Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 5
Imortal


Notas iniciais do capítulo

Oi vcs. Tai mais um capitulo, eu particularmente ri um bocado enquanto escrevia xD
Espero que gostem.
BjBj



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Assim que saí pela porta do hotel o avistei sentado na escada, não estava arrumado, nem parecia que me levaria para nenhum lugar requintado. Usava uma camiseta branca e uma bermuda preta, estava de chinelas, quis sorrir ao vê-lo daquele jeito.

– Jimmy?

Ele virou para trás e ao me ver, se levantou, só então notei que ele carregava uma sacola de supermercado

– Oi Allie, graças a deus você não está de salto, eu me esqueci de dizer que não precisava de muita pompa

Eu estava simples porque havia chegado à conclusão de que normalmente se arrumava para encontros em que se precisava encantar alguém e por mais que eu quisesse (e sinceramente eu nem conseguiria), eu não podia encantá-lo. Então coloquei uma calça jeans, uma regata e um moletom não muito grosso por cima, sem abrir mão do meu All Star. Já estava me acostumando com os tremores que eu sentia na presença dele, então apenas sorri

– Pra onde vamos não dá pra usar salto?

Ele olhou para o alto fingindo pensar

– Bom, até dá, mas não é muito aconselhável. Não pelo lugar, mas pelo trajeto – Eu franzi o cenho um pouco confusa e ele sorriu, pegou a minha mão e começou a caminhar – Vamos logo

Só então notei que ele não estava de carro como da ultima vez

– Pra onde estamos indo?

– Pra sua casa!

– Que? – Eu gargalhei

– Encontrei a casa perfeita pra você. Ela estava diante de mim todo esse tempo e eu não percebi – ele deu um tapa na própria testa – Como eu sou burro!

– Espero que não tenha nenhum Godzilla na parede

– Não tem nada, eu garanto.

Paramos em uma faixa de pedestres aguardando o sinal abrir. A noite estava tranqüila, e como na maioria das cidades litorâneas, durante a noite o frio era um pouco maior. A brisa esvoaçava meu cabelo de vez em quando e ele olhava pra mim sorrindo cada vez eu reclamava da maçaroca que estava virando o meu cabelo.

– O que tem na sacola? – eu estava curiosa

Ele olhava para o sinal, assim que ele abriu me puxou pela mão e me respondeu com calma

– Alguns salgadinhos e uma garrafa de vinho

– Uau! Só UMA?

Ele olhou pra mim e sorriu

– Infelizmente a tia Valary não me deixa passar disso depois das minhas crises

Ele falava com total tranqüilidade dos problemas cardíacos, mas eu sempre ficava desconfortável quando ele tocava no assunto. Eu tentava manter a mesma expressão, mas era um pouco complicado, ele não sabia do que eue sabia e isso era o mais difícil. Queria falar pra ele: ‘Toma cuidado com o que você faz com a porra da sua vida maluco, se não em dezembro você vai morrer!’, mas mesmo se eu pudesse não sei se teria tal coragem. Aliás, seria pouco provável que ele acreditasse. Por isso eu ficava tão desnorteada quando ele tocava nesse assunto e pro meu azar, ele notou isso.

– Por que você fica assim quando eu falo do meu problema? Não é nada de mais.

Eu apertei um pouco mais a mão dele

– Não é nada Jim, é só preocupação

– Já disse que não precisa se preocupar

– Problemas cardíacos são coisas sérias Jimmy!

Ele deu de ombros

– Só para os mortais

– O que? – eu disse meio sem acreditar no que acabara de ouvir

– Vou te contar um segredo – ele me puxou para mais perto dele e cochichou – Eu sou imortal!

Essa foi demais para mim, soltei a primeira gargalhada-trovão da minha vida no meio da rua, o que atraiu um pouco de atenção. Jimmy também sorria muito

– Ta zuando?

– Claro que não – ele então bateu no peito todo orgulhoso – eu já bebi sangue humano! Agora sou imortal!

Eu sorri muito, lembre que no All Excess ele fazia alguma menção a isso. Fiquei feliz por ele ter me feito rir daquela forma.

– E tinha gosto bom?

