispostos a ouvir.

– Você não viu nada de suspeito, ninguém correndo? – sondou mais uma vez o Ron.

– Algum alvoroço, de repente uma pequena bagunça no corredor...? – insistiu Neville.

– Passos apressados, gente ofegante, quem sabe? – o ruivo ao meu lado voltou a questionar.

– Você conhece algum Jeremy? – perguntou Neville, deixando tudo ainda mais sem sentido.

– Ahn? – Draco olhou para os dois, completamente desorientado. – Vocês são loucos, por acaso? Que foi que aconteceu?

– É, ele não viu nada. Acho que eles não estão aqui. – concluiu Ron, já se virando para voltar o caminho todo.

Astória e Harry não estavam nas masmorras. Droga.

– Do que eles estão falando? – perguntou Draco a mim, pegando minha mão com seus dedos ágeis.

Neville e Ron iam mais a frente, enquanto cabia a mim a explicar tudo o que havia acontecido mais cedo a Draco. Ele ouvia atentamente, e às vezes seus dedos apertavam os meus um pouco mais.

– Você está bem? – ele perguntou depois que eu terminei minha narração sobre o que aconteceu.

Eu ainda sentia o joelho de Ron nas minhas costas, mas isso não pareceu urgente. Assenti com a cabeça, confirmando que estava tudo normal.

De mãos dadas com Draco, seguimos Neville e Ron para sei lá onde. Rondamos cada corredor de cada bendito andar, mas não achamos nada. Acabamos voltando para o sétimo, de onde havíamos começado.

Comecei a ouvir murmúrios, bem baixinhos. O som parecia uma mistura de várias vozes, cochichos, tudo muito estranho e distante. Acho que os garotos também escutaram, pois pararam de andar no momento em que eu o fiz.

– Estão ouvindo isso? – perguntei, tentando decifrar a origem do som.

– Sim – respondeu Neville, enquanto Ron e Draco apenas assentiram com as cabeças.

– Vem de lá – disse Draco, nos guiando pelo fim do corredor.

O seguimos, em silêncio. Sua mão suava contra a minha, e tenho certeza que a minha fazia o mesmo, mas ele não as soltou. Neville apressou o passo, ficando na frente de todos. Quando íamos virar o corredor, ele topou com alguém.

Lilá - que vinha falando com uma garota de cabelos castanhos - bateu contra ele e, quando sentiu que ia cair, o puxou junto para o chão.

Bom, uma coisa estava certa: Esta era a noite das quedas. Primeiro eu e Ron, no Salão Comunal, e agora Neville e Lilá, bem no meio do corredor. Caramba, se Gina visse isso, Lilá poderia se considerar, com toda a certeza, morta.

Neville levantou rapidamente, dando tapas na própria bunda para limpar as calças da poeira do chão. Já Lilá ficou onde estava, esperando que ele lhe estendesse a mão para ajudar a ficar de pé. Neville ficou parado, apenas a olhando com uma das sobrancelhas arqueadas, o que foi muito cômico. Ver Lilá com vergonha era, literalmente, algo que me deixava com vontade de rir até perder o ar. Ela levantou de cara feia e ajeitou a saia.

– Obrigada – ela agradeceu, caçoando.

– Disponha – Neville respondeu, com cinismo.

Lilá nos deu as costas e seguiu andando com a “amiga”, e elas pareciam ansiosas. Os garotos fizeram menção de continuar o caminho, mas eu os puxei de volta.

– O que foi? – perguntou Ron, quando eu soltei a mão de Draco e pesquei o ruivo pela gola da camisa – Por que você está me enforcando?

– Desculpe – eu soltei sua gola e ele ficou parado, me olhando, passando os dedos pela nuca. – É só que precisamos dar um tempinho.

– Quê? – Neville não entendeu nada. Na verdade, acho que nenhum deles entendeu, pelas caras que fizeram.