Ele deu de ombros novamente

– É um pouco parecido com lamber uma barra de ferro, só que é liquido.

Ele foi contando sobre algumas peripécias dos festivais que a banda participava, eu mal conseguia me lembrar da ultima vez que sorrira tanto daquele jeito. Era impossível ficar séria por muito tempo perto dele.

Caminhamos por três quarteirões, levou quase meia hora para chegarmos a um bairro de casas modestas, apesar de que não eram padronizadas, a maioria era bem semelhante. Eram casas de família, todas com gramados bem verdes, caixas de correios na frente, garagem e toda essa coisa que casas de famílias costumam ter. Caminhamos até o fim da rua e ele então foi me arrastando pelo gramado de uma delas.

Estava toda escura, mas olhei para o lado e pude ver, riscado com algum tipo de metal, na caixa de correios, “Sullivan”, provavelmente armação de criança. Eu prendi a respiração, ele realmente tinha me levado para onde eu estava pensando?

Ele parou diante da porta, pegou uma chave no bolso e a girou na tranca. A porta se abriu e ele apertou no interruptor, acendendo as luzes, logo em seguida estendeu a mão para mim, eu estava atônita

– Vem – ele sorria, o brilho em seus olhos fez com que eu pensasse no turbilhão de emoções que aquele lugar trazia a ele.

Entrei na casa, estava extremamente empoeirada, os móveis cobertos com plástico, mas ele olhava em volta com um enorme sorriso no rosto.

– Aqui era a sua...

– Sim. Eu cresci aqui nessa casa.

– Oh meu deus! – eu tapei minha boca com a mão emocionada

Ele puxou o plástico do sofá da sala e se jogou nele, parecia algo que ele antigamente tinha o hábito de fazer, a poeira subiu e ele tossiu um pouco, eu sorri. Ele então sentou ereto no sofá e me chamou para junto dele.

– É um pouco velha, mas é uma casa até bacana não é?

– Ta zoando? É linda! Tão grande! Bem decorada

– Toma, é sua – Jimmy colocou a chave na minha mão e a fechou, meu rosto ficou estático.

– N-não Jimmy! Eu não posso aceitar! Essa casa significa muito pra você, além disso, eu vou morar sozinha nessa casa enorme?

– Não só pode como vai! Essa casa ta há tanto tempo vazia, além disso, você não vai precisar nem pagar aluguel

– Você quer que eu more aqui e ainda por cima de graça? Nem pensar

– Ah larga de ser retardada Wade! Você vem morar aqui sim e ponto final! Assim sempre que eu vier te visitar mato um pouco da saudade dela – ele deu uma piscadela para mim

Eu pensei um pouco, seria idiota se não aceitasse a casa dele

– Se você prometer me visitar então eu fico com a casa – mas que porra é essa que eu to falando? – Quer dizer, ahm, e-eu não...

Ele soltou uma gargalhada-trovão que ecoou alto na casa desabitada.

– Eu prometo.

Meu rosto estava queimando de vergonha, que cantada de pedreiro tinha sido essa? Meu coração estava batendo forte, ele estava perto demais.

– E então você vai abrir esse vinho ou não?

– Claro – havia algo de diferente no jeito dele, eu só ainda não tinha conseguido descobrir o que.

Ele pegou dois copos de plástico e despejou o liquido avermelhado dentro deles

– Allie – ele falou enquanto entregava o copo pra mim – o que o Brian disse ontem pra você?

“Você acha mesmo que ele te chamou só pra ver casas? Ele ta louco pra dar um troco na Lea”

Eu estremeci lembrando

– Ele disse que era melhor eu me afastar de você, porque podia afetar a sua saúde – eu nunca contaria toda a verdade

Ele cerrou os punhos

– Mas o Gates deve estar mesmo ficando doido! Onde já se viu falar isso pra você? Ele é muito mais venenoso pra minha saúde do que você e nem por isso ele parou de andar comigo – ele balançou a cabeça negativamente – Não ligue pro que ele disse okay?

Eu confirmei com a cabeça e ele então se levantou

– Anda, deixa eu te mostrar o resto da sua casa

Ele me conduziu pelos cômodos, sempre contando alguma história bizarra sobre algo que acontecera em cada um deles. E então chegamos ao quarto que fora dele. Havia marca de fita adesiva nas paredes, provavelmente de pôsters, marcas no piso, rabiscos na madeira da porta, e algumas pinturas bizarras no teto. Ele sorriu

– Bem decorado não acha?

– Melhor impossível – sem querer olhei nos olhos dele, normalmente eu fazia isso quando ele olhava em outra direção, dessa fez ele me pegou, os olhos azuis dele agora encaravam os meus. Merda.

Ele deu um passo para perto de mim, automaticamente eu dei um para trás, tentando manter a mesma distância de antes

– Posso te fazer uma pergunta Allie?

– Outra? Você já fez tantas

– Eu sou bastante curioso – ele se aproximou rápido de mim, e me segurou suavemente pelo braço, provavelmente prevendo que eu me distanciaria novamente.

– Pergunta então

O corpo dele agora encostava no meu, comecei a ficar um pouco ofegante

– Você gosta de mim?

– Gosto

– O quanto gosta de mim?

– Muito – ele não fazia nem ideia do quanto

O rosto dele se aproximou do meu, assim como hoje mais cedo na praia, mas dessa vez nem que eu quisesse teria forças para me esquivar. Os olhos dele se fecharam, o nariz milimetricamente perfeito dele roçou de leve no meu e os lábios macios dele se abriram de encontro aos meus. Vagarosamente a língua dele percorreu minha boca e eu já mal conseguia saber se estava mesmo viva. Estava entorpecida pelo sabor da boca dele, pelo toque macio dele na minha pele, pelo aroma dos cabelos dele, por todo o turbilhão de sensações físicas e emocionais que acabaram de me atropelar.

Ele separou o beijo, os olhos dele se abriram devagar e ele abriu um sorriso doce.

– Achei que você nunca ia deixar que eu te tocasse – ele falou quase em um sussurro, seguido de um sorriso doce ao meu ouvido.

– Eu ainda estou pensando se realmente deveria ter deixado – eu fechei os meus olhos

– Espero que não se arrependa amanhã – ele falou em meu ouvido, e seus lábios tocaram os meus outra vez.


**


Eu acordei pensando se a noite anterior havia sido um sonho, mas a chave apertada na minha mão mostrava que não fora. A consciência começou a invadir a minha mente.

Eu beijara Jimmy

Ele tinha namorada

Eu quebrara uma promessa

Eu estava a beira de fuder com tudo



Pânico. Me levantei em um sobressalto e comecei a caminhar ainda de pijamas pelo quarto. Nem que eu quisesse conseguiria me manter longe dele, mas talvez Brian estivesse certo. E se fosse apenas um jogo de sedução? E se fosse só a vingança de uma traição? Ele não teria oferecido a casa da infância dele se fosse apenas isso. Mas por que eu estava criando tantas esperanças? Eu sou apenas um desvio na história dele, oficialmente, é da Leana que ele gosta.

Mas que caralho! Desgraçada, filha da puta, pra que aquela mulher tinha que existir? Vaca lambisgóia ordinária!

Respira Allie, você não pode colocar tudo a perder. Eu me mudaria hoje para a antiga casa dos Sullivan, era a única certeza que eu tinha.

Resolvi dar uma volta, talvez o ar fresco me deixasse mais sã. Estava ficando meio psicótica com toda essa coisa.

Tomei banho, troquei o pijama por uma saia jeans e uma camiseta, que eu sobrepus com uma camisa xadrez e calcei umas chinelas. Fui até um café próximo e pedi algumas rosquinhas, talvez um pouco de açúcar acompanhado de um café forte ajudasse. Mas infelizmente, aquele não era o meu dia de sorte.

– Alison? – uma voz familiar soou atrás de mim, um tremor percorreu o meu corpo, eu sabia de quem era a voz, mas tive medo até de olhar. A voz insistiu – Alison Wade? O que faz aqui garota?

– Max – minha voz era quase um sibilo, fui obrigada a olhar para ele. Totalmente diferente do Max de 2013, aquele homem jovem parecia menos focado, meio destrambelhado e um pouco maluco por causa da faculdade. Os olhos azuis eram de um tom brilhante e o cabelo castanho claro estava totalmente bagunçado. O corpo era um pouco mais magro e um pouco mais ágil.