– Ah, pelo amor de Deus, gente. É a Lilá. – eu cochichei, pelo caso de ela ainda estar por perto. – Seja lá o que estiver acontecendo, ela está indo para lá mesmo, para o lado da confusão. A garota adora uma fofoca.

– Certo... Mas por que ainda estamos aqui parados? – perguntou Draco. – Vamos segui-la, oras.

– Vocês não sabem nada sobre seres discretos, não é? – eu repudiei.

– Discreto é o cacete. Quem está ligando para isso? – Ron começou a andar, nos incentivando a fazer o mesmo.

Dei de ombros e comecei a acompanha-los. Quem era eu para discordar em alguma coisa, diante daqueles três? Provavelmente eles me tirariam do chão e me levariam com eles, para onde quer que fossem, se eu resolvesse recusar.

Dobramos um corredor atrás de Lilá, que tinha apenas uns quinze passos de distância da gente. Logo vimos o alvoroço, a completa desordem. Várias pessoas estavam na frente da Sala Precisa, até Madame Pomfrey, que havia trazido uma maca flutuante ao seu lado.

– Deem licença, crianças – ela pedia, tentando manter o controle. – Vocês deviam ir para suas acomodações agora mesmo. O toque de recolher já está próximo.

Mas ninguém arredou o pé. Abri caminho entre as pessoas, para ver o que estava acontecendo. A maca deslizou para dentro da sala, como se tivesse vida própria. Madame Pomfrey a seguiu e, quando tive a intenção de entrar na sala, dois homens, altos e fortões, me barraram. Aurores, deduzi pelo uniforme.

– Não é permitida a entrada de ninguém, senhorita – um deles sibilou, com a voz grossa.

– Mas...

– Sem mas, garota. Ninguém entra sem a permissão do diretor.

Bufei, irritada, e fui procurar pelos garotos. A quantidade de pessoas ali chegava a ser absurda, a ponto de me sentir dentro de um mar de gente, como em um show, onde todo mundo se espreme e tudo bem. Mas o detalhe é que não estava tudo bem.

– Certo, o que está acontecendo aqui? – McGonagall chegou em suas vestes esmeralda esvoaçantes, que pareciam boiar no ar, dando à bruxa uma entrada triunfante. – É melhor que todos sigam para seus salões comunais, já passa do horário de ir para a cama.

Todos ficaram a olhando, como que não querendo obedecer. Outros professores chegaram, entre eles, Snape, que tinha a cara amarrada.

– Hm, e o que achariam se eu descontasse vinte pontos de cada aluno aqui presente? – ele se pronunciou, inflando o peito. – Posso apostar que iriam adorar isto.

Os murmúrios de descontentamento foram gerais. Aos poucos, os alunos se arrastavam de volta pelo caminho de onde tinham vindo, sempre virando as cabeças para trás, sendo para praguejar contra Snape ou para ter uma última esperança de ver o que estava acontecendo. Já estava pronta para ir também, quando escutei alguém chamando meu nome.

– Srta. Granger? – Minerva pedia para que eu me chegasse mais perto, fazendo um sinal com a ponta dos dedos. – Venha aqui, um momento. E vocês também, Sr. Weasley, Longbottom e Malfoy.

Os garotos se aproximaram cautelosos. Meu coração estava batendo mais rápido, de ansiedade e nervosismo. Pelo olhar que Minerva me lançou estava claro que Harry e Astória estavam naquela sala, mas a questão era: por quê?

– O que aconteceu, professora? – perguntei, já à frente da bruxa.

– Srta. Granger, temo que não saiba exatamente dizer o que aconteceu. Ainda não estamos totalmente a par da situação, mas vou precisar de vocês quatro.

Os garotos e eu trocamos olhares confusos. Certamente tinha a ver com Harry e Astória. Comecei a suar frio, preocupada. Até uma maca havia entrado naquela sala. O que havia acontecido com os dois?

– E em quê podemos ajudar, exatamente, professora McGonagall? – questionou Draco, com a voz calma.

A bruxa começou a esfregar as mãos uma na outra, eu quase podia ver a tensão passando de dedo em dedo. Seus lábios aparentavam ser uma linha reta, enquanto seus olhos levemente enrugados pareciam densos de nervosismo.

– Notei – disse ela, andando em passos pequenos à nossa volta –, nesses últimos meses, que vocês têm se mostrado como um grupo. Admiro muito suas ações contra esse convencionalismo que sempre existiu aqui, em Hogwarts, de uma casa ser oponente da outra. – Minerva indicou Draco com os olhos, tentando parecer gentil. – É realmente gratificante ver uma aliança tão forte como vocês tem se mostrado ser, independentemente de suas origens. E, bem... O que eu peço é que acalmem o Sr. Potter. Ele não está em condições de seguir a Srta. Greengrass para a Ala Hospitalar. Seria um grande favor, se vocês pudessem colaborar com isso. Avisarei em todos os salões comunais para que os alunos se reúnam no Salão Principal. O castelo vai ser revistado, e é melhor que todos durmam por lá esta noite. Vocês devem se juntar a eles o mais rápido possível depois de tentarem falar e apaziguar Potter.

Naquele momento, Harry saiu arrastado da sala, ao mesmo tempo em que Madame Pomfrey se dirigia para o outro lado com Astória deitada na maca flutuante. Harry lutava contra os aurores que os mantinham onde estava, impedindo-o de acompanhar Tori.

– Me larguem! – ele se sacudia feito louco. – Astória!

Corri até onde ele estava e notei que Harry estava chorando. Os homens que seguravam-no não pareciam nem um pouco gentis, com seus braços fortes e suas carrancas no lugar do rosto.

– Soltem ele – pedi, a voz saindo mais esganiçada do que eu pretendia. – Deixem que eu cuido dele.

Os dois caras certamente acharam engraçado que uma garota aparente magra teria força para segurar alguém com o porte de Harry. Draco e Ron vieram até mim, como que me dando suporte. Neville ainda estava falando algo com McGonagall um pouco atrás.

– Hermione... – soluçou Harry, com uma careta de dor.

– Já disse! Deixem-no comigo. – eu tornei a falar, enfrentando os carrancudos.

Vendo que Ron e Draco podiam me ajudar de fosse necessário, eles o soltaram. Harry caiu no chão, abatido. Sentei-me e puxei-o contra mim, abraçando sua cabeça contra meu peito. Ele tentou se afastar, mas sussurrei “Não seja bobo. Venha aqui”. Comecei a passar a ponta dos dedos contra sua bochecha, murmurando um “Shhh, tudo bem. Fique calmo”.

Ron ajoelhou-se a nossa frente, observando Harry com um olhar terno. Draco apenas parou ali do lado, ainda de pé.

– E-Ele a machucou – balbuciou Harry, a voz entrecortada pelo choro. – E-Ele...

– Quem? – Ron perguntou com a voz calma, uns segundos depois.

– E-Eu não cheguei a tempo. E-Eu... É tudo culpa minha – grunhiu Harry, soluçando.

Continuei fazendo carinho na sua bochecha, tentando fazer com que ele ficasse mais confortável. Duvido que conseguisse, mas não custava nada tentar. Neville apareceu entre nós e olhou Harry, preocupado. Como o garoto estava de olhos fechados, aparentemente, Neville mexeu a boca de um jeito mudo, usando linguagem labial. Ele dizia “Astória foi estuprada”.

Aquilo me atingiu como um feitiço que fosse capaz de rasgar tudo. Astória foi... isso não era possível. Com muita dificuldade, eu tentei afastar as imagens criadas pela minha mente. Astória fugindo, gritando, chorando e... JÁ CHEGA!

Meu estômago se contraiu com a notícia, mas tentei não deixar isso afetar meu exterior. Harry precisava de que fôssemos fortes agora. Eu estava ali para ele, como sempre estive. Apertei-o um pouco mais contra mim, sentindo sua bochecha roçar sobre onde meu coração batia acelerado.