– Hey o que ta fazendo aqui pequena estranha? Achei que tinha ficado em Wisconsin pra ajudar com os negócios do seu pai.

Ui nem me lembre, passei todo o verão de 2009 produtos agrícolas na loja do meu pai. Até hoje ainda vomito com o cheiro de adubo. Por isso eu tinha tanta certeza que não tinha saído de Madison naquele ano, mas infelizmente o desgraçado do Max se esqueceu de me dizer onde havia passado a porra das férias dele antes que eu voltasse no tempo.

– Oh meu deus, lá vem você com esse apelido de novo. Estou só de passagem, quis dar uma olhada no mar.

– Hum, por que não me falou? Nós podíamos ter vindo juntos

– Eu decidi de ultima hora

A presença do meu melhor amigo nunca fora tão incômoda, eu tinha medo do que poderia acontecer. Mas quando eu achei que tudo já estava muito ruim a porta do café se abriu e ele entrou. Jimmy.

Merda merda merda merda merda.

– Oh meu deus, Allie é o The Rev! Eu vou pedir um autógrafo – ele ia se levantando, mas eu o segurei com força, fazendo com que ele se sentasse novamente na cadeira.

– Você não vai a lugar nenhum, só senta a porra da bunda aí e respira – eu falei entre dentes

O olhar de Max estava perplexo. Jimmy me viu, mas o ver Max ele franziu levemente o cenho. Veio em direção a nossa mesa

– Caralho Allie ele ta vindo pra cá – ele falou baixo, acho que estava tão eufórico que parecia que ia chorar.

– Shhhhhhhhhhhh! Cala a porra da boca Max!

– Hey. Bom dia Allie e, ahm...

– Maximillian Turner – Max estendeu a mão para Jimmy antes mesmo que ele terminasse a frase, eu não o culpava. Minha reação ao ver Jimmy pela primeira vez tão de perto foi ainda pior. Pelo menos ele não derramou cerveja em ninguém

– Jimmy esse é meu melhor amigo, Max.

– Hum, pensei que estivesse sozinha aqui

– É, eu também – lancei um olhar fulminante para Max, mas ele não compreendeu porque. Claro que ele não compreenderia, apenas o Max de daqui a 5 anos entenderia – acabei de encontrá-lo aqui enquanto tomava café

– Eu sou um grande fã da sua banda cara – Max me interrompeu, imediatamente eu dei uma cotovelada tão forte nas costelas dele que ele quase tombou com a cadeira

Jimmy notou meu constrangimento e sorriu

– Valeu cara. Ahm, se não se importam eu vou ali comprar alguns cafés, a galera ta se reunindo pra compor algumas coisas – ele deu uma piscadela para Max, que quase explodiu de euforia, e foi até o balcão. Desfiz o meu sorriso e me virei zangada para Max

– Mas que caralhos você pensa que ta fazendo

– Do que você ta falando? Ele é tão foda! Viu todas aquelas tatuagens no braço dele? Cara como ele teve coragem? E você parece ate que ficou doida! Por que não me contou que o conhecia? O ídolo não é só seu, esqueceu?

– Você não entende!

– Então me explica cacete! – o telefone dele tocou e ele atendeu, nesse mesmo instante Jimmy passou com uma pilha enorme de cafés e caixas de donuts, pelo visto o trabalho ia ser grande. Ele sorriu para mim e então saiu pela porta do café, quando me virei novamente para Max sua expressão estava congelada, seus olhos azuis fixos em mim. Seu rosto era pura incompreensão.

– Que foi Max? – ele permaneceu em silencio olhando bem para o meu rosto – fala logo homem!

– O telefonema

– O que tem? Aconteceu alguma coisa?

– Eu não sei

– Como assim não sabe? Ta maluco? Quem era?

Ele ficou em silêncio por mais alguns segundos, os olhos ainda fixos em mim

– Era você.



OH FUCK!



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Notas finais do capítulo

FUCK FUCK FUCK FUCK FUCK FUCK haha