– Um comens-sal – falou Harry, ofegante. – Eu consegui desarma-lo. Eu vi, Hermione. Eu vi a marca negra no braço dele.

Olhei para Neville, que claramente havia falado com McGonagall mais sobre o assunto, e ele apenas assentiu, confirmando. Olhei para Ron, que estava aflito por Harry, e então meu olhar se cruzou com o de Draco. Ele estava realmente desconfortável, pude notar. Seu rosto estava muito pálido e seu olhar estava... diferente. Era como se ele estivesse tentando esconder o que estava sentindo, para se manter entre nós.

Para dar apoio a Harry.

– E-Eu vou... é... – desta vez era Draco que estava gaguejando, nervoso. – Eu preciso ir. Vou ajudar McGonagall a avisar todos, sobre passar a noite no Salão Principal.

Neville e Ron confirmaram com a cabeça, mas da minha parte foi diferente. Eu sabia que havia algo por trás daqueles olhos. Ele não estava falando isso porque precisava ajudar a transmitir o aviso. Draco estava incomodado com alguma coisa, essa que servia de desculpa para sair dali.

Algo estava sufocando-o. Eu quase podia sentir isso passar para mim também, mas não podia ir com ele. Harry precisava de mim, e eu não deixaria meu melhor amigo nesse estado. Meu Deus, era Harry. Como poderia deixa-lo aqui, chorando desse jeito?

Draco me lançou um último olhar, como que pedindo desculpas por ir embora, e desapareceu ao virar o corredor.

– Será que há mais comensais no castelo? – perguntou Ron, mais para si mesmo do que para nós, que o rodeávamos.

Harry, de uma hora para outra, parou de chorar. Levantou a cabeça do meu abraço e sentou sozinho, como se tivesse fechado uma torneira e as lágrimas fossem obrigadas a pararem de correr.

– Você está bem? – perguntou Neville, e eu tive vontade de lhe dar um chute no meio das pernas. Como é que Harry estaria bem?

– Levei um crucio – disse Harry, fragilmente calmo. – Doeu.

Ron abafou uma risada. Harry olhou para ele e, quando eu esperava que tudo fosse dar horrivelmente errado, minhas entranhas já se preparando para me manter no controle se fosse o caso de apartar uma briga, o moreno apenas sorriu fraquinho. Caramba, como eram infelizes esses dois!

– Eu me tornei vulnerável. – percebeu Harry, secando os olhos com a manga da camisa amassada. – Minha cicatriz queimou o dia inteiro. Eu devia saber que ele estava de volta.

– Harry, isso não foi sua culpa – eu apertei seu ombro com carinho. – Não tinha como prever que isso iria acontecer.

– Você não entende – disse ele, fungando um pouquinho. – Astória é minha namorada. Claro que ele ia se aproveitar disso para me atingir. Enquanto ele puder – Harry se colocou de pé, devagar -, vai usar isso contra mim. Enquanto eu tiver pessoas que amo junto comigo, nenhuma delas vai estar segura. É só uma questão de tempo para que aconteça de novo.


POV Draco Malfoy

[Echo – Jason Walker]

O que eu havia feito? Eu saí praticamente correndo de lá, feito um covarde. Feito não, eu agi exatamente como um covarde.

“Um comensal. Eu consegui desarma-lo. Eu vi, Hermione. Eu vi a marca negra no braço dele.”

Dentro de mim, tudo parecia congelar e ferver ao mesmo tempo. Meu corpo doía como se tivesse sido surrado por horas. Já sentia o suor escorrendo pela nuca e pela raiz dos cabelos, não melhorando em nada o fato de que eu já estava me sentindo nojento.

Esgueirei-me pela multidão de pessoas que desciam as escadas em direção ao Salão Principal e acabei no segundo andar. Já estava andando há um tempo, mas nenhum lugar parecia bom o suficiente para fazer meus pés pararem de dar o passo seguinte. Eu simplesmente não conseguia parar.

“Você sabe que é a decisão certa a tomar, Draco. Não vê? Ele é poderoso demais. Tem tudo o que quer, e o que não tem, pode tomar para si.”

Tentei gritar em pensamento, mas nem de longe isso aliviaria o peso em meus ombros. Foi sempre assim, desde que me entendo por gente. O peso nunca deixa minhas costas. O que acontece é que, de vez em quando, eu sinto um alívio, como se deixasse tudo cair no chão. É quase libertador, eu acho. E sempre que isso acontece, Hermione está por perto. Meus amigos estão por perto. A paz está presente.

E então, sem aviso, o peso volta, ainda mais grosseiro e carregado do que antes. Simplesmente volta, e eu sou obrigado a carregá-lo, mesmo que não tenha condições de fazer isso. É como se esse ciclo nunca acabasse. O peso só vai embora pelo tempo em que outro ainda mais pesado tome seu lugar.

“Você não pode estar pensando em recusar isso, não é, Draco? Devia sentir-se grato. O Lorde não escolhe qualquer um para servi-lo.”

“Cale a boca, Bella. É noite de Natal, não devemos falar nesse assunto agora.”

“E quando será a hora, Cissa? O Lorde das Trevas não espera. Ele é glorioso, e tem se mostrado piedoso com seu filho!”

Piedoso? Piedoso? Desde quando alguém que ameaça matar sua mãe é digno de ser chamado de piedoso?

“Draco não precisa decidir nada agora, Bellatrix.” – minha mãe me lançou um olhar terno, mas nem de longe isso me deixou a vontade. – “Será que não podemos, por favor, ter uma ceia decente? Não podemos aproveitar este banquete antes de que tudo fique frio?”

“Claro” – disse Bellatrix em sua voz fria e afiada. – “Assim como o banquete, seria bom se você aproveitasse enquanto seu filho ainda está quente.”.

“Chega!” – gritou minha mãe, batendo com os talheres no prato. – “Não fale desse jeito, como se Draco não estivesse bem na sua frente!”.

“Não gosta da realidade, irmãzinha?” – Bellatrix cortava a carne no seu prato como se sentisse prazer com o ato. – “Pois lhe digo que, caso Draco recuse, ele vai ser como este pedaço de carne. Só um corpo inútil que perderá o calor do corpo e a luz dos olhos em um estalar de dedos e um aceno de varinha.”.

Mal notei que já estava no meio do banheiro feminino desativado. Como havia parado ali não consigo dizer, tudo o que sei é que estava curvado sobre uma das pias, tentando acalmar minha respiração que de repente havia ficado difícil.

Meus lábios tremiam como nunca antes. Eu podia sentir um arrepio tenebroso percorrer minha espinha, algo escaldante penetrando em minhas veias.

Eu estava, literalmente, explodindo de raiva.

“O Lorde está cansado de esperar, Draco.”

“Você veio aqui, em Hogwarts, só para me dizer isto, Lúcio?”

“Por que está me chamando deste jeito? Eu sou sei pai!”

“Não, não é!”

“Como disse?”

“Então, desde que eu obedeça aos seus pedidos, sou considerado seu filho? Você não é meu pai. Nunca foi. Você já se perguntou se eu realmente quero fazer isto? Você já pensou em mim, em alguma vez? Eu não sou um bicho que você possa treinar para fazer tudo o que quer. Eu não sou um capacho seu!”

“Você” – disse ele, sacando a varinha da sua capa de viagem. – “vai fazer o que eu estou mandando. Vai sim!”.

“Não.”

“Ele vai matar Narcisa! E eu terei de fazer isto, Draco, se você não aceitar. Ele vai matar todos nós!”.

“Você não se importa com minha mãe. Está fazendo tudo isso só para tentar sair ileso. Eu não quero ser como você! Eu não quero ser um comensal da morte!”

“Não se trata de querer, Draco. Você vai ser, nem que eu tenha de lhe forçar a isso”.

Lembro-me de olhar nos olhos daquele homem pela primeira vez naquela tarde. Eram iguais aos meus, a não ser pelo fato de que eram completamente sem sentimento. Ele estava disposto a tudo para salvar a própria pele.

“Crucio”

Eu me contorci de dor, caindo no chão com um baque surdo. Milhares de agulhas quentes perfuravam cada poro da minha pele. Facas atravessavam meus olhos, ao mesmo tempo em que minha garganta era tomada por algo espinhoso. Minha pele estava escaldando, queimando de dentro para fora.

Ele cessou o feitiço depois de alguns minutos de tortura. Com meu corpo em frangalhos, ainda consegui murmurar algumas palavras antes de vê-lo sair pela porta.

“Eu tenho nojo de ter seu sangue, Lúcio.”

De volta ao banheiro, liguei a torneira e comecei a olhar para o fundo da pia, onde tudo descia em um leve redemoinho até ser sugado para o ralo. Tudo indo embora para o vazio.

As luzes começaram a tremeluzir por ali. A água saía com mais força da torneira. As outras torneiras se abriram sozinhas. Um som de algo fervendo, como uma chaleira no fogo, se espalhou pelo banheiro.

Olhei em volta, com cada nervo do meu corpo tremendo de raiva. Eu estava fazendo tudo isso acontecer. Tinha perdido o controle sobre minha magia.

Foquei meu olhar no espelho em cima da pia. Eu não conseguia frear a raiva dentro de mim. A sensação de alívio não chegava. Olhei meu reflexo por uma última vez, até que eu me vi quebrar em vários pedacinhos com um estrondo estridente.

Fiquei ali parado, diante de todos aqueles pedaços. Conforme meus movimentos, por mais sutis que fossem, os reflexos seguiam o que estava a sua frente, todos em uma sequência perfeita mostravam uma parte muito pequena do meu rosto. Uma boca aqui, uma sobrancelha ali, uma parte do cabelo lá...

– Por Deus, Draco. Eu já ouvi falar que o espelho racha quando uma pessoa feia vê seu reflexo, mas coisa loira... Você conseguiu levar isso para um nível jamais visto. Deixou o coitado em migalhinhas.

Virei-me para a entrada do banheiro e vi Blaise ali, encostado em uma pilastra. Levando em conta que eu havia acabado de mexer no banheiro inteiro sem mover um dedo, Blaise parecia bastante calmo com isso tudo.

– Há quanto tempo está aqui? – perguntei, receoso.

– A tempo suficiente para saber que você não está bem. – disse ele, adentrando ao centro do banheiro com as mãos no bolso. - Quer falar sobre isso?

– Não – respondi de imediato. A resposta sempre seria não.

– Tudo bem. Então exploda algumas privadas com o poder da mente. Eu não ligo. – Blaise deu de ombros, com a boca torcida em um bico de pato.

Olhei para o chão, tentando conter um sorriso. Poder da mente. Ahã.

Mas, de certa forma, ele estava certo. Eu não estava bem. Se eu não contasse nada, acabaria explodindo a mim mesmo na próxima vez.

– Não está acontecendo nada – falei -, a não ser pelo fato de que estou sendo obrigado a me tornar um comensal da morte.

Blaise sequer arregalou os olhos. Ou ele era muito bom em conter a surpresa ou o maluco achou tudo aquilo muito normal.

– Eles têm algum feitiço especial para explodir privadas? – perguntou ele, parecendo realmente interessado.

Ri fraquinho, antes de responder:

– Olhe... se tiverem, eu vou acabar descobrindo.


POV Neville Longbottom

[Kiss Me – Ed Sheeran]

– Por favor, peguem um saco de dormir e acomodem-se. – pedia Flitwick, em sua voz esganiçada. – Não vamos querer causar confusões! Ei, vocês...! – ele gritou com um grupo de garotos do terceiro ano da Lufa-Lufa, que brigavam por um colchonete só, indo até eles com o dedo indicador levantado.

– Isso aí, Flitwick, mostre autoridade! – aprovou Lino, que passava por ali com Fred e Jorge, um de cada lado. Os três estavam carregando alguns cobertores e seguiam Slughorn, certamente o ajudando a distribuí-los entre os alunos.

– Alguém viu a Gina? – perguntei para o grupo a minha volta. Resumidamente: Harry, Ron, Hermione, Pansy e Charlotte.

Ron estava deitado ao lado de Pansy e mexia nos cabelos dela. Já Hermione estava tentando falar com Harry, que parecia muito aéreo. Ninguém respondeu de imediato a minha pergunta, por isso suspirei, frustrado.

Odiava quando isso acontecia. O fato de você perguntar algo importante e ninguém prestar atenção. Sua voz ficava solta por ali e batia nos escudos que os outros haviam criado para suas próprias conversas, algo impenetrável. Quero dizer, todo mundo havia ficado surdo, por acaso?

– Acho que a vi junto com a Luna, não faz muito tempo. – disse Charlotte, de bom grado. – As duas estavam ajudando a buscar o primeiro ano na torre da Corvinal.

Fiquei feliz que alguém havia me ouvido. Meio sem graça, me virei para ela.

– Ahn, certo. Obrigada, Charlotte – agradeci, tentando ser educado.

Ela, em troca, só deu um sorriso meigo e afagou meu ombro, me sacudindo um pouquinho.

– Acalme esse coração, moço – disse ela. – Ela já deve estar chegando.

– Quem me dera que fosse assim tão fácil. – retruquei.

Quando Harry havia falado, mais cedo, de que só haviam atacado Astória porque isso faria dele um alvo vulnerável, não consegui não pensar na seguinte situação: Há um tempo atrás, ele estava interessado em Gina. Se, por acaso, os dois tivessem dado certo, seria Gina no lugar de Astória.

Gina teria sido abusada.

– Quando eu era pequena – disse Charlotte, se ajeitando em uma posição confortável sobre seu saco de dormir, para poder conversar comigo. –, costumava pensar em coisas engraçadas quando ficava nervosa. Isso geralmente me fazia esquecer o que havia me deixado aflita.

Deixando meus pensamentos de lado, resolvi entrar na brincadeira.

– Hmm, me dê um exemplo.

– Ahn, tudo bem. Deixe-me pensar. – ela apoiou o queixo sobre uma das mãos e fez uma careta. – Imagine o professor Flitwick usando um tutu rosa e sapatilhas na sala de aula. E então ele diz, naquela sua vozinha fina: Isso mesmo, agora repitam comigo. Wingardium Leviosa!

Ri pelo nariz, imaginando a cena. Ver Flitwick de tutu e sapatilha seria hilário.

– Agora você – pediu Charlotte.

– Posso imaginar o que eu quiser?

– Claro. Mas tem de ser engraçado! – ela impôs, batendo com um dedo no meu braço.

Olhei para tudo a nossa volta, mas nada me ajudava a ter uma ideia. Olhei para frente do Salão - onde costumava ficar a grande mesa dos professores - e vi Snape, andando calmamente de um lado para o outro.

Como em um piscar de olhos, uma ideia maluca veio na minha cabeça.

– Você conhece aquela banda, As Esquisitonas? – perguntei à Charlotte. – Tocaram até em um baile de inverno, aqui em Hogwarts...

– Quem não conhece As Esquisitonas, Neville? Eles são uma lenda!

– Pois bem, agora imagine o professor Snape todo animado, dançando Can You Dance Like a Hippogriff, ma ma ma, ma ma ma, ma ma ma!

Charlotte soltou uma risada calorosa, o que me fez ficar orgulhoso da minha ideia.

– Muito boa, Nev. – ela inclinou-se para olhar para Snape, que não fazia a mínima de que estávamos falando dele. – Ele tem mesmo uma cara de hipogrifo.

– Quem tem cara de hipogrifo? – Fred se jogou ao lado de Charlotte, no saco de dormir.

– Snape – disse Charlotte, ainda rindo.

– Bem que eu suspeitei que esta fosse a vida secreta dele – brincou Fred, como se tivesse feito uma grande descoberta. – Hipogrifo nas horas vagas, hein... Quem diria.

Alguém chutou de leve minhas costas. Virei-me irritado para ver quem era e dei de cara com Gina.

– Oi bobão – disse ela, sorrindo daquele jeito sapeca.

Levantei de onde estava e, quando ainda estava procurando equilíbrio para me manter de pé, Gina me puxou para mais perto. Eu a abracei forte, sentindo o cheiro doce do seu cabelo. Ela me apertou forte também, ficando na ponta dos pés para se encaixar entre meus braços.

– Fiquei preocupado – falei, quando nos separamos e pude olhá-la. – Estava com a Luna?

– Sim. – disse ela, parecendo cansada. – Aquelas crianças estavam em pânico. Tive de acalmar uns dois chorões.

Ela riu, mostrando aquele sorriso de que eu tanto gostava. Beijei seu sorriso, e ela pareceu gostar. Isso até três vozes gritarem.

– Tira a mão daí, Longbottom.

Ron, Fred e Jorge me encaravam com expressões de uma forçada tentativa de ciúme de irmão. Tirei na mesma hora minhas mãos da cintura de Gina, que pareceu bem zangada.

– Quando é que vocês vão parar de cuidar da minha vida? – ela segurou minhas mãos e as colocou de novo na sua cintura.

– Nunca – respondeu Jorge.

– Nem quando você se casar, maninha. – completou Fred, fazendo Charlotte dar risadinhas.

– Vamos te visitar todos os dias, para garantir que você não passe dos beijos com esse aí – finalizou Ron. Pansy lhe deu um tapa fraquinho na bochecha.

– Deixem a garota em paz. Até parece que vocês não têm namoradas para beijar também.

– Ótima ideia – concordou Ron, e Pansy teve de empurrá-lo para que ele não a agarrasse.

– Também gostei – disse o Fred, olhando malicioso para Charlotte.

Olhamos para Jorge, o único ali que estava sozinho naquele momento. Ele praguejou.

– Cadê a Angelina quando uma ideia dessas aparece, hein?



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Notas finais do capítulo

E aí? Consegui não estragar tudo dessa vez, no finalzinho? :D
Viu, Thalessa? Tivemos Ed Sheeran hoje! EEEEEEBA!
Falando nisso, um dos grandes motivos para a minha falta de inspiração é que eu já estou a ponto de repetir as músicas nos capítulos.
Se vocês quiserem (poooor favor) deixem no review alguma sugestão de música que gostem. Eu vou adorar ouvir e usar na fic :)
E, mais uma coisinha. Vocês se lembram de que eu falei sobre o meu conto da Branca de Neve, a releitura que eu fiz e transformei em fanfic? Já postei alguns capítulos.
Se quiserem passar lá para conferir, eu ia amar também.
Eis o link: http://fanfiction.com.br/historia/283839/Like_Snow_White/
.
O que acharam deste capítulo, amores?
Estou com saudade de receber seus reviews. Um mês e meio sem postar é foda! :///
Recomendações também não cairiam mal, viu? (nem estou pensando em influenciá-los, ok? Imagiiiiiiina, hahaha)
Enfim, espero que não me abandonem! Vou tentar postar mais rápido, ok?
Bem, acho que é isso. Estou tonta de sono. Vou dormir, porque passar a madrugada escrevendo é para os fortes... algo que aparentemente eu não sou, hahahaha.
Um mega beijo, seja sabor Fred, Draco, Neville, Ron... Tá tudo liberado! hahahah
Giu ♥
P.S. Se não postar nada até o Natal, aqui fica o meu tudo de bom e ótimas festas para todos! Acho que vou para a Mansão Zabini, visitar a mãe do Blaise. Alguém está afim de vir comigo? Hein, Hein? hahaha :D